Lebenslangerschicksalsschatz escrita por Pudim de Menta


Capítulo 1
Único - O presente do Destino


Notas iniciais do capítulo

Oi, sejam bem vindo ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/751148/chapter/1

Eu considero incrível o fato que eu fui apenas a conhecer o amor da minha vida no dia em que ia pedir minha namorada em casamento.

Eu me lembro daquele 2014, ano de copa e de eleições  e ano do casamento de Amélia Secco e Demétrio , uma das melhores amigas da minha namorada na época, a  Delilah e o irmão dela.

Morávamos em São Paulo e o casamento ia ser na cidade onde minha namorada nasceu, íamos até lá, namorávamos há três anos.

 Conhecemos-nos por meio de amigos e tínhamos um relacionamento firme e tínhamos estrutura financeira, objetivos em comum, gostávamos um do outro, acho que era hora para dar aquele passo, o casamento, eu já havia combinado há semanas com Amélia por meio de mensagens, ela ia fingir que ia jogar o buque, mas apenas andaria com ele até Delilah e eu estaria atrás dela, Amélia diria para ela olhar para trás e eu estaria ajoelhado.

Pronto, pedido feito, até perguntei para Amélia se tinha algum problema em tirar atenção dela no dia do casamento, ela disse que era um enorme privilégio e ainda mais quando envolvia Delilah, por que a mesma dizia na adolescência que não iria se casar e não era do arquétipo namoradeira, a mesma brincou “Achei que Delilah ia encalhar que nem baleia na praia”.

Lembro que no final de semana antes da viagem eu estava na casa dos meus pais conversando com minha mãe, eu tomava um copo de água naquela antiga cozinha, onde tudo permanecera o mesmo desde minha infância, a mesa de madeira pesada, a geladeira branca repleta de imãs a pia sempre impecável, os tapetes bordados e o quadro com alguns versículos bíblicos.

Estava sentado a mesa e minha mãe não parava de andar pelo cômodo, pois a mesma não conseguia ficar parada muito tempo.

―Sério Felipe? Você tem certeza? Amo Delilah e às vezes sei que ela que coloca um pouco de juízo nessa sua cabeça, mas não é um passo grande pedir Delilah em casamento? Ela não é Lebenslangerschicksalsschatz, ela é Beinaheleidenschaftsgegenstand.

Lebenslangerschicksalsschatz é aquela pessoa, o amor da sua vida, o presente do destino para você, àquela pessoa que faz todos os átomos do seu corpo formigar, cada partícula da sua alma se agitar e aquela pessoa que você deixa entrar no seu coração e você nunca mais quer que ela parta, então você deixa ela o mais confortável possível e espera passar a vida toda com ela.

Beinaheleidenschaftsgegenstand é quase a mesma coisa, porém não é aquela pessoa, não é o amor da sua vida, é alguém que com certeza é maravilhoso, mas não é a mesma coisa e minha mãe sempre dizia isso, porém com o tempo parei de acreditar.

―Mãe, eu não acredito nisso! Desculpa. ― Pedi.

―Como ousa dizer isso? Com o maior exemplo desse conceito dentro da própria casa?  ― Ela se sentou na cadeira a minha frente com aquele ar de apaixonada, 35 anos de casada e ainda parecia uma adolescente suspirando pelo primeiro namorado, era inegável, meus pais eram irremediavelmente apaixonados um pelo outro.

Apesar de completamente diferentes, minha mãe mexia com organização de eventos e era desenhista por Hobbie, era a pessoa mais extrovertida do mundo, daquelas que são as ultimas a irem embora de uma festa, que fazem amizade até na fila do banco e que tudo com ela é uma eterna piada e alegria, já meu pai é um homem sério e rígido, calado, as pessoas mal sabem o som da sua voz, não é o ultimo a sair da festa por que nem vai para festas e as únicas piadas que já vi meu pai rindo sãos as que a mamãe conta.

