Eu, Capetinha?imagina! escrita por K-Watanabe


Capítulo 16
Quebrada




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Marisol

Acreditava que a morte era algo não tão chato como estava parecendo naquele momento, aquele “bip” estava mesmo me tirando do sério, não tinha uma maneira melhor de Deus dar as boas vindas?

–Parece que ela tá acordando!-Aquela voz me parecia bem familiar, continuei me esforçando pra abrir os olhos, mas eles pareciam pesar meia tonelada cada.

–Ela ainda está com efeito da anestesia!-Uma mulher falou.Acabei desistindo de tentar abri os olhos.

[...]

“Bip, bip, bip, bip, bip...”

Isso só pode ser o inferno, esse barulho não sai da minha cabeça.

Abri os olhos com dificuldade, um clarão me recebeu, pisquei várias vezes pra acostumá-los com aquele claridade toda, a minha frente vi uns quadros pendurados em uma parede em um tom pastel e uma porta que estava fechada, uma baixinha apareceu na minha frente com os olhos grandes e brilhantes.

–Você acordou, você acordou!-Ela falou toda alegre e saltitante.

O que tava acontecendo ali?

Olhei ao meu redor, do lado direito tava um armário branco e alguns aparelhos e uma porta meio aberta, do lado esquerdo tava um sofá branco com uma mesinha do lado que estava cheia de revistas, uma janela grande que estava com as persianas fechadas, não dava pra ver se era dia ou noite.Olhei o meu braço e vi que tinha uma  intravenosa e tipo um pregador estava preso em meu dedo, droga!

–Diz alguma coisa maninha!-Duda tagarelou.

Puxei o ar e senti um dor no lado direito das costelas.

–Ai!-Falei soltando o ar de uma vez.

–Você tá bem?

–O que aconteceu?Onde eu tô?

Ela soltou um sorriso.

–Ué, você tá no hospital fofinha!

O que?Hospital?

Comecei a ficar ofegante e meu corpo devolveu aquela ação me causando dor, mas eu nem liguei, apenas soltei um grito, a Duda se assustou e começou a gritar junto.

E ali estávamos, duas malucas gritando em um quarto de hospital.Papai apareceu seguido por dois enfermeiros, ele segurou o ombro da Duda e começou a sacudir a coitada, ela parecia que ia quebrar se ele continuasse balançando ela daquele jeito.

–O que está acontecendo aqui?-Duda parou de gritar e com os olhos ainda arregalados.

–Eu não sei!

Ele veio na minha direção.

–O QUE...- E eu o interrompi com mais um grito.

–O QUE...-E mais outra grito.

–HAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!-Ele berrou no meu rosto.-

–O SENHOR TÁ DOIDO?-Gritei.

–QUE DIABOS TÁ ACONTECENDO AQUI?

–Eu odeio hospitais, eu odeio hospitais, eu odeio hospitais...-Fiquei sussurrando.

–Ela surtou?-Perguntou um enfermeiro dos olhos cor de avelã.

–E eu sei?O enfermeiro aqui é você e não eu!-Duda respondeu. Ele soltou um olhar como se quisesse matar a baixinha. Ele veio na minha direção com aquele jaleco super branco.

–SAI DE PERTO DE MIM SEU ASSASINO!-Berrei.

–Não precisa!-O velho disse.- Ela só tem medo de hospitais e tudo relacionado a eles!

Os dois homens saíram do quarto como se quisessem rir, o velho foi até a porta e fechou depois virou pra mim sorrindo.

–Quem diria que sua kriptonita são humanos com jaleco branco.-Ele começou a rir.

–Não tem graça!-Falei emburrada.

Percebi dessa vez que ele tinha um curativo não tão grande do lado esquerdo da testa dele.

–Como você está se sentindo?-Ele perguntou.

–Meio quebrada!-Respondi.

–Não e pra menos, pra alguém que...-Duda começou a tagarelar.- Quebrou a perna direita, quatro costelas, levou 5 pontos na cabeça e ficou com o corpo lotado de hematomas.-Ela terminou contando nos dedos tudo.

–O que aconteceu?-Perguntei meio confusa.

–Você não se lembra de nada?-O velho perguntou, neguei com a cabeça.Duda veio pro meu lado esquerdo.

–Nossa foi horrível, quando o outro carro bateu no nosso, todo mundo ficou olhando sem acreditar, passou alguns segundos até todos perceberem o que tinha acontecido, foi ai que o Matt...-Ela parou e olhou pro papai- Sim ele foi o primeiro que saiu correndo, ai foi a maior confusão, o pior foi quando os paramédicos tiraram você do carro, todo mundo esperava o pior, com todo aquele sangue...-Ela olhava com o olhos arregalados pro nada como se tivesse vendo aquela cena outra vez.-Terrível!

–É, mas já está tudo bem!-Papai disse.

–E a mamãe como tá?-Perguntei.

