Adult Wolf escrita por CASS


Capítulo 4
IV — Ponto de impacto.


Notas iniciais do capítulo

>>> AVISO:

Emoções fortes nesse capítulo.



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   — Do que você está falando, Allison? — disse Stiles, nervoso. 

   — Você sabe muito bem do que estou falando! — ela esticou um braço para segurar na borda do banco em que o pai estava dirigindo. — Pare de fingir!

   — Quando você ficou sabendo? — perguntou, o tom baixo, vencido. 

   Derek observava os olhos encharcados de Stiles pelo retrovisor. Olhou para Allison, que estava vermelha de raiva, e, se fosse um lobisomem, estaria arrancando os olhos do pai no momento. Mas tampouco entendia o que estava acontecendo. Apenas segurou a garota nos braços com mais força, ainda não o suficiente para machucar, e esperou. 

   — Hoje. 

   — Olha, Ally... — ele murmurou. — Eu acho que todo mundo precisa seguir em frente. 

   A garota agora estava perdida, e não pôde continuar acusando o pai. Soltou-se da amarra que eram os braços de Derek, e sentou-se ao seu lado, irritada, como se nada tivesse acontecido alguns minutos antes, como se não tivesse desmaiado e visto coisas que não gostaria. Colocou o cinto, vendo o pai limpar uma lágrima. 

   — Sua mãe morreu há anos, Allison. — continuou Stiles. — E eu acho que todos podemos tentar ser felizes.

   — Felizes?! — gritou Allison. — Olha o que você fez!

   — Não é como se eu tivesse traindo sua mãe! Ela morreu, Allison, e você precisa aceitar! 

   A viatura deu uma guinada e parou num supetão. Stiles segurava o volante com tanta força que os nós nos dedos estavam brancos. Uma gota de suor escorreu da testa do homem, e ele deitou a cabeça perto da buzina. Ela soou repetitivamente, até que ele levantou a cabeça. 

   Derek tinha uma incomum expressão de dúvida. Caramba, será que eles podiam explicar? Pelo jeito que a garota o encarava, estavam falando de assuntos diferentes. O lobisomem só ia esperar para o que aconteceria, mas já tinha seu lado da guerra. 

   — Já fazem alguns meses que eu conheci essa moça, Shannon...

   — Shannon?!

   — ... E estamos saindo fazem dois meses, e eu me sinto melhor com ela. 

   — O quê?! — a filha gritou, indo para frente. 

   — Não é como se ela substituísse sua mãe. — completou Stiles, de um jeito robótico. 

   Allison olhou para Derek, como se o acusasse de não ter dito nada. O mesmo balançou a cabeça, revoltado. 

   — Não me olhe desse jeito, eu não sabia! 

   A adolescente rosnou. Derek conseguiu sentir um pouco de um orgulho da afilhada, como se ela fosse uma poderosa lobisomem. Mas ela não era. Foi um nanossegundo de meio sorriso, e ela escapou para longe, abrindo a porta e saiu correndo pela estrada, até chegar a uma ponte, não muito longe do carro. Segurou-se na borda com força, gritando para o vento, sem poder algum. Apenas gritando. Liberando todo o sentimento dentro de si. Derek a alcançou, parando atrás da mesma.

   — Você não tava falando da tal de Shannon, né?

   — Não! — disse ela, limpando as lágrimas. — Me leva pra casa, Derek.

   Derek se aproximou da garota e segurou seus ombros, puxando-a delicadamente para o resto da estrada, só parando de andar ao deixá-la segura em casa.

   Allison refez os passos que havia tomado em sua mente bagunçada, esperando encontrar a mãe de costas na sala, no hall de entrada, telefonando. Subiu, abriu a porta do quarto do pai. Silêncio, sem Lydia penteando os cabelos alaranjados. Suspirou, voltando a monotonia original, abraçando os próprios braços em busca de conforto. Rumou ao próprio quarto, encontrando alguém de costas.

   — Mas que por...caria você está fazendo aqui?! — fechou a porta, esperando que não tivesse ninguém. — Ficou louca?

   — Achei que ia precisar de ajuda para assimilar umas coisas.

   — Lauren, acabei de descobrir que meu pai tem uma namorada! — Allison sentou-se na cama, enquanto Lauren andava até a cadeira verde que ficava perto da escrivaninha. — E, além do mais, como você sabe onde fica minha casa?

   — Dur, estive na sua mente, bobinha. — riu, enrolando uma mecha vermelha nos dedos. — Acha que devo cortar meu cabelo?

   — Acho que você devia me dar explicações plausíveis agora que sei que você é de verdade e não estou completamente louca.

   — É, não completamente. — murmurou a ruiva, rindo. — De qualquer jeito, você parece bem, então eu vou indo.