―Você já ouviu a história um milhão de vezes, mas não importa vou contar novamente. ― Ela declarou. ― O ano era 1974, era um dia cinzento e de vento suave, eu andava pelas ruas de São Paulo apressada, pois se não perdia a minha carona para a faculdade, eu tinha cinco minutos para chegar e alguém vinha correndo na direção contraria e era o homem mais lindo que eu havia visto, deixava todos os galãs de cinema no chinelo, usava roupa social, apenas faltando uma gravata e blazer, os cabelos dele pareciam terra fértil do Nilo e seus olhos, ah... aqueles olhos... ― Minha mãe deu um suspiro e eu queria rir, apesar de admirar a história, não podia deixar de rir das caretas que ela fazia enquanto contava. ― O mundo pareceu um enorme campo de margaridas onde havia apenas nós dois, fiquei tão concentrada nisso que trombei com ele, os papeis dele voaram, minha bolsa se abriu espalhando algumas coisas e lembro-o “Me desculpa moça” e recolhendo as coisas desesperado, então subitamente ele parou e me encarou nos olhos por alguns segundos e não me esqueço de o que ele disse” Olá, meu nome é Afonso e me desculpa? Seu nome, por favor.” Eu respondi abobada que era Maria, a voz dele era linda, parecia cascalho caindo na água e ali todas as moléculas do meu corpo disseram” ele é Lebenslangerschicksalsschatz”, ele me olhou no fundo dos meus olhos “Desculpe Maria”, eu não disse nada, estava abobalhada demais e ele parecia um pouco também. Ele se levantou com seus papeis e eu com minhas coisas e começamos a correr em direção contrária, mas parece que quanto mais nos afastávamos mais olhávamos para trás um na direção do outro, corri ainda meio zonza com o acontecimento, a distancia que percorri foi umas três quadras, até o apartamento da minha amiga que me daria carona e assim fomos para a faculdade, mas naquele dia me senti muito triste, eu tinha visto Lebenslangerschicksalsschatz, tinha certeza disso, por que quando você encontra você simplesmente sabe, mas eu o perdi na caótica São Paulo e na época não tinha Facebook como hoje, o máximo que pude fazer foi pesquisar em listas telefônicas, editais de jornal, e ficar parada naquela avenida, entretanto ele nunca mais passou por lá, porém confiei no destino, ele ia me dar outra oportunidade, dito e feito, dois anos depois a mesma amiga disse que uma prima ia noivar e que lá ia ter apenas casais e parentes chatos, ela ficou com medo de ficar deslocada e me levou para o intimo jantar de noivado da prima, que parecia mais uma pompa e uma grande festa, 100 convidados, nada de intimo, afinal a prima era rica, bonita e o pai queria o melhor para sua princesa. Lembro que coloquei meu melhor vestido, passei minha melhor maquiagem e fui ao jantar. Encontrei minha amiga e juntas entramos e logo fomos cumprimentadas pelos noivos, eu usava meu melhor vestido e estava no melhor estado que podia aparentar, mas não era nada perto da elegância da prima, ou melhor Sara e olhei para o seu noivo, era aquele rosto que procurei por semanas, como assim Lebenslangerschicksalsschatz estava prestes a se casar? Era o meu presente do destino, foi naquele momento em particular que deixei de acreditar, talvez isso fosse bobagem de uma romântica tola que acreditava em contos de fada, então Afonso falou baixo, mas perceptível, um som escapou de seus lábios, a palavra “Maria”, ele se lembrava de e meu nome até hoje soa a combinação mais incrível do mundo no som de sua voz, entretanto Lebenslangerschicksalsschatz estava comprometido, minha vontade foi de virar as costas e ir embora, não era do meu feitio flertar com homens compromissados ou sequer pensar em conquista-los e mesmo que quisesse jamais conseguiria competir com Sara. Passei o resto do jantar fingindo um sorriso, nunca disse uma palavra a minha amiga sobre Afonso, ele era o meu segredo, pensei que nunca mais ia vê-lo, mas perdemos a fé no destino, mas ele nunca perde na gente, passou-se mais três anos, já havia terminado a faculdade, eu e minha amiga seguimos caminhos distintos, eu trabalhava como organizadora de eventos, uma empresa me contratou para organizar sua festa de 25 anos no mercado, no meio da festa o vi, era a empresa que ele trabalhava como contador , não fui até ele, pelas minhas contas já devia esperar filhos, porém Afonso veio até mim e perguntou “ Maria, lembra-se de mim?” respondi o sim mais sincero da minha vida e lhe perguntei “ Como vai Sara?” e suas próximas palavras me surpreenderiam muito “ Não sei, o casório não deu certo”, Afonso me chamou para sair, no primeiro encontro disse que eu era a mulher mais incrível do mundo, no segundo falou que era homem para casar, queria ter filhos e disse que estava apaixonado por mim, no terceiro me pediu em namoro, acho que depois de uns cinco meses me pediu em casamento, isso teria assustado qualquer pessoa, mas não me assustou, ele era Lebenslangerschicksalsschatz e isso me deu fé no futuro e como você ousa Felipe depois da mais bela história de amor, envolvendo destino e “coincidências” devidamente arquitetadas me dizer que não acredita?

― Simplesmente não acreditando, desculpe mamãe! ― Comentei. ― E se forem uma série de coincidências arquitetadas ela é minha Lebenslangerschicksalsschatz , pense em como conheci Delilah, a Nicole nos apresentou e onde conheci Nicole? Na faculdade, um estrato imenso de probabilidades para conhecê-la e se Nicole fosse tímida? Mas Nicole é como à senhora, faz amizade até na fila do pão que foi onde ela conheceu Delilah, que tinha diversas padarias a sua disposição e escolheu a mesma de Nicole.

