Lovestoned escrita por Ducta


Capítulo 6
Colapso


Notas iniciais do capítulo

Um milhão de desculpas pela demora, escola tá me matando ultimamente, mas agora vai te rpost frequentes, prometo!
SecretsAlice, muito obrigada pela recomendação diva s2
hm, que acharam da nova capa?



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Uma semana depois

POV Alethia

Eu já estava ficando doente de tanto ficar em casa, mas só de pensar que eu poderia esbarra com o Miguel nos corredores eu já gelava, então consegui sobreviver. Meus pais não fazem idéia do por que eu ter implorado pra não ir pra escola essa semana, falaram até com Justin, mas ele disse que não sabia de nada.

Naquela sexta-feira fria e nublada eu decidi que iria pra escola. Enquanto prendia meu cabelo eu respirei fundo, “enfrente seus medos” eu disse a mim mesma. E, tomando uma dose extra de coragem, eu saí de casa. Teria que ir pra escola de ônibus, isso não era ruim, tirando a sensação de estar sendo seguida de perto... Como diz meu pai “a sensação de ter um monstro fungando seu pescoço”

 

-Alethia! Alethia! – Diana gritou quando eu entrei na escola. Ela veio correndo na minha direção junto com as outras meninas da equipe, todas com expressões homicidas.

-Que foi que aconteceu?

-ARHG, eu... Eu vou acabar... Com a raça daquela vadia! – Carlie disse pausadamente segurando ataques de raiva.

-Quê?

-hm, a Bonnie. Você não tem idéia da quão filha da puta essa menina é! – Jennifer exclamou revoltada.

-Alguém fala logo o que ela fez?! – eu disse com um tom mais alto.

-Melhor é você ler – Kimberly disse me entregando uma folha de sulfite dobrada.

Eu já estava muito apreensiva quando peguei o papel da mão tremula da Kimmy.

Eu, Bonnie Melissa Carter venho sugerir ao senhor, diretor Smith, a criação de um segundo grupo de Cheerleaders. O objetivo é promover competições saudáveis entre as duas equipes gerando divertimento aos membros da escola e/ou expectadores do jogo

-desgraçada! – eu gritei jogando o papel nas mãos da Kimmy e disparei pelo corredor em direção à sala do diretor. Aquilo era muita palhaçada, quem ela tá pensando que ela é?

-Ale, espera! – Diana gritou, mas eu só parei quando a Lauren puxou meu braço.

-Ale, você não pode simplesmente entrar lá e começar a falar que isso é absurdo, porque você sabe o sufoco que é pra entrar naquela sala sem ser vista. E tem as câmeras, se ele conferir as imagens nós estamos perdidas! – Hayley disse meio assustada.

-Nós estamos com o “protocolo” porque roubamos entende? – Micaelly perguntou.

-Então vocês tiraram o pedido da sala do Smith? – eu perguntei.

-Não, essa é só uma cópia, o original já tinha sido arquivado – Kimberly explicou.

-Merda! – eu disse baixinho.

-Alethia! – Alguém disse cinicamente a nossas costas. Ninguém podia ser mais cínica que a Bonnie.

-Bonnie. – Eu disse olhando pra ela.

-Ah que bom que você voltou, já estava sentindo sua falta sabia? – Ela disse abrindo um sorriso de 32 dentes pra mim.

-Pois é, se eu não estiver aqui quem você vai infernizar não é? – Eu rebati.

-Ah, que isso Lelê!

Eu franzi o cenho ao ouvi-la usar meu apelido. Não porque é meu apelido, mas é por que o Justin me deu esse apelido. Então ele falava de mim quando estava com ela? Merda. A essa altura ela já devia saber metade da minha vida. “Quando menos o inimigo souber de você, melhor é” – Minha tia Angie me disse uma vez. Eu vou trucidar o Justin.

-Tá, chega de falsidade. – Eu disse cruzando os braços.

-Eu não estou sendo falsa! Me diz, o que aconteceu pra você ter faltado a semana toda? – Ela perguntou me olhando cheia de curiosidade, ao meu redor, minhas amigas fizeram a mesma coisa. Eu não tinha contado pra ela nada sobre meu “incidente” com o Miguel. Só disse que não estava disposta a ir pra escola.

