Uma noite em Nova York escrita por Moon


Capítulo 1
Nova York e seus encantos


Notas iniciais do capítulo

Narrado pela Grace



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Eu estava na frente da escola. A aula tinha acabado e estava me dando conta da minha solidão. Eu havia terminado meu curto relacionamento com Noah a mais de um mês, e apesar de já havermos feitos as pazes, eu e Nick não voltamos a amizade que tínhamos antes, e minha antiga amiga nunca mais olhou na minha cara depois do término com aquele que tinha sido meu melhor amigo.

— Está tudo bem, Grace? – A prefeita perguntou passando por mim, mas sem esperar para ouvir a resposta.

Era o início oficial do feriado de natal e ano novo. Duas semanas encarando a felicidade da minha mãe para tentar ignorar minha solidão. Caminhei lentamente até minha casa. Cheguei junto com dois hospedes, um casal que haviam se instalado no dia anterior.

Assim que entrei na casa escutei a risada da minha mãe, fui até a cozinha, segundo o som de sua voz. Ela estava com o agora noivo, Sam.

— Boa tarde, Sam! – O cumprimentei.

Ele tinha um sorriso no rosto e um ar de quem sabia mais.

— O que foi? – Perguntei notando seus sorrisos maiores que o normal.

— Vamos tirar uma folga nesse natal. – Minha mãe afirmou ainda sorridente. – Vamos para Nova York!

Nova York. A cidade que nunca dorme. A cidade das luzes. A grande maçã. Me empolguei. Fazia algum tempo desde a última vez que algo havia me entusiasmado, eu nem conseguia me lembrar.

Ir para Nova York seria algo bom, eu podia sentir. Abracei minha mãe animada com a notícia.

— Você já pode arrumar as malas. Partimos ainda hoje. – Ela disse e eu subi as escadas correndo.

Peguei minha mala que estava abandonada no meu closet. Coloquei três calças jeans, meu sobretudo preto, um casaco cinza e um suéter bege, meus gorros favoritos: o branco, o preto e o vermelho, um cachecol, um par de luvas e três pares de meias.

Fui ao meu closet peguei um pijama: uma calça folgada preta e uma regata colada branca. Peguei também uma blusa preta colada de manas compridas e duas blusas comuns. Quando voltei para coloca-las na minha mala minha mãe estava no quarto.

Não me surpreendi com sua presença.

— Parece que você não precisa de ajuda. – Ela disse orgulhosa da minha mala organizada, sentando-se na cama.

— Agora só falta roupa intima e o vestido que vou suar no natal. – Eu disse, ela se surpreendeu. – Eu estou falando das roupas, ainda falta algumas coisas e calçados.

Ela assentiu se levantando.

— Eu vou seguir o seu exemplo. – Disse ela e me deu um beijo. – É bom te ver animada assim.

Ela saiu do quarto. E eu fiquei terminando de arrumar as minhas coisas. Coloquei as roupas que faltavam, um salto preto que parecia bota e um chinelo, minha pequena bolsa que tinha minha pouca maquiagem e alguns acessórios. Não consegui lembrar de mais nada que faltasse.

Olhei ao redor. O que faltava eram coisas que podiam ir na minha bolsa pessoal. Suspirei ansiosa pela viagem. Peguei o livro que estava na minha cabeceira e li um pouco, quando senti fome desci para pegar uma fruta e voltei para meu quarto. Decidi terminar de arrumar tudo logo.

Guardei o desodorante e desodorante na minha bolsa, o celular, fones de ouvido e carregador, fechei a mala, coloquei minha carteira e documentos na bolsa e fui tomar banho.

Demorei um pouco mais que o de costume embaixo da água quente. Mas ainda fora um banho rápido. Quando saí coloquei um vestido preto rodado e curto, um casaco jeans grosso, meias 7/8 pretas e deixei minha bota de cano baixo preta preparada para calçar. Deitei e continuei lendo o livro que Antony havia me enviado. Me distrai lendo e perdi a noção do tempo, só voltei a terra quando minha mãe bateu na porta.

— Está pronta, querida? – Perguntou e eu sorri confirmando. – Vamos?