―Mesmo assim ela não é sua Lebenslangerschicksalsschatz. ― Minha mãe reafirmou. ― Sabe como eu sei? O brilho nos olhos, os dela não brilham nenhum pouco a olhar para você e vice-versa, sempre fui sensitiva, tenho uma conexão especial com o destino, você vai encontrar sua Lebenslangerschicksalsschatz, muito em breve, mais breve que imagina e Delilah, vejo nos olhos dela, ela já o encontrou, está no seu passado. ― Minha mãe segurou minhas mãos de forma consoladora e eu estava achando toda a conversa absurda e as crendices infundadas da minha mãe. ― Cancele isso tudo, casamento é sagrado e daqui um tempo pode tropeçar em Lebenslangerschicksalsschatz e estar casado, não coloque duas mulheres para sofrer.

Olhei no relógio em busca da minha desculpa.

―Mãe, tenho que ir, obrigado, mas tenho um plantão longo daqui umas horas. ―levantei daquela cadeira e dei um beijo na bochecha dela.

E fui para casa descansar um pouco antes de um plantão dobrado, afinal eu tinha que compensar o fim de semana que passaria na cidade Natal de Delilah.

Era outra coisa que eu gostava nela, tive uma ex que não entendeu que eu era um Médico especializado em emergências, que meus horários eram malucos e minha rotina turbulenta, Delilah respeitava minha rotina.

Os dias passaram voando, quando vi estava no avião indo a caminho da cidade mais próxima com aeroporto da cidade Natal de Delilah, estávamos um do lado do outro, ela de olhos fechados, eu era um baita de um sortudo, ela era linda, tinha o cabelo num tom escuro e denso como a noite, por baixos de suas pálpebras fechadas tinham belos olhos azuis, claríssimos, contrastando com seu cabelo e combinando com sua pele, ela não era dona de muita estatura, compensava com saltos altos, seu rosto era incomum, anguloso e encovado, lábios grossos e sobrancelhas também grossas que deixavam seu olhar mais firme o tipo de olhar que fazia ganhar vários casos como uma advogada respeitada.

Desembarcamos no Aeroporto e fomos para Rodoviária, de lá seguimos por mais três horas de ônibus, chegamos lá à noite.

O pai de Delilah estava lá para nós buscar, ele era um homem alto e robusto, com os cabelos escuros e olhos castanhos, tinha o mesmo olhar e postura firme de Delilah, o nome dele era Joaquim, eram 9hrs da noite e o homem estava de roupa social, me senti meio “sujo” por estar de jeans e tênis de corrida.

―Depois de anos deu o ar de sua graça Delilah. ― O pai dela a abraçou e a mesma não respondeu, juntei as malas e fomos para o carro.

Era um baita carrão, Delilah foi no banco da frente e eu atrás, eu já havia conversado com seu Joaquim por meio do Skype e ele era muito mais intimidador ao vivo e a cores.

Ziguezagueamos pela cidadela, era calma e tranquila, as ruas de pedra, as casas antigas no estilo clássico, a maioria dos estabelecimentos estavam fechados e eu me imaginei morando naquela cidade e gostei do cenário.

―Argh, tudo fechado, tudo pacifico, como se as pessoas tivessem medo da noite! ― Reclamou Delilah, como ela foi embora daquela pacata cidade? Era perfeita, era o lugar que se pudesse escolher eu moraria.

Chegamos a casa e devia ser a maior casa da cidade, ela nunca havia comentado que era rica, a casa devia ter três andares, não era uma casa, era um palacete, o jardim era uma obra prima a qualquer olho de paisagista.

Entramos e seu Joaquim estacionou o carro e saímos em direção ao porta malas e Delilah já estava pegando suas bagagens e ali enxerguei uma oportunidade de falar a sós com seu Joaquim, eu sabia que não conseguiria tal oportunidade tão cedo.

―Deixe que eu cuide disso Delilah. ― Pedi.

―Não precisa. ― Ela disse.

―Imploro! ― Barganhei.

―A casa tem escadas, não vai conseguir trazer tudo sozinho. ― Argumentou.

―Eu o ajudo, vá falar com sua mãe e seu irmão, eles estão com saudades. ― Joaquim interviu e ela foi em direção a porta da garagem e logo entrou na casa.

― Desembucha rapaz, era isso que queria, um momento a sós comigo, sem Delilah, coisa importante envolvendo ela, você é médico, não trocaria seus plantões só para assistir um casamento. ― Raciocinou o meu sogro.

―Como sabe disso tudo? ― Perguntei abismado.

―É o raciocínio rápido, fui o melhor advogado que essa cidade já viu, sou dono da metade dela e o vice-prefeito, temos que saber pensar a altura de nossos privilégios, e você meu jovem, sabe pensar na altura dos seus?

―Sei senhor. ― Respondi.

― Joaquim Medeiros, Senhor está no céu, estamos no céu por acaso? ―Ele questionou e não respondi ― Direto ao ponto meu jovem, eu não sou um homem que dispõe de muito tempo.

―Quero pedir Delilah em casamento. ― Soltei as palavras e a respiração. ― Preciso da sua permissão.

―Você parece cumprir os requisitos, aceito, afinal não tem coisa melhor para ela nessa cidade.  ― Ele declarou.

