Fiel a sua palavra no dia seguinte eu me encontrava segura em Hogwarts novamente. Foi legal dos Wesley’s convidarem-me para passar o Natal com eles, mas eu realmente não estava no clima para comemorações familiares. Toda a Grifinória expressou seus pêsames pela perda de meus pais, no que parece ter sido um incêndio causado por um vazamento de gás, pergunto-me quem foi que divulgou tal informação.

Na manhã de natal eu acordei com uma coruja batendo em minha janela, eu abri e a coruja deixou cair um embrulho. Antes que eu pudesse se quer reagir, ela já voava para longe. Abri o embrulho e lá havia um pequeno caderno cheio de anotações, ao foliar uma nota caiu:

“Hermione,

Esse caderno era da sua mãe, ela o usou para suas anotações particulares. Creio que ela gostaria que você ficasse com ele.

Eu realmente sinto muito por não poder fazer mais,

Se você precisar de qualquer coisa não hesite em me escrever, o endereço segue anexo a essa nota.

Tenha um feliz natal,

Fique segura.

Tio Percy”

O caderno realmente era muito interessante, algumas coisas estavam escritas em códigos e abreviaturas, mas era uma forma de passar o tempo desvendando.

Não demorou e o feriado passou e em um instante as aulas já haviam começado. Harry e Ron demonstraram suas preocupações para comigo, mas eu garanti a eles que estava bem. Áries também pareceu querer aproximar-se, mas eu o evitei a todo custo.

Com o passar dos dias os pesadelos do incêndio haviam diminuído sua frequência, mas isso não diminuía a dor da perda. Adquiri o hábito de vagar sozinha por Hogwarts antes do jantar e foi em um desses passeios que acabei encontrando o armário com as conquistas dos sonserinos, por mais curiosa que eu sempre tenha sido, nunca me dei ao trabalho de realmente prestar atenção ao que havia lá dentro, no entanto hoje foi diferente.

Analisando alguns troféus, encontrei uma foto semelhante a que havia pendurada no quarto de minha mãe: Havia um garoto pálido de cabelos escuros com duas garotas poucos anos mais velhas, uma de cabelos bem escuros, que através de fotos reconheci ser minha mãe e a outra com os cabelos um pouco mais claros, suspeitava que pudesse ser minha tia Andrômeda. Eu estava curiosa com tal fotografia. Vi a fotografia do time de quadribol e tinha certeza que o capitão era o meu pai. Havia então uma placa de ouro entalhada com as seguintes inscrições: 1º Lugar no Duelo Anual de Hogwarts, VENI, VINI, VICI, em baixo havia então um nome e de repente tudo fazia sentido: Arabella Dumbledore. Agora as coisas estavam começando a fazer sentindo e eu começava a me sentir um pouco traída.

Qual o parentesco me minha mãe com Dumbledore? Claro eu não tinha certeza se essa Arabella é a Arabella minha mãe, mas é muita coincidência, só pode ser ela. Com esses pensamentos em mente fui imediatamente para a sala do diretor. No entanto ele não estava lá.

Eu estava um pouco magoada e com raiva, eu queria respostas e aparentemente o único ser que poderia me dar, estava ausente. Com os braços cruzados e uma grande carranca foi assim que a professora McGonagall me encontrou.

—O que você faz aqui Senhorita Granger?

—Preciso conversar sobre um assunto muito sério com o diretor e ele não está. - Respondi a ela rispidamente, ela me analisou por meros segundos até dizer:

—Posso lhe oferecer minha ajuda? - Eu a encarei desconfiada, agora eu estava começando a duvidar do meu plano.

—Talvez -  Eu dei de ombros e a segui até sua própria sala.

Quando nos acomodamos, ela perguntou:

—O que há de errado Hermione?

Eu a encarei por alguns segundos antes de perguntar, afinal eu queria ver qual seria sua reação:

—Quem é Arabella Dumbledore?

Por breves segundos juro ter visto um olhar melancólico em seu rosto, mas logo foi substituído por sua expressão severa usual.

