O Senhor Cupido escrita por jduarte


Capítulo 1
Capítulo 1




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A imagem de um bebê gordinho envolvido em um tecido branco cobrindo somente suas áreas privativas e carregando um arco com flechas, foi a primeira imagem que eu vi quando entramos na igreja. A imagem me fez pensar seriamente nas consequências sobre um bebê carregando armas.

As rosas e outras flores decorando o ambiente até o talo me deixavam completamente nauseada. Os diferentes cheiros eram demais até mesmo para mim, que adorava um bom perfume. A iluminação na igreja era completamente errada e nós tínhamos que forçar os olhos para conseguir ver as pessoas sentadas nas fileiras mais próximas do púlpito.

Eu agradeci à Deus – literalmente falando – que eu pelo menos teria uma desculpa para tirar uma soneca no meio da cerimônia que uniria minha irmã ao seu futuro marido, para sempre.

Ela chamava de casamento.

Eu chamava de babaquice.

Desculpe, mana, eu não conseguia ver muito de onde estava sentada. A igreja tem uma iluminação bem pobre, na verdade, ensaiei meu discurso na cabeça quando vi meu lugar reservado nas últimas fileiras, exatamente como eu tinha pedido à minha irmã.

Minhas palmas estavam suando, eu estava suando, a porra da igreja toda estava fedida e suada. Muitos perfumes e CC misturados me fizeram torcer o nariz com nojo.

Eu nunca estive num casamento tão fedido em toda a minha vida.

Meio de Junho, e cá estávamos, suando em nossos assentos, tentando impedir que nossas costas e bundas ficassem grudadas nos assentos de couro. Meu vestido era leve, mas agora parecia que eu estava vestida em 100 quilos de puro algodão.

— Eu vou matar ela. – sussurrei para Madison, melhor amiga de minha irmã. Ela riu.

— Relaxa, - ela me disse. — pelo menos a bridezilla já era.

Ela estava puramente certa. A versão bridezilla da minha irmã mais velha era tão ruim quando a versão normal dela. Mas essa não era a única razão pela qual eu queria matar minha irmã naquele momento. Ah, não. Deus, como eu desejava que aquele momento alucinante fosse a única razão. A razão do meu puro ódio direcionado à esse casamento era exatamente pelo fato de que minha irmã estava se casando.

Clarice Monteigh – “futura senhora Rogers” como ela gostava de dizer sempre que podia quando estávamos juntas, - estava finalmente se casando, e eu não poderia estar mais possessa.

Porque aquela vaca, Clarice Monteigh, minha própria irmã, estava casando com o meu namorado do colegial.

E não tinha nada que eu pudesse fazer para que isso não acontecesse, a não ser evitar minha irmã e – Deus me ajude – meu cunhado como se eles fossem o diabo em carne e osso.

Okay, talvez eu não devesse casar com o cara de qualquer maneira, não depois que eu o peguei beijando Tina Johanson no armário do faxineiro na noite de formatura do colegial. Mas isso não era uma desculpa para ele ir correndo atrás de minha irmã! Não depois de tantos anos fazendo de tudo para voltar comigo. Ah, qual é, eu gostava dele correndo atrás de mim.

Mas quando minha irmã disse para a família que estava prestes a se casa com um cara que nós nem ao menos tínhamos ouvido falar, todo mundo entrou em puro choque.

Como você pôde? Clarice está grávida? Você está?

Todas aquelas perguntas não respondidas, e então, como uma bomba, minha irmã colocou o convite de seu casamento em minhas mãos e eu rasguei em bilhões de pedaços na frente de minha irmã que se debulhava em lágrimas, dizendo que ela poderia enfiar o convite na goela.

Porque naquele convite de casamento estava o nome de ninguém, ninguém menos do que minha querida irmã e meu ex namorado, escritos com um monte de ilustrações floridas e douradas. Eu vomitei quatro vezes aquela noite por ter bebido muito álcool e comendo um pacote inteiro de massa de cookie com gotas de chocolate completamente cru.

— Não, Maddie, - eu disse depois de me sentar no assento designado para mim. — Eu vou matar ela. Antes que ela me mate.

Madison rolou os olhos nas órbitas e me mandou calar a boca.

Eu dormi a cerimônia inteira, talvez por ter passado a noite anterior inteira acordada e chorando feito uma idiota por causa dessa merda desse casamento. Acordei assustada quando alguém tocou em meus ombros. Saliva pingava em meu ombro esquerdo e eu tentei limpar da melhor maneira possível com o dorso da mão, olhando para a pessoa na minha frente.