-E no que isso te interessa? – Eu perguntei sustendo o olhar da ruiva a minha frente.

-Eu fiquei preocupada oras.

-Pare de ser falsa garota. Por você eu teria morrido só pra você ficar com o meu posto de Líder de Torcida. Mas me deixa te dizer uma coisa: Eu te mato antes de você virar líder de torcida daqui.

Eu não esperei a resposta dela, dei as costas e fui pra sala de aula. Minhas amigas me seguindo fazendo um murmurinho atrás de mim.

 

Da janela da sala eu podia ver o Justin na aula de educação física. Como eu sinto falta dele. Três ou quatro dias sem falar com ele direito. Eu estava sentindo falta das longas tardes de verão em West Palm Beach alguns anos atrás, saudades das noites em que fugíamos de nossas camas as quatro da manhã pra ver o sol nascer atrás dos prédios altos de Manhattan, saudades de quando andávamos de mãos dadas pela escola com medo de nos perdermos, medo de nos separarmos.

Antes que eu pudesse perceber, eu já estava com lágrimas rolando por meu rosto enquanto estava com a testa encostada na janela. Eu coloquei meus fones e dei play sem olhar a música no meu Itouch. Paramore, Throwing Punches.

 - You’re so hateful sometimes, throwing punches at lies. Far from somewhere above, just to say you’re in Love. (E você é tão detestável às vezes, arremessando socos em mentiras. Longe de algum lugar acima, só para dizer que você está apaixonado) – Eu cantei bem baixinho sem realmente prestar atenção.

Eu estava quase me recuperando do meu momento “deprê”, mas ainda observava o Justin. Até que aconteceu uma coisa que quase me fez despencar da cadeira.

A Bonnie – que é da turma do Justin – atravessou o campo rebolando – coisa que me fez revirar os olhos – e pegou Justin com um beijo de língua que fez meu queixo ir ao chão.

-Que porra é essa? – eu disse em voz baixa enquanto os dois se olhavam.

-Que foi Ale? – Diana perguntou.

-Veja você mesma. – Eu disse e ela e todas as meninas da Cheerleaders grudaram na janela. Segundos depois todas estavam com expressões tão chocadas quanto a minha.

-Eles estão juntos? – Carlie perguntou enquanto elas voltavam pros seus lugares.

-Eu vi que eles chegaram juntos hoje... – Nichole disse

-Juntos como? –Kimberly perguntou.

-Ela veio no carro dele, de longe eu até achei que fosse a Ale, mas aí eu vi o cabelo e tal.

-Você sabia disso Ale? – Micaelly perguntou.

-Não. – eu disse voltando minha atenção pro casal lá fora.

Eu não estava conseguindo pensar, era muita ironia. Meu primo, o cara que eu mais amo no mundo depois do meu pai, aos beijos com a menina que está tentando acabar com a minha vida. Que eu fiz pra merecer isso?

Quando o sinal tocou, eu fui direto pro ginásio. Todos estariam no refeitório, então eu poderia ficar sozinha e colocaria minha mente em ordem.

Era o que eu pretendia fazer, mas não consegui. Quando me vi sozinha eu só consegui chorar, chorar e chorar. Não fazia idéia do porque de estar chorando, só sei que não conseguia parar.

-Alethia? – Disse a Lauren abrindo a porta do ginásio e correndo em minha direção. – Que foi? Você tá bem?

-To sim, Lauren. – Eu respondi tentando segurar o choro.

-Não tá não, quer conversar?

-Na realidade não.

-OK então.

-Que você veio fazer aqui?

-Ah, eu queria te contar uma fofoca.

-Fale.

-Sabe o Miguel Corner?

Foi nesse ponto da conversa que meu sangue gelou. “Pronto, eu matei o cara. Já sabem que fui eu. E se ele sobreviveu? Merda, ele vai me matar!” Foram os pensamentos que correram na minha cabeça aquele instante.

-hm. – eu fiz.

-Então, acharam ele caído, todo ensangüentado na rua de trás daqui da escola.

-Nossa, que aconteceu? – eu me fiz inocente.

-Ninguém sabe. O Gustavo só falou que ele acordou puto da vida no hospital.

“Ah deuses, ele vai me matar!” – Eu pensei.

-Alethia você tá bem?

-To, porque?

-Você está verde, menina!

