Raziel ainda estava meio que em estado de choque e consumido em desespero enquanto a garotinha lhe puxava pelo pulso e lhe mostrava a pequena vila por inteiro. Ela fazia algumas piadinhas e brincadeiras aqui e acolá e recebia a falta de reação do anjo em resposta (o que fez a garota emburrar depois de uns 10 minutos).

Nosso anjo só conseguiu sair de seu estado anterior depois de se assustar com os gritinhos felizes da sua nova companhia que corria saltitante na direção de um vendedor de sorvete ambulante.

A garota ficou encarando o sorveteiro por alguns segundos suplicando com toda sua fofura por um picolé, sem sucesso, suspirou e enfiou as mãos no bolso... Um papel de bala 7Belo e um pequeno pião de plástico, nada que pagasse por um delicioso picolé de chocolate.

Sem mais ideias, a pequena veio correndo ao lado de Raziel e lhe lançara o mesmo olhar de poucos segundos atrás, ele tinha visto aquele truque muitas vezes do Paraíso, ver de longe e ter aquilo diretamente voltado para ele eram coisas bem diferentes e, só porque o povo da vila era imune a fofura da pequena Peste, não quer dizer que Raziel também era.

Estendeu uma nota de 10 reais sem realmente entender os valores humanos e mesmo assim agradecendo pelo dinheiro ser presente de seu Pai e recebeu de volta um picolé de chocolate na mão direita e uma mãozinha pequena agarrada na esquerda aos sorrisos e com um picolé na boca.