Minha mãe estava parada na minha frente, parecendo tão pálida quanto ela realmente era, e talvez até mesmo desapontada.

— Alexis... – ela disse e eu revirei os olhos, levantando.

— Pode parar, eu não preciso de um dos seus sermões agora. – resmunguei e me espreguicei.

A igreja estava praticamente vazia e eu ri. Eu realmente tinha dormido feito pedra.

— Não, Alexis, você precisa seguir em frente. Isso já foi longe demais.

Balancei a cabeça.

— Sua irmã está feliz, e você deveria estar feliz por ela também.

— Sabe quando eu vou ficar por aquela traidora que se denomina minha irmã? Quando porcos voarem. – respondi rancorosa e saí da igreja batendo os pés, irritadiça. Encontrei Madison fumando do lado de fora da igreja e me aproximei dela, tomando o cigarro de suas mãos, dando um trago e soltando no ar. Eu não fumava normalmente, mas aquela situação merecia um trago. — Obrigada por me acordar.

Ela riu marota.

— Desculpe, você parecia tão tranquila dormindo.

Dei um soco de leve em seu braço e devolvi o cigarro.

— Você vai para a festa, não é? – ela perguntou.

Olhei de longe minha irmã com seu vestido imaculado e branco e seu véu gigante, com o buquê igualmente pálido e o babaca de seu marido parado ao seu lado, parecendo tão feliz quando uma criança numa loja de doces. Quis vomitar. Eu precisava de uma bebida urgente, e minha conta bancária me dizia que se eu gastasse mais um centavo, não teria como pagar meu aluguel no final do mês.

— Bebida de graça é comigo. – respondi e entrei no taxi com minha mãe que ainda tinha a cara emburrada, e Madison. — Onde está papai? – perguntei.

— No carro com Zachary. – minha mãe disse.

Zachary era o cara que ela sempre me empurrava em todas as festas de família, porque ela acreditava que eu precisava de alguém que fosse trabalhador e decente.

Mas minha mãe não sabia o quanto Zachary me irritava e me enchia o saco toda vez que respirava perto de mim. E ela definitivamente não sabia que quando ele bebia, se transformava num gay aficionado por Spice Girls.

— Hm. – foi o único som que saiu de minha boca. Eu não queria que minha mãe começasse com as suas conversas de sempre, sobre como eu deveria começar a procurar algum pretendente que valesse à pena.

— Querida, você não acha que está na hora de procurar alguém...

— Eu não preciso de ninguém. – retruquei.

Madison se ajeitou desconfortavelmente no banco ao meu lado e eu suspirei.

— Você sempre faz isso. – disse exasperada.

— Me desculpe se eu fico preocupada com minha filha.

— Mãe, você não tem motivo nenhum para ficar preocupada comigo.

— Filha, eu tenho medo que você acabe sozinha nesse mundão. – minha mãe praticamente gritou e eu pude ver o motorista do taxi nos olhando como se nós fossemos duas malucas. — E se eu morrer antes de você se casar? Antes de ter os seus filhos? Meus netos nunca vão conhecer a avó deles!

— Para! – gritei. — Eu tenho 24 anos, não 42! Eu não vou morrer sozinha, e eu não quero homem nenhum na minha vida agora, então pode parar com essas ideias!

— Ah, que ótimo, chegamos! – Madison praticamente gritou quando chegamos no salão de festas da família de Jax Rogers. Ela saiu apressada e minha mãe suspirou.

— Eu só quero o que é melhor para você, Alexis. – minha mãe me disse e eu permaneci em silêncio, com a boca trancada em uma linha fina vermelha.

Ela saiu do taxi e eu respirei fundo três vezes antes de sorrir amarela ao taxista.

— Desculpe que você tenha que ter visto isso. Fique com o troco. – eu disse me referindo ao dinheiro que minha mãe tinha lhe entregue antes de sair do carro.

Ele saiu cantando pneu antes que eu pudesse fechar a porta direito e eu ajeitei o vestido para que nada estivesse saindo do lugar. Arrumei o cabelo bagunçado e me olhei na câmera frontal do telefone, constatando que tudo estava no seu devido lugar em meu rosto. Meu rímel estava levemente borrado por causa da soneca na igreja, mas eu relevei isso.