Agora que ela falou, eu estava me dando conta das voltas que meu estômago estava dando. Minha cabeça parecia fazer movimentos parecidos. Sem dizer nada eu corri pro banheiro e vomitei. Mas a Lauren estava lá do meu lado segurando meus cabelos.

-Eu vou morrer. – Eu murmurei limpando minha boca com o papel higiênico.

-Não vai não boba, é só um enjôo. – Lauren disse com um sorriso – Logo, logo passa.

-Que os deuses te ouçam. – Eu murmurei enquanto lavava a boca.

-Bom, eu vou voltar pro refeitório, quer que eu te traga alguma coisa?

-Não, só avisa que o ginásio está ocupado, por favor?

-Pode deixar. – Ela sorriu e saiu me deixando sozinha de novo.

Merda, nada fica tranqüilo mais. E maldita hora que eu conheci o Miguel, maldita hora que aquele Ryan Carter reconheceu minha mãe no mercado, maldita hora que ele se mudou pra Manhattan! Inferno de vida! Legal, agora eu estava com os dias contados.

-Que eu faço Atena? Me ajude, por favor. – Eu sussurrei.

Quando eu olhei pelo espelho tinha uma frase se formando na porta do boxe às minhas costas.

“Um problema de cada vez.”

Eu analisei aquela frase por uns instantes até entender o que ela queria dizer.

-Obrigado. – Eu disse e saí correndo do ginásio.

Quando eu passei pelas portas do ginásio eu vi um relance do céu lá fora, estava chovendo agora. Eu sabia onde Justin estava, ele só podia estar lá.

No corredor do quinto andar tem uma sala fechada e a sala tem uma varanda coberta, Justin se especializou em arrombar a fechadura da sala porque ele adora ver a chuva caindo e aquele lugar tem uma vista linda da cidade. Várias vezes nós cabulamos ali, juntos. Eu peguei esse gosto dele de ver a chuva caindo depois de um tempo então nós ficávamos horas ali cantando e jogando conversa fora.

A porta estava trancada, mas eu podia ver sombras em movimentos lá dentro. Eu tentei abrir, mas ele tinha trancado por dentro. Eu bati na porta, disse que era eu, mas nada.

Então eu tomei uma atitude imprudente e louca. Corri escadas a baixo e saí da escola, fui até o campo de futebol, já estava molhada até os ossos e com os cabelos colados no rosto quando cheguei ao ponto que eu queria.

-Não Justin, você não fez isso comigo. – Eu sussurrei com lágrimas voltando a encher meus olhos.

Justin estava sentado na varanda, mas não estava sozinho. Bonnie estava lá aninhada nos braços dele, ambos apreciando algum lugar acima de mim.

-Droga! Não! – Eu disse quando as lágrimas começaram a correr e se misturar com as gotas de chuva no meu rosto. Aquela não era uma boa hora pra lembranças, mas ela teimava em vir. A nossa primeira tarde ali. Eu me lembrava dela perfeitamente, nós estávamos na sétima série, ele me tirou da aula de história e me levou praquela sala. Estava frio; ele me abraçou e nós cantamos músicas do Paramore a tarde toda.

Flashback on

-Você vai mostrar isso aqui pra mais alguém? – Eu perguntei enquanto Justin passava a mão no meu cabelo.

-Não e você?

-Não.

-Então esse é nosso cantinho especial? – Eu perguntei sorrindo.

-Como aquele em West Palm Beach?

-Sim, só que aquele é pra dias de sol. Esse nós vamos deixar pros dias chuvosos como hoje.

-Pra mim tá ótimo. – Ele disse sorrindo.

-Nunca vai mostrar pra ninguém né?

-Nunca. Prometo. – ele disse levantando a mão direita em sinal de promessa.

Flashback off

-Você me enganou. – Eu sussurrei enquanto voltava a caminhar pra fora do campo.

-ALETHIA! – Veio um grito distante,eu olhei pra cima, era do Justin. Eu comecei a correr – ALETHIA ESPERA!

Eu comecei a correr, mas ele me segurou pelos braços me impedindo de entrar no banheiro.

-Hey você veio pra escola e nem falou comigo? – ele perguntou me olhando triste.

-Não faça essa cara triste Justin, eu tenho muito mais motivos pra estar triste! – eu gritei desviando meu braço das mãos dele.

