Brincadeiras do destino escrita por Phoenix


Capítulo 8
Socorro Irie-Cão


Notas iniciais do capítulo

Essa Catarine vai conseguir ser mais atrapalhada ainda.



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* As janelas do quarto de Naoki e Catarine ficavam lado a lado e nesse momento os dois sentam num tipo de sofá que fica na parede da janela, ambos observando o luar*

— Ah, que noite maravilhosa, apesar de tanta confusão, que luar lindo. – Estava deslumbrada com aquela vista. – Vou fazer a brincadeira que minha mãe fazia e Noriko-Obasan me ensinou. ‘Primeira estrela que eu vejo, satisfaz o meu desejo. Se o cachorro latir é porque me ama, se assoviar é porque me procura, se a porta bater é porque me odeia’.

* Nesse momento Yuki entra no quarto e bate a porta, Naoki ri silenciosamente para que Catarine não perceba que ele está a escutando.*

— Porque está rindo Oniichan?

— Porque parece que realmente existe um destino. – Falou sorrindo.

— NOSSA, não podia ser nem um assovio, que droga. – Peguei meu ukulele para cantar. – Não se preocupe Naoki, eu vou derreter seu coração de iceberg. – Então comecei a cantar em um ritmo lento a música ‘ Encostar na tua, Ana Caroline’.

“ Eu quero te roubar para mim, eu que não sei pedir nada.

Meu caminho é meio perdido, mas que perder seja o melhor destino.

Agora não vou mais mudar, minha procura por si só, já era o que eu queria achar.

Quando você chama meu nome, eu que também não sei aonde estou, para mim que tudo era saudade, agora seja lá o que for.

Eu só quero saber em qual rua minha vida vai encostar na tua.

Eu só quero saber em qual rua minha vida vai encostar na tua.”

* Naoki estava impressionado com a voz e o som do ukulele de Catarine, até mesmo Yuki que fingiu não estar prestando atenção, gostou do que ouviu, então ele começou assoviar, o que fez Naoki arregalar os olhos e pensar: ‘destino?’*

— Ha, escute esse assovio e sinta seus sentimentos mudarem. Hahahaha. – Eu falei brincando, pois sabia que era impossível derreter aquela geleira.

Trimmm, trimmm, trimmm

— Oi Samanta, o que foi? Hã? No whatsapp? Quem? Você com quem? WALLY-SAN? E aí, você vai ou não? O que, porque eu tenho que ir também?

* Nesse momento o celular de Naoki vibra e ele sai da janela para Catarine não escutar sua conversa*

— Alô, Wally, tudo bem?

Tudo sim Naoki, e você?

— Estou bem também. Aconteceu alguma coisa? Precisa de algo?

*

 

— Então a gente estava conversando, e a conversa foi para uns caminhos diferentes e tal, e...  aí, meio que a gente deu a entender que queríamos sair, e tal... e tipo... aí... ele me chamou, mas você sabe... meu pai não vai deixar eu sair com ele Catarine.

— E o que eu tenho a ver com isso?

*

—  Então eu pensei que se fossemos entre ‘amigos’, mas como casais, meus pais não se irritariam e eu poderia ter um encontro com a Samanta.

— Então, você quer que eu saia com uma daquelas amigas burrinhas dela?

Você é o único amigo que eu tenho. Por favor, você sabe que eu gosto dela desde o 1º ano, por favor!

— Você sabe quem é a amiga que ela vai chamar?

Eu não sei, mas acredito que seja a Jéssica ou a Catarine. –Pigarreou.

— Eu já sei BEM quem vai ser. Você vai ficar me devendo um favor ENORME. Que dia vai ser?

*

Vai ser nesse sábado, vamos assistir um filme e ir ao Ibirapuera depois, está bom amiga. No fundo eu sei que você gostou disso.

— Não sei se gostei não, talvez não seja bom sair com o Naoki, e outra, a gente não sabe se vai ser ele mesmo, às vezes eles tem outros amigos também.

Mas mesmo que não for o Naoki, você tem que ir Cata, por favor.