Entrei no salão que eu tanto conhecia e fui engolfada por um jogo de luzes e câmeras se virando para acompanhar o casal que vinha atrás de mim, parecendo tão felizes quanto poderiam estar. O homem estava com sua gravata combinando com o vestido vermelho da parceira, e sorria, mas eu sabia que eles brigariam em algum determinado momento da noite. Casais eram muito previsíveis. Eu odiava casais.

Visualizei o bar logo de cara no fundo do salão, bem longe da pista de dança e agradeci mentalmente por pelo menos estar livre das danças e discursos que viriam a seguir. Os vestidos coloridos e vibrantes contrastavam demais com o meu preto florido, com apenas uma fenda aperta na perna.

Minha mãe havia me dito que parecia que eu estava indo para um enterro.

E eu estava.

Indo para o enterro da minha felicidade, isso sim.

Dramático, não? Mas era exatamente assim que eu me sentia. Minha irmã tinha me esfaqueado nas costas e ainda pisado em cima de meu pulmão. Ela sabia que Jax Rogers era meu ex e mesmo assim ela se deixou cair nas tentações daqueles olhos verdes. Agora Clarice Rogers era uma inimiga.

Eu estava indo no enterro de minha irmã e vendo nascer uma inimiga.

“Você é dramática demais, Alexis”, minha tia Patty tinha me dito quando eu disse essas mesmas palavras para ela, apenas algumas semanas antes.

Sentei-me no banco alto do bar e constatei que pelo menos eles eram confortáveis, pois eu passaria a noite inteira sentada ali.

Pedi duas doses de vodka e uma de whisky com bastante gelo. Puro. O barman me olhou com desconfiança.

— Vai pedir meu RG? – perguntei irônica e ele balançou a cabeça negativamente, me entregando as duas doses que eu bebi em segundos. Mexi o whisky com o dedo e engoli o primeiro gole, sentindo a queimação familiar em minha garganta.

A música ruim incomodava meus ouvidos e eu preferiria estar com meus fones de ouvido para não ter que ouvir a banda pop péssima tocando.

— É tão gostoso quando você vê o seu casal se casando, não é? – ouvi uma voz masculina dizer e não me dei ao trabalho de virar para olhar o cidadão. Eu sabia que ele estava falando comigo, mas talvez se eu o ignorasse, ele fosse embora. — E pensar que eu que os apresentei...

Ri sem humor algum.

Seu casal, hum? – retruquei.

— É claro. Eles não parecem tão felizes?

— Todos eles parecem felizes, e saem no tapa quando estão fora dos olhos de terceiros. – rebati e engoli o último gole de whisky, fazendo sinal para o barman reencher meu copo. Ele pegou a garrafa e deixou ao meu lado e eu agradeci com um sorriso em sua direção.

— Uau, quanta amargura para o amor alheio.

Revirei os olhos.

— O amor é uma babaquice. – respondi.

— Não quando você realmente encontra sua alma gêmea, Alexis. – o homem me disse e eu me virei para lhe encarar.

Seus olhos azuis acinzentados e as sobrancelhas cheias formavam o olhar cativante de um homem desconhecido. Seu nariz anguloso e boca cheia me fizeram perder o fio da meada. Ele tinha um rosto suave, lembrando um homem doce. Seu cavanhaque deixava-o admirável. O cabelo arrumado com uma quantidade exata de gel o fazia parecer muito mais arrumado do que ele realmente deveria estar para um casamento.

— Eu conheço você por acaso? – minha voz foi mais suave do que eu pretendia e ele sorriu, mostrando seus dentes brancos e retos demais.

— Eros.

— Então você é o cupido dos dois? – minha pergunta o pegou de surpresa e ele arregalou os olhos momentaneamente, rindo sem graça.

— Eu sou o cupido.

— Você ferrou a minha vida amorosa, sabia disso? – eu lhe disse.

Ele se inclinou em direção à mim e eu prendi a respiração, tomando mais um gole de meu copo. Se aquele homem continuasse a se aproximar de mim, eu entornaria a garrafa inteira de whisky goela abaixo.

— Conte-me mais sobre isso. – Eros parecia muito interessado para meu gosto.

— Jax era meu ex namorado. E você apresentou os dois.

Ele sorriu e pulou um banco mais perto de mim. Eu me endireitei no banco alto, completamente consciente de que talvez eu estivesse com alguma mancha de base borrada e daquele meu rímel levemente destruído pela soneca na igreja.

— Isso eu já sabia. Jax é meu amigo há alguns meses. Ele me contou tudo sobre você.

