The best for we escrita por Lily


Capítulo 10
She got's a hurricane in the back of her throat




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Todos diziam que ela era como uma imperatriz que conseguia controlar tudo ao seu redor. Quando estava em meio ao tribunal ela atuava como uma jogadora, manipulando todas as suas peças ao seu favor, foram poucas as vezes em que Caitlin Snow havia perdido algum caso, por isso ela era considerada a melhor advogada da cidade. Barry havia estudado com ela durante a faculdade, eles eram os melhores da turma e mantinham uma certa rivalidade para ser o melhor, ela sempre ganhava, em tudo.

Barry se lembrava da primeira vez que havia ouvido alguém chamá-la de Megera gelada, eles estavam estagiando em um escritório de advocacia no centro da cidade, competindo para saber quem ficaria com a vaga, Caitlin havia acabado de voltar de uma reunião com um cliente importante, e segundo boatos ela havia conseguido fazer o cliente confessar que havia matado sua esposa, fato que ele negava. Caitlin era justa e impiedosa, a maior parte dos casos que pegava saia ganhando. Por isso Barry não se surpreendeu quando a vaga na companhia ficou para ela. Naquela época ele não admitiria em voz alta, mas agora tinha todo o orgulho de dizer que Caitlin era melhor do que ele.

—Tudo o que queremos é um acordo justo. - ela disse com o tom de voz calmo e controlado. Barry a observou atentamente tentando não se perder em seus olhos.

—Um acordo justo seria deixar a criança com a mãe e dar os fins de semana para o pai. - ele falou. Caitlin sorriu para ele de maneira presunçosa.

—Há dois dias a sra. Wilde tentou fugir com a filha para fora do país, quem garante que não tentará novamente? - Caitlin se voltou para o juiz, seu rosto suavizou enquanto ela continuou a falar. - O sr. Wilde quer apenas o bem da filha e mantê-la longe da sua ex-esposa talvez seja a melhor opção.

—Não! Não é! - a sra. Wilde gritou se levantando da cadeira. Um sinal vermelho brilhou na mente dele alertando-o para o que se seguiria. - Você não é mãe! Você não entende o quanto é duro ficar longe de seu próprio filho. O bebê que você gerou dentro de si ser tomado de você. Você não sabe o quanto isso dói.

—Dr. Allen acalme sua cliente. - o juiz ordenou.

—Sra. Wilde por favor. - Barry a segurou pelos ombros e a sentou novamente na cadeira, então em voz baixa disse. - Eu preciso que se acalme para conseguirmos isso. Logo terá Madeline com você, mas preciso que fique quieta.

A mulher assentiu abaixando os olhos. Barry sabia que aquela expressão significava desistência, ele se voltou para o juiz pensando no que faria.

—Vossa excelência, peço um recesso de algumas horas. A sra. Wilde não tem condições emocionais de continuar essa audiência agora.

—Dr. Allen, entendo o que quer dizer, mas ambas as partes têm que concordar. Dra. Snow?

Barry se voltou para Caitlin, implorando apenas com os olhos que ela cedesse. Ela então se virou para seu cliente e sussurrou em seu ouvido.

—Sim excelência. Concordamos. - ela disse, embora seu cliente parecesse  contrário à decisão.

—Então declaro um recesso de cinco horas. Podem se retirar. - o juiz disse, batendo seu martelo. Barry colocou as pastas dentro da maleta enquanto Caitlin conduzia seu cliente para fora da sala.

—Durante as próximas horas tente se manter calma e bem longe de seu ex. Não faça nada ridículo ou arriscado. Podemos ganhar essa audiência fácil se me deixar conduzir.

—Você acha? - a mulher indagou em um sussurro secando as lágrimas que escorriam de seus olhos. - Aquela advogada é muito boa.

—A melhor da cidade. - ele afirmou pegando a maleta e a guiando para a saída. - Mas não se preocupe, eu tenho um plano.

—Ela parece não ter sentimentos.