E pegamos as malas e entramos na casa, Delilah conversava no sofá da sala com a mãe e o irmão, e todos os moveis naquele cômodo deviam valer meu rim, tudo era harmônico e imponente, pinturas refinadas nas paredes e uma foto de família, cristais na estante, sofá confortável, mas elegante.

A sala era espaçosa e com paredes brancas e uns acessos, como a escada que era um primor da arquitetura, o acesso para a cozinha e a parte externa.

A mãe de Delilah, Antônia, era baixa e de olhos azuis e cabelo loiro, não tinha aquele olhar imponente, mas sim caloroso, me abraçou e perguntou por que eu e Delilah estávamos tão magros.

―Não tem comida em São Paulo?

Demétrio era alto e de braços robustos, tinha cabelo grande num a lá meio surfista, não era escuro como o Delilah nem tão claro quanto o da sua mãe, seus olhos eram esverdeados e seu rosto não era tão encovado e ele tinha uma pose meio carismática.

Depois levamos as malas para cima, o segundo andar, tinha uma biblioteca, um escritório, sala de musica, quarto de hospedes, sala de TV e deixei minhas coisas no quarto de hospedes.

Seu Joaquim que tinha se juntado ao grupo me olhou.

―Não quero você no andar de cima, bem longe de Delilah essa noite, se você abrir a porta desse quarto... Eu irei escutar.

Deram-me boa noite e foram embora, ajeitei minhas coisas nos armários disponíveis e fui tomar um banho logo em seguida me deitar, porém eu não conseguia dormir.

Por que Delilah largou aquele pedaço do Paraíso na terra? Parecia ser uma cidade tão legal? Por que ela parecia tão fria com o próprio pai e por que não me contou do berço de ouro em que nasceu? Do pai vice-prefeito? Na realidade eu sabia bem pouco do passado dela.

O que ela fazia na infância? Do passado dela eu só sabia de Amélia, quando finalmente consegui dormir foi com essas duvidas permeando minha mente.

Levantei às 7h30min, me aprontei e desci, aparentemente eu tinha sido o ultimo a levantar e fui direto para a cozinha , seu Joaquim havia saído a pouco, dona Antônia tomava café da manhã enquanto uma domestica colocava um copo e prato para mim na mesa, Delilah estava terminando o seu assim como Demetrio.

―Demetrio. ― Disse Delilah. ― Pode levar o Felipe para conhecer a cidade, vou sair com Amélia, ajuda-la com alguns detalhes de noivas e madrinhas.

―Posso. ― concordou Demetrio. ― Vou levá-lo no “shopping”.

―Aquilo nem é um shopping. ― Zombou ela. ― E não leve, eu e Amélia estaremos por lá e a boutique que ela comprou o vestido está lá, ela vai pirar se você pisar lá por hoje, está morrendo de medo de alguém ver o vestido, até eu, sabe como ela é supersticiosa e já está completamente paranoica , sei lá, leve-o a praça para tomar um sorvete do seu Floriano.

Terminamos o café da manhã de duque e Amélia passou para buscar Delilah e eu Demetrio fomos a pé para a praça, a sorveteria que haviam comentado ficava de frente e pedimos um sorvete de casquinha, isso era o bom de ser adulto você tomava sorvete à hora que quisesse no fim de semana, era só ter uns trocados, nos sentamos em um banco e Demetrio começou a conversar comigo.

― O pai comentou que você vai pedir Delilah em casamento. ― Ele jogou na conversa.

―É, vou sim, e estou muito feliz que ele deixou bem rápido, disse que era o melhor que tinha, antes que um qualquer da cidade a pedisse em casamento. ― Comentei e Demetrio deu uma risada.

―É por que isso já aconteceu antes. ― Ele soltou rapidamente e depois percebeu que falou alguma bobagem

―O que? ― Questionei, ela nunca havia comentado de ter sido pedida em casamento.

―Delilah nunca lhe contou? ― Ele questionou, mexi a cabeça negativamente.

― Então peça para ela lhe contar. ― Demetrio aconselhou.

― Não vai me contar, mal cheguei e já descobri um monte de coisas que ela nunca me falou, isso por que namoramos há três anos. ― Falei sem pensar. ― Me conte você, o mais perto que sei de um pedido de casamento é de um namoradinho que ela teve na adolescência e ela disse que era besteira.

Demetrio riu em escárnio.

―Namoradinho? Adolescência? Besteira? Eles namoravam desde os 16 anos até o fim da faculdade e acho que se gostavam desde crianças, era o tal do Edmundo Dantas, nós os Medeiros e os Dantas somos tradicionais por aqui, nossos bisavós juntos fundaram essa cidade, crescemos bem próximos, os Dantas tem um filho da idade da Delilah, acho que uns meses mais velhos, sempre andaram juntos, sempre estudaram na mesma escola e na mesma sala, só tinha um probleminha o pai odeia esse garoto, diz que é o mal em forma de gente, acho exagero dele, ele só é assim por que foi o primeiro namorado dela e também por que esse jeito de contida e dama não é o jeito dela, obvio que já sabe disso.