Guardei o livro na bolsa, calcei as botas e desci com minha mala. Minha mãe também usava um vestido preto, com uma bolsa também bege em um modelo parecido com a minha e a mala igual de outra cor. A minha era azul, a dela cinza.

— Gêmeas. – Meu avô brincou assim que nos viu juntas no fim da escada. Nos despedimos. Minha mãe dava instruções e pedia que ligassem se precisassem de qualquer coisa.

— Vá em paz, querida. – Meu vô disse ignorando o nervosismo da minha mãe que raramente deixava aquela casa. Ele me beijou na testa. – Se divirta, minha menina!

Me despedi da minha tia e saímos. Sam estava estacionado na frente da casa. O porta-malas aberto. Colocou as duas malas lá trás, onde já havia outras duas e abriu as duas portas, na frente foi minha mãe e atrás, ao lado de Nick, eu.

Sorri para ele sem graça e sem assunto. As coisas não eram mais as mesmas entre nós dois. Ele usava fones de ouvido e não tentou puxar assunto. Peguei meu livro, depois de colocar o cinto e voltei a minha leitura. Notei Nick me observando algumas vezes, confesse que eu também fiz o mesmo.

A viagem foi tranquila. Em quatro horas estávamos chegando a Nova York. Meu livro já estava quase no fim. Sorri olhando as luzes de natal. Sam parou na frente de um prédio.

— Vamos ficar no apartamento de um amigo que está viajando. – Sam disse.

Desceu as malas e entregou as chaves a Nick.

— Vão entrando que eu tenho que achar um lugar para estacionar. – Sam fechou o porta-malas e voltou ao banco do motorista.

— Vou com você. – Minha mãe disse sem sair de onde estava sentada.

Ajudei Nick, eu estava com a minha mala e a da minha mãe, ele com a própria e a do pai. Ele abriu a porta que não estava trancada. Fomos para o elevador. Ele olhou a chave procurando um indicador de qual era o apartamento.

3C— Estava escrito no chaveiro.

— Deve ser no terceiro andar, né?! – Eu apenas concordei com a cabeça.

Ele estava certo. Apartamento 3C, era a terceira porta, a última no corredor do terceiro andar. Ele usou a chave para abrir o apartamento trancado.

Era lindo, tudo claro, em tons de bege, branco e cinza. A vista era linda, dava para ver a pista de patinação e o Central Park. Estava decorado para o natal, a árvore, as meias, as luzes. O sorriso de Nick era um dos sorrisos mais bonitos que eu já tinha visto e ele não sorria muito.

A cozinha era pequena, tudo branco e prata, exceto pelo balcão preto que separava a cozinha da sala. Nick abriu a geladeira de inox, depois os armários, explorando o que tínhamos.

Eu estava congelada no meio da sala encarando a janela.

— Essa é provavelmente a vista mais bonita que eu já tive. – Nick disse ao meu lado olhando para a janela com um sorriso de lado.

Me distraí olhando a decoração.

— Sabe patinar? – Ele perguntou ainda olhando pela janela.

— Não muito. – Ri. – Mas eu gosto.

— Você está cansada?

Neguei apenas mexendo a cabeça.

— A gente podia ir patinar depois de nos instalarmos. – Ele disse indo para o corredor ver a parte que ainda não havíamos explorado. – Depois de comer também.

Assenti sabendo que ele não tinha visto e o seguindo.

— Quarto de casal. – Ele disse da porta do cômodo onde estava.

Abri a porta ao meu lado, antes da que ele havia aberto.

— Dois solteiros. – Disse vendo as duas camas.

As paredes eram brancas, as camas de madeira ambas com colchas vermelhas, uma pequena mesa também de madeira e uma cadeira perto da porta, uma cortina branca na janela e um pequeno closet. Nick trouxe a mala dele e a minha que eu havia deixado na sala para o quarto. Assumindo que eu e ele ficaríamos aqui enquanto nossos pais estavam no quarto de casal. Ajudei-o a levar as malas deles para o outro quarto.