*

— Que fique claro que eu estou fazendo isso APENAS por nossa amizade. E VOCÊ ME DEVE UM FAVOR!

OBRIGADA!!!!! (WALLY E SAMANTA)

* Naoki e Catarine desligam o telefone ao mesmo tempo, deitam na cama e soltam o ar pela boca. *

— Caramba, eu ainda tenho que estudar para entrar no top 50, se não vou ter que carregar aquele ser nas minhas costas, eu não vou aguentar, ter que pagar um Big Tasty ainda, isso é demais, eu exagero muito nas coisas que eu falo. – Fiquei até as 3:30 da manhã “estudando”, eu não entendia nada, não sabia nem dizer o que eu não sabia, meu Deus, que desperdício de massa cinzenta. É melhor ir dormir, e amanhã peço auxílio ao meu professor.

Pi pi...  pi pi...  pi pi... pi pi...

 

Desligo o alarme do celular, e vou me arrumar. Obasan me deu muitas coisas, uns sapatos bonitos, um uniforme novo e mais feminino, a saia é mais curta, eu gostei, meu pai sempre comprou o uniforme mais largo de propósito, disse que eu não tenho que ficar sensualizando de uniforme, ele é muito ciumento, mas agora estou repaginada, tenho maquiagem, pulseiras, um colar com a letra C, anéis, sinto como se tivesse uma mãe mesmo. Coloco uma meia ¾ e um coturno. Agora vou descer, já estou bem em cima da hora.

Desço aquelas escadas e ainda estou maravilhada com a beleza dessa casa, quase me perco, se não fosse esse cheiro maravilhoso de café da manhã.

— Ohayou, família.

* Naoki olhou surpreso, mas não respondeu, Catarine não reparou que ele estava a olhando.*

— Ohayou Cat-chan! – Só me responderam Ojisan e Obansan.

— O Naoki e o Yuki serem grosseiros, eu entendo, mas você Papi Otousan?

— Eu não respondi porque não gosto de meninas estúpidas que nem você.

— Yuki, você não respondeu porque é um chato que imita seu irmão, muda o disco pirralho.

— Que grosseria.

Mostrei a língua e puxei a pálpebra, igual ele fez comigo, muleque chato.

— Filha, eu nunca ia esperar que você usasse essas roupas, curtas, tem pelo menos dois palmos acima no joelho, não quero nem ver como está a parte de trás. – Começou a chorar. – Você vai pegar metrô filha, hoje em dia as leis não são severas e tem muitos tarados por aí, você tem que ir feia para a escola.

— Eu não concordo Sandro-Chan, Rebeca não ia querer isso para ela, nós sempre conversávamos e dizíamos que nossas filhas seriam lindas, teriam roupas modernas, femininas. Oniichan vai com ela todos os dias, e vai ficar de olho, né ONIICHAN?

— EU? Eu...

— Obrigada Kinho!!! Você não sabe como isso tira um peso das minhas costas, eu não conseguiria levar e trazer Catarine da escola todos os dias, e eu confio em você e no seu cavalheirismo.

— Pois se depender dele é aí que eu morro, eu confio nos meus punhos e nas minhas aulas de krav maga.

— Cat-chan, pode não parecer muito, mas o Nao é muito forte, ele cuidará de você, nós os homens dessa família gostamos de proteger as mulheres.

— Obrigada Ojisan, vou confiar nesse aí por vocês. – Naoki me olhou com uma cara BEM FEIA.

— Não chame o Kinho “desse aí”.

— Ok, pai, vou comer.

— Pronto, já vou passar vergonha!

— PAI!

— Já contei a todos o quanto você come, então não se preocupe, eles já pegaram tudo o que queriam, pode se servir.

Nessa hora eu não sei se fico brava ou feliz, porque sinceramente com tanta coisa boa, eu quero se lasque o que eles pensam.

— Itadakimasu.

Ah, mas não, o Naoki está bem na minha frente, lendo jornal, lindo, inteligente, sexy, nossa, eu podia ficar olhando ele o dia inteiro...

* Catarine olha Naoki, com olhar de admiração.

