E ele me beijava com um carinho de que só eu sabia que ele era capaz. Os lábios mornos moviam-se contra os meus, de forma lenta, enquanto uma de suas mãos mantinha o meu rosto no lugar, os dedos acariciando a linha do meu queixo e a minha bochecha.

Eu sabia que acabaríamos daquele jeito quando ele sugeriu que assistíssemos a um filme qualquer. Não demorou para que eu me apoiasse contra seu peito, deitando parcialmente, e ele me permitiu ficar ali, me abraçou e encostou minha cabeça em seu peito em silêncio, sério como sempre fora. Mas, apesar da aparente sobriedade, os detalhes o entregavam... Os dedos acariciavam minha nuca, infiltravam-se no meu cabelo em um carinho que me fazia suspirar, e ele sorria minimamente a cada respiração mais profunda que tirava de mim. Em alguma parte do filme, perdi o interesse naquela história chata e fiquei ali, quietinho, apenas observando como os olhos negros de Sasuke moviam-se, seguindo o desenrolar da cena na televisão. O rosto, branco, com pequenas olheiras e algumas linhas que já acusavam a chegada dos trinta anos, era lindo, sempre havia sido... Era harmônico, delicado ao mesmo tempo que firme, e ficava ainda melhor com o cabelo escuro naquele corte desleixado, um pouco mais comprido que o da adolescência. Como sempre, não demorou para que ele me olhasse de canto, percebendo que o analisava hipnotizado. Em resposta, ele se abaixou um pouco e deixou um beijo delicado na minha testa. Ri, passei um braço pelo pescoço dele e sorri quando ele arqueou a sobrancelha.

— Estou assistindo, Naruto.

— Não pode me dar um beijo antes?

Ele revirou os olhos, inconformado, mas não totalmente contrariado com o pedido. Segurou meu rosto com cuidado e encostou nossos lábios exatamente da forma como eu queria, como eu precisava.

Era incrivelmente bobo como meu coração disparava quando estávamos em momentos como aquele. Naquela sala escura, com apenas o som e a luz da televisão ligada e a chuva do lado de fora, eu me sentia em paz nos braços dele. Se houvesse um momento, um único momento, para eu escolher como o momento perfeito, aquele que eu congelaria para guardar para sempre em minha vida, seria este, sem sombras de dúvida.

A boca dele brincava com a minha, os beijos eram leves, suaves, e a forma como ele ainda me mantinha próximo era acolhedora. Antes de se afastar, vi quando sorriu, subindo novamente o rosto para beijar minha testa e me acomodar melhor em seus braços.

Apertei os braços que me envolviam e deitei minha cabeça na curva do seu pescoço e, ali, com a mão dele ainda a acariciar meu cabelo, com o som do meu coração perdidamente apaixonado por ele, com a visão de sua face serena e do sorriso carinhoso, fechei os olhos para dormir com a certeza de que Sasuke não só me amava como eu o amava, mas também de que eu nunca me cansaria daqueles momentos...