—Foi uma das alunas mais brilhantes que já passaram por Hogwarts.

Eu a observei, McGonagall elogiar alguém era difícil, um sonserino? Era um evento raro.

—Qual a relação dela com o diretor? - Fui mais ousada dessa vez. Minha adorada professora de transfiguração me analisou por um tempo, como se ponderasse se eu fosse digna de tal informação.

—.Surpreende-me que a essa altura você não saiba que Dumbledore é seu avô Hermione. - Essa frase foi o suficiente para me deixar atordoada.

Então era isso? Minha mãe era uma Dumbledore por nascimento? Agora as coisas faziam mais sentido, a rivalidade entre as duas famílias que me foi falado anteriormente, a presença do diretor naquela casa e talvez depois de tudo até minha própria inteligência, não sou um prodígio depois de tudo, sou apenas mais uma garota a sombra de sua família.

—Hermione? - Ouvi a voz preocupada de McGonagall me chamar, voltei então a observa-la.

—Desculpe-me professora, mas preciso ir. - Eu disse levantando-me e saindo dali o mais rápido que minhas pernas permitiam.

Na segurança do banheiro feminino me permitir chorar. De repente eu estava tão confusa sobre tudo, ao saber que eu era uma Black presumi logo o pior, Percy e Andrômeda me mostraram outro lado da história e agora a ascendência de minha mãe me fazia questionar minhas próprias habilidades, eu estava tão confusa... tão sozinha.

Acabei indo para a cama sem jantar e nos próximos dias adicionei ignorar o professor Dumbledore a minha lista de atividades diárias, não era uma coisa muito difícil de se fazer na verdade.

Percebi que fugir de Áries já não era mais uma tarefa, ele estava me evitando a todo custo e foi então que me ocorreu a ideia: Ele estava ciente do ataque de Bellatrix a minha casa? Sabendo que não era mais uma opção me afundar em meu próprio sofrimento decidi que era hora de encurrala-lo.

Encontrei ele sozinho no corredor e o arrastei até a sala mais próxima.

—Você contou a Bellatrix sobre mim?

Ele me olhou mais do que chocado, ele me lançou um olhar desapontado antes de dizer:

—Eu nunca faria isso Hermione!

Eu ri secamente -Como eu poderia saber Áries? Nós nem ao menos nos conhecemos direito e você é de uma família de comensais da morte! - Ao ver seu olhar furioso, me arrependi um pouco das palavras que usei.

—Essa família também é sua Hermione. - Ele disse bem próximo a mim e em um tom bem ameaçador.

—Mas eu não moro com eles! - Foi a vez dele de rir.

—Você acha que eu tenho escolha Hermione? - Ele me olhava perplexo.

—Todos temos escolhas. - Eu apontei o óbvio e ele rolou os olhos.

—Você não percebe que eu estou no meio disso tanto quanto você ou Potter? Eu sou o herdeiro Black Hermione, todos esperam que eu siga meu destino adorando o lorde das trevas. -Ele disse com amargura.

—Você é maior de idade Áries! Você não precisa fazer parte disso, você pode fugir!

Ele suspirou:

—Fugir? Você iria comigo Hermione? -Eu o olhei horrorizada - Posso não ser um grifinório Hermione, mas fugir não faz o meu estilo.

Ele então riu amargamente e completou:

—Tia Bellatrix me mataria antes que eu chegasse onde quer que eu planejasse ir.

Nos encaramos por alguns momentos até alguém chegar e de repente eu me repreendi mentalmente, de tantas salas de aula vazias eu tinha que arrasta-lo logo para a sala do Snape?

—O que vocês estão fazendo aqui? - Ele nos encarava como se pudesse ver nossas almas.

—Nada. - Áries respondeu antes que eu se quer pensasse em uma resposta.

—Ótimo. Agora saia da minha sala senhorita Granger.

Fiz o que ele ordenou, mas não sem dar uma última olhada para meu irmão, enquanto caminhava para fora da sala, eu era capaz de sentir o olhar de Snape perfurando minhas costas.