Não, ela sempre foi assim, era o jeito dela, porém não interrompi.

― Ele sempre despertou o lado mais rebelde, mais bagunceiro dela, o lado mais sonhador, revolucionário e divertido ― Demetrio se ajeitou no banco e apontou para as estatuas dos fundadores, que ficavam no centro da praça. ― Essa estatua foi pintada de novo, eles jogaram bolas de tinta, quando tinham uns 15 anos, eram dois arruaceiros e que descontavam suas frustrações por ai, acho que estavam protestando por algo. Chegou à época de fazer faculdade, ou você faz a distância, ou você vai de van todos os dias fazer faculdade na cidade vizinha e lá tem poucos cursos, Medicina, Direito, Contabilidade, Administração e Pedagogia e o sonho da Delilah era ir para outra cidade longe cursar matemática.

O que? Delilah era formada em uma área bem distinta da matemática e ela nunca havia me contado isso e eu namorava uma garota que vandalizou a cidade?

― Ela queria fazer Matemática na USP, o pai enlouqueceu e tiveram uma das brigas mais feias que já vi, então ela pensou em fazer Contabilidade, ele enlouquece novamente e a obrigou a fazer direito, você tem que entender que Delilah era a joia rara dele, a filha caçula, a menina que pensa igual a ele, ambos tem esse raciocínio rápido, esse pensamento perspicaz, meu pai não planeja que eu administre nosso “império”, ele quer que Delilah assuma e siga cada passo dele milimetricamente. ― Ele fez uma pequena pausa e ponderou as próximas palavras. ― E aconteceu o dia em que ela foi embora, tanto ela quanto Edmundo cursavam Direito, para você não ficar perdido, a mãe de Edmundo não é fã da Delilah e na formatura da faculdade ele pediu Delilah em casamento, nossos pais, mas especificamente meu pai e mãe de Edmundo ficaram arrasados, eles acertavam os detalhes do noivado e desde pequena Delilah planejava sair daqui, já Edmundo é um medroso, sei que ele não gosta daqui, mas tem medo do mundo onde ele não é o Nobre da cidade, ela nunca teve esse medo, durante período de planejamento da cerimônia minha irmã conseguiu um emprego na área de advocacia  em São Paulo, ela falou apenas para mim quando recebeu a noticia, colocou seus bens mais preciosos, seus cartões em uma mochila e correu até a casa de Edmundo, pelo o que sei e ela me contou, Delilah fez um discurso apaixonado por ele e disse que poderiam subir no primeiro ônibus se casarem em um cartório qualquer, por que ela não se importava com a cerimônia e irem para São Paulo, Edmundo ficou com medo e ha outro ponto na história, a senhora Dantas armou para ambos, forjou provas que Delilah o traia, não sei como, mas ele jogou todas as suas desconfianças nela e tiveram uma briga cheia de gritos que a cidade inteira ouviu, Delilah subiu no primeiro ônibus e só pisou aqui agora, mais tarde Edmundo descobriu que a história da traição era mentira, mas ela não atendeu mais telefonemas e nem nada e está magoada até hoje.

―Ela já superou o termino e ela já O superou. ― Enfatizei.

―Olha Felipe, sei que nunca me viu antes na vida e não quero colocar nenhuma intriga no seu relacionamento ou qualquer desconfiança, mas ela não o superou.

―Superou. ― Afirmei. ― Se não superou, prove!

―Prova um, ela nunca nem falou o nome desse cara para você, ou você nunca teve aquela conversa sobre ex com Delilah? Sabe por que ela nunca contou, ela é assim, não fala do que a magoa ou do que não entende, prova dois, sabe o anel que está no dedo dela, dourado, gravado com estrelas e dentro está escrito “I Love You” e faz um par com uma aliança masculina, escrito “I Know”, uma referencia a Star Wars, feitos sob medida.

― Ela me disse que é o anel da sorte, nunca tira e nunca vi as letras... ― falei baixinho.

― Foi um presente de Edmundo Dantas, no primeiro mês de namoro e ele usa a outra parte do par até hoje e ela também.

Eu não sei descrever o que senti na hora, apenas queria continuar perguntando mais e descobrir mais, estava magoado com Delilah.

― E se ela o ver? ― Questionei. ― Podemos evitar, quero tirar essa história a limpo com ela, mas não quero que ela o veja, não é insegurança e nem nada, só estou confuso.

― Ela vai ver, não tem como, ele vai estar no casamento, ele é primo por parte de mãe de Amélia.

―Desculpa, podemos voltar? É muito para um dia e pode manter a nossa conversa em segredo? ― Pedi.

― Me desculpe, apenas sou uma matraca que sai falando coisas sobre a irmã, ela devia ter te dito tudo isso. ― Desculpou-se Demetrio e fomos caminhando em silêncio, passei o resto da manhã no quarto de hóspedes organizando as coisas e tentando processar a história.

