Steal Your Heart AU escrita por MusaAnônima12345


Capítulo 8
Encontros, Avisos e Detenção


Notas iniciais do capítulo

Olááááá, tudo bem com vocês?

Bem, eu voltei as aulas recentemente e provavelmente com o acúmulo de lição pra fazer (trabalhos, seminários, provas e tarefas) eu demore um pouco para fazer qualquer coisa aqui no Nyah. Eu espero que vocês compreendam e dia 5 tem um novo capítulo em uma data muito especial. Huehuehue :v

Aproveitem o novo capítulo! ^^

Capítulo postado em: dia 28/02/2018, ás 18:06



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Marinette

Nós havíamos acabado de entrar no banheiro quando eu tive um pressentimento ruim sobre alguma coisa. Sabe aquela sensação que você tem quando, de alguma forma, sabe que algo vai acontecer? Então, eu odiava quando isso acontecia porque aquilo me deixava ansiosa e preocupada. E eu odiava ficar ansiosa.

Bem, já que estava lá com Kattie aproveitei para dar uma olhada na minha maquiagem, dei uma ajeitadinha no cabelo que tinha secado sozinho e mais outras coisas que nós mulheres geralmente fazemos dentro de um banheiro. Tinham várias garotas lá dentro e até algumas colegas que eu fizera na sala de aula, e acabou que não perdi a oportunidade de apresentar duas delas para a O’Green do meu lado. Uma era baixa e se vestia toda de rosa, loira e com olhos grandes e azuis mais claros que os meus. Acho que ela fazia jus a cor que carregava para cima e para baixo já que pelo que eu havia entendido seu nome era Rose. A outra que sempre andava com ela era totalmente o contrário: tinha o cabelo comprido preto com uma mecha roxa visível, usava roupas do mesmo tom e me lembrava muito bem aqueles góticos que todo mundo acha esquisitão, mas realmente chegou até ser simpática comigo e com Kat. Juleka era seu nome, se entendera bem. Batemos um papinho e combinei de conversar com elas mais tarde na classe, um pouco antes das duas irem embora.

— Elas parecem ser legais Mari. – ouvi Kattie comentar sorridente do meu lado enquanto retocava o seu batom no espelho. Lhe observei, esperando a mesma acabar para encontrarmos Alya do lado de fora. – Adorei aquela mecha roxa. O que você acha de eu fazer uma daquela no meu? Ficaria muito gótico ou desesperado?

— Com certeza você soaria como uma roqueira de meia pataca que está desesperada para encontrar um homem. – respondi sincera e nós duas demos uma gargalhada.

Eu estava um pouco distraída, mas pude notar algo que sempre vira na minha melhor amiga e nunca perguntei a respeito. Era uma pulseira de barbante, já bem velha e gasta, com algumas miçangas verdes bem pequeninhas e uma maior em formato oval azul clara. Parecia algo feito por uma criança e pensando nos sentimentos “delicados” da ruiva eu nunca havia arriscado perguntar de quem era aquela pequenina arte. Porém... Porque não tentar agora?

Eu estava curiosa e intrigada, então não tive escolha a não ser lançar meu questionamento.

— Kat, essa... Pulseira que você sempre carrega com você para onde quer que vá... Ela tem... – disse tentando não parecer desesperada por alguma explicação.

— Algum significado? – para minha surpresa ela completou, e eu assenti com a cabeça. Ela deu um sorriso e parou de arrumar o cabelo no espelho, começando a encarar o pequeno acessório em seu pulso como se lembrasse de algo distante. – Ele tem sim. Quando eu ainda morava no Canadá, anos antes dos meus pais se mudarem para Paris, eu adorava ir ao zoológico do Central Park nas férias, lá em Nova Iorque, quando meus pais faziam uma viagem para a casa da minha avó que morava naquelas bandas. Eu adorava ver os leões, pinguins, até mesmo o único pavão azul solitário que morava lá. – uau, ela estava realmente me contando o que eu sempre quis saber, que emoção! Cruzei meus braços e continuei a prestar atenção. – Nesse dia, eu acabei salvando um menino de ser atropelado por um carrinho de pipoca desgovernado e ser lançado na gaiola dos tigres. Ele meio que foi o primeiro garoto que eu... Bem, hã... Achei bonitinho.

Fiz uma careta e ela colocou uma mecha ruiva do seu cabelo atrás da orelha, como sempre fazia quando ficava envergonhada.

— Nas férias a gente sempre se encontrava no mesmo lugar, de frente com a exposição do pavão. – ela continuou esfregando o polegar nas pequenas miçangas verdes com carinho. – Na última vez que nos vimos... Alguns meses antes de eu dizer que estava me mudando para Paris... Eu levei algumas miçangas como essas para fazermos um tipo de despedida. Nós dois fizemos duas pulseiras de barbante mesmo, uma para cada um, mas a ideia de fazer o juramento partiu dele.

— Juramento? – repeti arqueando as sobrancelhas, confusa. – Como assim juramento?

— O juramento que não nos esqueceríamos um do outro. – Kattie respondeu sem tirar o sorriso do rosto. – Que a nossa amizade nunca seria esquecida e que não importasse quanto tempo passasse um dia nós ainda iríamos nos encontrar de novo.

