Equinox escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 8
Capítulo 88


Notas iniciais do capítulo

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29 de dezembro de 2007

Quando eu acordei percebi que era madrugada. A princípio não sabia onde estava, mas logo eu olhei ao redor e vi que eu estava no meu quarto. Notei os olhos dourados de Esme que me chamaram a atenção por serem pontos brilhantes na penumbra – a luz era indireta e vinha do corredor iluminado. Realmente ela parecia um ser das sombras como a maioria das pessoas acredita que os vampiros são, e quase me assustei com a aparência um pouco sinistra.

— Carol, você está acordada filha – pede ela, mas foi mais uma afirmação do que uma pergunta. Ela pode sentir quando eu despertei e fiquei alerta.

— Sim, mãe - respondo.

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Esme está sentada ao lado da cama zelando pelo meu sono para que eu tenha um repouso tranquilo. Ela está longe de mim por que estamos no inverno e está frio e ela não quer me fazer nenhum mal. Mas também está o mais próximo possível porque eu não gosto que ela tenha de se afastar e nem ela, embora compreendamos que seja necessário para minha saúde no momento.

Ainda bem que aqui no segundo andar o piso não é de mármore como no térreo, porque fica ainda mais gelado lá. Eu sei disso porque além de sentir, na minha casa também era assim. Apesar de ser fresco no verão, no inverno é frio. O material não retém o calor. Isso é indiferente para minha família adotiva, mas para mim é perceptível.

— Você não está assustada? – penso que ela está se referindo ao seu olhar, é claro que ela percebeu minha reação ao seu aspecto, mas não é a isso que ela se refere. Ela esclarece ao ver que não entendi a pergunta como ela esperava. – Quero dizer, você não está confusa por estar aqui em cima?

— Eu sei que esse é o meu quarto, por isso não estou nervosa. Mas como eu vim parar aqui?

— Carlisle a trouxe depois do que houve – poderia ter sido ela, ela também é capaz.

— Por que não foi você quem me pegou no colo mãe?

— Você estava em cima de mim – ela diz surpresa com minha pergunta. Isso não seria problema para ela, ela poderia facilmente se desvencilhar e sair. – Meu marido foi mais rápido e a pegou antes. De qualquer forma você não iria ver quem estava te segurando mesmo. Eu prometo que vou fazer isso um dia quando você estiver bem acordada. Você nem sabia que foi Carlisle se eu não dissesse.

— Ahn, é verdade - admito. 

— Não tinha mais como Bella continuar contando a história com você dormindo... Jasper deve ter usado muito calmante, então decidimos trazer você para cá.

— Talvez eu estivesse com sono e ele só teve que ‘dar um empurrãozinho’ – É a segunda vez que meu irmão usa seu poder em mim. Será que isso pode me prejudicar?

Papai perceberia se fosse ruim? Talvez ninguém sabe, pois nunca houve uma humana como eu. Se algum humano foi influenciado uma vez ninguém se preocupou se teria efeitos adversos. Mas Bella deve ter passado por algo parecido. Não deve ser tão mal, pois afinal ele só faz nos acalmarmos com nossos próprios hormônios e ela está bem. Jamais saberemos se teria efeitos colaterais para ela. Eu vou me tornar uma vampira e isso não importa tanto.

Mas através disso posso perceber como poderia ser danoso o dom de Jasper. Aliás, ele usava para isso enquanto esteve no exército de vampiros. Seu poder é forte. Não duvido. Eu que o diga como é eficiente! Sinto. Até os vampiros são influenciados pelo meu irmão, quanto mais eu que sou uma simples humana!

Jasper não podia usar seu poder de uma forma adequada para todos nós ao mesmo tempo. Se fosse uma dose suficiente para mim que sou uma menina humana, não seria o bastante para tranquilizar Rosalie e Jacob. Se, ao contrário, fosse uma dose para eles seria muito para mim. Poderia me deixar em coma ou quem sabe até me matar. Por isso ele teve que aplicar o ‘tratamento’ para cada um individualmente.

