Shower escrita por LoveIsLove


Capítulo 2
Code of Conduct


Notas iniciais do capítulo

>Eae



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Ela deve ter ficado encarando os rastros do carro por alguns minutos antes de se dirigir ao prédio central. Sua mochila era arrastada em uma mão, enquanto na outra ela segurava o livro firme ao corpo. Os cabelos, em um rabo de cavalo desarrumado não passava de alguns dedos depois dos ombros. O lugar era de mármore totalmente branco no chão, e as paredes mal pintadas com ladrilhos claros. Não era uma escola comum, com pôsteres de incentivo nas paredes ou cartazes de campainhas. Era algo vazio, e preenchido por inúmeros quadros de recomendação e troféus de décadas atrás, completamente polidos.

Era o primeiro dia de aula, e não havia alunos andando de um lado para o outro. Annabeth chegou a pensar que estava no lugar errado até uma mulher, alta e, visivelmente, velha a parar.

Usava roupas sociais antiquadas, tinha um rosto envelhecido e seus óculos desgastados estavam tortos.

Ela sorriu com dentes amarelados.

—Você deve ser Annabeth Chase, correto? Sua mãe disse que você chegaria agora. Sou Srt. Doods, auxiliar do diretor.

Annabeth se limitou a assentir.

—Pois bem, vou lhe mostrar seus aposentos e explicar algumas coisas do nosso patrimônio escolar- enquanto dizia isso, por cima de um balcão pegou uma pasta que estava escrita o nome da garota e indicou que a seguisse- Nossa escola está aqui desde 1923. Antes era somente para meninos, e pregava o catolicismo. Quando se tornou dependente, em 1974, a religião parou de ser imposta e garotas foram integradas no nosso sistema rigoroso de ensino. Mas isso não significa que o contato entre adolescentes do sexo oposto seja permitido, Srt. Chase.

A mulher deu ênfase a frase a olhando nos olhos, enquanto saía do prédio e ia a outro. Saiam agora para um pátio, onde havia poucos bancos, lixeiras e conjuntos de mesas de cerâmica com o tabuleiro de  xadrez imbutido. A mulher não desviou o olhar do outro prédio, provavelmente onde ficavam as salas de aula e continuou sua explicação:

—Esses são os prédios de aula, como tem estádia na escola, não é necessário o uso de armários. Portanto, recomendo que a senhorita leve todos os livros e materiais que vai utilizar nas aulas de uma vez. E faltas só serão permitidas com visto da enfermagem ou justificativa plausível, assim como passeios fora do horário de aula, inclusive nos dormitórios. O horário de recolher é as 21:30 e sempre teremos monitores competentes nos corredores. O refeitório fica no prédio da diretoria, onde estávamos, e o café é das 7 as 7:40. O almoço do 12:30 às 13:30. Vocês tem umas pausa de uma hora após o almoço e podem voltar às atividades escolares. O jantar é as 19:20. Se perder os horários, não poderá exigir nada na cantina.

Annabeth anotava tudo mentalmente. Sempre foi uma boa aluna, e, mesmo que tivesse todos os motivos para não agir como tal, queria permanecer sua integridade estudantil intacta e talvez, só talvez, poderia sair daquele lugar mais cedo.

—Estes são os dormitórios femininos. Como pode ver, são bem longe dos masculinos, portanto não é aceitado qualquer desculpa caso visitas noturnas sejam feitas. Sua chave do quarto é seu cartão de identificação de aluno, ou seja, somente você e sua acompanhante de quarto podem abri-lo.

Annabeth observou o quarto que a mulher parou. Todos os blocos tinha a mesma aparência, com o costumeiro mármore parede com ladrilhos. O dormitório era dividido no ano estudantil, e depois em duas alas dele. Ou seja, no prédio haviam quatro divisões, do primeiro ao último ano do Ensino Médio, e dentro dela havia outras duas. Essas duas divisões eram feitas por diferença de horário de aulas. Ou seja, todos que estão na mesma ala que você, tem as mesmas aulas.  Pelo menos era isso que dizia no mural de ferro pregado a parede, junto a um mapa da escola. O quarto da garota era o 4-A 37.

A mulher entregou a pasta a ela com um sorriso cínico.