—A dra. Snow é apenas muito focada no que faz. Mas eu lhe garanto que ela não é um robô sem coração.

—Mas como alguém é capaz de tentar separar uma mãe de seu filho. Ela não entende o que é carregar uma criança dentro de si e depois tê-la em seus braços.

Barry encarou sua cliente de soslaio. Por muito tempo também cogitou se Caitlin tinha sentimentos ou não, ela sempre pareceu tão séria e insensível, era como se nada no mundo a afetasse. Até que um dia, depois de um audiência um tanto caótica para os dois, Barry a pegou chorando em seu carro e foi quando ele percebeu que por trás da máscara de Megera, existia uma Caitlin que ele ainda não conhecia.

—Ela apenas está fazendo o que acha certo. - falou.

—É, mas algumas vezes ela realmente é uma megera sem coração. - Julian Albert apareceu a sua frente sorrindo para ele e estendeu a mão para a sra. Wilde. - Caitlin Snow é como um tubarão feroz, não irá parar até acabar com você. Principalmente se estiver com esse cara, ela o odeia.

—Ela não me odeia, Albert. Ela te odeia. - afirmou e então se virou para sua cliente. -Vá para casa, descanse e volte no horário. A mulher assentiu e então se afastou deles. Barry se voltou para Julian.

—Se Caitlin ouvir você falando isso, ela é capaz de te processar.

—E por acaso estou falando alguma mentira? Todos sabem que Caitlin Snow não tem sentimentos. E agora que ela voltou já podemos dar adeus aos nossos casos.

—Não exagere.

—Admita, ela ter ficado longe no último ano foi o único ato de bondade que ela fez durante toda a vida. - Julian disse sorrindo, Barry balançou a cabeça e começou a caminhar em direção ao elevador. Julian o seguiu.

—Ela não é tão má assim.

—Na última década só o que eu ouço de você é quanto Caitlin consegue estragar todos os seus casos. E agora você me diz que ela não é tão má assim, o que houve? Por que essa mudança?

—Caitlin não é a bruxa que todos dizem que ela é.

Julian franziu a testa e o olhou confuso. As portas do elevador se abriram e eles entraram.

—Estamos falando da mesma Caitlin Snow? - ele indagou. Barry abriu a boca para responder, porém sua resposta foi interrompida por Caitlin e seu sorriso dissimulado.

—Se estão falando de mim, então sim. - ela entrou no elevador se colocando no meio deles. - Julian, você não faz ideia de como o último ano foi agradável sem ter que ouvir seus argumentos fracos diante de algum juiz.

Barry segurou a risada, mas olhou para Julian que parecia vermelho de raiva.

—Pelo visto ainda é a mesma megera arrogante de sempre.

—Julian.

—Não Allen, deixe ele falar. Julian ainda acha que essa nomenclatura me causa algum efeito. Mas para falar a verdade eu adoro quando falam isso. - Caitlin não os encarou, pelo reflexo borrado das portas do elevador Barry podia ver o sorriso sádico dela, assim como a cara irritada de Julian.

Barry sabia que sua rixa com Caitlin não era nada comparado ao que ela tinha com Julian, eles eram do mesmo escritório, então aquela competição era mais acirrada. Ele colocou a mão no bolso da calça sentindo o toque gelado da aliança de casamento, então a puxou para fora do bolso e a colocou em seu dedo.

—Uou! Alguém te amarrou, Allen. E você não me contou! - Julian exclamou olhando para ele. Barry balançou a cabeça rindo. - Quem é a sortuda?

—A mulher mais doce e gentil que eu conheço. Companheira, forte e uma ótima cozinheira quando quer. Ela é linda e muito inteligente. Me faz rir e nunca está de mal humor. Ela é perfeita para mim.

—Viu, Snow? Mulheres devem ser assim. Se continuar do jeito que está nunca conseguirá um marido.

—Julian, se repetir meu nome mais uma vez, eu te processo por assédio. - Caitlin murmurou irritada sem se virar para ele. Barry estava achando aquela descida mais longa que o necessário.

