you’re my home, seaweed brain and always will be.

Desde pequena, Annabeth teve alguns problemas para associar o que o termo casa realmente significava. Ela imaginava que devia ser um lugar bonito e aconchegante, onde as pessoas se amavam e se divertiam juntas como nos livros que ela lia. Não parecia certo que estar em um lugar onde as pessoas mais gritavam e a ignoravam significava realmente estar em casa.

Então, quando ela fugiu do local em que morava com o pai e a madrasta, ela não sentiu tanto medo. Dormir na rua e vagar sozinha pela cidade tornou-se uma atividade menos assustadora do que ela imaginava, mas o sentimento de vazio só aumentava cada vez mais e ela continuava a se questionar se algum dia teria algum lugar para chamar de lar.

Quando encontrou Thalia e Luke, seus conceitos mudaram drasticamente. Porque ela se sentia amada, cuidada e protegida por alguém.

Pela primeira vez, Annabeth sentia que podia ter uma casa. Mesmo estando na rua com os dois, fugindo de criaturas estranhas e sobrevivendo todos os dias, ela nunca se sentiu tão feliz. No momento em que os três encontraram Grover e ele garantiu que os levaria para o Acampamento Meio-Sangue, com a promessa de que os três teriam finalmente um lugar para chamar de lar, ela teve vontade de chorar de alegria. Parecia que o conceito de casa finalmente começava a fazer sentido para a loira e tudo o que ela esperava era que eles continuassem juntos. Como devia ser.

Mas nem tudo se realizou tão facilmente. Embora eles tivessem conseguido chegar lá, Thalia se sacrificou por eles e isso fez com que seu coração ficasse tão machucado que toda a sua animação sumiu por um tempo. De fato, o Acampamento Meio-Sangue se tornou seu lar, sua casa, mas sempre parecia faltar alguma coisa… Como se ela não estivesse completa ali.

E ela só descobriu o que era quando conheceu Perseu Jackson.

Annabeth gostava de como os dois haviam construído uma amizade e mais tarde um relacionamento. Não se arrependeu nem por um minuto de tudo o que os dois viveram juntos e sorria ao lembrar de como eles passaram por dificuldades juntos, desde os 12 anos.

Mas depois de derrotarem Cronos, Percy sumiu e ela sentiu seu coração ficar tão machucado quanto jamais esteve. Ela o amava, pelos deuses, como amava! E ele tinha sumido, a deixado sozinha e todo o conforto que ela sentia, o sentimento de… Estar em casa sumiu junto com o moreno.

Meses se passaram e ela continuava desolada. 8 meses. Era tempo demais sem vê-lo, sem sentir seus braços a apertarem contra o peito largo e sem sentir seu cheiro de maresia. Annabeth nunca pensou que fosse se sentir tão abalada e frágil em toda sua vida, mas ela se sentia.

Sem Percy, era impossível estar em casa.

Quando ela finalmente o encontrou, seus pensamentos praticamente entraram em fusão. Ela sentia alívio, felicidade, mágoa. Percy estava bem, afinal, mas seu coração ainda doía e parecia quebrado. Ela tinha se dado conta de que não conseguiria viver feliz sem ele, porque sem ele, ela não se sentia segura ou ela mesma.

Era quase irracional se sentir assim, mas ela não podia evitar. Era ele. Ele era quem ela sempre precisou, era sua casa, seu conforto. E pelos deuses, ela não podia mais viver sem estar com Percy Jackson por perto!

Mais missões. Mais uma figura tentando acabar com o mundo e eles tinham que tentar evitar essa catástrofe, mas pelo menos estavam juntos. E onde quer que eles fossem, eles estariam juntos um com o outro.

Essa tinha sido a promessa de Percy antes dos dois caírem no abismo em rumo ao Tártaro.

“Vamos ficar juntos. Você não vai escapar de mim. Nunca mais." E eles estavam cumprindo essa promessa. Juntos, eles tinham certeza que podiam enfrentar qualquer coisa.

Eles só precisavam um do outro.

***

— No que você está pensando? — Percy sussurrou no ouvido da loira, que estava deitada na cama pensativa enquanto encarava a janela. Os dois estavam no seu chalé no Acampamento Meio-Sangue depois de um dia normal e cansativo de treinos.

Eles estavam tentando voltar ao normal após toda aquela loucura do último ano. 8 meses separados, a missão para acabar com os planos de Gaia, o Tártaro…

Pelos deuses, eles só queriam um pouco de paz.

— Nós — sussurrou Annabeth, se virando para encarar Percy. Os dois estavam deitados um em frente ao outro e ela sorriu, pousando a mão na bochecha do namorado e a acariciando com leveza. Ela tinha sentido tanta falta dele…

— Nós? E sobre o que exatamente? — ele perguntou com um sorriso brincalhão nos lábios, acariciando a cintura da loira com carinho. Ela sorriu, se aproximando para afundar o rosto no pescoço dele e inalou seu perfume. Aquele maldito perfume que estava impregnado em sua vida para sempre.

— Sobre como nós só estamos em casa quando estamos juntos. — ela murmurou depois de alguns minutos silenciosos. Percy acariciou suas costas e soltou um suspiro, concordando com ela. Ficaram ali abraçados por mais alguns minutos, apenas apreciando a companhia um do outro até que a loira se afastou, se levantando e o deixando confuso. — Vamos dar uma volta? — ela pediu, fazendo ele revirar os olhos. Percy nem ao menos respondeu, apenas se levantou e calçou seus sapatos a acompanhando para fora do chalé sem pressa.

De mãos dadas, andaram pelo Acampamento Meio-Sangue e acabaram sentados apoiados em uma árvore, na floresta.

— Foi aqui por perto que você descobriu que era filho de Poseidon, não foi? — Annabeth perguntou, com a cabeça apoiada no ombro dele. Percy sorriu, se lembrando daquele dia e assentiu.

— Sim, logo depois daquele cão infernal aparecer. Clarisse começou a gritar que eu o tinha convocado — Percy fez uma careta, balançando a cabeça negativamente. — E você me mandou entrar na água por causa dos machucados. — Annabeth suspirou, assentindo e sentiu os lábios do namorado em sua testa.

— Foi há tanto tempo… Logo depois nós saímos na nossa primeira missão.

— A primeira de várias — Percy disse suspirando, virando-se para encará-la. — Mas eu faria tudo de novo. Da mesma forma.

— Tudo? Até as partes em que nós quase morremos, milhares de vezes? — a loira o encarou também. Seu coração batia fortemente no peito e ela se perguntou se algum dia ela se acostumaria com as sensações que Percy causava nela.

Provavelmente não.

— Desde que nós chegássemos até aqui, nesse exato momento, sim. Porque eu tenho a certeza de que estamos juntos em qualquer situação, Sabidinha. — a garota sentiu suas bochechas corarem um pouco e balançou a cabeça, sorrindo para ele antes de se aproximar e o beijar com calma. Percy retribuiu o beijo, segurando sua nuca e acariciando seu rosto com a outra mão.

Os dois se separaram com um suspiro e Annabeth não pôde deixar de sorrir novamente.

— Você é minha casa, Cabeça de Alga. E sempre vai ser. — os olhos verdes de Percy brilhavam em contemplação e ele apenas se aproximou para beijá-la mais uma vez, sem pressa.

Nenhum dos dois precisava se apressar mais. Eles estavam juntos, haviam sobrevivido a diversas situações e continuariam sobrevivendo.

Porque eles estavam em casa, desde que estivessem juntos.

E eles tinham a certeza de que sempre estariam.