~ Lily P.O.V ON

Eu tinha a tarde inteira livre, então fui até o Carvalho perto do lago, me sentar na sombra. Eu não iria voltar para o Salão Comunal. Potter provavelmente tinha voltado para lá, e o que eu menos queria era encontrar ele de novo. Sento-me e começo a observar o lago. Em algum lugar lá em baixo a lula gigante devia estar se divertindo.

O clima estava bom, nem quente, nem frio. Era o tipo de dia bom para ir a Hogsmeade, mas o final de semana que estávamos autorizados ainda estava bem longe. Eu mal podia esperar.

O tempo não passava e eu me perguntava como estava sendo a aula das meninas. Marlene e Alice sempre voltavam da floresta com histórias encantadoras sobre as aulas e, às vezes, eu desejava estar lá.

Deito-me na grama e sinto a brisa bater em meu rosto. Tento esquecer tudo que havia me acontecido mais cedo. Eu realmente precisava desabafar com Marlene e Alice. Elas entenderiam como eu estava me sentindo, apesar de terem caído com pessoas que elas gostavam. Pego minha varinha e conjuro um coelhinho branco para me distrair. Fico brincando com ele e caminho pelos terrenos de Hogwarts para fazer com que as horas passem mais rápido, e quando percebo que está perto da hora do jantar, volto para o castelo.

Quando chego ao Grande Salão, que ainda estava vazio, sento-me na mesa da Grifinória e espero pelas garotas. Poucos minutos depois, as duas vêm, quase que saltitando e se sentam ao meu dado, uma de cada um. Marlene não parava de sorrir. A mesa vai se enchendo conforme os minutos vão passando e logo os Marotos se sentam na nossa frente na mesa. Sirius senta em frente à Marlene que começa a dar risadinhas e olhares para ele, e Potter se senta na minha frente. Viro-me para falar com Alice, mas ela estava muito entretida falando com Longbottom. Deixo os dois conversarem e procuro alguém para conversar enquanto comíamos. Por sorte, Remo estava tão sozinho quanto eu, e Potter também estava, por incrível que pareça.

"Ei, Remo" começo. "Qual é a poção do grupo de vocês para o trabalho do Slug?"

Ele termina de mastigar o bolo de carne e se vira para mim, limpando a garganta.

"Poção do Morto Vivo, de novo... Eu não sei o que o Slughorn espera da gente, já que já fizemos essa poção umas mil vezes esse ano. Queria que ele nos desse algo mais desafiador” disse ele, em meio às mordidas nas batatas fritas.

"Adivinha o que ele me deu? Amortentia…" Ele arqueia as sobrancelhas.

"Como assim? Achei que essa poção fosse proibida na escola."

"E é" disse James, se intrometendo na conversa. "Já tentaram me fazer bebê-la milhares de vezes" disse ele, olhando para mim e para Remo. "Mas proibir algo não faz com que as pessoas parem de comprar ou fazer" continua. "Acho que apenas faz com que a vontade das pessoas aumente."

Eu tento ignorá-lo.

Remo e eu continuamos a conversa. James se levanta da mesa antes da sobremesa e volta para o dormitório, o que era estranho, já que ele sempre ficava para a sobremesa. Remo toma o lugar que Potter se sentara e ele pergunta para mim:

"Lily, qual a sua flor favorita? Aposto que é Lírio" disse ele, rindo da própria piada. Rio também, enquanto pego um pouco de pudim.

"Na verdade, eu sou louca por rosas" digo. "Mas também adoro lírios, mas sei lá... Rosas são minhas flores favoritas, apesar de que as pessoas sempre me dão lírios, principalmente quando eu vou para o hospital" termino, rindo.

Rimos juntos durante um tempo. Eu gostava de conversar com Remo. A conversa fluía sem nenhum esforço. Ficamos conversando, até nós dois termos de guiar os alunos mais novos para o Salão Comunal e fazer as rondas nos corredores juntos. Despeço-me das meninas e peço que elas me esperem acordadas. Depois de deixar todo mundo nos dormitórios, Remo sobe para guardar sua mochila e eu o espero voltar para fazermos a ronda juntos.

~ Lily P.O.V OFF 

~ Lupin P.O.V ON

Deixo Lily me esperando para a ronda com a desculpa que tinha que guardar minha mochila, quando na verdade eu tinha que falar com Pontas. Corro até o dormitório do sexto ano e vejo James sentado na cama, lendo. Me aproximo e começo a falar:

"Ei, cara, eu falei com ela. Ela gosta de lírios, mas prefere rosas – ele levanta a cabeça e olha para mim” ela acabou de me dizer isso. Nós vamos andar pelos corredores até mais ou menos umas onze da noite. Dá tempo de você voltar né?

