Lovestoned escrita por Ducta


Capítulo 3
O pior encontro que alguém podia ter


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora gente, fiquei sem net esses dias todos Mas foi bom, já adiantei três capítulos da história, então os próximos eu posto rapidinho.
Espero que vocês gostem desse capítulo. Continuo a afirmar que daqui pra frente ela melhora



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POV Alethia

 

Naquela sexta à noite eu chamei o Justin pra ficar em casa comigo, meus pais saíram pra jantar e segundo minha mãe, não voltariam tão cedo.

Justin topou assistir “Um verão pra toda a vida” – meu filme favorito – pela “milésima” vez aquele mês. Ele estava deitado no sofá e eu estava deitada em cima dele. É estranho, eu sei, mas eu gosto e ele não se importa.

Antes do final do filme Justin já estava dormindo, eu ia acordá-lo pra ele poder ir pro quarto de hóspedes, mas alguma coisa dentro de mim me impediu de cutucá-lo. Eu sentei na mesinha de centro e fiquei observando Justin afundar em um sono gostoso e bem merecido depois de uma tarde toda jogando futebol.

Ele estava com uma camiseta verde, jeans e Addidas.

-Caramba, como você mudou. – Eu sussurrei mais pra mim do que pra ele.

Da última vez que eu tinha parado pra olhar bem pro Justin ele devia ter o que, sete anos ou menos. Agora ele estava diferente. O queixo estava mais quadrado, ele tinha uma barba malfeita. –“quando ele deixou isso crescer? – eu me perguntei mentalmente -, fora as outras mudanças físicas que eu já sabia que existiam, mas que também nunca tinha parado pra observar.

-Alê? – Ele chamou sonolento me pegando de surpresa.

-Não se mexe! – eu pedi quando ele se sentou no sofá sorrindo.

-Por quê?

-Só me obedece.

Ele ficou parado com o cenho levemente franzido, um sorriso brincando em seus lábios enquanto ele colocava os braços no encosto do sofá.

Finalmente eu havia entendido a mania chata que minha mãe tinha de ficar me olhando por vários minutos sem falar nada. Ela fica vendo como eu mudei, assim como eu estava fazendo com Justin naquele momento.

Meus olhos foram de encontro aos dele. Não notei como até os olhos dele haviam mudado. Aquele castanho caramelado que eu conhecia tão bem já não era tão inocente, na verdade não era mais tão caramelado. Eles pareciam mais escuros do que eu achava que eram, mas nunca frios. Escuros, mas convidativos. Um desafio. Não sei como dizer, mas parecia que os olhos dele me convidavam a tentar descobrir o que se passava dentro dele.

-Alethia?

-Continue calado.

Sua boca deteve minha atenção agora. Ele tentava conter aquele sorriso tímido dele atrás da linha fina que eram seus lábios.

-Pare de rir, eu quero ver seus lábios. – eu disse, ele riu.

-OK, desculpe. – Ele disse e ficou sério.

Agora sim. Seus lábios não eram finos, nem carnudos, tinham um volume legal, eram rosados e um pouco ressecados. Como se precisassem ser beijados... “Pare com isso Alethia!” – eu me ordenei com veemência.

-Há quanto tempo você não beija? – Eu perguntei me obrigando a tirar certos pensamentos da minha cabeça.

-Uns três dias, por quê?

-Não, eu quero dizer: quanto tempo você não beija de verdade.

-Não to te entendendo.

Pra ser sincera, nem eu. Não sei por que fiz aquela pergunta.

-Assim, há quanto tempo você não beija uma menina por realmente gostar dela? Porque as últimas da sua lista que eu sei são as que eu te desafio e venhamos e convenhamos, você não as beija com gosto.

Ele me olhou por um longo minuto e depois riu.

-Porque isso agora? – Ele perguntou.

-Curiosidade.

-Curiosidade? – Ele repetiu com cinismo.

-Ah Justin, qual é? A última vez que nós conversamos sobre sentimentos nós tínhamos doze anos! Eu quero saber o que se passa dentro de você!

Ele riu mais um pouco.

-Tá bom, Alethia. Vamos conversar sobre sentimentos então. – Ele concordou me fazendo sorrir.

Eu desliguei a TV e sentei de frente pra ele no sofá.

-Tá, o que você quer saber sobre minha vida sentimental, Alethia?

-hm, me conta de quem você gosta, que garota te atrai, qualquer coisa. – Eu pedi.

-Hm, até onde eu sei, eu não gosto de ninguém... – ele disse lentamente. – Mas eu penso muito na Sam.

Quando nós fizemos quatorze anos, nós ganhamos permissão pra visitar o Acampamento Meio-Sangue, lá o Justin conheceu uma filha de Afrodite chamada Samanta, ela tinha quinze, quase dezesseis anos. Ele a chamou pra sair e uma semana depois o Justin não era mais virgem.

 - Aff, Justin. – Foi à única coisa que eu consegui dizer. Eu não gostei da Samanta. Ela conseguia ser mais nojenta que eu e olha que eu sou a pessoa mais fresca que eu conheço.