-Como assim?

-Você está com ela não é? – eu disse apontando pra Bonnie que estava parada mais atrás com os braços cruzados.

Ele não disse nada.

-Custava ter me falado? – Eu continuei.

-Você não gosta dela...

-Tá bom, você namora quem você quiser. Mas me diz, por que ela veio me chamar de “Lelê” hoje?

-Eu falei pra ela que...

-Ótimo, contou minha vida pra ela?

-Não, a minha.

-E o que eu tenho haver com isso? – eu gritei.

-Você faz parte da minha vida afinal de contas. – Ele disse em voz baixa.

-Pelo visto eu não faço mais.

-Do que você tá falando Alethia?

-Para, pelo amor de Zeus! Você mostrou a sala pra ela, a nossa sala Justin!

-Alethia eu sei que eu não devia, mas...

-PARA! EU NÃO QUERO SABER! – eu gritei me afastando quando ele tentou colocar as mãos nos meus ombros. – Vai lá, leva ela pra Palm Beach também, mostra pra ela a terceira palmeira do final da praia, desenterra aquelas merdas de pulseirinhas e dá uma pra ela. Depois leva ela pra Buenos Aires e leva ela pra tomar aquele drink vermelho naquele bar escondido nos arredores do centro. Ah, não se esqueça de avisar pra ela levantar às quatro da manhã pra vocês irem ver o sol nascendo na cidade tá?

-Alethia. – Justin chamou chorando tanto quanto eu agora.

Nós tínhamos uma platéia que constituía de todos os alunos da escola e professores também.

-Não encosta em mim! – eu disse desviando quando ele tentou segurar minhas mãos.

-Alethia me escuta!

-Não!

-Eu errei, eu sei!

-PARA! – eu gritei sobrepondo o grito dele.

-Alethia, eu te amo!

-A minha vida toda eu achei que sim, mas agora eu tenho minhas dúvidas. – Eu disse em tom mais baixo arrancando mais lágrimas do Justin.

Eu voltei pra chuva com várias pessoas atrás de mim, gritando meu nome. Eu não respondi. Eu estava mais ocupada me xingando e tentando derrubar as traves do campo.

Como eu fui idiota, pronta pra resolver um problema amigavelmente e fiz um escândalo daqueles. Mas eu não podia suportar aquilo. Eu sentia como se o Justin tivesse me traído de uma forma inexplicável, parecia que não tinha perdão o que ele fez, fora o fato de que não ter as mãos dele nas minhas pra me acalmar não estava me deixando melhor. Eu não estava preparada psicologicamente praquele rompimento. Eu já briguei muito, já tive muitos ataques de fúria, mas em todos Justin estava lá, segurando minha mão dizendo pra eu ter calma. Como ia ser agora sem ele? Eu podia brigar com o mundo todo e eu ficaria bem, mas com ele não é assim. Eu sentia como se meu coração se partisse em um milhão de pedacinhos, todas as lembranças que eu tinha dele – e não eram poucas – tomaram conta de mim, me fazendo chorar e gritar intensamente. Aqueles braços em volta de mim, tentando me controlar não eram nada, não tinham efeito. Meu coração – ou que restou dele – acelerou, minha cabeça começou a rodar. A última coisa que eu me lembro foi do grito rouco que saiu da minha garganta quando minha cabeça explodiu em uma dor insuportável, depois tudo ficou escuro.

Quando eu acordei, eu estava em um quarto com um enjoativo tom pêssego, com um tubo enfiado no meu braço, minhas pálpebras estavam pesadas, minha cabeça doía muito.

Que eu estou fazendo em um hospital? Eu pensei contendo um gemido de dor. A resposta veio da pergunta desesperada da minha mãe do outro lado da porta fechada.

-Ela teve um colapso – disse uma voz grave que eu não conhecia provavelmente um médico.

-Colapso porque? O que aconteceu? – Meu pai perguntou em um tom nervoso.

-Bom, os colegas de escola disseram que ela brigou com outro colega de gritos depois ela tomou chuva e quando caiu bateu a cabeça na trave do campo de futebol. Ela está sedada e...

O resto da conversa eu não ouvi, deixei minhas pálpebras de fecharem e logo já estava mergulhada em um sono profundo e cheia de dor de novo.


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