Revirei os olhos.

— E daí?

— Sua irmã é uma ótima pessoa.

Gargalhei.

— É claro. – disse ironicamente. — Ela é uma grande traidora, isso sim.

Eros me olhou completamente sério e disse:

— Eles são almas gêmeas, destinados. Não havia nada que você pudesse fazer.

Aquele cara era tão lindo quanto era louco.

— Okay então. Continue brincando de cupido então e me apresente um dos seus amigos para serem minha alma gêmea. – respondi zombeteira.

Eros sorriu e eu tomei um gole do whisky.

— Não posso fazer isso. Só com casais que sou colocado para juntar.

O olhei como se ele fosse realmente maluco e se não fosse pela garrafa de bebida posicionada bem ao meu lado, eu já teria corrido desse cara.

— Você realmente leva essa coisa de cupido bem a sério, não é? – perguntei.

Ele deu de ombros.

— É o que eu faço de melhor.

— O que é você, afinal de contas? Um dos criadores do Tinder?

Ele riu alto e eu pude ver lágrimas saindo de seus olhos azuis, como se eu tivesse contado a melhor piada do universo.

— Você é maluco. – eu disse em voz alta, rindo de nervosismo.

— Ah, Alexis, se eu soubesse que você era tão divertida, teria te conhecido antes. – Eros me falou e eu sorri amarela.

Alguém tocou em minhas costas e eu tensionei meus músculos com o toque indesejado. Isso não passou despercebido por Eros.

— Irmã, que bom que conheceu Eros! Ele foi quem me apresentou a Jax. - minha irmã traidora disse e bebi mais do whisky, adorando a sensação de leveza que ele me trazia.

Eu sentia que iria voar a qualquer momento.

Talvez se eu ficasse completamente bêbada, esse casamento passasse mais rápido.

— É. – foi a única coisa que eu disse.

Minha irmã tirou a mão de minhas costas desnudas e engajou em uma conversa com Eros que eu escolhi ignorar.

A garrafa chegou na metade e eu desisti de usar o copo, passando a beber diretamente do bico da garrafa. A festa começou a ficar em segundo plano e a música que tocava não parecia tão porcaria agora. Eu até estava com vontade de dançar. Talvez eu dançasse com Jax.

Estava tarde demais para que ele deixasse minha irmã e me escolhesse.

Procurei por ele pelo salão e encontrei-o perto da mesa de minha família.

— Jax! – gritei e algumas pessoas se viraram para olhar para mim. — Preciso falar com você!

Ele não me ouviu.

— Jax! – gritei mais alto e desci do banco, tentando andar numa linha reta até ele. O movimento das pessoas fazia o chão tremer.

Por que o chão estava se mexendo sob os meus pés?

Tudo rodava.

— Jax! – gritei e ele se virou para me olhar.

Seus olhos verdes se arregalaram e ele não saiu do lugar, sua boca travada num choque que eu não conseguia entender.

Tropecei no andador da avó de Jax e no respirador de minha tia avó Cristal e caí no chão, levando um dos garçons comigo, tentando pedir desculpas e limpar meu vestido do molho de camarão que escorria pelo meio de meus peitos.

— Vamos embora. – uma voz me disse.

— Alexis... – minha mãe me chamou e eu fui levantada com ajuda de um homem forte. — O que é que você estava pensando?

Sorri para ela e mandei um beijo.

— Vamos. – o homem me puxou para junto do corpo.

Eu conseguia distinguir os olhos preocupados de Jax na multidão e os desapontados de minha irmã que estava grudada nele. Fiz um barulho de ânsia de vômito.

— Eros, leve-a até o hotel, pode ser? – minha mãe disse e lhe entregou algo.

Ele assentiu e eu me apoiei nele, sem conseguir andar direito.

Quando saímos do salão de festas, eu praticamente sendo arrastada e com as pessoas comentando do meu vexame, Eros abriu a porta de um carro pequeno e branco, provavelmente alugado e me colocou no banco do passageiro, tomando cuidado para que eu colocasse o cinto de segurança.

— Sabia que você é bem bonito? – eu disse quando ele afivelou meu cinto de segurança e seu rosto concentrado ficou bem perto do meu. Ele definitivamente estava sentindo meu bafo de bebida. — Estou com bafo de whisky, não estou?

Ele sorriu e eu mordi a boca.

— Um pouco.

— Bonito e sincero. Mais alguma qualidade que eu tenha que ficar de olho?