Delilah chegou com Amélia no almoço e seu Joaquim apareceu também, almoçamos todos juntos, em uma mesa grande e pomposa, ninguém conversava muito, além de Amélia e a sogra.

―Felipe. ― Antonia me chamou. ― Você ficara aqui em casa sozinho está tarde, tem algum problema? ― Respondi negativamente meneando a cabeça. ― Pois Joaquim ira trabalhar, eu irei com Amélia e Demetrio ajudar nos últimos detalhes e Delilah estará com os padrinhos ensaiando uma dança deles e dispensei Hermínia.

Hermínia era a empregada e voltamos a comer.

Logo depois do almoço foi todo mundo saindo e quando estava acompanhando Delilah até o carro pensei em perguntar-lhe tudo, mas decidi deixar para quando voltássemos a São Paulo, não queria causar estresse agora.

Enquanto ela entrava no carro me falou.

―Lembra que estava sem gravata para o casamento? Comprei-lhe uma, está no meu quarto, pode ir lá pegar e aproveite e experimente.

Ela fechou a porta e manobrou o carro e voltei para dentro da casa, mexi um pouco no celular e decidi ir ver a tal gravata, subi para o terceiro andar, era tão suntuoso quanto o restante da casa, com carpete, pinturas finas na parede do corredor e portas duplas e brancas.

Havia três quartos, foi sem segredo para achar, pois o nome do dono de cada quarto estava gravado nas portas.

Abri o da Delilah, parecia uma viagem de volta para o passado, parecia o quarto de uma adolescente, as paredes eram brancas, mas havia uma rosa.

A cama era de casal, mas havia apenas um travesseiro, as janelas eram amplas e na outra ponta havia uma porta para um banheiro e uma que deduzi dar para um closet, havia espelhos e uma penteadeira, uma estante com livros, odiava xeretar, mas eu estava curioso, olhei um livro da estante, Senhor dos Anéis, estranhei, era o tipo de livro que pelo estado fora lido e manuseado diversas vezes, Delilah nunca me disse gostar, na realidade disse certa vez que até desgostava.

Abri e achei uma dedicatória na capa “Delilah, eu admiro sua amizade e sua pessoa, não sei como seriam meus dias nessa cidade decrépita sem sua presença, desejo sucesso pela sua jornada nesse mundo, feliz aniversário, de seu amigo, Edmundo Dantas” pela data foi um presente de aniversário pelos 13 anos dela.

Folhei e parecia marcado, com certeza aquele livro foi lido e relido diversas vezes por ela, peguei outro na estante, era 1984 e também tinha uma dedicatória “Não é uma data especial, mas adoro te dar livros de presente, ainda será uma grande matemática, nunca duvide ,saiba que você é especial para mim, de Edmundo Dantas”.  Olhei a data, ela tinha 15 anos na época.

Coloquei de volta, eu não iria me torturar a tal ponto, fui pegar a gravata, com certeza era a sacola em cima da cama, fui em direção a ela, parecia um passo bem calculado, mas foi um acidente, eu tropecei em um tapete perto da cama e cai de cara no chão.

E vi embaixo da cama dela, parecia limpo e intacto, exceto algo, tinha uma caixa, pela quantidade de poeira e do jeito que estava mexida, ficou anos parada, mas havia sido mexida recentemente, nem pensei muito, apenas puxei.

Era amarela e estava escrito “lembranças que valem a pena” peguei a gravata em cima da cama e sai para o quarto de hospedes com a caixa.

Abri, tinha um urso de pelúcia, uma rosa falsa,fotos, bilhetes que parecem ter sido trocados na escola e até cartas, as cartas eram de Edmundo Dantas, algumas de quando eles tinham 14 anos, pelo que li, parecia que ela tinha ficado de castigo por algumas semanas e o meio que acharam para se comunicar eram cartas, ele deixava uma as 22hrs em ponto na caixa de correio, assim que não tinha mais movimentação no andar de baixo Delilah descia e pegava, deixava a resposta da anterior, eram cartas assim, de amigos que se gostavam mais que amigos, só que não sabiam disso.

Não aguentei ler todas, olhei as fotos, tinham algumas dela com um garoto da sua idade, certeza que não era Demetrio, pois o da foto era loiro, devia ser o tal do Edmundo.

Olhei uma de quando ela era criança, brincava com um Demetrio criança também e o mesmo garoto loiro, a vi com Amélia aos 17 anos, vi a foto dela no meio de uma festa de formatura e um rapaz ajoelhado segurando as mãos dela e ela sorria tão verdadeiramente, nunca a vi sorrir assim.

Joguei tudo de volta dentro da caixa e fechei, não queria mais ver aquilo e diversos pontos de interrogação permeavam minha mente, levei de volta para o lugar dela e na noite seguinte foi o casamento.

