Sinnerman - Os Irmãos Cullen - Vol. 1 escrita por Mari


Capítulo 15
Natal


Notas iniciais do capítulo

VOCÊS ACHARAM MESMO QUE NÃO IA TER ESPECIAL DE NATAL HOJE?
Só dei um gelo em vocês pra postar o capítulo do natal NO DIA do natal!
Boa leitura!!!!



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A neve caía lentamente do céu, pintando toda a propriedade Cullen de branco. Cobria as árvores, as gramíneas, a aldeia, a terra e o grande castelo. Era como um alerta natural, avisando a todos que o Natal estava próximo. Logo logo estaria pregada ao chão.
Isabella mordeu o lábio inferior. Não queria abusar de seu marido, mas esperava que Edward não se importasse com a decoração de natal. Foi lindamente produzida por artesãos verdadeiramente talentosos de sua aldeia e estava ali, socada na biblioteca, em baús, esperando para ser utilizada. Não sabia como o esposo se sentia em relação ao natal.
Correu pelas escadarias do castelo, procurando o irmão mais novo de Sinnerman. Ele estava... paquerando com Maggie, a criada? Oh, não. Emmett era tão gentilmente doce às vezes e outras... um libertino.
— Olá, Emmett. - saudou sorrindo. Isabella provavelmente era o ser humano mais sorridente daquele baronato. - Maggie. - cumprimentou simpática a criada, que sorriu minimamente. Ela era branca, tinha cabelos cacheados até o ombro e um rosto com feições extremamente pequenas. Parecia ser bem mais velha que a sua senhora, pois a pele era perceptivelmente mais flácida.
— Buongiorno, Isabella... - respondeu ele, referindo-se ao nome da cunhada, que era escrita de forma italiana. Ela sorriu.
— Tenho uma dúvida... - confessou ela, puxando-o para caminharem juntos. - Como seu irmão se sente sobre o natal?
— Hmm... com certeza ele deve ter muitas experiências traumáticas dessa data após a morte de Alice. No grande banquete, ficávamos eu, meus pais, tios, primos... Sinnerman ficava numa mesinha mais distante da sala, esperando pelos restos de comida, assim como o avô de Bruce, nosso atual cão. Eu ganhava tudo que eu desejava, cavalos, espadas, soldados de madeira... ele não ganhava nada.
O coração de Isabella se partiu ao ter conhecimento dos antigos natais do marido. Como queria ter estado lá, ser sua amiga, levá-lo algum presente e refeição quentinha...
— Talvez seja triste para ele recordar daquilo... Porém não fará mal se desejas fazer o natal ao seu modo. Não pode ser pior do que ele passou. - nada podia ser pior do que ele passou. Deus, como queria beijá-lo agora... mas Edward estava como sempre... desaparecido.
O marido da castelã não parava um segundo sequer, cheio de deveres e obrigações. Pudera, era vítima de maquinações sérias que já haviam matado dois inocentes. O que o responsável quer com ele? Por que está fazendo isto? Isabella não podia imaginar uma razão. Talvez porque o marido fora o homem que mais cortara pescoços naquele reino? Isto com certeza não trazia amigos para sua vida. Era odiado por grande parte da nobreza britânica.
A castelã resolvera então tentar modificar a concepção de Natal para o seu esposo. Que os anos que viessem fossem natais maravilhosos. E se dependesse dela seriam. Sem perceber, imaginou os futuros anos naquele castelo como ela desejava: Edward feliz, suas lindas crianças de cabelos acobreados e olhos marrons correndo ao redor dos presentes de madeira, aquecidas na lareira e peles. Ali, naquele mesmo lugar que ela olhava no momento tentando planejar como a decoração seria, todos juntos, longe do frio da neve e dos corações partidos, honrando tradições da família e criando outras... Esperança. Era tudo o que tinha. Esperança que aquele sonho se tornasse realidade.
Suspirando, dispensou todos os criados para aproveitarem véspera e natal com a família. Carmen deixou semi-preparado o banquete que Isabella decidiu finalizar. Maggie não pareceu nem um pouco feliz ao saber que não adentraria o castelo naqueles dias e sua castelã desconfiou da reação, porém fingia não enxergar a maneira como a mulher se portava.
Começou a colocar guirlanda na porta principal, toalhas vermelhas na mesa com os talheres prata (uma mistura perfeita de Cullen e Swan) e vários enfeites de tecido e madeira. Uma lágrima atravessou o rosto alvo ao perceber o quão triste era ter somente os dois homens do castelo e ela para desfrutar de um grande jantar e uma decoração.
— Isabella? - a voz grossa e aveludada soou, tirando-a do transe. Porém ela não olhou para o marido. Não queria que ela visse o momento frágil e altamente feminino que acontecia naquele instante. Entretanto, Sinnerman já havia visto sua mulher chorando. Já estava ensaiando o quanto ia discutir com ela pela decoração do estúpido natal, porém ao vê-la triste, a raiva desmanchou-se na mesma fração de segundo. - Por que estás chorando?