Talvez Rosalie e Jacob não precisassem de um tratamento separados. Jacob pode aguentar mais, pois não é apenas humano; Rosalie não está exatamente viva, então o cuidado comigo precisa ser diferente do dela, Jasper não precisa controlar a dose com ela, pois não precisa ter medo de machucá-la. Rose e Jacob os dois são seres sobrenaturais e eu sou uma simples humana.

— Que horas são agora, mãe?

— Falta pouco para as três horas da madrugada – ela responde olhando para o relógio que fica sobre a escrivaninha do meu quarto.

Me surpreendo: ‘Caramba, dormi sete horas seguidas!’ Quase nem preciso mais ficar na cama.

Talvez ela já tenha desconfiado que eu peço frequentemente a hora ou talvez ela compreenda que está escuro de mais para ver. Mamãe enxerga melhor do que eu no escuro, naturalmente, e, além disso, eu não consigo ver direito os números do mostrador digital, preciso realmente usar óculos. Não posso mais protelar isso se não vou tomar bomba ano que vem. Que vexame! Logo eu que nunca reprovei. E também não vou conseguir tirar boas notas para ganhar o presente que quero de aniversário.

— Mãe... Você não deveria estar com o papai? – enrubesço com a sugestão e certamente Esme pode perceber o calor que se espalhou pelo meu rosto. – Deveriam aproveitar enquanto podem...

Ela entende o que eu quero dizer – mamãe é muito inteligente! Além de corajosa e carinhosa. Admiro-a cada vez mais:

— Não querida, não se preocupe conosco. Estamos bem. Meu marido está no escritório lendo, ele é muito dedicado... – Com a memória impecável que Carlisle tem eu não acredito que ele tenha que reler alguma coisa, a não ser que ele esteja vendo algo novo, alguma nova descoberta científica ou coisa assim, para sempre estar atualizado. Segundo motivo, eu não acredito que ele trocaria a esposa por livros. Afinal ele tem todo o tempo do mundo para ler depois. A prioridade deveria ser mamãe. - ...e eu o amo por esse motivo, pelo fato dele ser um médico excelente e atencioso, que realmente se importa com os pacientes. Não são muitos os médicos que são assim hoje em dia, principalmente com a correria do dia-a-dia. Nós dois não fazemos amor todos os dias como Bella e Edward.

— Mamãe! – cubro meu rosto com a coberta. Eu devo estar vermelha como uma maça, envergonhada pelo que eu mesma insinuei. Mamãe não precisava ser tão direta e eu não deveria ficar constrangida por isso afinal fui eu quem tocou no assunto.

E, por que ela deveria disfarçar? Não é nada de mais falar disso. Não é nenhuma coisa indecente. Ao menos para um casal é natural, o sexo faz parte do casamento e deve ser feito com carinho e respeito.

Isso me faz pensar... Será que o desejo diminui com o passar dos anos? Meus irmãos estão praticamente em lua-de-mel ainda. Eles se casaram ano passado, então é compreensível que queiram ficar juntos todas as noites (pelo menos eles tem a decência de ficar vestidos durante o dia, só suportam porque sabem que não precisam dormir a noite.). Mas Esme e Carlisle também parecem recém-casados apesar de fazer quase um século que estão unidos. Eu percebo às vezes a maneira como papai olha para mamãe...

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Fico sem jeito de estar entre eles e impedir que se beijem. As pessoas os vêem como um casal apaixonado normal, mas eu enxergo além.

— Bella e Edward não vão ficar chateados pelo que você disse? – pergunto preocupada com o que eles vão pensar.

— Alice já deve ter previsto o que eu iria dizer e Edward já deve ter visto na mente da irmã - então ela deve ter visto o que eu iria dizer e alertado Esme! Isso me deixa um pouco constrangida, mas ela soube deixar acontecer primeiro, não impedir.