   — Você fica. — Allison segurou o braço de Lauren, e a mão da garota foi eletrocutada instantaneamente, causando uma queimadura leve em sua palma da mão. Retirou rapidamente. — AI!

   — Foi mal, não controlo muito bem isso, mesmo sendo uma das mais velhas. — riu de leve. — Vai ficar bom logo. É só um dodói.

   — Vadia. — murmurou, vendo a mais velha começar a andar para fora. — Vai me deixar assim, queimada e sem informações suas, achando que eu estou completamente insana, já que eu te vejo, mas ninguém mais vê?

   — Ainda. — sorriu gentilmente Lauren, e acenou, antes de desaparecer no corredor.

   Literalmente.

   Allison foi persegui-la, e ela não estava mais lá. Escafedeu-se. A morena respirou fundo, fechando a porta com força e deitando na cama.

   Shannon. Shannon. Shannon.

...

   — Shannon?! — perguntou Derek, em tom inquisitivo, encarando Stiles sentado no sofá.

   — O que tem?

   — Isso é jeito de contar pra sua filha? Vou dizer, até eu fiquei assustado, cara.

   Stiles fez uma careta, brincando com os polegares, pensando se realmente havia feito uma besteira.

   — Parecia o certo a se fazer, no momento.

   — A garota nem estava falando disso! — Derek abriu os braços, desacreditado. — Você simplesmente jogou um balde de água gelada nela!

   — Pare de agir como se ela fosse sua filha! — gritou Stiles.

   — Ela é! — percebeu como ruim tinha soado aquela frase, e pigarreou. — Eu cuido dela como filha, e a amo como filha. Allison é, sim, quase minha filha.

   — Não seja exagerado. — murmurou Stiles, pegando a pasta de couro que levava para o trabalho. — Ela é minha filha, se você quiser uma, vá arranjar alguém.

   — Não preciso de ninguém. — Derek murmurou de volta, cruzando os braços. — Só... vai embora, Stiles. Eu não aguento mais olhar pra essa sua cara de animal perdido.

   — Olha quem tá falando.

   Ambos reviraram os olhos, e um gato laranja cruzou a sala na direção de Derek. Stiles nem mesmo deu atenção para o bichano, apenas resmungou algo incompreensível e saiu, puxando a porta para fechá-la.

  ...  

   — Menina, que baque. — murmurou Chloe, do outro lado da tela do notebook de Allison, deitada de bruços na cama rosa. — Eu juro que morreria ao saber disso assim. Imagina, meu pai com outra mulher. — estremeceu. — Chega a ser nojento. Não que pensar nele e minha mãe transando seja algo interessante.

   — Caramba, Chloe, você não cala a boca. — riu Allison, sentada na cadeira. — Mas...

   — Mas?

   — Sabe, eu tenho que contar algo pra alguém, mas não quero que me chamem de louca.

   — Ai, meu Deus, Allison, você imaginou seu pai e a tal de Shannon transando e gostou do que sentiu. — a loira escondeu a boca, abafando as últimas palavras.

   — O quê?! Não!

   — Ah! Ainda bem. Menos mal.

   — Presta atenção, criatura!

   — Okay, que estresse. — Chloe concordou.

   Allison suspirou e prendeu o cabelo em um coque, suspirando.

   — Eu não desmaiei, na verdade.

   — Eu sabia! Foi o McCall? O que ele fez, te convidou para sair ou algo do tipo? Se você aceitou, eu vou te...

   — PELO AMOR DE TUDO, CHLOE, CALA A BOCA! — gritou Allison, segurando o rosto como se fosse arrancar a pele fora. — Deixa eu falar.

   — Foi mal, foi mal.

   — Okay. Escuta, eu tava na minha mente. — Chloe ia interromper Allison, mas a mesma ergueu a mão, pedindo silêncio. — Não sei como explicar, mas tinha uma garota de cabelo vermelho chamada Lauren, uns 18 anos, bonitona até, ela tava me guiando.

   — Beleza. Guiando de que forma?

   — Ela disse que eu precisava me lembrar. Daí você pensa, “lembrar de quê, porra?”. Aí eu comecei a ver tudo que tinha esquecido, detalhes pequenos. — chegou bem perto, para poder sussurrar para o computador. — Eu acho que vi meu pai recebendo a notícia da morte da minha mãe. Alerta de spoiler, ele tava falando sozinho.

   — Como assim, sozinho? Um celular?

   — Não. Ele tava olhando para a parede e gritando “não, a Lydia não”, como se tivesse alguém ali.

   — Ué. Fantasma?

   — Eu tenho a sensação de que é algo bem pior. — a morena balançou a cabeça, encarando o minúsculo pinheiro de natal em sua escrivaninha. — Eu sempre incomodei meu pai para decorar com visco aqui, sabe, mas ele sempre disse que o Scott e o Derek iam ficar putos da vida.