— Bobagem. - disse ela simplesmente. Certamente o esposo não se importaria com o motivo. Não queria filhos com ela, não a amava, apenas a aquecia nas noites que faziam amor. Seria o máximo que poderia ter dele?
— Diga-me. - implorou ele por dentro, mas externamente nada conseguia expressar.
— É apenas algo que quero muito. - ela admitiu e ele suspirou pesadamente. Não suportava vê-la daquela forma.
— Diga-me e será seu.
— Não irá querer dar a mim o que almejo. - argumentou ela. Droga, daria qualquer coisa! Tinha tanto ouro e libra quanto o rei, não havia nada naquele vasto mundo que ele não pudesse dá-la.
— Eu darei. Diga-me.
— Quero esta sala repleta com nossos filhos. - confessou e fitou o marido. - Quereis dar-me isto? Filhos?
{N/A: Escutem I know you - Skylar Grey para mais emoção à cena}
Encarou o homem sem expressão ali esperando uma resposta, mas ele nada disse. As palavras fugiram de sua garganta. Filhos? Aquela mulher só podia estar fora de si ou querer algo dele. Era pelas suas riquezas e terras? Ninguém em sã consciência queria ter filhos que carregavam o sangue de Sinnerman. Ninguém queria que o mal se perpetuasse em seus garotos. Por que ela desejava isto então?
Correu atrás da mulher que já estava quase em seus aposentos.
— Por que? - indagou a esposa simplesmente, puxando-a bruscamente pelo braço. Ela virou e o contemplou com olhos marrons tristes e úmidos. O nariz já começava a rosar com o choro.
— O que, Edward? - nada mais perfeito do que seu nome na voz daquela mulher.
— Por que iria ter filhos comigo... Sabeis que sou amaldiçoado, o próprio papa referiu-se a mim como o filho predileto do diabo-
— O papa é um homem demasiado preconceituoso, isto é sabido. Não deverias deixar os outros ditarem quem tu és. Tu, acima de todos, não deverias, já que é o único homem que não precisa de ninguém. - bradou ela enraivecida. - Já disse que o amo e quero ter filhos com quem amo. Desejo que sejam belos como tu és e amado como tu nunca fora.
— Deus, mulher! - Edward bradou e virou-se, esmurrando a parede de madeira ao lado dela. Um buraco se fez presente no lugar. Sinnerman encostou a testa na mesma, com os braços acima da sua cabeça. Nunca havia perdido sua compostura nem demonstrado emoção sequer de raiva. Desde que tinha conseguido sua liberdade. E agora estava ali, tentando recompor-se. Não sabia nem se era raiva o que sentia. Se era, não era daquela mulher. Não conseguiria sentir raiva dela, nunca.
Isabella o observava receosamente, perguntando a si mesma se deveria aproximar-se do marido ou não. Ele respirava fundo. Aquilo que Deus queria para ele. O inferno da dúvida e da desconfiança. Insegurança. Medo. Vontade de amar. Não havia nada pior do que aquilo. Nenhuma dor física que seus pais proporcionaram ele ao vendê-lo se igualava a vulnerabilidade que sentia junto à incerteza. Queria mandá-la embora e abraçá-la ao mesmo tempo. Queria fazê-la feliz, afastando-a dele mesmo, entretanto era tão egoísta que a aproximava novamente, apenas para senti-la ao seu lado.
— Amo-te com todo o meu coração, Edward. Tudo que estimo é estar aqui ao teu lado. Por favor... - implorava ela para tê-lo. Logo ele virou-se para ela, que estava ao seu lado com uma mão afagando-o nas costas, um local de seu corpo que já sentira tanta dor agora sentia prazer. Ela teve o privilégio de ter olhos cor de âmbar cravados nela. Neles tinha vergonha, medo, dor. Ela depositou a mão em seu maxilar e ele cerrou os olhos e abaixou a cabeça. Não iria chorar na frente dela. Era constrangedor.
Ela pôs a outra mão e apreciou o rosto de anjo que seu esposo possuía. Passou os braços pela nuca do homem e beijou seus lábios inicialmente firmes. Um sabor delicioso surgia dali. Ele grunhiu baixinho ao sentir o gosto de morangos e framboesas na boca da esposa. Encostou-a na mesma parede que esmurrara a pouco e apertou-se contra ela, segurando possessivamente a fina cintura de Isabella. Ela sorriu, interrompendo o beijo e o abraçou, aconchegando-se nele. Este, acariciou as madeixas da morena e repousou a bochecha ali. Ficaram assim por algum tempo.
— Vamos terminar o banquete? - ela inquiriu entusiasmada. Ele não fez nenhuma objeção, apenas deixou ser guiado por ela. - Temos que consertar a parede. - começou a esposa a tagarelar. - Emmett, venha, vamos preparar a ceia. - convocou ela para o cunhado estirado no sofá cheio de peles próximo a lareira.
— Estou bem aqui. - resmungou. Edward riu, recordando que o irmão odiava o frio.


