Unguarded, In Silence — Reimagined New Moon escrita por Azrael Araújo


Capítulo 13
Eleven


Notas iniciais do capítulo

esse fim de semana eu atualizo Heaven k



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Riley não ligou.

Da primeira vez que eu liguei, ninguém atendeu. Perguntei-me o que havia acontecido com seu celular durante as outras ligações que nunca eram respondidas. Dois dias depois, a voz da Sra. Biers ecoou, aguda e irritadiça, deixando-me intrigada ao avisar que Riley não estava em casa e não tinha hora pra voltar.

Dois dias depois e mais uma dezena de ligações rejeitadas, eu coloquei um moletom e dirigi até lá. A chuva não havia dado trégua desde a madrugada e eu coloquei o capuz sobre a cabeça enquanto corria em direção à desleixada varanda da residência dos Biers. Toquei a campainha de forma incessante até que a porta fora aberta. Era Allyson, irmã mais nova de Riley – ela atendeu e disse que Riley estava de cama. Eu fiquei curiosa, checando pra ter certeza de que ela havia sido levada ao médico.

— Ela está na reserva. – a criança respondeu com seus olhinhos ingênuos –  Está com nossa tia, Sue Uley.

Eu liguei de novo, várias vezes pelos dois dias seguintes, mas a única resposta recebida era de que Riley continuava em La Push.

Eu fiz Charlie ligar para Bonnie Black assim que ele chegou em casa do trabalho. Eu esperei, ansiosa, enquanto Charlie tagarelava com o sua velha amiga – a conversa pareceu durar uma eternidade enquanto eles fofocavam a respeito dos últimos acontecimentos na reserva indígena. Eu não conhecia ninguém da família Uley além de Samantha, mas Charlie sim. Eu batuquei meus dedos no balcão ao lado dele até que ele colocou a mão em cima da minha pra me fazer parar.

Finalmente, Charlie desligou o telefone e virou pra mim.

— Bonnie disse que há uma pequena epidemia de mononucleose em toda a aldeia. Ela e Jacob visitaram os Uley e realmente Riley está lá, mas o recomendado é não receber visitas.

— Nada de visitas?

Perguntei sem acreditar.

Charlie ergueu uma sobrancelha. 

— Agora não comece a ser incômoda, Bells. Ela vai estar de pé em breve. Seja paciente.

Eu não quis forçar a barra. Ao invés disso, fui lá pra cima e abri o buscador do celular. Encontrei um site médico online e digitei “mononucleose” na caixinha de buscas. A única coisa que eu sabia sobre mononucleose era que você podia pegar beijando, que eu acreditava não ser o caso de Riley. Li os sintomas rapidamente – a febre ela definitivamente tinha, mas e quanto ao resto?

Nenhum horrível inchaço na garganta, sem exaustão, sem dores de cabeça, pelo menos não até antes dela chegar em casa depois do cinema – ela disse que se sentia “absolutamente normal”. Será que isso tudo apareceu tão rápido? O artigo fazia parecer que os inchaços apareciam primeiro.

Eu olhei para a tela brilhante e me perguntei por que, exatamente, eu estava fazendo isso. Porque eu me sentia tão... Tão suspeita, como se eu não acreditasse na história de Bonnie? Porque Bonnie mentiria? E a Sra. Biers? Quero dizer, eu já sabia que Riley aparentemente detestava Samantha Uley, então porque ela aceitaria ir justamente para a casa dela? A mãe não poderia cuidar da filha doente por alguns dias?

Bem, eu estava sendo uma imbecil, provavelmente. Eu só estava preocupada, e, pra ser honesta, uma Riley adoentada não deveria ser a pessoa mais fácil de se lidar... E a Sra. Biers parecia ser... Instável  – isso me deixou nervosa. Deslizei pelo resto do artigo, procurando por mais informações. Eu parei quando cheguei na parte que dizia que a mono podia durar mais de um mês.

Um mês? Minha boca se abriu.

Eu não podia ser proibida de vê-la por tanto tempo. É claro que não.

Além disso, Ry ficaria louca se ficasse numa cama esse tempo todo sem falar com ninguém. O artigo dizia que a pessoa como mono devia evitar atividades físicas, mas não dizia nada sobre visitas. A doença não era tão contagiosa.

Bem, bem. Eu daria a Riley uma semana, decidi, antes de forçar a barra como Charlie dissera.

 

Afinal, uma semana era muito tempo. Na quarta, eu já não tinha certeza se sobreviveria até o sábado.

Quando decidi que deixaria Riley por uma semana, eu não acreditava realmente que ela fosse seguir qualquer regra idiota sobre repouso. Todos os dias quando voltava pra casa da escola, eu corria para checar as mensagens. Nunca havia nenhuma.

Eu ficava em casa por tempo demais, e sozinha demais.