–Ela tá em casa, teve uma fratura exposta no braço e cortou o lábio superior, mas já tá tudo bem com ela.-Tagarelou Duda

–E o senhor?-Olhei pro papai, ele sorriu, e apontou pra testa.

–Apenas isso, alguns pontos na testa.

–E o motorista do outro carro?Tinha mais alguém?

–Ele eu não sei, apenas sei que ele ficou preso das ferragens, mas ele está vivo e ele era o único no carro. Mas no final ficou tudo bem!-Ele sorriu e me deu um beijo na testa.

–Aham, não foi o senhor que foi esmagado!-Dei um sorriso, ele foi na direção da porta.

–Vou aqui rapidinho!- Saiu e fechou a porta.

Duda saiu do meu lado e foi saltitando até o sofá e se jogou lá.

“♪ Alejandro, Alejandro...Ale-Alejandro, Ale-Alejandro...♫”

Revirei os olhos com aquele toque de celular dela.

–Quem é?-Perguntei, ela pegou o celular e olhou na tela e ficou calada por alguns segundos.

–É o Matt!-Meu coração deu uma acelerada e o constrangedor foi que o aparelho não deixou essa escapar e registrou, aquele “bip” ficou frenético e Duda percebeu e sorriu pra mim antes de atender o telefone.

–Oi- Ela disse e ficou ouvindo o que ele tava falando.-Não, tá tudo bem, ela acabou de acordar- A baixinha olhou pra mim e sorriu, esperei que ela viesse trazer o celular pra eu poder falar com ele, mas ela não fez isso.-Já?Poxa Matt, eu sinto muito.-Mais uma pausa.- Tá ok, eu entendo, tchau!-Ela me olhou e veio na minha direção.

–Que? –Perguntei meio que com raiva.

–Nada não!-Ela foi até o armário branco e ficou mexendo em algumas coisas, eu conhecia quando ela fica me escondendo alguma coisa.

–Ele tá no acampamento?-Perguntei.

–Não!

–Na nossa casa?

–Não!

–E onde esse garoto se meteu?-Perguntei meio frustrada.

Duda virou pra mim.

–Ele foi embora Sol!-Ouvindo alquilo, foi como se eu tivesse levado um soco na boca do estomago.

–Como assim embora?

–Pegou uma mala, jogou as coisas dele dentro e se mandou!

–PORQUE ELE FARIA ISSO? E QUANTO A MIM?SERÁ QUE ELE ESQUECEU DE MIM?-Minha voz mostrava um pouco de pânico.-ELE FOI PRA CASA DELE?

–Não Sol, ele foi embora da cidade, foi pra faculdade, ele ia esperar as férias acabarem pra se mudar pro alojamento de lá, mas ele foi agora.

–E PORQUE DIABOS ELE FARIA ISSO?

–Por que o papai expulsou ele de casa.

–ELE O QUE?-Gritei.

–Foi, o Matt não saiu de perto de você, só no momento da sua cirurgia, mas ele não arredou o pé do hospital, quando você veio pro quarto e ele pode ver como você estava, ele passava 24 horas aqui, quando o papai foi liberado encontrou ele aqui e foi aquela confusão, ele disse que não queria mas ver a cara do Matt e que era pra ele ir embora e pegar as coisas dele e se mandar da nossa casa.

–FAZ QUANTOS DIAS QUE EU TÔ AQUI?

–Bom, seis dias, seus ferimentos eram meio graves, então lhe deixaram sedada pra você não sofrer tanto e pra acelerar o processo de cura.

Piscava os olhos pra não deixar as lágrimas escaparem mas não consegui, já estava aos prantos quando o velho apareceu na porta, quando viu que eu tava chorando, veio correndo na minha direção.

–O que aconteceu filha?

–VAI EMBORA DAQUI!-Gritei com ele.O velho olhou confuso pra Duda.

–Que é, eu não ia esconder isso dela, o senhor sabia como ela ia reagir.

O velhote voltou a olhar pra mim.-Isso é melhor pra você filha, aquele moleque só quer brincar com você!

–O SENHOR NÃO SABE O QUE É BOM PRA MIM!-Berrei pulmão a fora.-SAI DAQUI!.

Ele suspirou e saiu da sala, não demorou muito e voltou com uma enfermeira.

–Hora de descansar querida!-Ela disse.

–SAI DAQUI, EU NÃO QUERO NADA!-Mas ela nem me deu ouvindo, conectou a seringa em uma mangueirinha e aplicou todo o conteúdo que estava ali a alguns segundos comecei a ficar meio sonolenta.

–O que vocês fizeram comigo?

–Você vai dormir um pouco!-A enfermeira sorriu, minhas pálpebras ficaram meio pesadas, fiquei ouvindo aquele “bip” irritante até ficar completamente inconsciente.


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Notas finais do capítulo

Fiquem com Deus!^^



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