— Edward, Alice, Emmett, venham fazer anjinhos na neve! - a voz doce de lady Esme convidou as três crianças que olhavam a neve. Os irmãos mais velhos estavam animados para brincar nela, entretanto o mais novo, de apenas dois anos, se escondia atrás da longa perna do irmão magricela mais velho.
— Eu não quelo. - o menino plantou os dois pés no chão e só sairia dali carregado. Continuou agarrado na canela do irmão. - Eduald, não deixa mamãe pegar eu pra neve. - disse e Edward riu da maneira como ele falava seu nome. Desviou sua perna das mãos do bebê e ajoelhou-se para poder olhá-lo. Era gordo, bochechudo e pequeno.
— Emmett, eu vou fazer um anjinho junto contigo. - tentou tranquilizá-lo. Inicialmente o menininho berrou, depois deu a mão gordinha ao irmão para que pudessem tentar.
— É divertido! - exclamou o neném mexendo braços e pernas, de mãos dadas com o irmão. Gargalhava como se fosse a coisa mais engraçada do mundo. Alice, a criança mais velha os olhava com malícia.
— O que foi meu amor? - a mulher inquiriu à filha, não resistindo à beleza da pequenina. Tinha cabelos curtinhos, olhos cor de âmbar, nariz afilado e era baixinha.
— Não foi nada, mamãe. - respondeu a criança, mudando subitamente de personalidade e sorrindo abertamente.
Esme a olhou com o cenho franzido e logo deixou ela ir brincar.


— Vamos, Emmett! - ela chamou emburrada e ele foi logo atrás do casal com uma expressão carrancuda. Queria mesmo era passar o Natal em frente à lareira quentinha.
Ao chegar próximo a fornalha, havia alguns ingredientes como legumes, ervas e carne. A carne estava temperada com as ervas.
— Supervisionastes essa preparação? - Edward perguntou demasiadamente preocupado.
— Sim, eu o fiz. Está tudo bem, espero. - ela o respondeu. - Emmett, corte as cenouras e batatas. Em rodelas, por favor. Esposo, corte salsa e o alface. Cortarei as maçãs.
— Apenas as maçãs? Ora, ora, ora, se minha cunhada não é uma mulher despudorada... - comentou ele, divertido. Edward levou os olhos ao branco, porém por dentro sentia-se alegre ao ver como apreciavam um ao outro. Isabella corou e seu marido observou o acontecimento encantado. Era linda, a sua esposa.
— Ainda hei de cozer tudo, cunhado petulante. - falou no mesmo tom que Emmett.