   — Já tentou algum de plástico? Quer dizer, vi um esses dias. O natal vai ser na sua casa esse ano, né?

   — Pelo que ouvi, sim.

   — Minha nossa, vamos ter que dividir a mesa dos jovens com o nojento do McCall.

   — Ai, nem me lembra. — tocou as têmporas. — Mas tem o Thomas. — deu um sorrisinho.

   — Quando você vai namorar ele, gata? Ele é um tipão, amoroso, gentil, cuidadoso... Se você não traçar esse boy, dá licença para a amiga aqui.

   — Quando você virou essa cobra, Chloe? — riu com a amiga, ouvindo a campainha. — Tenho que ir.

   — Mas já? — a loira fez um biquinho. — Quem tá aí?

   — Tio Scott veio jantar. Convite do meu pai.

   — Ai, já senti o climão. Fui, Ally. Me liga pra contar como foi, depois. E me fala mais dessa Lauren de cabelos de fogo que eu me interessei. Não na garota, na história. É, talvez, na garota também, mas não desse jeito. Tô me enrolando, vai logo!

   A morena assentiu e desligou a videochamada, ligando uma música alta no quarto e descendo as escadas até a entrada. Scott e Malia estavam com os dois filhos. Ótimo, sem Benjamin. Allison abraçou Aria, e depois Corey, esperando os tios ficarem livres da conversa com a irmã mais nova para poder cumprimentá-los. Não viu o pai por perto, deveria estar na cozinha. Corey e Max foram ao quarto do último jogar videogame, e Ally e Aria conversavam animadamente até a mais nova erguer a mão.

   — Como você se queimou? — perguntou a garota, olhando a palma vermelha e inchada de Allison.

   O coração de Stilinski disparou.

   — Chá.

   — Allison, eu sei que você tá mentindo.

   — Não quero falar nisso.

   — Tudo bem, mas eu acabo descobrindo de qualquer jeito. — respondeu uma voz atrás de si.

   Lá estava Benjamin, com um copo de suco na mão e um sorriso deslavado na cara. O estômago de Allison embrulhou.

   — O que você tá fazendo aqui?

   — Eu vim jantar. — bebeu um gole de suco. — Tá batizado, vai querer?

   — Nem pensar. — Allison virou as costas para ele, para encarar Aria, mas ela já havia saído e agora brincava com Claudia.

   — Qual o problema, Stilinski? Fica tão desconfortável com minha presença assim? — Ben sorriu, vitorioso, aproximando o nariz do pescoço dela para sentir seu cheiro.

   Aquilo arrancou arrepios no corpo de Allison.

   Não arrepios bons, eram de nojo. Adorava quando Thomas fazia aquilo, não saía nem um pouco sexual, e ela gostava de quando Tom dizia que ela estava cheirosa. Mas Benjamin, um cara que ela odiava? Aquilo estava saindo de seu controle.

   Ela andou para longe, ignorando o próprio peito acelerado e dolorido. Sentou-se logo na cadeira e esperou o jantar, sozinha, sendo observada de longe por Benjamin, com um olhar sedento, bebendo o suco de laranja batizado que havia conseguido com Stiles.

   O jantar foi um desastre, pois todos ali tinham instinto sensitivo e conseguiam perceber que havia um clima horroroso entre Stiles e a filha, que evitava encará-lo, e só pensava em um jeito de fugir dali e descobrir quem era a tal Shannon.

   — Então. — Scott pigarreou. — Derek não viria?

   — Ele preferiu ficar em casa. — Stiles murmurou.

   — Por que será? — perguntou Allison sarcástica.

   — Allison, agora não. — disse o pai, firme.

   A garota ficou em silêncio, cortando o bife com tanta força que o garfo de metal entortou, e ela teve que levantar para pegar outro. Benjamin a seguiu, com a desculpa de ir ajudar a pegar a sobremesa.

   — Olha, normalmente, você teria gritado comigo quando cheguei perto...

   — E? — Allison estava agarrada na pia, vermelha de raiva.

   — E eu percebi que você está mal. — ele encostou-se ao lado da pia, ficando de frente para ela, perto o suficiente para sentir a respiração pesada da garota. — E queria que você soubesse...

   — O quê?

   — Que não dou a mínima. — abriu um sorriso, roubando um selinho dela e pegando a travessa de sorvete de chocolate, começando a andar de volta para onde estavam todos.

   Allison limpou a boca com o braço, irritada.

   Voltou para a sala de jantar como se nada tivesse acontecido, fingindo sua melhor expressão de paisagem, embora o coração estivesse pulando de raiva.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Aliás, vocês tem até terça-feira para criar hashtags sobre o Ben, e as melhores aparecerão nos posts do Facebook e nas notas dos capítulos!



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