Ele marca a página do livro e se levanta.

"Dá tempo sim. Não leva ela perto da entrada que eu vou tentar sair por lá e ir pelo Salgueiro Lutador, OK? Que mais ela gosta?"

"Acho que cerveja amanteigada e chocolates..." digo meio hesitante. Como eu ia saber essas coisas? "Mas eu tenho que ir. Te vejo de noite e toma cuidado, Pontas. Não quero ter que te dar detenção" digo rindo.

Ele pega a capa de invisibilidade dele e o Mapa e desce as escadas. Eu pego minha varinha e a coloco dentro de minha capa. Logo em seguida eu também desço as escadas e me junto à Lily, que me esperava.

~ Lupin P.O.V OFF

~ James P.O.V ON

Depois de descer as escadas, já com a capa de invisibilidade, desvio das pessoas e espero Lupin descer para abrir a passagem e sair com Lírio pelo castelo. Eu não podia correr o risco de ser pego.

Ele volta e eles dois saem pelo quadro, eu atrás, mas por pouco tempo. Na minha primeira oportunidade, entro no corredor que levava até as escadas e desço correndo os sete andares do castelo. Chego ao hall de entrada ofegante. Abro o mapa e começo a checar a posição dos monitores e dos professores. A área estava limpa. Abro a porta principal, que para a minha sorte ainda não havia sido trancada, e saio para a noite. Caminho mais alguns metros debaixo da capa e quando estou completamente no escuro, tiro a capa e enrolo o mapa nela, junto com a varinha, e me transformo em minha forma de animago, um cervo. Prendo as coisas em uma galhada e sigo meu caminho até o Salgueiro Lutador.

Quando me aproximo, tento avistar a passagem secreta que Dumbledore havia construído para Remo poder ir se transformar fora do castelo, e assim proteger sua identidade. Entro no túnel e galopo até a Casa dos Gritos, quando eu volto a ser humano.

Coloco tudo nos meus bolsos e saio da casa, em direção à Dedos de Mel. Com sorte ela ainda estaria aberta, mas se não estivesse, eu conseguiria virar com alguns feitiços. Tento abaixar minha cabeça para não ser reconhecido por ninguém. Se me pegassem fora da escola mais uma vez esse semestre, eles iriam me colocar de detenção permanente.

As luzes em Hogsmeade estão todas acesas, então tudo deveria estar aberto. Checo a Zonko’s e corro para o Três Vassouras comprar algumas garrafas de cerveja amanteigada. Aproveito e pergunto de um lugar para comprar flores e eles me explicam como chegar numa floricultura ali por perto. Sigo as instruções do garçom e avisto uma pequena loja numa esquina duas quadras de distância da Dedos de Mel. Entro na lojinha e um sino toca. Um senhor anda até o balcão para me atender. Me aproximo dele e começo:

"Boa noite, senhor" digo. "Eu estava procurando por fl..."

"Flores para uma garota" ele me interrompe.

“Sim" confirmo. "Ela adora rosas. O que o senhor recomenda?” pergunto.

Ele vai até uma parte mais atrás do acervo de flores dele e me traz um vaso com uma pequena roseira de rosas brancas, que, eu devo admitir, eram muito bonitas.

"Elas são enfeitiçadas"diz ele, sorrindo. "Nunca irão morrer, mesmo que falte água ou luz."

“Maravilha” digo. Ela com certeza ficaria encantada com elas quando as recebesse. "Quanto é a roseira?"

"São sete galeões” diz.

Pego minha carteira e tiro sete moedas de ouro de dentro dela. Saio da loja carregando tudo o que eu tinha comprado, rumo à Dedos de Mel para voltar para o castelo. Visto a capa novamente e desço até o porão da loja com cuidado, tentando não fazer nenhum ruído.

Sigo pelo túnel com apenas a varinha como fonte de luz. Vou devagar por medo de cair e quebrar o vaso. Tropeço algumas vezes e meu coração quase que sai pela boca. No meio do caminho, esbarro em alguém. Sinto uma gota de suor frio escorrer de minha testa.

"Pontas!" diz Sirius. "Achei você!"

"QUAL O SEU PROBLEMA?" pergunto a ele. "EU ESTOU FORA DO CASTELO, DE NOITE! Se a Minerva ou o Dumbledore me flagram..."