—Aqui tem o código de vestuário da escola, espero que leia, seus horários, um mapa da escola, o cardápio semanal da cantina e seu passe estudante. Seus pais depositam algum valor nele e você pode trocar esses passes por Junk Food nas máquinas espalhadas pelo corredor. O restante do alunos estão na quadra, ouvindo a palestra do diretor, e seus livros já estão separados no seu quarto. A lavagem de roupas é feita a cada quatro dias- ela aponta a uma caixa pregada a parede,  que acompanhava cada quarto- Somente as lavadeiras podem abri-la, e há separações para o uniforme seu e de sua colega de quarto.

Annabeth assentiu enquanto pegava o cartão dentro da pasta, que tinha seu nome e uma foto 3x4.

—Obrigada- foi a primeira vez que a garota se pronunciou e a mulher deu um sorriso sem mostrar os dentes.

—Sua acompanhante de quarto já chegou. Mas, como todos os alunos, está no anfiteatro. Sugiro que vá para lá assim que guardar suas coisas.

E sem dizer mais nada, a mulher se virou e começou a dar passos apressados entre os corredores.

Annabeth olhou novamente a porta de madeira.

 Colocou o cartão no lado que julgou o certo na fechadura, e, com um click, a porta foi destrancada. Assim que entrou observou o lugar. Havia duas camas de ferro encostadas em paredes paralelas. Havia uma espécie de armários embutidos, colado as camas, como se fosse um conjunto. O armário começava com uma estante de livros, depois era seguido de três portas. Entre as camas havia uma vidraça, como ela as viu de fora. Havia também, duas mesas a frente das camas, com cadeiras, ambas de ferro. O quarto deveria ter, no mínimo três metros ou quatro de comprimento e três de largura. Sua parceira, aparentemente, havia escolhido o lado esquerdo. Já que havia duas malas escuras pesadas na cama.

Annabeth não gostou do fato de ter que subir na cama para pegar ou guardar suas roupas. Deixou sua mala na cama, e pretendeu guardar suas roupas mais tarde, e foi diretamente a porta na parede esquerda, a frente da cama da garota desconhecida.  Era um banheiro, que devia ter 1/4 do tamanho do quarto. Havia uma pia e uma privada de porcelana, e um chuveiro de ferro, com torneiras que controlavam o frio e quente, ele era embutido a uma banheira e havia um sistema de saída de ar no teto, explicando o fato do lugar não ter janelas.

Annabeth suspirou, e, mentalmente, anotou ler as regras que estavam presas a parede do lavatório mais tarde. Compreendeu toda a arquitetura do lugar, um quarto tinha as camas-armários encostadas ao oposto a porta, no outro o oposto a porta eram as escrivaninhas e a porta do banheiro era no final da parede, a direita, e assim sucessivamente, como um quebra cabeças.

Annabeth, fazia contas mentalmente, enquanto saía do quarto, seguindo o mapa ia ao anfiteatro. Devia ter, no mínimo, cinquenta quartos em cada ano na ala feminina. Ou seja, aproximadamente, cada ano deveria abrigar cerca de quatrocentos alunos. Annabeth entendeu o porquê da variação de horários e aulas.

Ela estava tão focada em procurar referências para o local, enquanto aproximava a quantidades exatas que, acidentalmente se esbarrou em alguém. A garota caiu para trás e viu seu mapa e seu novo cartão serem arremessados ao chão.

Olhou para a outra pessoa, que a observava com raiva. Olhos verdes intensos e raivosos.

O garoto soltou um palavrão alto e, totalmente irritado, parou seus olhos nela. Uma curta análise. A Chase sentiu suas bochechas queimarem de raiva e vergonha. Odiava ser analisada, mas esse fenômeno nunca aconteceu com um garoto. Pelo menos não com um garoto de aparência impecável como a dele e de idade tão próxima. Ele revirou os olhos e pegou o que havia derrubado. Um isqueiro azul.

Annabeth tinha mais do que certeza que aquilo era proibido no código escolar, mas ele não pareceu se importar, e continuou seu caminho após soltar um insulto e ignorar totalmente a garota no chão.

Annabeth bufou irritada e pegou suas coisas. Se levantou e arrumou a saia escolar. Apenas se virou para observar as costas do garoto que sumia a dentro do prédio, enquanto esperava o vermelhidão sair do seu rosto.

Revirou os olhos cinzas e continuou seu caminho ao anfiteatro, certa de que não seria a primeira nem a última vez que veria pessoas assim.

