POV Justin

- Eu... Eu amo a Ale e queria que você ouvisse isso da minha boca tio, quero que você saiba que eu posso ter sido estúpido – muito estúpido – Algumas vezes, mas eu quero o bem dela e isso nunca mudou, nem vai.

- Porque você está me dizendo tudo isso?

- Porque eu quero pedir a Ale em namoro.

Percy olhou me avaliando ou avaliando alguma coisa que não me dizia respeito.

- Você não está pedindo a mão dela pra mim, está? – ele disse por fim.

- Hm, não, só queria avisar.

- Considere avisado então, mas não se empolgue, eu vou torcer pra ela te dizer não. – Ele disse com um sorriso.

- Você está igual à Atena, Percy. – Meu pai disse reaparecendo na escada também sorrindo.

- Fazer o que não é? Enfim, parece que nós somos uma família sem disposição pra aceitar estranhos não é?

Eu ri de um modo nervoso.

- Não liga filho, Percy tem humor e sarcasmo em modo random.

Dois dias depois

Era hoje, o grande dia. Liguei pra Ale de manhã, mas ela disse pra mim não procurá-la porque passaria o dia todo com as meninas finalizando sua performance. Eu não fazia idéia do que ela iria fazer, desde que chegamos de viajem, mal nos falamos.

- Que você acha que elas vão fazer? – Dean perguntou mais tarde aquela manhã enquanto repassávamos nosso número por falta do que fazer.

- Não faço idéia. – Peter disse. – A Kimmy não comentou nada.

Depois disso o silêncio reinou, à exceção de Peter no MSN pelo meu computador.

- Gente, sabiam que o Miguel foi solto? – ele perguntou.

- Quê?! Como ele foi solto? Ele quase me matou! Eu não valho mais nada é?

- Pelo visto não. - Dean disse tão surpreso quanto eu.

- E sabe quem estava lá esperando ele? A Bonnie!

- Peter você está pior que sua namorada fofocando com a Alethia. – eu disse.

- Ué ela é sua ex, achei que você gostaria de saber.

- Não me interessa o que ela faz.

- Algum dia te interessou? – Dean perguntou.

- Hã... Não.

Eles riram.

- E vem cá, quem é que está te passando essas informações?

- Kimberly oras. – Peter disse como se fosse óbvio.

- Mas elas não estavam fazendo não-sei-o-que da apresentação delas? – eu perguntei.

- Parece que deram uma folga. – ele disse. – E a Kimmy mandou você pedir a Ale em namoro logo porque ninguém agüenta mais o chove-não-molha de vocês.

- Sim senhora. – eu disse quase sorrindo.

De repente meu estomago afundou. E se ela não quisesse? E se ela dissesse que não? E se eu enrolei demais? Sem perder o juízo. Não agora.

Nós já estávamos com a “roupa do show”, só esperando a hora de sair. Mas por conta de um trânsito, chegamos quase uma hora depois de o concurso ter começado. Sorte minha que as meninas – lê- se Alethia – iam ser as penúltimas a se apresentar. Nós tivemos que implorar pra sermos os últimos, mas no final, a professora de artes concordou. Encontrei Alethia ajudando outras pessoas com a maquiagem, ela ainda jeans e camiseta.

- Vai me dizer o que você apresentar? – eu perguntei a abraçando por trás.

- Não, esteja lá e você vai ver. – ela disse sorrindo pra mim do espelho.

- Não perco por nada.

Ela riu. Quando eu percebi o olhar cheio de significados da menina do primeiro ano que ela maquiava, eu desgrudei murmurando um “te vejo depois”.

Três horas depois.

Minha professora não deixou que nós fôssemos pro ginásio assistir, então nós pedimos pra ver pela cortina, veríamos só as costas delas, mas era melhor que nada. Eu estava eufórico, finalmente veria a roupa de Alethia, certo? Errado. As outras cheerleaders fecharam meus olhos e os dos Peter. Me senti mais frustrado quando o Dean, ao meu lado abriu a boca.

- Nossa Ale, aí já tá apelando!

- Que foi Dean? – eu perguntei exasperado.

Mas antes que ele pudesse responder, eu ouvi minha professora, a sra Flint, anuncia:

- We Will rock you. Alethia Jackson como Britney Spears – aplausos, assovios, gritos e gritos de “gostosa”. Senti muita vontade de gritar “CALA BOCA PORRA!” Mas fiquei quieto. – Kimberly Mitchell como Beyoncé Knowles - aplausos, assovios, gritos e gritos de “gostosa”. Ao meu lado Peter murmurou algo como “bando de filho da puta”. – E Diana Bell como Pink. - aplausos, assovios, gritos e gritos de “gostosa”.

Finalmente destamparam nossos olhos. Eu e o Peter grudamos nas cortinas, silêncio na platéia. Elas estavam vestidas de gladiadoras, só que com roupas bem mais curtas.

-ah meus deuses. – eu murmurei. Atrás de mim, as outras cheerleaders foram pras arquibancadas. – Que se foda. – eu disse e me sentei ao lado delas.

Elas começaram a bater suas lanças no chão compassadamente, esse era o único barulho até Diana gritar:

- We will, we will rock you!

Na platéia as meninas começaram a bater as mãos no banco no mesmo ritmo e cantaram:

- We will, we will rock you.

Toda a platéia fez o mesmo ritmo, a música é bastante conhecida. Alethia tomou a frente do palco e cantou:

- Buddy you're a boy make a big noise
Playin' in the street gonna be a big man some day
You got mud on your face
You big disgrace
Kickin' your can all over the place
Singin' – Enfeitando com movimentos do quadril e dos braços. Ela é muito linda!