Esse tinha as paredes brancas também e a cortina, mas a cama era enorme ao lado da janela com a vista maravilhosa, sua colcha era bege, dois travesseiros também bege, mas num tom mais rosado, um travesseiro maior branco que ocupava todo o comprimento da cabeceira da cama por trás desses beges e mais algumas almofadas em tons de marrom e nude. Havia uma penteadeira branca, a cadeira acolchoada marrom e um espelho oval. E um closet como no outro quarto.

No fim do corredor o banheiro, também em bege e branco, com um enorme espelho. Escutei as batidas na porta. Nick prontamente foi até a sala, olhou pelo olho mágico, virou a chave e abriu a porta.

— Foi difícil achar vaga? – Perguntei sem querer saber realmente.

— Não. – Minha mãe respondeu admirando o apartamento.

Saímos para comer em um restaurante italiano. Minha mãe admirada, como eu. Nick e Sam também nem tentavam conter o entusiasmo. Jantamos a verdadeira massa italiana. Eu pedi tortellini, Nick pediu lasanha, minha mãe comeu risoto e Sam, Carpaccio.

— Depois, eu e a Grace podemos ir na pista de patinação no gelo? – Nick perguntou depois de termos pedido sobremesas.

Todos havíamos pedido o doce tradicional, tiramisù.

Sam concordou e olhou para sua noiva para saber se ela também concordava. Ela assentiu sorridente. Eu e Nick nos entreolhamos satisfeitos com a autorização. Logo a sobremesa chegou, comemos, nos despedimos e saímos deixando os dois no restaurante. Sam deu algum dinheiro a Nick, que guardou na carteira.

— Sejam cuidadosos. – Pediu e apenas assentimos saindo apressados.

Estremeci assim que saímos do restaurante. Eu tinha trocado de roupa, agora usava minha calça jeans, o sobretudo preto e o gorro vermelho, com luvas e cachecol, mas eu não estava acostumada com o frio de Nova York.

— Frio? – Ele perguntou e me ofereceu o braço.

Me encolhi ao seu lado, de braços dados com ele, na intenção de diminuir o frio. Caminhamos lentamente em silêncio. Meu celular vibrou.

Vamos assistir um filme no cinema. – Era uma mensagem da minha mãe. – Querem ir?

Mostrei o celular para Nick e ele riu.

— Não tô afim de ser vela hoje não. Você? – Ri, concordei e respondi minha mãe recusando o convite.

Continuamos caminhando.

— Faz tempo que não conversamos. – Nick observou quebrando o silencio.

— O que aconteceu com a gente? – Perguntei imaginando se ele tinha a resposta.

— As coisas ficaram muito confusas. – Ele disse.

Eu não entendi o que ele queria dizer com aquilo, mas preferi não perguntar.

— Por muito tempo fomos só nós dois. – Ele disse. – E com a Courtney e o Noah, a gente acabou se afastando.

— Mas agora somos só nós dois de novo. – Eu disse. – E as coisas não voltaram ao normal...

Ele não me respondeu, apenas colocou seu braço em meu ombro, me aquecendo e continuamos andando. Em um minuto chegamos a pista.

— Talvez seja melhor a gente só patinara amanhã. – Ele disse. – Eles já estão quase encerrando.

Concordei e ficamos observando as pessoas patinando. Por algum motivo que eu não tinha certeza qual era, deitei minha cabeça em seu ombro. Ele não falou nada, apenas me apertou levemente com o braço que me envolvia.

Talvez ele achasse que fosse pelo frio.

Um senhor surgiu com uma câmera e nos fotografou. Olhamos para ele e sorrimos. A foto saiu na hora. O senhor se aproximou, estendeu a mão nos entregando a foto.

— Vocês formam um belo casal! – Ele disse e foi embora, sem cobrar nada.

Ficamos sem graça, em silencio comecei a rir, ele me acompanhou.

— Talvez seja melhor voltarmos para o apartamento. – Ele disse depois que paramos de rir.

Ele não me soltou e eu não sai de seu abraço também. Andamos até o apartamento em silencio. Nossos pais não haviam chegado. Provavelmente levariam mais uma hora, no mínimo. Haviam saído a 30 minutos para ver um filme. Demorariam algum tempo. Estávamos no elevador.