—E eu conheço a sortuda? - Julian indagou ignorando a ameaça de Caitlin.

—Não. Definitivamente você não a conhece.

—E há quanto tempo estão juntos?

—Há quase dois anos.

—Parabéns, cara.

Barry agradeceu com um sorriso, as portas se abriram e Caitlin rapidamente saiu do elevador.

—Hey Snow, precisamos discutir alguns assuntos. - Julian disse fazendo Caitlin parar, ele então se virou para Barry sorrindo.

—Você não tem nada pra falar com ela, não é?

—Não. Mas sinto falta de irritá-la.

Barry riu saindo do elevador.

—Te vejo daqui a pouco, Snow. - ele falou a Caitlin, ela assentiu parecendo sorrir, mas parou assim que Julian se aproximou. Barry riu já imaginando o quão irritada ela ficaria dali a alguns segundos.

(....)

—Eles a chamam de megera, sabe? Dizem que ela é má e não tem coração. Eles não sabem de nada. Sei que algumas vezes, principalmente quando ela está no tribunal, pode parecer que ela não tem sentimentos, mas sei que é mentira. Ela é a pessoa mais sensível e atenciosa que eu já conheci. Tenho que lembrar de contar da vez que ficamos presos no elevador, você vai amar essa história, meu amor. - Barry sussurrou para a bebê em seu colo, June piscou seus olhinhos castanhos e sorriu para ele. - Ela mesmo disse que age assim porque no mundo em que vivemos as mulheres ainda são consideradas fracas se demonstrarem seus sentimentos. Mas tenho fé que algumas coisas mudaram e que você não terá que passar por isso. - June riu se movendo contra o peito dele. - Logo vou ter que voltar pro tribunal para derrotá-la. E sabe como vou derrotá-la? Não? Então, eu vou fazer o seguinte. Eu vou… - Barry parou de falar ao notar os típicos saltos vermelhos parados na porta do quarto, ele ergueu lentamente os olhos abrindo um sorriso radiante ao vê-la ali. - Oi amor, como foi o papo?

Caitlin ergueu o dedo do meio para ele, Barry cobriu os olhos de June com uma das mãos fazendo-a se mexer inquieta.

—Tem um bebê no quarto. - ele alertou em tom de brincadeira, então ela riu.

—Julian ainda é o mesmo babaca de um ano atrás. Jesus, eu realmente não havia sentido falta dele. - ela disse caminhando até eles e se sentando no chão ao seu lado. June abriu um lindo sorriso ao notar sua mãe ali, Caitlin a pegou em seu colo e beijou seu rosto com carinho. - Nunca pensei que pudesse sentir tanta falta de alguém, como senti desse meu anjinho.

—Pelo menos nisso concordamos. - Barry passou o braço ao redor dela e apoiou o queixo em seu ombro. - Desculpe pelo Julian.

—Nada do que ele falou chega perto do que sua cliente disse.

—O negócio sobre ter filhos?

—Antes eu não me afetaria tanto, mas agora com June aqui, eu sinto como se fosse uma péssima mãe se deixasse uma criança longe da própria mãe. Eu não suportaria ficar longe de Ju.

—Não se preocupe. A criança vai voltar para a mãe. - ele assegurou beijando a bochecha dela. - Você vai ver, meu amor.

—Ah é? E o que você vai fazer?

—Segredo. - murmurou capturando a boca dela em um beijo demorado. - Temos que voltar para o tribunal.

—Eu sei. Mas ainda temos tempo. E quero aproveitar esse tempo com vocês.

—Não adianta adiar a minha vitória, dra. Snow. Você sabe que eu vou ganhar desta vez.

—Aham, claro que vai ganhar. - ela afirmou ironicamente. - Como sempre ganha todos os casos contra mim.

—Não seja soberba, você sabe bem que nem sempre ganha.

—Mas nunca perdi. Um empate não é uma derrota.

Barry riu alto, June também riu, mesmo sem entender o assunto.

