~ Lily P.O.V. ON

Acordo e me espreguiço. Vejo uma flor em minha cama e sei que foi James quem a deixou ali. Tinha um bilhete:

"Me encontre nos campos de morango depois do almoço."

Me empolgo. James era tão fofo. Levanto-me e me visto. Estava quente. O verão estava com certeza chegando. Vejo que as meninas ainda estavam dormindo. Dou uma leve penteada no cabelo e o prendo num rabo de cavalo. Pego minha bolsa e desço as escadas. Saio do salão comunal e sigo em direção ao Grande Salão.

O Grande Salão estava quase vazio. Quase ninguém tinha descido ainda. Sento-me na mesa da Grifinória e começo a me servir de panquecas e suco. Logo, ouço alguém sentar-se em minha frente.

— Oi, Lily – diz Lupin.

— Oi – digo – bom dia.

— Bom dia – responde ele.

Ele começa a se servir também, mas de ovos e torradas. Ficamos em silêncio até estarmos na metade de nossos cafés da manhã, quando ele começa:

— Lily, você sabe se já temos as notas dos trabalhos de poções?

— Acho que o Slug ainda não terminou de avaliar os pergaminhos – digo.

— Ah, tudo bem – diz ele, deixando sua mochila cair por baixo da mesa.

— Deixa, eu ajudo – digo, e praticamente entro debaixo da mesa para pegar os livros e penas, quando escuto um grito:

— ALUADO! NÃO FAZ ISSO!

A voz era de Sirius. Levanto-me rapidamente e vejo que Lupin tentava esconder um frasco nas vestes. Sirius corria em nossa direção, seguido por Marlene.

— O que está acontecendo? – pergunto

Todos os três ficaram brancos. O Grande Salão começava a se encher.

— Me digam! – minha voz soa forte.

Silêncio. Muitos alunos começaram a nos fitar.

— Bem, Lily – começa Lupin – você não está apaixonada por James.

— Como assim!?

— É... – diz Sirius

— Estou sim! Como podem dizer isso? O que vocês sabem sobre mim? – eu levanto a voz e todos param para nos escutar.

— Eu sei que até uns dias atrás – fala Marlene – você tinha ódio do Potter.

— Bem, pessoas mudam... – digo.

— Não rápido assim – diz Lupin.

— Vocês não podem me dizer quem eu posso amar e quem eu não posso.

— Lily, essa não é a questão – Lupin tenta soar calmo e compreensivo – é que, bem... – ele fica em silêncio por alguns instantes – foi dado a você a Amortentia.

— Oi!!????

— É... E todo esse seu amor por James não é real, Lily. Sinto muito.

Eu fico em silêncio. Estava em choque.

— E o que era que você ia colocar na minha bebida? – pergunto.

— Um tônico para cortar o efeito mais rapidamente.

Lupin fica em silêncio. Olho ao redor e Marlene e Sirius tinham ido embora, provavelmente ido namorar um pouco. Todos que nos assistiam tentar disfarçar a curiosidade. Vejo Snape me fitar com ódio no olhar. Não de mim, mas de James por tudo isso que eu passava. Viro-me para Lupin, estico a mão pedindo a garrafa com o tônico. Ele a passa para mim e eu respiro fundo. Tudo que eu vivera era uma mentira.

Não sinto nem um pingo de raiva de James.

Pego a garrafa e a abro. Bebo o conteúdo.

Sinto algo mudar dentro de mim, como se parte da felicidade que eu sentia fosse embora. Fico um pouco tonta e fecho meus olhos. Quando os abro vejo um Grande Salão diferente. Menos apaixonante provavelmente.

Ninguém mais me fitava. Eu não sentia mais vontade de ir para a aula. Pego minha bolsa e sigo para o salão comunal.

~ Lily P.O.V. OFF

~ Snape P.O.V. ON

Lily saíra so Grande Salão. Vejo a chance de ir atrás dela. Enfio uns pãezinhos de mel na bolsa e me levanto correndo. Procuro pela rastro ruivo que cortava os corredores e tento alcançá-la.

Subo as escadas sem parar para tomar fôlego. Ela caminhava rapidamente. Continuo correndo e pouco depois a alcanço.

— Lily!  - chamo.

Ela não se vira.

— Evans!

Ela para e me olha com desdém.

— Eu não quero falar com você – diz.

— Olha, antes que você diga qualquer coisa, não fui eu.

— Eu sei.

— Foi o James.

— Eu sei.

— Lily – ela me olha torto – Evans, eu queria te dizer do que ele era capaz antes... Nunca tive a chance...

— É.

— Então por que você ainda defende ele e me trata com tanto nojo?

— Olha só: apesar de tudo o que o James já me fez, ele nunca, nunca, nunca me chamou de sangue-ruim. Ele, um sangue puro de família tradicional que tinha tudo para me desprezar nunca falou algo desse tipo, diferente de você.

"Ele pode ser um idiota a maior parte do tempo, mas ele nunca me magoou tanto quanto você, que era o meu melhor amigo. Eu sempre soube do seu desprezo pela minha irmã, mas achei que não sentisse algo assim por mim.

"Então, antes de vir falar mal dele, olhe um pouco para si mesmo. Apontar os erros do outro é fácil, mas você nunca assume os seus próprios."

E então, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela saiu andando e a perdi de vista.

Eu gostaria de segui-la e me desculpar e dizer que eu não era mais tão interessado pelas Artes das Trevas e me desculpar de novo e de novo e de novo mas ela não me perdoaria nunca. E nem eu.

~ Snape P.O.V. OFF