"Calma, cara. Só queria saber o que você veio fazer aqui" disse ele, enquanto seus olhos pousavam na roseira. "Mas acho que já sei” ele tinha um sorriso malicioso nos lábios. "Deixa eu te ajudar com tudo isso."

Ele pega o vaso e começa a carregá-lo, enquanto eu dobrava a capa e segurava a caixa de cervejas. Seguimos o túnel de volta para o castelo e em todos os momentos Sirius fica fazendo perguntas constrangedoras sobre Lily. Eu apenas o ignoro, como sempre quando ele tenta me irritar.

Quando chegamos à estátua da Bruxa de Um Olho Só, coloco a capa sobre nós dois e tentamos nos abaixar o máximo possível para que nossos pés também ficassem cobertos. E pensar que há três anos, cabíamos direitinho ali, e todos os quatro saiam do castelo durante a noite.

Saímos de fininho e andamos com o maior cuidado que conseguimos para não fazermos barulho. Agora o problema nem era mais os monitores, mas a gata do Filch. Se ela nos encontrasse, ele nos pegaria em questão de minutos. Com cuidado, vamos em direção ao Salão Comunal pelos corredores menos frequentados. Andamos devagar, checando o Mapa de segundo em segundo. Olho meu relógio, quinze para as onze. Eu tinha quinze minutos até os dois voltarem para lá. Apresso Sirius e apertamos o passo para o sétimo andar.

~ James P.O.V OFF

~ Lily P.O.V ON

"Vamos, Remo” digo. "Eu quero ir dormir..."

"Ok" ele fala. "Mas vamos andar devagar, caso alguém apareça..."

"Ninguém vai aparecer" afirmo. "Já são onze horas, ninguém andaria pelo castelo à uma hora dessas. E é quarta-feira, todo mundo tem aula amanhã..."

"É verdade" concordou ele, ainda meio apreensivo, não sei com o quê.

Seguimos pelo corredor e subimos as escadas para o corredor principal do sétimo andar. Poucos minutos depois já estamos no Salão Comunal.

"Até amanhã, Remo" falo.

"Boa noite, Lily" diz ele.

Ele sobe para o dormitório dele e eu vou em direção ao meu. Subo as escadas devagar, por conta de meu cansaço, e sento-me na minha cama, ao lado da de Marlene. Jogo minha capa nela para que ela acorde.

"Você demorou” diz ela, mal-humorada.

“É" concorda Alice, ainda bocejando.

"Desculpa" digo. "A culpa não é minha que eu tenho que fazer isso de vez em quando... Mas enfim, preciso falar com vocês."

"Pode mandar” Marlene fala.

"Certo. Primeiro: vocês viram quem está no meu grupo de poções, não é? Como se não bastasse o Severo, eu ainda caí com o Potter também” começo, e elas já me olham torto. "O que foi?"

"Por que você odeia tanto o Pontas? Ele nunca fez nada para você. Além do mais, olha para ele... Ele é quase tão bonito quanto o Sirius" Marlene fala e suspira.

"Ele é cafajeste, tirano, egocêntrico e arrogante. Fica despenteando os cabelos pra parecer que ele acabou de descer da vassoura, além de ficar se mostrando pra cima e pra baixo com aquele pomo de ouro" eu desabafo. "Ele pode ser legal às vezes, mas noventa por cento do tempo ele é assim."

"E nos outros dez ele é gentil e preocupado” Alice comenta.

"Ah é?” questiono. "Com quem? Posso saber?"

"Com você, ‘Lírio’” Marlene fala e dá risada. Alice a acompanha.

"Ah, me dá um tempo vocês duas” eu estava começando a ficar irritada. "Eu vou ter que ficar perto dele e do Snape pelas próximas seis semanas. Eu não tenho saco para aturar o Severo e eu ODEIO o James” minha frustração volta, assim como minhas lágrimas. Marlene se aproxima e se senta ao meu lado. Alice faz o mesmo.

“Ei" começa Alice, tentando me aclamar. "Relaxa. Tenho certeza que tudo vai se resolver. E eu sei que no fundo você não o odeia, e quer saber por quê?"

"Fala" digo.

"Porque se você realmente o odiasse você não o ajudaria ir para a ala hospitalar com o cuidado que você teve hoje mais cedo. Você apenas o largaria no pé da escadaria com dor e não perderia seu período livre praticamente carregando ele até à Madame Pomfrey. Você se preocupa com ele, Lily” diz ela. "Por mais que você negue isso para si mesma."

~ Lily P.O.V OFF