Naoki olha para Catarine também.

Catarine abaixa a cabeça e Naoki a olha um pouco mais, antes de retornar a leitura. *

Ai meu pai, vou disfarçar, vou passar essa nutela maravilhosa no meu pão de forma, pegar esse suco de laranja, come, come, bebe, bebe, agora eu vou olhar de novo.

* Catarine volta a olhar Naoki *

Nossa, que carinha mais linda e intelectual lendo jornal, meu Deus é muito gostos...

* Naoki torna a olhar Catarine e continua a encarando mesmo quando ela abaixa a cabeça. *

Caramba, ele percebe que estou olhando ele? Pq ele está olhando de novo? Vou continuar a comer, e quando eu olhar, eu duvido que ele vai estar me olhando.

* Catarine levanta a cabeça e Naoki está a encarando desde a última vez que ela olhou, ela sente seu coração batendo mais forte, coloca a mão no peito, sorri sem graça para Naoki e abaixa a cabeça novamente. Naoki sorri sem que Catarine perceba, mas quando ele cai em si, fica bravo e se levanta para ir embora.

— Itadakimasu. Vou para a escola.

Noriko que prestava atenção em toda a cena, alerta Catarine.

— Vá com ele também, você precisa se apressar já que não sabe o caminho.

— Eu também vou com Oniichan.

— Você tem tempo, pode ficar aqui. – Noriko segura Yuki que fica muito bravo.

Coloco toda a torrada na boca e engulo o suco. Saio correndo que nem percebo que Naoki está abaixado de frente colocando o sapato. Sem querer eu tropeço e caio em cima dele, nossas bocas se encostam e parece até um selinho. Quando olho nos olhos de Naoki a vontade é de beija-lo de verdade, então meu coração acelera, começo a sentir meu rosto queimar e tive a impressão dele estar ficando vermelho.

— Hum, hum – alguém pigarreia, e parece que eu já ouvi isso antes. – Crianças, será que não podem se segurar um pouco mais, já que não tem como evitar os hormônios que façam em um lugar privado, não esqueçam do Yuki. – Quando Iri-Chan falou isso ele saiu, sem dar tempo de nos explicarmos. Levantamos depressa e colocamos nossos sapatos.

* Noriko está sorridente e pensa ‘meu plano está saindo melhor que a encomenda’ (risos maléficos). *

— Você, ou é muito desastrada, ou é muito atirada, tenho uma dúvida profunda em relação a isso.

— O Irie-cão, eu gostar de você é passado, já joguei a carta fora – mentira – nem lembro o que estava escrito nela – mentira – nem bonito mais eu te acho – MENTIRAAAAAAAA – então eu sou apenas um pouco desastrada. – Mentira também.

— Não me chame de Irie-cão. Então se você é apenas desastrada, trate de tomar cuidado, você é um perigo a si mesma e à sociedade. Desde e a primeira vez que eu te conheci tem causado as mais absurdas situações.

— Se você se refere aquela história do Senpai, eu já pedi desculpas, fiquei um mês de suspensão...

— Essa não foi a primeira vez que nos conhecemos, do jeito que sua cabeça é fraca, nem deve lembrar.

Fiquei pensando quando foi a primeira vez que nos conhecemos e que tipo de situação vergonhosa eu possa ter causado, mas realmente, minha memória é péssima e eu não me lembro, enquanto penso isso, não presto atenção na rua e acabo trombando nele. Nossa, eu causo demais!

— Ande a pelo menos dois metros de distância de mim, assim você poderá aprender o caminho e não me causará problemas a essa distância. Assim espero. Outra coisa, não fale comigo na escola, não olha para mim, não ande perto de mim, finja que não existo e NÃO CONTE A NINGUÉM ONDE ESTÁ MORANDO!

Que cara horrível.

— Quem disse que eu quero contar, seria vergonhoso para mim tal situação, nem te conheço, nunca lhe vi. – Nojento. E ainda me olha com essa cara de nervosinho.

Andei atrás dele até a estação do metrô.