 [Platéia junto]

We will we will rock you (ooh)
(I said) we will, we will rock you (oh, yeah)

Kimberly tomou a frente:

- Buddy you're a young man hard man
Fightin' in the street gonna take on the world some day
Blood on your face
Big disgrace
Wavin' your banner all over the place

Ao meu lado, Peter só faltava babar. Eu e Dean rimos da expressão dele.

[Platéia junto]
We will, we will rock you
(we will rock you, yeah)
We will, we will rock you (oh, yeah)

Diana tomou a frente:

- Buddy you're an old man poor man
Pleadin' with your eyes gonna make you some peace some day
You got mud on your face
Big disgrace
Somebody better put you back into your place

[Platéia junto]

We will, we will rock you
(Diana: we don't know, we don't know)
(Alethia: I said, rock you)
We will, we will rock you
(Diana: Singin', come on)
We will, we will rock you
(Kimberly: oh, oh, rock you, oh hey yeah)
We will, we will rock you
(will rock you)
(we will, we will rock you)

Eu e o Peter puxamos os incessantes aplausos, complementando com assovios e gritos. Depois voltamos pro backstage a tempo de ver as meninas saindo do palco. Peter e Kimberly se atracaram em um beijo, eu bloqueei o caminho da Alethia, ela sorria orgulhosa.

- Gladiadora é covardia. – eu disse deslizando meu olhar pelo corpo seminu dela.

- Não força. – ela disse seguindo meu olhar.

POV Alethia

Depois da minha apresentação eu me sentei ao lado dos meus pais na arquibancada. Minha tia Angie estava muito agitada.

-Calma Angie! – meu tio Nico pediu aos risos – Ele só vai cantar.

-Você sabe que ele na vai fazer só isso, Nico. – Ela disse despertando minha curiosidade, até onde eu sabia Justin só ia cantar.

Mas quando eu abri minha boca pra perguntar o que era a outra coisa, a professora de artes, Sra. Flint, voltou ao palco.

-Bem, depois da linda apresentação da senhorita Alethia Jackson – alguns aplausos, eu sorri – Nós apresentamos agora, Justin di Ângelo, Peter Brandon e Dean Keynes.

Ela saiu do palco e a cortina subiu. Justin e seus amigos estavam sentados em banquinhos um ao lado do outro, Peter e Dean – ambos nas extremidades – com violões e Justin segurava um microfone.

Minha tia Angie puxou os aplausos.

-Obrigado – Justin disse sorrindo. Não sei por que, mas meu coração começou a acelerar. – Nós vamos cantar “Please be mine” do Jonas Brothers. E eu quero usá-la como pedido de namoro. E sinceramente, espero que ela aceite. – ele disse com um riso nervoso.

Meu coração subiu mais algumas batidas e eu vi várias meninas se remexerem empolgadas e ansiosas em seus lugares.

Então ele começou a cantar. Peter e Dean o acompanhando com o violão. Eu sempre achei aquela música linda, mas na voz do Justin ela pareceu ficar umas mil vezes mais linda. Eu estava segurando as lágrimas quando ele chegou ao último refrão e eu desatei a chorar quando ele chegou à última linha.

-Eu não posso evitar que a chuva caia, eu não posso evitar que meu coração chame por você. Ele está chamando por você.
Mas eu estarei lá para sempre. Você verá que é melhor, nossas esperanças e nossos sonhos virarão realidade. Eu não vou te desapontar, eu estarei bem ali para você. Até o fim, o fim dos tempos. Por favor, seja minha.

A música acabou, mas quando Dean deu o último acorde no violão Justin olhou diretamente pra mim e disse:

-Por favor, seja minha Alethia.

-Ah meus deuses. – Foi à única coisa que eu consegui dizer.

Eu olhei em volta rapidamente, pelos olhares eu percebi todo mundo já sabia que ele ia fazer isso. Eu continuei de boca aberta, tremendo, sem reação. Justin – e todo mundo no ginásio – me olhavam.

- Aceita, aceita, aceita – começaram a cantarolar minhas amigas, e de repente, aquilo já tinha contagiado todo mundo, até meu pai e os professores.

Eu fui andando lentamente até o palco, respirando superficialmente. Justin pegou minha mão e não disse nada, ele tinha a expressão de um cachorrinho sem dono, eu sorri e logo depois Dean me ofereceu um microfone. Eu olhei bem nos olhos do Justin e disse:

- Sim Justin, eu quero ser sua namorada, apesar de você não ter pedido com todas as letras.

Ele riu com gosto e me puxou pra um beijo.  Aplausos e gritos vieram da platéia, confetes foram jogados em nós, mas pra mim, só havia o Justin. Nós finalmente estávamos juntos, sem segredos... Aquele beijo me marcou porque nele havia diversos sentimentos, o prevalecente com certeza era o amor, mas eu consegui distinguir também, saudade e desejo.

De algum ponto ao meu lado, Dean começou a cantar “under the bridge” do Red Hot Chilli Peppers, nossa música favorita. Depois de muito tempo, nós quebramos o beijo e sorrimos um pro outro, Justin me abraçou e sussurrou em meu ouvido.

- Sei que você já cansou de ouvir isso de mim, mas eu te amo.

- Eu te amo, te amo, te amo! – eu disse sorrindo.

- Queria que esse momento durasse pra sempre.

- Que seja eterno enquanto dure. Mas o futuro promete ser melhor do que o nosso caminho até aqui, não acha?

- Com certeza. – ele disse com um sorriso.

Então nos viramos pra multidão para sermos esmagados por abraços, gritos e mais confetes. Ser os mais populares da escola tinha suas vantagens afinal...