—Você está feliz em voltar ao trabalho?

—Estou. Mas ainda me sinto estranha no meio daqueles engomadinhos. Eles acham que eu tirei o ano de férias e agem como se eu fosse uma mimadinha. Quase mandei alguns irem tomar naquele lugar. Mas o pior de tudo é que eu sinto muita falta de ficar com June, de colocá-la para dormir a tarde e dar sua mamadeira. Sinto saudade do riso dela e de sua voz. Ai  Barry, eu queria poder levar ela comigo.

—Eu também. Eu sinto falta de ficar com vocês na cama. De ouvir você cantar para ela antes de dormir. - Barry disse acariciando a bochecha de June, ela rapidamente pegou o dedo dele e tentou levar até a boca.

—Bar, eu tenho pensado em algo, e esse pensamento vai contra todos os meus instintos. Minha cabeça está gritando dizendo “Não!”, mas eu sinto que a cada vez que saio pela aquela porta é como se eu estivesse abandonando ela.

—Você quer ficar em casa com ela? - ele indagou já deduzindo seus pensamentos.

—Quero. Mas não quero deixar meu trabalho de lado, eu lutei tanto para ter essa reputação. Eu amo June, mas minha vida não deveria se resumir apenas a ela e a cuidar de uma casa.

Barry assentiu se encostando na parede, June deitou a cabeça contra o peito de Caitlin, seus olhos fechando devagar.

—Poderíamos abrir um escritório. - ele disse pensando em voz alta.

—Nós dois?

—Sim. Nós dois.

—Isso seria estranho. Todos sabem que a gente se odeia.

—Todos pensam que a gente se odeia. Eles não sabem que estamos casados e que temos uma filha. Vamos lá, Caity. Somos os melhores advogados da cidade, temos clientes fixos, seria bem mais fácil lidarmos com eles sem precisar de um interventor.

—É. Seria legal, poderíamos comprar uma casa e transformar um dos quartos em um escritório. Assim ficaríamos perto de June.

—E a veríamos crescer. Como queremos.

—Oh céus, é um lindo sonho, mas muito trabalhoso.

—Por quê?

—Montar um escritório de advocacia não é tão simples. Teríamos que começar do zero. - ela argumentou, Barry sabia que ela não cederia tão fácil assim. Caitlin sempre era receosa com mudanças.

—Você se lembra quando começamos a namorar? Quando você se negou a dizer que realmente gostava de mim? Mas então você disse e tudo entre nós mudou. E mudou para melhor. Mudanças são boas, Caitlin, sem elas não teríamos metade de tudo que temos hoje. Eu não teria June, nem você.  

Caitlin mordeu o lábio e apertou June contra si, a bebê já dormia calmamente no colo dela.

—Se por acaso eu dissesse sim, o que faríamos?

—Primeiro a gente se explicaria para nossos chefes, contaríamos a verdade sobre estarmos juntos e então diríamos que vamos montar nosso próprio escritório. Conhecendo seu chefe, sei que ele dará todo o apoio para você. Então a gente vai procurando casas até acharmos uma que é a nossa cara.

—Você faz tudo parecer tão simples.

—Eu sei. É um dom. - afirmou beijando-a novamente. - Então, topa entrar nessa nova loucura comigo?

—Acho que já aceitei todas as suas loucuras no momento em que disse sim ao nosso primeiro encontro. - ela murmurou colocando a mão sobre o rosto dele e sorrindo. - Eu te amo e amo a família que me deu.

Barry sorriu então afastou uma mecha do cabelo dela de frente de seu rosto. Se pudesse congelar o tempo seria naquele exato momento, com Caitlin ao seu lado e June dormindo calmamente. O mundo lá fora não parecia existir e ele desejou ter aquela sensação de felicidade pelo resto de sua vida.

As pessoas poderiam dizer que Caitlin era uma pessoa arrogante e insensível, mas ele não se importava, pois sabia quem era a mulher por quem ele havia se apaixonado. A mulher que ele dedicava todo o seu amor.


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