* Enquanto caminha, Naoki escuta algumas meninas falarem algumas coisas e pensa em Catarine: ‘Nossa, aquela desastrada não está nem prestando atenção’. *

Naoki entra antes no vagão, e quando chega a minha vez a porta está para fechar, mas de repente alguém segura a porta para mim.

— Quase que moça bonita perde o vagão, desse jeito vai chegar atrasada na escola.

— Obrigada, mas como sabe dessas coisas?

— Estou vendo que está com o uniforme do Colégio Nipo-Brasileiro, e tenho certeza que o horário de entrada é as 7:00h então você está em cima do horário.

— Nossa, você repara em muitas coisas.

— Muito tempo pegando essa linha e metrô em geral.

— Ah tá, muito obrigada. Bom dia.

— Muito bom.

* Ele olha com um olha malicioso enquanto Catarine está de costas. *

— Daqui você já é capaz de chegar a escola certo? Pois vá na frente.

— Grosseiro, eu não queria sua companhia de qualquer forma, chato demais. Adeus.

— Vai!

* Naoki ficou parado esperando Catarine tomar certa distância, então, ao seu lado passam dois homens, um deles era o que estava no metrô e conversou com Catarine. *

(Os homens conversando)

— É a menina do metrô que eu te falei, ela é bem desatenta, parece ser inocente.

— Mas ela está sozinha?

— Ela conversou com um menino, mas ele nem deu muita bola, veja você mesmo, ela está indo sozinha.

— Vamos voltar mais tarde e ver se ela também estará só.

— Sim, tenho certeza que essa é uma presa fácil.

— E essa vai ser boa, parece que nunca foi usada.

* Os dois riram e foram embora prometendo voltar mais tarde. *

— Oi Catarine-Chan, por que você está com essas olheiras tão profundas? – Kawã perguntou preocupado.

— Kin-Chan, são só bolsas d’agua por dormir tarde, não exagere.

— Cata, está um pouco acentuada sim, que horas você dormiu amiga? – Questionou Samanta.

— Ah, umas 3:30, estou levando sério a aposta com o Cão.

— Amiga, Deus pode se irritar com você desafiando o gênio.

— Deus está ao meu lado, estou me esforçando, vou entrar nos Top 50!

Silêncio mortal, risada mais mortal ainda. Meus próprios amigos duvidando da minha capacidade. Mas sinceramente, depois da noite de ontem, nem eu sei do que sou capaz realmente.

— Catarine-Chan, você devia ser comediante.

— Isso eu deixo para você Carioca-Chan e para a Jéssica. Aliás, vocês vão assumir quando esse relacionamento?

— Não tem relacionamento. – Responderam os dois juntos.

— Isso já responde muita coisa. – Provoquei eles.

Nesse momento Thiago-Sensei chegou e começou a explicar as matérias que cairão na prova. Ele sempre perguntava as coisas que eu tinha dúvida e marcava num papel. No final do dia me entregou anotações de todas as dúvidas. Acho que agora será ‘menos pior’ para estudar. As aulas acabaram, mas meu sono estava apenas começando. Eu esperei Naoki, para seguir aquela peste, mas Wally me disse que ele saiu um pouco mais cedo hoje. Fala se esse garoto não é o capeta. Como eu sabia o caminho até a estação, fui tranquilamente, meio que bêbada de sono. Quando estava chegando perto da estação, em uma rua um pouco deserta, alguém me aborda.

— Olá moça bonita, que coincidência você por aqui.

— Oi, desculpe, eu conheço algum de vocês?

— Poxa, não se lembra de mim? Que grosseria, segurei a porta do metrô para você!

— Ah, sim, desculpe, é que eu estava com sono aquela hora e agora ainda mais, por isso. – Dei um sorriso amarelo e comecei a estranhar a situação, a fisionomia deles estava muito estranha. – Bom, então agora eu vou indo, foi um prazer rever você e ver seu amigo. Tchau.

— Calma. – Respondeu o amigo dele segurando no meu braço. – O prazer ainda vai começar.

Socorro Irie-Cão.


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Notas finais do capítulo

Abuso é crime, denuncie sem medo.