— Essa família é... – penso, penso e não encontro uma palavra para me exprimir. – Essa família é ‘maluca’, mas eu acho que posso me acostumar.

— Que bom ouvir isso espontaneamente de você filha, porque agora não pretendemos voltar atrás.

— Quer dizer...

— Sim, eu vou me preparar para transformá-la. Não quero perdê-la.

— Obrigada mamãe.

— Não me agradeça ainda, você não sabe como é doloroso o processo.

— Eu sei - rebato.

— Espere até você acordar para me agradecer – justifica Esme. – Aí nós duas saberemos que deu certo.

— Eu acredito que você vai conseguir, mãe.

— Queria ter sua certeza... Não sei se eu devo, ou se é melhor pedir para meu marido. Não quero correr o risco de perder você para sempre. Além do mais seu sangue é tão apelativo para mim... Não posso, não quero perder você, filha.

— Você não vai me perder, mãe – tento acalmar Esme, mas nem eu acredito muito no que digo.

— Não posso por sua vida em risco apenas por capricho. Nem meu, nem seu.

 

— Eu não quero morrer, mamãe. Por favor, quero ser imortal. Não sei se você pode me entender porque você se suicidou...

— Você também tentou, chiriée— A família de minha mãe é de origem francesa, agora eu descobri.  Claro o nome dela é obvio, mas também poderia não ser. Assim como meu nome é inglês e eu não sou inglesa. Ainda bem que eu estudei francês (durante dois anos ao longo do último ano do ensino fundamental e o primeiro ano do ensino médio; o curso era ofertado pelo governo e praticamente gratuito) e sei um pouquinho do idioma. Na época não sei por que eu quis aprender. Foi por curiosidade, eu gosto de conhecer coisas novas. Agora tem um propósito. Talvez foi o destino que me fez ir atrás. Ou é só coincidência mesmo.

— Sim, não vou negar. Eu estava vivendo uma situação difícil. Não acho que outra pessoa suportaria passar pelo que eu passei. Mas agora eu não tenho mais motivo.

Esme me explica os motivos que a levaram a tomar tal atitude, mesmo que ela não me devesse satisfação nenhuma ela me esclarece para que eu saiba exatamente:

— Eu vivi algo muito parecido, respeitadas as proporções... Eu me suicidei porque não via mais nenhuma razão para viver depois que meu bebê morreu. Eu iria viver para ele, então se ele morreu porque eu iria continuar viva? Para quem? Lembre-se que eu fugi de casa e não poderia voltar para meu ex-marido.

 ‘Charles provavelmente iria me matar, principalmente se ele soubesse que eu estava grávida e fugi de casa e nosso filho morreu – se bem que agora eu penso que foi por causa dele que nosso filho não sobreviveu, as surras dele tiveram essa consequência. Não. Eu não iria voltar. Quando sai de Columbus pretendia nunca mais voltar e foi o que fiz. E eu não conseguia me ver casando com outro homem. Isso também não. Eu estava fechada para outro homem depois do que aconteceu, só me casei com Carlisle porque o conheci antes de Charles e imaginava, no fundo eu sabia, que Carlisle era diferente.

 ‘Eu não fazia ideia de que encontraria Carlisle naquele hospital naquele dia. Talvez se eu soubesse não teria me suicidado, mas eu acredito que teria aceitado me tornar uma vampira para viver com ele para sempre. Quando eu acordei e vi o Dr. Cullen comecei a viver novamente; eu abri mão da minha vida humana, por isso não sinto que perdi nada...

Sinto que tem mais coisa aqui que Esme não disse. Eu sei que ela queria ter um filho com papai. Carregar o filho ou filha de seu marido em seu ventre. Mas esse foi o preço que ela teve que pagar. É a parte dolorosa de ser uma vampira para ela. Às vezes eu queria poder fazer isso por meus pais. Se eu pudesse nascer de novo... Mas é impossível. O útero de Esme está congelado para sempre, não posso entrar nem se eu pudesse de alguma forma, não é um lugar propício.