-Que foi?

-Nada. – eu disse com sarcasmo. Confesso, eu senti muito ciúmes da Samanta, eu tive que superar uma semana sem a atenção – que sempre foi total – do Justin e depois que eles transaram, eu tive que suportar um mês dele falando o quanto foi bom. Eu revirei os olhos ao lembrar esses dias torturantes.

-E você, está gostando de alguém? – ele perguntou sorrindo.

- Não, não. Mas o Miguel Corner me chamou pra sair ontem e eu estou pensando em aceitar. – eu confessei.

Justin me olhou como se me avaliasse, nunca vi ele me olhar daquele jeito.

-Justin?

Ele continuou quieto.

-Eu não confio nele. – Ele disse enfim.

-Porque não?

-Eu só não confio. Você vai sair com ele? – Ele disse em um tom de voz estranho. Ele estava omitindo alguma coisa de mim?

-Eu fiquei de dar a resposta amanhã. – Eu disse.

-Então toma cuidado.

-Por quê?

-Não quero te dizer o por que. – Ele disse se levantando do sofá.

-Justin aonde você vai? – Eu disse me levantando também.

-Embora, depois desse assunto, eu não vou ser boa companhia pra você. – Ele disse parando com a mão na maçaneta.

-Justin!

-Boa noite Ale. – Ele disse pregando um beijo na minha testa.

E sem dizer mais nada ele se foi, me deixando ali com cara de tacho.

Quando eu cheguei à varanda da sala, a BMW do Justin já estava virando a esquina.

-Filho da mãe! – Eu resmunguei tirando meu celular do bolso.

Como eu já imaginava, ele não atendeu.

-Droga! – eu resmunguei de novo e liguei pra casa dele. Minha tia Angie atendeu.

-Alô? Tia é a Alethia.

-Oi princesa. Tudo bem?

-Mais ou menos, tia. Quando o Justin chegar aí, fala praquele... Fala praquele vadio – por respeito a minha tia - me ligar tá?

-Tá, mas o que aconteceu?

-Briguinhas sem sentido tia, nada demais.

Ela deu um riso nervoso.

-Eu peço pra ele te ligar então.

-Brigada, boa noite tia.

Meia-Noite. Uma. Uma e meia. Duas e dez. Duas e vinte e três. Três e quarenta e oito foi à última vez que eu me lembro de ter olhado no relógio, eu acabei dormindo. Quando eu acordei eram sete e alguma coisa com o barulho do carro do meu pai entrando na garagem.

Eu podia ouvir as risadas dos meus pais enquanto eles subiam a escada. “Pelo menos a noite de alguém foi boa” – eu resmunguei enquanto me virava desconfortavelmente pela cama.

Dei uma olhada no meu celular, nem mensagens, nem chamadas perdidas, nem nada que fosse do Justin. Levantei e liguei a tela do PC, meu MSN ficou ligado à noite toda, mas nenhuma mensagem do Justin lá.

-Merda. – Eu disse me jogando na cama de novo.

Porque ele tinha ficado tão bravo por causa do Miguel? Porque ele estava me evitando? Porque ele disse pra eu ter cuidado? Eu estava me sentindo como a Bella Swan quando o Jacob começou a evitar ela por ter se tornado um lobo. Só que eu tinha pensamentos muito mais malignos que o dela. Minha vontade era de pegar a Anaklusmos do meu pai e atravessá-la na goela do Justin! Infelizmente, ela não ia surtir o efeito que eu queria, mas aliviaria meu estresse.

Eram pouco mais de cinco da tarde quando o Miguel me ligou. Eu havia pensado na reação do Justin sobre o tal do encontro. Aceitei só de pirraça. O que teria demais em uma ida ao cinema?

A minha resposta chegou no domingo a noite.

Durante todo o caminho até a sala de cinema, Miguel ficou com o braço em torno da minha cintura. Não achei isso anormal, só estranhava os olhares dele, me pareceu que ele me via como um pedaço de carne, mas ele foi extremamente gentil o tempo todo. O tempo todo até o cinema ficar escuro.

Eu não sabia o nome do filme só sabia que era de terror, só que eu tinha mais com o que preocupar do que com as mortes sangrentas do filme.

Miguel estava deslizando a mão pela minha perna direita. Graças aos deuses eu estava de calça. Mas isso não foi empecilho pra ele continuar a subir a mão até alcançar minha intimidade. Eu arfei e tentei tirar a mão dele de lá, mas, com a mão que estava passada por trás de mim, ele puxou meus cabelos até eu encostar a cabeça em seu ombro.

-Fica caladinha. – Ele disse de um jeito que me fez ficar arrepiada de medo.

-Porque eu deveria? – eu disse tirando a mão dele do meu corpo.

-Porque se não você nunca mais vai ver o sol nascer.

-Ah que medo – eu disse com sarcasmo. – O que você vai fazer se eu começar a gritar?