O casamento foi em um local alugado, meio que improvisaram um altar para dar aquele quê religioso, porém nem parecia improvisado, tinha luzes douradas aqui e ali, tapete vermelho e muitas rosas e mesas bem decoradas.

Eu estava fora do corredor, com os padrinhos, fazendo companhia para Delilah, finalmente eu tinha visto o tal do Dantas, ele era de altura mediana, cabelos loiros e olhos castanhos, tinha uma postura mais introvertida, era alguém que contrastava imensamente com Delilah.

Ambos não interagiram nem se olharam.

― Cadê os Castro? ― Uma menina veio correndo na nossa direção com um vestido azul as madrinhas estavam usando, pareceu loucura minha, mas a garota brilhava, era alta, com cabelos castanhos longos e olhos muito brilhantes, senti meu coração batendo mais forte e sem nenhum controle da minha mente veio uma seguinte palavra, parecia até a voz da minha mãe Lebenslangerschicksalsschatz.

Outro pensamento foi: Controle-se homem, isso é bobagem, apesar de tudo, você ainda é um homem comprometido.

― Quem são os Castro? ― Perguntei e Delilah me respondeu

― É um casal de gêmeos, um deles é meu par.

―E ela é o par do Edmundo! ― A garota recém chegada falou desesperada. ― Está dando tudo errado!

Foi um impulso, apenas cheguei perto dela e segurei seus ombros.

―Calma, vai dar tudo certo. ― Falei e ela me olhou fundo e fitou meus olhos por uns dez segundos e pareceu que todos ficaram em silêncio e ela se acalmou e respirou fundo.

O telefone de Edmundo tocou ele atendeu, respondeu uns aham, uns sim e sem problema e se despediu, assim que desligou acrescentou.

―Eram eles, o avô está à beira da morte na cidade vizinha, teve um ataque do coração essa tarde e eles precisaram ir para lá urgente e só conseguiram ligar agora, pedem desculpas, mas não comparecerão.

Ficamos alguns segundos em silencio pelo tal avô e logo a tal garota de aura brilhante e voz doce começou a falar novamente.

―Ah, o que fazemos? Acho que Delilah e Edmundo podem ser o par um do outro. ― Ela sugeriu.

―EU posso ser o par da Delilah sem problemas. ― Acrescentei, não queria vê-la entrando com o Dantas.

―Não dá! ― A menina acrescentou. ― Vamos dançar em homenagem aos noivos e você precisaria saber os passos, vai ter que ser o Edmundo e a Delilah mesmo.

Acho que quem sabia da história deles se olhou, o próprio Edmundo abaixou a cabeça e Delilah fingiu não sentir nada ou realmente não sentiu.

Dada mais uma meia hora, o casamento começou, fui para o meu lugar e assisti os padrinhos entrarem, com Delilah e Edmundo liderando a fila, eram eles e mais dez casais.

Os vendo ali, puxando a fila, ela com seu braço enlaçado no dele, pareciam um casal, não nós, eram harmoniosos mesmo brigados, reprimi esse pensamento e passei a cerimônia tentando não fazer cara de emburrado.

Veio a festa, os noivos dançaram e os padrinhos foram convidados a animar as pessoas também dançando, apenas assisti sozinho em uma mesa, Delilah com Edmundo,  depois venho a dança dos padrinhos em homenagem aos noivos, eu queria prestar atenção em tudo, mas estava disperso demais.

Eu brincava aleatoriamente com um guardanapo, quando uma voz masculina me chamou atenção, era um senhor idoso sentado na minha mesa, era pardo, com cabelos bem brancos e devia ter os seus 80 anos.

―Olá meu jovem, qual seu nome?

―Olá, meu nome é Felipe, o seu é?

―Epaminondas, mas pode me chamar de Destino,não me importo com nomenclaturas , eu era um vizinho de infância do Demetrio e da Delilah.

―Ah, legal. ― comentei desinteressado e da onde cargas d’água aquele senhor tinha surgido? E olhei em direção aos padrinhos, vi Delilah dançando e a garota brilhante.

― Ela brilha para você meu jovem? ― Ele perguntou.

― A Delilah, obvio. ― Respondi.

―Conheço uma mentira de longe, não falo de Delilah, falo da outra. ― Ele esclareceu. ― ela é Lebenslangerschicksalsschatz!

―Minha mãe tem essas ideias. ― Ele captou meu interesse, nunca tinha ouvido ninguém com as mesmas ideias e como ele sabia que a garota brilhava.

―Afonso e Maria, casal trabalhoso, a agenda nunca batia e ele ficou até noivo. ― Riu sozinho e estranhei por ele saber dos meus pais. ― Mas deu certo e você está aqui.

―Mas não acredito em Lebenslangerschicksalsschatz. ― Afirmei, eu não ia deixar um velho senil me enlouquecer ou por abobrinhas na minha cabeça. ― Nem em destino.