Depois de terminarem tudo, cada um subiu aos seus aposentos e quartos de banho. Isabella e Edward tomaram o seu juntos, cada um lavando o corpo do outro. Sinnerman podia sentir a energia do natal. Nevasca forte, muito frio, comida em abundância e decorações de um presépio de madeira no castelo o obrigava a perceber o quão natalino seu lar estava, pela primeira vez depois que ele assumiu-se como senhor dali. Depois de muito tempo, era o primeiro natal em que se sentia acolhido, amado, tratado como um igual.
Era demasiado melancólico o quanto ele queria fazer sua morena feliz como ela estava fazendo-o ali. Seria ele capaz? Ele não era músico, trovador, artista, dançarino... Não sabia como divertir-se junto a uma mulher. Tudo o que sabia era treinar, batalhar e cavalgar.
Isabella, enquanto esfregava o abdômen extremamente definido do marido estava com os pensamentos bem longe dali, levemente abalada por Beaufort não estar com ela, já que precisava zelar do castelo Swan. Era uma comemoração sem seus falecidos e bons pais, sem seu irmão, sem seus amigos, porém estranhamente sentia uma felicidade que espalhava-se pelo seu corpo como o sangue em suas veias. Estava comemorando ao lado do homem que amava, que admirava, e que pretendia passar o resto da vida ao lado dele. Sim, ela tinha certeza. Por mais que ele fosse bloqueado em si mesmo e até um pouco rude as vezes, ela o amava. Não queria mais ninguém e naquele momento agradeceu cada maldito segundo de sua ideia que a levou a dizer para o Rei que era a prometida dele.
Subitamente, o abraçou forte. Ele retribuiu o abraço, achando que sua mulher merecia tudo menos ser desprezada num feriado tão importante para ela. Era religiosa, tradicional e adorava aquele dia. Ele não seria aquele que o arruinaria.
A ceia estava deliciosa, pois Isabella comeu tanto quanto os homens que ali estavam. Emmett a olhava com dois grandes olhos verdes, abismado com a nova irmã. Edward gargalhava por dentro e sentia alegria ao vê-la alimentando-se tão bem.
— Calma, jovem Isabella, o peru já falecera e não irá fugir. - Emmett gargalhou para uma mulher faminta e despreocupada. Não tinha culpa se estava estupendo aquele jantar.
Comeram de tudo: salada de framboesa com maçã e morangos, peru e uma variedade de grãos. A castelã sorriu ao ver como Edward e Emmett ficavam corados pelo vinho. O irmão caçula aliviava-se a cada taça, escapando da terrível sensação que era sentir frio. Nunca soubera de onde aquele desconforto viera, porém sabia que não gostava de apreciá-lo. Riram bastante das bufonarias de Emmett Cullen e seus insultos com a morena.
Subiram as escadas extasiados pelo ótimo jantar e companhia. Emmett sentia-se sozinho em seu quarto, sabia que estava faltando para si o que seu irmão tinha agora. Uma esposa. Era agonizante ser solitário, entretanto preferia isso à casar com alguém que não amava. Com alguém que não fosse especial. Deitado na cama, pediu do fundo do coração que Deus o enviasse uma companhia no ano que sucedesse. Que encontrasse uma mulher a qual amaria ardentemente com todo o seu ser. Após o pedido, cerrou os olhos e esperou o sono acometê-lo.
— Obrigado por isto que fizera. Foi um ótimo natal. - agradeceu Edward por aquele dia. A morena sorriu.
— De nada, meu amor. - ela sorriu porém seu sorriso se rompeu no mesmo minuto que sentiu uma náusea terrível. Santo Deus, fora envenenada de novo? Não podia ser! Correu para o balde no quarto de banho e despejou todo o jantar nele. Edward a seguiu e pegou seus cabelos, preocupado. Teriam tentado matá-la novamente? Isabella escaldou a boca com a agua morna que tinha ali e voltou ao aposento do castelão para colocar num cáilce água quente e um pouco de erva de hortelã e menta. Bebeu e sentiu-se bem melhor.
— O que houve? Estás com vontade de vomitar novamente? - indagou e ela negou com a cabeça.
— Foi apenas um mal estar, creio. - ela disse e deitou-se na cama. Edward deitou logo em seguida e ela sorriu ao vê-lo abalado com a sua falta de saúde.
— Comestes demais no jantar. - disse sorrindo e ela o olhou de olhos semicerrados. - Digo, aproveitastes demais o jantar.
— Ótimo. - resmungou. - Eu tinha grandes planos libertinos para esta noite, porém receio não estar apta para realizar nenhum deles. Podemos apenas dormir?
— Claro que sim. - ele disse e a puxou para seus braços calorosos. Isabella sorriu pois a sensação térmica que emanava dele a tranquilizava.
— Teremos muito tempo para realizá-los. - sorriu sonolenta. - Boa noite.
— Boa noite. Bons sonhos, minha esposa.

 

 

— Cale a boca! - o homem num capuz preto bradou para a criada Maggie, ali na aldeia dos Cullen. - Tinha uma chance de por este veneno no jantar de hoje. Ele é forte e como comeriam demasiadamente na ceia, a mataria no segundo que ela terminasse sua refeição.

— Eles não deixaram nenhum criado no castelo esta noite, milorde. - respondeu ela amendrontada. O homem riu.

— Não interessa-me o que eles permitiram ou não. Era o seu trabalho matá-la.  - proferiu as palavras cheias de ódio. - Pensei que desejasse a morte dela também.

— Eu desejo, milorde. E-eu quero vê-la morta. Ela roubou o meu Edward! - exclamou a mulher, desajustada e histérica.

— Não tens utilidade nenhuma para mim agora. Porém realizarei seu desejo. - ele disse e os ambos sorriram. - Apenas não estará aqui para ver.

Com um golpe, o homem cortou a garganta daquela mulher. Ela caiu de joelhos, assustada, com as mãos no pescoço tentando parar o sangramento. Todavia, era em vão. Em alguns segundos estaria morta.

Ali ficou o corpo da criada espiã, com o olhar aterrorizado fixo no vazio.


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Notas finais do capítulo

-Gostaram? Odiaram? O que acharam?
Quero interação... Um beijo e feliz natal a todas meus amores!
Até a próxima ♥