Os sonhos ficaram piores de novo. Eu não conseguia mais ver o fim se aproximando. O horrível vazio – metade do tempo na floresta, metade no tempo no mar de grama onde a casa branca não existia mais. Às vezes Samantha Uley estava lá na floresta, me olhando de novo. Eu não prestava atenção nela – não havia nenhum conforto na presença dela; ela não fazia eu me sentir menos sozinha. Ela não me fez parar de gritar até acordar, noite após noite.

O buraco no meu peito estava pior que nunca. Eu achava que estava começando a controlá-lo, mas eu me pegava me curvando, dia após dia, agarrando os meus dois lados, e sufocando por ar.

Eu não estava lidando bem com isso sozinha.

Fiquei aliviada além das medidas, quando me acordei de manhã – gritando, é claro – e me lembrei de que era sábado. Hoje eu podia ligar pra Riley e se não tivesse uma resposta, então eu iria á La Push. De um jeito ou de outro, hoje seria melhor do que a minha última semana de solidão.

Eu disquei, e então esperei sem elevar as minhas expectativas.

Eu fui pega fora de guarda quando Bonnie atendeu no segundo toque.

— Alô?

— Oi, Bonnie. É Bella. Eu só estou ligando pra saber se você tem notícias de Riley. Ela já pode receber visitas? Eu estava pensando em passar por aí já que não tenho o número da casa dos Uley...

— Eu lamento, Bella. – Bonnie interrompeu, e eu me perguntei se ela estava assistindo TV; ela parecia distraída – Ela não está aqui.

— Oh. – isso me levou um segundo – Ela está se sentindo melhor, então?

— É – Billy hesitou por um instante longo demais. – Acontece que no fim ela não estava com Mononucleose. Era só algum outro vírus.

— Oh. Então... Onde ela está?

— Ela e Jacob foram até Port Angeles, eu acho que eles vão pegar uma sessão dupla ou alguma coisa assim com alguns amigos. Vão ficar fora o dia inteiro.

— Bem, isso é um alívio. Eu estava tão preocupada. Eu me alegro que ela tenha se sentido bem o suficiente pra sair. – A minha voz parecia horrivelmente falsa enquanto eu tagarelava.

Riley estava melhor, mas não bem o suficiente pra me ligar. Ela havia saído com os amigos. Eu estava sozinha em casa, sentindo mais falta dela a cada hora. Eu estava sozinha, preocupada, enfadada... Perfurada – e agora também estava desolada ao descobrir que uma semana de distância não teve o mesmo efeito nela.

— Tem algo em particular que você queira? – Bonnie perguntou educadamente.

— Não, na verdade não.

— Bem, eu aviso que você ligou – Bonnie prometeu. – Tchau, Bella.

Eu fiquei parada um momento com o telefone ainda na minha mão. Riley deve ter mudado de ideia, assim como eu temia. Ela ia seguir o meu conselho e ia parar de perder tempo com uma pessoa que não podia retornar os seus sentimentos. Eu senti o sangue fugindo do meu rosto.

— Há algo errado? – Charlie me perguntou enquanto descia as escadas.

— Não. – eu menti desligando o telefone – Falei com Bonnie e ela me disse que Riley está se sentindo melhor. Não era mono. Isso é bom.

— Ela está vindo aqui, ou você está indo pra lá? – Charlie perguntou ausentemente enquanto começava a vasculhar na geladeira.

— Nenhum dos dois. – eu admiti – Ela saiu com uns amigos.

O tom da minha voz finalmente chamou a atenção de Charlie. Ele olhou pra mim com olhos alarmados de repente, as mãos dele congelaram num pacote de queijo fatiado.

— Não é um pouco cedo demais pra almoçar? – perguntei tão levemente quanto pude, tentando distraí-lo.

— Não, eu só vou empacotar alguma coisa pra levar para o rio...

— Oh, vai pescar hoje?

— Bem, Holly ligou... E não está chovendo. – ele estava criando uma pilha de comida no balcão enquanto falava. De repente ele olhou pra cima de novo, como se tivesse acabado de se dar conta de alguma coisa. – Diga, você quer que eu fique aqui com você, já que a Biers saiu?

— Está tudo bem, pai. – eu disse trabalhando pra soar diferente. – Os peixes são melhor fisgados quando o tempo está bom.

Ele olhou pra mim, a indecisão estava clara em seu rosto. Eu sabia que ele estava se preocupando, com medo de me deixar sozinha, no caso de eu ficar uma palerma de novo.

— Sério, pai. Eu acho que vou ligar pra Angela. – eu lorotei. rapidamente. Eu preferia ficar sozinha do que com ele me vigiando o dia inteiro. – Nós temos um teste de Cálculo pra estudar. Eu podia usar a ajuda dela. – essa parte era verdade. Mas eu teria que conseguir me virar sozinha.