Eros riu e deu a volta no carro, entrando no lado do motorista, fechando a porta e me olhando de soslaio.

— Não se esqueça de cupido.

— Ah, é claro. O causador de minha vida amorosa ser uma bela de uma porcaria. Eu devia odiar você, sabia disso? Mas você é gato demais para que eu o odeie. – minha voz alta o fez alargar ainda mais o sorriso, provavelmente achando tudo isso muito engraçado. — Isso não é engraçado, senhor cupido.

— Isso é bem hilário na verdade. Se eu tivesse um celular, definitivamente filmaria tudo isso para guardar de lembrança. Uma das escolhidas agindo dessa maneira...

— Você não tem um celular? – eu gritei enquanto ele dava ré no estacionamento e dirigia. — Como é que você vive? Como é que você conversa com as pessoas?

Eros pareceu confuso.

— Eu nunca precisei de um celular. E eu converso com as pessoas da mesma forma que você está fazendo agora. Cara a cara.

Revirei os olhos e solucei, segurando um arroto monstruoso em minha garganta, um dos efeitos colaterais da bebida.

— Isso é bizarro. Você não tem um celular. – eu disse ainda sem acreditar.

— Você é engraçada, Alexis.

Franzi o cenho.

— Eu sou amarga. É o que todo mundo diz. – pensei. — Que eu sou amarga e que eu vou morrer sozinha.

Eros gargalhou e eu o acompanhei.

— Ei, é sério! Minha mãe me diz sempre que tem medo que eu morra sozinha.

— Isso não vai acontecer, - Eros disse. — você é bonita demais para ficar sozinha. Qualquer cara no mundo vai querer ficar com você, se você quiser.

Revirei os olhos e cruzei os braços em cima do peito.

— Jax não quis.

— Jax tem uma alma gêmea. – ele retrucou.

— Você e esse papo de alma gêmea. Isso não existe.

— Pra você não, mas para algumas pessoas sim. Algumas pessoas estão predestinadas a isso.

Fiz uma careta e fiquei em silêncio por dez segundos.

— Eu não vou morrer sozinha, então, não é mesmo?

Ele balançou a cabeça negativamente.

— Como sabe disso? – perguntei. Eros me encarou e apontou para si mesmo. — Ah, é claro, eu tinha esquecido que você é um cupido.

O cupido, Alexis. – ele disse seriamente.

— Você é hilário, Eros.

— Já me chamaram de muitas coisas, mas nunca de hilário.

— E deus grego? Já te chamaram disso? Por que você parece um.

Ele me olhou com um traço de humor nos olhos e eu fiz um biquinho, fazendo com que ele desse risada.

— Ah, se você soubesse, Alexis.

Ele me ajudou a sair do carro e eu me apoiei nele, cansada.

— Não consigo andar.

Eros suspirou e me pegou no colo, passando um braço pela parte de trás de meus joelhos, segurando-me grudada em seu corpo.

— Você é quente demais. – eu disse sem pensar.

— Isso foi um elogio?

Dei de ombros e apoiei a cabeça no ombro de Eros. Ele entrou no elevador e antes mesmo que eu conseguisse aproveitar o momento do contato com o corpo quente de Eros.

Me lembrei da igreja fedida e disse sem pensar novamente:

— Eu estou fedendo?

— O quê? – Eros pareceu confuso e riu.

— É que todo mundo estava tão suado que eu acho que eu estou fedida.

— Você não está fazendo o menor sentido, Alexis.

— Vou ficar quieta, eu juro.

Ele riu e o elevador se abriu, revelando várias portas com números diferentes e brilhantes na porta.

— Eu tô me sentindo num palácio. – soltei e coloquei a mão na boca quando Eros me olhou. — Desculpa, eu prometi que iria ficar quieta.

Ele abriu uma porta e me fez entrar. O quarto era escurinho e aconchegante.

— Isso é legal. – eu disse. — Você é mais bonito ainda nessa luz.

— Chega de bebida por hoje, okay? – ele me disse quando viu a garrafa de vinho de cortesia que o hotel tinha deixado em cima da mesa de canto do quarto.

Fiz um sinal de promessa e tirei os sapatos desajeitadamente, tendo que me apoiar nele. Me virei e pedi para que ele desabotoasse o botão para que eu tirasse o vestido. Quando fiz menção de me despir ele pigarreou.

— Eu estou indo. Até depois, Alexis.

Eu sorri para ele.

— Obrigada Eros.


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Notas finais do capítulo

Continua?



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