E, a propósito, eu não sei se Esme conseguiria convencer Carlisle a transformá-la se ela tivesse que pedir. Desse modo é mesmo melhor que o destino tenha dado uma mãozinha para eles dois ficarem juntos.

— Eu amo meu marido e não me arrependo de nada e nem quero que ele se sinta mal por ter me transformado. Estamos felizes. Temos uma família maravilhosa o que jamais sonhamos que teríamos, temos até uma neta!

— Mamãe, não se preocupe comigo a dor que vier e eu tiver que suportar, suportarei. Será menor que o medo de morrer.

— Ah Carol, querida, você pode morrer se eu não conseguir parar! Eu não suportaria perder outro filho – lembro-me de repente quando Edward foi para a Itália e imagino o quão doloroso isso foi para Esme. Eu não quero fazer ela sentir isso novamente.

— Mãe, você não precisa me morder para me transformar.

— O que você tem em mente filha? Não sou meu filho Edward, preciso que você me diga. Uma injeção com veneno como ele fez? – nessa época Esme ainda não podia ouvir meus pensamentos como mensagens de voz, mas se ela pensasse mais um pouco tenho certeza que ela entenderia minha ideia, ela é muito esperta.

— Não exatamente. Você pode me dar seu veneno para eu tomar – digo receosa que ela ache a ideia muito absurda e ria de mim. É como pedir para uma serpente te morder. Que ideia estapafúrdia? Eu tenho tanto medo de morrer que quero me matar? Isso é contraditório, aparentemente. Mas se der certo eu posso viver por muito tempo, serei praticamente imortal. Eu aposto nessa mínima chance. É a minha única chance. Não tenho certeza o que há do outro lado. Será que a nossa alma é imortal? Não vou esperar para ver, vou ficar com o que tenho.

Esme não diz nada – Será que ficou chocada com a minha frieza? Não acho que ela poderia ficar surpresa. -, então eu continuo:

— Assim nem você nem papai precisam me morder. Eu não quero causar algum problema para vocês. Eu vou suportar o que for preciso. Só eu sofro. Não ficarei preocupada se fiz mal para alguém.

Por um instante tive medo que Esme estivesse paralisada, mas ela disse:

— Oh sweetie, você é tão sensível! Se importa tanto conosco assim mesmo nós sendo o que somos, que quer aguentar tudo sozinha sem prejudicar ninguém. Você é tão linda, um tesouro!

— Eu abro mão da cicatriz no pescoço, isso é supérfluo. O que eu quero é ficar para sempre com vocês dois.

— Nós não somos exatamente imortais, querida. Parece, mas não somos indestrutíveis.

— Eu sei disso, mamãe. Estou plenamente consciente. Eu só quero ficar com vocês o maior tempo possível. Se puder até mais. Eternamente. Uma vida humana por mais longa que fosse não seria tempo bastante.

— Eu vou pensar como vou fazer isso...

— Não é só colocar um pouco de seu veneno em um copo? – eu me lembro que li ou vi ou ouvi em algum lugar que fazem soro com o veneno das cobras. Remédio é em si um veneno de certa forma. Nem todo veneno é ruim. O caduceu, símbolo da medicina, é uma cobra enrolada em um mastro. * (eu estava errada na época, esse é o Bordão de Asclépio, mas os dois remetem à mesma ideia.)

— Sim, mas vou pensar como farei isso. De onde vou tirar?...

Pensei em falar par ela, mas me calei. Melhor não. Não quero que ela me entenda mal, não quero que ela pense que estou insultando-a.

— Agora volte a dormir meu amor – ela vem me dar um beijo na testa. – Durma bem.

Preciso ir ao banheiro, mas depois volto para a cama.

...XXX...


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Notas finais do capítulo

https://pt.wikipedia.org/wiki/Bordão_de_Asclépio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Caduceu



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