— Essa é uma boa ideia. Você tem passado tanto tempo com Riley que seus outros amigos devem estar pensando que você os esqueceu.

Eu sorri e balancei a cabeça como se me importasse com o que os meus outros amigos pensavam. Charlie começou a se virar, mas se virou de volta com uma expressão preocupada.

— Ei, você vai estudar aqui ou na casa dos Weber, certo?

— Claro, onde mais?

— Bem, é só que eu quero que você tome o cuidado de ficar fora da floresta, como eu já te disse antes.

Eu levei um minuto pra entender, de tão distraída que estava.

— Mais problemas com o urso?

Charlie balançou a cabeça, fazendo uma careta.

— Nós temos um mochileiro desaparecido e os patrulheiros encontraram o acampamento dele essa manhã, mas não havia sinal dele. Haviam algumas pegadas muito grandes de animal... é claro que eles apareceram mais cedo, sentindo o cheiro da comida... De qualquer forma, eles estão colocando armadilhas pra eles agora.

— Oh – disse vagamente. Eu não estava realmente ouvindo os avisos dele; eu estava muito mais aborrecida com a situação com Riley do que com a possibilidade de ser comida por um urso.

Estava feliz que Charlie estava com pressa. Ele não esperou até que eu ligasse pra Angela, assim eu não tive que cumprir essa promessa. Eu passei pelas ações de pegar meus livros e colocá-los na mochila; isso provavelmente foi demais, e se ele não estivesse com pressa de se mandar, isso poderia ter feito-o suspeitar.

Eu estava tão ocupada parecendo ocupada que o meu dia ferozmente vazio não realmente bateu em mim até que eu o vi indo embora. Eu só precisei olhar durante uns dois minutos para o telefone silencioso da cozinha pra decidir que não ia passar o dia em casa.

Considerei minhas opções.

Eu não ia ligar para Angela – ela perceberia de cara que eu não estava bem e eu não seria idiota o suficiente para chorar na frente dela, lamentando o fato de Riley ter me deixado pra trás.

Eu podia dirigir até La Push... E depois o quê? Esperar plantada por algum sinal de vida da Biers? Nah, isso seria humilhante demais até pra mim. Tentar escalar novamente também estava fora de cogitação, afinal, quem era que ia me levar para o pronto socorro depois?

Bem, dane-se, eu disse a mim mesma. Calcei meus tênis, peguei um casaco e já estava tirando o Tracker da entrada de carros. Eu não sabia exatamente para onde estava indo, mas continuei dirigindo apenas tentando me distrair com a música horrorosa que ecoava pelo rádio.

Perguntei-me, ingenuamente, quando Riley resolveria me honrar com a sua presença de novo. Eu me recusei a pensar em quanto tempo isso poderia durar. Ou se não duraria pra sempre.

Alguns minutos depois eu estava passando pela cidade, adentrando o centro comercial e, em seguida, a Forks High School. Eu dirigi para nenhum lugar em particular. Deixei as janelas abertas, tentando aproveitar o vento no meu rosto. Estava nublado, mas quase seco – um dia muito bom, pra Forks. Eu tentei ignorar a inquietação que me tomou ao passar em frente a casa dos Biers, e, consequentemente, à oficina  – que estava fechada. Com um suspiro, segui em frente. Deslizei pelas ruas, aleatoriamente, até que a inquietação se tornou quase insuportável – estacionei o Tracker em no acostamento, quase entrando na densa floresta que cercava toda a maldita cidade.

Me curvei sobre o volante, fechando os olhos e tentando voltar a respirar. Fiquei assim por incontáveis minutos, apenas ouvindo o silêncio perturbador que contrastava com a confusão que habitava a minha cabeça. Ergui os olhos levemente, encarando a floresta tão próxima a mim e senti um arrepio me dominar – de alguma forma, mesmo com os pássaros cantando e fazendo barulho, a mata parecia mais assustadora hoje; lembrava-me do meu pesadelo mais recente. A sensação de inquietude transformou-se gradualmente em uma claustrofobia e eu não me contive em descer do carro. Respirar ainda era difícil simplesmente porque eu estava sentindo como se tivesse um estúpido buraco no meu peito de novo. Eu apertei meus braços com força ao redor do tórax e tentei banir a dor dos meus pensamentos.

Queria gritar, queria fugir pra longe, eu não sabia.

Me recostei ao capô do carro e tentei me concentrar na sensação do sol sob a minha pele. Não sei quanto tempo depois, minha respiração ficou uniforme eventualmente, e eu estava feliz por não ter desistido.

Talvez pela minha distração, levei tanto tempo para perceber que não estava sozinha.


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Notas finais do capítulo

@eldiablxx hihi



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