-Acredite, eu te mato antes de você pensar em gritar. – eu havia finalmente entendido o porquê dele querer sentar nas cadeiras do canto.

-ah é? – eu desafiei.

Imediatamente sua mão se fixou na minha traquéia a apertando com força. Eu estava começando a ficar sem ar.

Ele afrouxou o aperto.

-Ainda duvida? – ele perguntou com aquele tom arrepiante.

Eu me mantive calada pelo resto do filme enquanto sua mão passeava com agilidade por meu corpo. Eu nunca senti tanto medo, nojo e repulsa ao mesmo tempo. Nunca desejei tanto que Justin, ou qualquer um, estivesse por perto. Algumas lágrimas começaram a rolar por meu rosto quando o filme acabou. O que esse cara nojento faria comigo quando estivéssemos dentro do carro dele?

Enquanto nós caminhávamos – ou melhor, eu era arrastada – pro carro dele, eu comecei a implorar ajuda a Artemis, porque eu ainda era virgem, e a Atena, pra que me desse sabedoria pra não pirraçar com Justin de novo.

Parece que elas me ouviram.

Durante o caminho até minha casa ele não fez nada, nem sequer me olhou. Ele parou o carro na esquina da minha casa e me puxou mais pra perto pelos cabelos de novo.

-Você vai ficar quietinha sobre o que aconteceu, não vai contar a ninguém. Semana que vem eu venho te buscar no mesmo horário, só que você vai estar de saia, OK? Quando sairmos do cinema nós vamos pra outro lugar. – Ele disse sorrindo.

Eu não respondi. Não iria sair com ele de novo, ele podia me matar se quisesse. Eu não iria!

Antes que eu pudesse abrir a porta do carro, ele pegou meus lábios em um beijo, que me deixou com náuseas. Suas mãos mais uma vez deslizando e se aproveitando do meu corpo.

Eu saí do carro segurando as lágrimas, mas estava pronta pra gritar “TARADO! SOCORRO!”. Não sei porque eu não fiz isso.

Meu pai estava na varanda da sala e ele sorriu quando me viu chegar. Eu só queria um abraço dele e da minha mãe, queria dormir e esquecer o que acontecera. Pode parecer pouco pra você, mas olha, eu sempre tive o controle com os garotos e eu estava traumatizada com o que tinha acontecido no cinema.

Quando eu abri o portão uma BMW preta parou atrás de mim.

-Alethia entra no carro. - Justin pediu enquanto ele saia. Eu obedeci. – Tio eu estou seqüestrando a Alethia, mais uma horinha e ela está de volta tá? – Ele gritou pro meu pai, eu não ouvi a resposta, mas no segundo seguinte Justin já estava dentro do carro de novo.

Ele se esgueirou pelo banco e me abraçou apertado sem dizer nada. Eu sabia que ele sabia o que o Miguel tinha feito. Então eu deixei as lágrimas rolarem.

-Justin foi horrível, eu to me sentindo horrível! – Eu disse entre lágrimas e arfadas.

-Eu imaginei que seria.

-E mesmo assim você me deixou ir?

-Você acha que eu te abandonei? Você acha que eu faria isso sabendo que você ia sair com aquele filho da puta?

-Você viu?

-Não, mas eu estava na sala de cinema, três fileiras depois de vocês.

-E não fez nada?

-Ele não te estuprou.

-Não, mas quase.

-Ele não pretende fazer isso até semana que vem. – Justin disse travando o maxilar no meu ombro.

-Como você sabe?

-Eu tentei ameaçá-lo, mas ele foi mais rápido e colocou um canivete na minha barriga. Então eu negociei. Pedi pra ele não fazer nada demais com você. E ele disse que “só no primeiro encontro ela vai se livrar”

-Mas eu não quero ir no segundo!

-E você não vai! – Ele disse me apertando mais.

-Se eu não for ele vai me matar.

-Eu mato ele antes dele pensar em encostar a mão em você de novo. Você não sabe o quanto eu tive que me concentrar pra me manter sentado naquela cadeira, eu não sei se era verdade, mas eu estava de ouvindo chorar. Aquilo foi mais doloroso do que se ele tivesse enfiado aquele canivete no meu estômago. – Justin disse e eu o apertei mais no nosso abraço.

Não sabia pra onde Justin pretendia me levar, mas ele mudou de idéia. Ele me fez entrar e disse pra eu tomar banho e dormir que eu me sentiria melhor.

-Fica comigo? – eu pedi e ele assentiu sorrindo.

Assim que chegamos à sala de casa, minha mãe me abraçou e perguntou como havia sido.

-Não foi bom. – eu confessei - ele não sabe como tratar uma mulher.

Mais alguns minutos de conversa, eu fui pro meu quarto com o Justin atrás de mim. Ele pediu pra minha mãe pra ficar comigo até e dormir. Ela nunca negara isso pra gente.

E assim ele fez, ficou comigo até eu dormir, coisa que só aconteceu 3 e meia da manhã.


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