―Sabia que se pode ver o caminho de uma pessoa pelos seus olhos, sei que é médico, entrou em terceiro lugar quando prestou o vestibular, o pedido de casamento para hoje, sinto em lhe dizer, não ocorrera, pense no seu melhor amigo de infância, não se conheceram por que alguém deu um empurrão nele na escola e ele tropeçou em você e caíram e choraram juntos, não se conheceram ali, isso não é o destino? Ou pense nos seus pais, já ouviu a história de seu Joaquim e dona Antônia? Joaquim namorava a Sra. Dantas atual na época, uma fresca enjoada, quem era dona Antônia, a filha da empregada que era mãe solteira, mas Antônia era inteligente, a mãe de Joaquim se encantou com a menina, financiou os estudos dela, mas apesar de fina e delicada Antônia não era parte do mundo plástico que os Medeiros viviam isso encantou Joaquim, isso foi lá pelos 19 anos terminou o relacionamento com a outra, ninguém era feliz ali e casou-se com Antônia em questão de meses, me diga se isso não é Lebenslangerschicksalsschatz?

Resmunguei e ele continuou.

―Vejo o caminho de cada um nós olhos, encontro sua Lebenslangerschicksalsschatz de longe, o Edmundo e Delilah são, só de vê-los dançar pode-se ver que se casarão e terão cinco filhos, apesar de que a ultima parte é exagero meu, Delilah não pode e nem quer filhos, obvio que sabe disso rapaz?

―Sei. ― Menti, ela nunca havia me dito sobre isso e eu sonhando com três filhos, baixei a cabeça e fiquei com ela abaixada cinco segundos quando levantei o tal do Epaminondas ou Destino ou fosse sei lá como o idoso se chamasse não estava mais lá, a dança acabou e fui até os noivos e pedi para cancelar a pompa toda e pedi para Delilah para irmos lá fora, precisávamos conversar.

Assim que chegamos à parte externa ela parecia quieta.

―Fale o que te incomoda. ― Pediu, direta e sincera na lata.

― Não sei, eu chego aqui e descubro pelo seu irmão que você ficou noiva e ainda usa o maldito anel que o cara te deu. ― Nessa hora ela esfregou as mãos e minha voz embargava. ― Sei que guarda um trilhão de coisas dele ainda, nem queria fazer Direito, mas Matemática, não falou dos seus pais e nem de nada,  não estou chateado por mentiras pequenas, mas por todas juntas, Delilah! Eu precisei descobrir pelo seu Epaminondas que você não pode ter filhos, acho que a cidade inteira sabe e eu não, eu sei que aquele velho podia estar mentindo, mas eu ia te pedir em casamento hoje e como iríamos nos casar com um monte de segredos, passado oculto e sério eu descobri que a verdadeira Delilah nem é tão como você, Demetrio me disse e pelas outras coisas que vi que você era agitada, extrovertida e eu a teria amado desse mesmo jeito.

―Calma! ― Ela pediu em um tom de voz firme. ― Sim, sobre a faculdade, sobre meus pais, minha personalidade, sobre filhos, é verdade, mas você enlouqueceu! O velho Epaminondas morreu faz uns cinco anos! E sim, eu não compartilhei com você e sim eu ainda tenho as coisas do passado e eu acho que não podemos nos casar e sim, não vai dar certo.

Eu vi lagrimas escorrendo pelo rosto dela e como sempre direto na lata.

―Melhor terminarmos. ― Disse no tom de voz mais gentil possível. ―Eu vou embora do casamento, diga que acabei de saber que terei um plantão na segunda e precisei subir no primeiro ônibus.

―Felipe, obrigada por ter me amado, por ser um bom namorado. ― Ela ainda chorava. ― A chave fica embaixo da planta esquerda do lado do portão, ela abre o portão menor e a da porta está embaixo do vaso de planta perto dela, numa cestinha do balcão cheio de cartões de pizzaria e essas coisas tem um com números de taxis.

Eu a abracei e dei um beijo na testa dela, foi acho que um termino tranquilo, ela virou as costas e voltou para o casamento e eu fui na casa dela, peguei minhas malas e peguei um táxi até a cidade vizinha e de lá embarquei no primeiro voo para São Paulo.

A vida é muito engraçada, dois anos depois eu consegui um emprego como medico de emergências naquela cidadela que eu gostara tanto, optei por ir para lá mesmo com tudo ocorrendo e encontrei a garota brilhante no primeiro dia na cidade, o nome dela é Débora  e era Lebenslangerschicksalsschatz, foi a melhor decisão que tomei na vida e demos muito certo e nunca me arrependi.

Sobre Delilah, ela continuou em São Paulo e fez sua sonhada graduação em Matemática, mas continuou a exercer o Direito, sei que o tal do Dantas se mudou um ano depois daquele casamento para São Paulo, pelo que Nicole contou, eles simplesmente tropeçaram na rua e depois de um tempo houve o perdão e pelo que parece se casaram e ambos fomos felizes com Lebenslangerschicksalsschatz.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Beijos e até a próxima ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lebenslangerschicksalsschatz" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.