Me perguntei porque eu estava pensando naquilo. Quando balancei a cabeça para afastar aquele pensamento, Nick me soltou. Não queria que ele tivesse soltado, tampouco tive coragem de falar qualquer coisa, deixando aquilo passar. Entramos no apartamento vazio em silencio.

— Quando eu disse que as coisas ficaram muito confusas. – Nick disse ligando as luzes da sala. – Eu quis dizer que eu fiquei confuso.

Não perguntei nada, esperei que ele explicasse.

— Essa nossa. – Ele hesitou. – Proximidade. Me confunde.

Minha respiração ficou pesada. Eu sabia do que ele estava falando. Eu também sentia. Eu também estava confusa, mas nunca tivera coragem de admitir nem para mim mesma. E ele estava ali admitindo aquilo em voz alta por nós dois.

Eu não sabia o que dizer, o que falar. Me sentei no sofá e engoli seco. Ele se sentou do meu lado também em silencio.

— Desculpa! – Ele disse. – Eu não deveria ter dito nada.

Por um instante, não havia razão em mim. Eu agi por impulso. Eu nunca agia por impulso. Eu me aproximei, coloquei a mão em seu rosto, minha respiração ficando mais pesada enquanto eu me aproximava.

O que eu estou fazendo?

Colei meus lábios no dele. Um beijo. Ele não recuou.

Por que ele não recuou?

Ele colocou a mão no meu rosto, deslizando-a até minha nuca. Puxando-me para mais perto. A outra mão agora em minhas costas. Sua língua encostou em meus lábios, e eu os abri dando-lhe passagem. Nick aprofundou o beijo.

Continuamos nos aproximando. Ele puxou-me para sentar em seu colo. Nossos lábios selados. Famintos, sedentos um pelo outro, como eu nunca imaginara.

Um beijo como eu nunca havia experimentado. Não era assim com o Noah. Nunca havia sido assim com ele, essa intensidade, esse desejo.

Estávamos ofegantes quando separamos nossas bocas, necessitando respirar. Não saí de seu colo quando o beijo parou. Ele não tirou suas mãos de minhas costas e cintura, nem eu de sua nuca. Nos encaramos em silêncio.

Não podemos fazer isso.

Não podíamos. Nós sabíamos. Mas nenhum de nós parecia querer interromper aquilo.

Nick encostou sua testa na minha, uma de suas mãos em minha cintura e a outra agora pousada em minha coxa.

— Grace. – Ele sussurrou meu nome.

Ele queria me afastar, mas era como se não conseguíssemos nos mover.

— Nick. – Minha voz parecia suplicar por mais, e eu sabia que ele não negaria.

Nick me beijou outra vez, ainda mais intensamente. Ele se levantou do sofá, levantando-me com ele. Caminhou até o quarto sem separar nossos lábios que se buscavam incessantemente. Me colocou no chão, enquanto ainda nos beijávamos, fechei a porta atrás de mim com o pé. Estava na ponta dos pés para alcançar seu rosto.

— Grace. – Ele gemeu meu nome no meio do beijo quando mordi levemente seu lábio inferior.

O que nós estamos fazendo?

O beijei outra vez e outra vez. Nos deitamos em uma das camas. Ele por cima de mim. Todos os músculos do meu corpo buscavam por ele. E minha cabeça lutava para voltar a me controlar. Nick beijou meu pescoço, meu corpo inteiro se arrepiou, um gemido baixo deixou meus lábios. Outro beijo. Esse eu interrompi.

— Não podemos. – Eu disse, ele se esforçando para se afastar. Nos encaramos em silencio no quarto escuro.

Seu corpo caiu ao meu lado. Eu não saí da cama, adormeci em seus braços enquanto encarávamos o teto, apenas ouvindo a respiração um do outro. Ele se levantou pouco depois, mas eu não tive forças para segurá-lo perto de mim. Agradeci silenciosamente por não o ter segurado, quando notei meio dormindo que ele havia levantado para abrir a porta para os nossos pais.

Quando Nick voltou ao quarto me cobriu, beijou minha testa e deitou na cama ao lado.

Nós dois sabíamos que aquilo não poderia se repetir. E ambos estávamos tristes por isso.


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