Sabia que havia chegado atrasada na palestra. Assim que chegou no lugar viu que todos os lugares praticamente estavam sendo ocupados. Sobrou apenas um lugar, ao lado de uma garota morena de olhos escuros que conversava animadamente com outra garota. Assim, como, bem, quase todos os outros alunos.

Seu lugar era na frente e perto de um auto falante, então, a conversa sobre como a cachorra da garota ao seu lado ia dar cria não foi um problema.

O diretor, um homem baixo e de cabelos encaracolados, explicava sobre as atividades que iriam ocorrer e também iria relembrar algumas das regras as quais Sr.Dodds a explicou.

Aparentemente, o uso de aparelhos celulares só é liberado aos domingos, e o único local com internet são os computadores da biblioteca e os logados a escola, fora isso, nenhum eletrônico conseguia contato. Annabeth pensou em seu Notebook completamente inútil agora, em sua mochila. No fundo alguns adolescentes riam e debochavam, outros se levantavam e iam embora.

A garota ficou até o final, absorvendo tudo o que podia. Regras, punições, consequências etc. O homem, apresentava os professores e depois voltava as explicações sobre horários e passos estudantis. Aquilo durou mais uma hora e meia, e quando Annabeth saiu do lugar já havia escurecido. Jovens, estavam sentados em grupos, conversando ou cochichando no pátio. Um relógio indicava 19:12, aparentemente esperavam o jantar.

Annabeth continuou seu caminho aos dormitórios, se sentindo totalmente deslocada. Eles riam e conversavam de coisas que para ela eram totalmente fúteis. Digamos que ela era uma adolescente com mente de velha.

Quando chegou ao seu quarto, pode perceber que sua acompanhante, até então desconhecida, já havia chegado. O som do chuveiro provava isso, e também as duas mala negras vazias embaixo da cama da outra garota.

Annabeth percebeu, que de cinco prateleiras da parte que tinha uma estante, somente duas delas estavam ocupadas. Uma com livros da escola e outra tinha fotos e coisas aleatórias, como desodorante e uma pequena luminária noturna a base de pilha.

A loira começou a desfazer sua bolsa. Se ajoelhou na cama, e organizou as gavetas as separando. Colocou camisetas na primeira, calças, shorts e saias na segunda e peças íntimas na terceira. Nos cabides, colocou apenas seus dois casacos que faziam parte do uniforme e as camisetas brancas de botões. Todas as roupas eram nos tons, preto, branco, cinza escuro e cinza claro. Havia uma ou duas calças jeans totalmente pretas, mas Annabeth achou a peça justa e desconfortável demais, então preferiu usar como comum a saia que começava na cintura e acabava apenas dois dedos do joelho, fazendo completamente jus ao termo descente. A terceira divisória, era uma sapateira, e Annabeth colocou cada calçado em devida ordem. Antes de fechar e observar os incontáveis livros que teria que organizar ouvia o trinco da porta ser aberto e uma garota parar na porta, de olhos fechados enquanto se ocupava em secar os cabelos úmidos, distraída.

Em gesto discreto, porém perceptível aos olhos de Annabeth, garota tirou o resto de um filtro de um provável cigarro da boca, e o apagou no batente da porta, para depois descartar no lixo atrás de si.

Quando a garota abriu os olhos, a Chase não só se sentiu intimidada com a atitude e maneira da garota como também pela beleza dela. Tinha cabelos escuros e curtos, repicados, que estavam parcialmente molhados. O rosto estava corado, provavelmente pela temperatura quente da água, e tinha sardas salpicando o nariz empinado e as bochechas. Ela tinha olhos azuis elétricos, intensos e marcantes. Fora o fato do corpo, magro porém com curvas perceptíveis a qualquer um. Ela usava um shorts de moletom cinza com elástico branco, e uma regata preta.

A garota a observou com os olhos firmes, e sorriu sem mostrar os dentes. Um sorriso torto e sarcástico, fazendo uma expressão que lembrava muito o garoto de olhos verdes de horas atrás.

—Você deve ser Annabeth Chase. Sou Thalia Grace, sua nova colega de quarto.

 

 

 

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Notas finais do capítulo

>Gostaram? Comentem!
>E não, elas não vão virar melhores amigas do dia para o outro.
>Bye



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