Smack escrita por Maga Clari
Notas iniciais do capítulo
Eu planejava fazer uma outra história. Era um conto original, mas quando vi que minha amiga secreta tinha votado em "huly" também, deixei o conto quieto lá, só pra mim, e resolvi escrever isso.
Com relação ao número de palavras, acredito que cada história tenha seu tamanho. E esta aqui era pra ser curtinha mesmo, quase uma crônica. Do jeitinho dela, mesmo pequena, achei que ficou um amor, modéstia a parte hahaha
Espero que você goste, minha querida ♥
— Lily, onde é que liga o botão de power?
— Power?! O quê?! Está brincando de faz de conta de novo?!
— Não, Lily, aqui, neste negócio! Ai!
— Presta mais atenção nas coisas, Hugo, me dá isso aqui.
Plim!
— Uaaaau! Pelas cuecas de Merlim!
— Legal, não é?!
Hugo não poderia estar mais vislumbrado.
Havia passado exatamente cinco dias desbravando a garagem infinita de seu vovô Arthur, cheia de bugigangas dos muggles. Radinhos, controles remoto, mp3 players, patinhos de borracha, e, é claro, sua mais nova descoberta: a câmera filmadora.
Quando Lily apertou o botão vermelho, uma luz abarcou toda a garagem, anteriormente escura, transformando tudo em sombras na parede. Hugo simplesmente olhou para ela, apaixonado, e pediu:
— Lily, será que dá pra você ficar ali na frente?
— Eu? Onde?
— Ali, Lily, na frente da parede de tijolos.
— Onde tem os negócios do…
— Vai logo de uma vez, Lily, vai logo! Isso, mais pra cá… Faz uma pose legal e fica aí no três, está bem?
Hugo então concentrou-se em sua descoberta e segurou bem forte a câmera filmadora na direção de sua melhor amiga.
— Lily, faz pose de modelo!
— Pose de modelo? Mas eu nem sou bonita! Ou… magra…
— Lily, só faz o que eu falei. Um, dois, três!
A partir do primeiro flash, quando a câmera pareceu ligar a opção “filmagem”, Lily Luna fez poses divertidas, e então correu para puxar Hugo aonde ela estivera instantes atrás. A filmadora, por sua vez, estava apoiada ao tripé, e registrava tudo à meia-luz.
As sombras corriam, balançavam, pulavam. O cabelo de Lily dançava quando Hugo a rodopiava pelos ares. E quando brincavam com os chapéus do vovô Arthur e vovó Molly, pareciam parceiros de dança dos anos 40. Hugo inclusive arriscou conjurar uma rosa na boca, arrancando gargalhadas de Lily. E as pernas dela, nessa hora, bambearam. De nervoso, é provável.
— Lily, como é que faz pra você me deixar te beijar?
Essa pergunta, no entanto, foi diferente das outras. Ao invés de simplesmente responder, na lata, como de costume, Lily hesitou. E resolveu devolver a pergunta com outra pergunta.
— Hugo, por que resolveu nos filmar, pra começar?
— Ah, Lily — ele parou pra pensar, tirando a rosa da boca, e colocando-a atrás da orelha dela — Queria saber, de vez quando, como é que você vê o mundo.
— Eu?
— Sim, Lily. Não adianta fingir que não está acontecendo. Uma hora, sua visão estará completamente escura. Só quero me lembrar que você é bonita até nas sombras.
— E o beijo, Hugo, por que é?!
— Eu só quero que você se lembre, Lily. Do formato da minha boca. E do meu rosto. Que se lembre como eu sou. Aí quando e se você quiser me beijar de novo, sua mente vai se lembrar. É psicanálise, eu pesquisei naquele livro que a mamãe tem. Um tal de Freude... Anda, Lily, vem logo de uma vez!
Lily então sorriu com o coração saindo pela boca. Aproximou-se um pouco mais de Hugo, dando uma última olhada na câmera filmadora antes de voltar a prestar atenção nele.
— Hugo, como é que eu vou fazer pra assistir o beijo se eu estarei cega?
— É só fazer barulho de beijo. Assim, Lily!
Smack, smack, smack.
Hummmmmmm.
Smack!
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