Presente para Papai Noel escrita por osnaptzmary


Capítulo 1
Moça no mercado


Notas iniciais do capítulo

As palavras desse capítulo são: SÚBITAS e EPULÁRIO.
Boa leitura a todos. ♥



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        Já era o quinto dia de Natal na casa de Khali.                                

Tudo bem, o Natal geralmente acontecia em apenas um dia, no dia 25 de Dezembro, ao menos em todas as partes do mundo onde ele tinha alguma coisa a ver com Jesus Cristo. Mas Khali amava tanto as comemorações das festas de fim de ano que convencera aos pais de criar a “Semana do Natal” dentro de casa, onde todo mundo tinha que celebrar em todos os dias desde o dia 19 de Dezembro, dizendo “Feliz Natal!” para todos com quem falassem.

Não era difícil imaginar que os pais da menina teriam feito isso apenas para deixá-la contente, e que, assim que saíssem da vista de Khali, não cumprimentariam sequer uma pessoa com as palavras, além de fazê-lo no dia determinado. Mas desde que Khali fez o pedido – e nisso ela tinha seis anos – os pais acabaram acostumando com a tradição, por vezes até mesmo sorrindo e desculpando-se com alguém desconhecido. Conversas do tipo ocorriam com frequência:

— Bem, obrigada pela encomenda, senhor. Feliz Natal!

— Hã, senhora, o natal não é apenas daqui a três dias?

— Ah, perdoe-me, mas minha filhinha de dez anos me convenceu de celebrar uma Semana do Natal, que começa todo ano ao dia 19! Pois é, coisa de criança. Até mais, boa tarde!

Aquilo poderia soar bobo, mas fazia Khali sorrir todos os anos. Quando ela tinha seis, jurou a si mesma que um dia faria todo mundo comemorar o Natal por um mês inteiro! Uma semana era apenas o início de tudo.

É fácil imaginar os motivos por quais uma criança gostava tanto de datas onde ganham presentes, porque crianças amam presentes, não é? Dia das Crianças e o próprio aniversário eram outros exemplos. Mas Khali tinha muito mais do que apreço por ser presenteada nesse dia: ela gostava de quando pessoas sorriam felizes.

O dia de Natal era um dia em que as pessoas gostavam de fazer o bem aos outros. E Khali acreditava que o Natal fazia com que as pessoas se sentissem felizes, em passar o dia com os familiares e os amigos, celebrando o nascimento do menino Jesus. Além, claro, da comida e dos presentes, quem não vive feliz com a mesa farta e brinquedos novos?

Era basicamente sobre isso o Natal para ela. E, simplesmente assim, já era tão especial. Então, por que não o estender por mais tempo?

Mas no natal havia uma coisa que ela nunca entendera: O Papai Noel.

Khali sempre gostara dele. Afinal, ele era quem entregava os presentes para as crianças e as fazia sorrir! Ela deixava uma carta em sua árvore desde que aprendera a escrever, pedindo seu presente. E, por mais que fosse simples, também gostava muito disso. Saber que existia alguém ali, para presentear e comemorar, ainda que de forma misteriosa, o natal com todo mundo.

Mas ela era uma menina muito curiosa. A história de que o Papai Noel entregava muitos presentes e por isso não poderia falar com todas as crianças era boa, mas não a convencia. Por que ela não poderia tentar falar com ele, nem que fosse só em um ano? Ela podia falar por todas as outras crianças, dizer o quanto ele as fazia felizes. Imaginem o quanto ele mesmo não ficaria contente em ouvir! Então, por que ele não ficava somente um dos dias, só por mais alguns minutinhos?

Naquele ano, ela tentaria.

Enfim, faltavam apenas dois dias para o Natal Oficial. Khali já tinha dez anos, e como a amante de natal que era, costumava ser a primeira a lembrar à mamãe que era preciso comprar comidas para a Ceia. E como a mamãe disse que naquele ano precisariam adiar um pouco as coisas, contou ansiosa os dias durante a Semana, e finalmente no dia 23 elas foram às compras. Khali corria até a seção de perus de natal e escolhia o maior possível, quando a mamãe sorria de forma gentil e conferia se o preço estava em conta.

Naquele ano, elas foram às compras mais tarde, e nisso uma outra pessoa teve as mesmas ideias. Khali tinha ficado para trás quando a mamãe anunciou que ia para a fila pagar as compras, porque queria olhar alguns panetones e chocotones. E não podiam haver outras mil maneiras mais súbitas de descobrir uma informação secreta do que aquela que aconteceu com ela depois disso: ouvindo a conversa de uma moça ao seu lado, que dirigia-se ao atendente.

— Então, senhor, onde eu poderia encontrar mais latas como esta?

— Há uma seção de sardinhas por aqui, neste corredor ao lado, senhora.

— Obrigada, muito obrigada pela gentileza. Sabe, às vezes é difícil fazer o que faço, com esses pedidos de natal tão inesperados.

O atendente pareceu curioso com o comentário, e Khali ainda olhava os chocotones, desatenta. Por fim, ele pareceu ceder à curiosidade:

— Desculpe, senhora, mas será que eu poderia perguntar o que é essa coisa que a senhora faz?

A moça sorriu, com a pequena lata nas mãos, virou-se para ele e respondeu, desviando a atenção da menina quase imediatamente:

— Bem, não conte para ninguém, mas eu sou o Papai Noel.

Khali olhou a moça por uns instantes, que continuava a dizer que aquela criança era um típico epulário na Ceia, coisa que ela não fazia ideia do que significava. Com o chocotone na mão, ela analisou a moça da cabeça aos pés, e concluiu de primeira o óbvio: é claro que a moça não era o Papai Noel! Como ela poderia ser? O Papai Noel com certeza não era uma moça, e vestia vermelho, com uma barba e um gorro.

Mas havia alguma coisa na forma como ela tinha falado. Khali soltou o chocotone, deixando-o na prateleira e se virou para a moça, que ainda sorria gentilmente para o atendente, dispensando-o logo depois. Ela olhou a moça, e antes de perdê-la para o próximo corredor, Khali foi atrás dela, com a pergunta na cabeça:

Será que aquela moça poderia ser o Papai Noel?


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Notas finais do capítulo

Aí está, espero que tenham gostado. Semana que vem tem mais, risos. ♥



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