Não pude deixar de ficar um pouco surpresa e ao mesmo tempo indignada. Balancei as mãos, exasperada e soltei:

— Não teria sido muito mais fácil ter pego o número de telefone dele? Ao menos você teria contato com o... Qual o nome mesmo?

Ela deu um sorriso sem graça e escondeu a pequena lembrança dentro da manga de sua blusa novamente.

— Nenhum de nós pensou nisso na época. Eu nem sei o nome dele Mari, eu tinha sete anos, o que você queria que eu fizesse? – ela indagou me observando boquiaberta a sua frente. Ok, sem sombra de dúvidas eu só ando com loucas varridas e metidas a louca nessa vida, não me bastasse minha irmã com todas aquelas esquisitices, agora minhas melhores amigas? Não, não dá, não, não, não, não dá mesmo. – E outra, sua mãe nunca te disse que não se pode simplesmente dizer o seu nome ou dar o número da sua casa para um completo estranho?

— A minha já, mas acho que a mãe da Alya não. – brinquei revirando os olhos, ainda impressionada como minha amiga era... Argh, tão romântica esperando o príncipe encantado chegar. – Vamos ainda temos que encontrar a Ay. O intervalo está quase acabando e tenho certeza que ela iria adorar zuar com a tua cara sobre essa historinha de conto de fadas.

Entre blá blá blá daqui e de lá nós nem vimos que tinha um movimento estranho lá fora bem a espera de nós. Agora você me pergunta: quem Marinette? Ora, quem mais teria a cara de pau e nem um pingo de caráter na cara que aquela nojenta da “Jacque- irritante” com a suposta amiguinha dela que todo mundo, até o Diego, me avisaram para tomar... Cuidado? Se tratava de Chloé Bourgeios, a filha riquinha e mimada de André Bourgeios, o rico do de uma rede dos hotéis mais luxuosos de toda a França – e, para piorar tudo, ainda era candidato para se tornar o prefeito de Paris – que achava que podia fazer tudo o que quisesse porque o velho bancava a escola. Ave, eu tô vendo que essa universidade não é lá como eu pensei que seria. Tipo, eu estava esperando aquele musical de High School Musical que todo mundo já viu na TV e ai... bam!, definitivamente não tem nada a ver com que eu imaginava.

Eu estava de boa e não queria arrumar confusão com mais ninguém ali dentro para que eu tivesse um bom começo de curso em Design de Moda e tivesse um futuro sem complicações, MAS aquela loira folgada simplesmente parou bem na minha frente e bloqueou minha passagem com aquela outra com nome de desinfetante. Kattie estava do meu lado e, apesar de se esforçar ao máximo para parecer indiferente a ambas, eu tinha certeza absoluta que ela estava rezando para que eu não fizesse uma loucura. De novo.

— Pode me dar licença? Você está atrapalhando o meu caminho. – pedi, com o máximo de educação que consegui passar por entre os dentes.

Calma Marinette, fique calma.

— Como é que é garota? Você sabe com quem é que você está falando? – ela rebateu o meu pedido com uma pergunta. Arrogante e prepotente, ah típico desse tipo de gente.

Respirei fundo e analisei melhor a loira parada a minha frente. Realmente não me admirei com que vi. Cabelos loiros insuportavelmente bem cuidados, maquiagem perfeita que parecia até que era de porcelana, roupas de grife curtas e que provavelmente eu jamais usaria... E o típico ar de superioridade que eu não suportava. Pensei muito bem na minha resposta antes de dizer qualquer coisa que desse merda pior do que eu já estava enfrentando.

— Eu só quero passar, não vou roubar os seus sapatos caros. – disse com calma, mas um cutucão de Kattie atrás de mim me dizia que soara algo bem pior que tranquilidade. Ironia.

Me reprovei mentalmente enquanto aqueles alunos fizeram o que eu mais temia acontecer: aquele famoso “ÔOOOOOO” que começa várias e várias tretas desnecessárias. Já tinha bastante gente ao nosso redor e por um pequeno momento me lembrei que fora daquele mesmo jeito que no dia anterior havia arrumado briga com Jacqueline quando eu, sem querer querendo, voei no pescoço dela. Chloé deu um pequeno suspiro e fez um sinal que todos, sem exceção, que estavam procurando resenha no nosso meio ficassem quietos. Aquilo não estava cheirando nada bem e na hora me lembrei do pressentimento ruim que sentira alguns minutos atrás.

Odeio estar certa às vezes.

— Ora, ora, ora... A nossa querida companheira, senhorita Dupain-Cheng, uma recém-chegada no território da nossa renomada universidade acha que pode simplesmente pedir para que os outros saiam do seu caminho. – o que é que aquela loira oxigenada estava dizendo? Será que ninguém tava vendo o quanto ela estava sendo falsa com todo mundo? O pior era o silêncio que pairava no ar, e ele era tão denso que dava até para sentir. – Essa garota, chamada Marinette Dupain-Cheg, é um exemplo vivo do que não devemos seguir. O que vão pensar de uma caloura que mal chega na universidade e já parte para a violência contra uma outra aluna, que ainda é minha amiga? – ela se virou e eu notei a cara mais fingida do mundo inteiro da Gagnon se fazendo de coitadinha enquanto a melhor amiga lhe defendia e me colocava como vilã da história na frente de todos.

— Eu não cheguei partindo para a violência, foi ela que...

— O que nós podemos esperar de uma aluna que desonra o nome da François Dupont dessa maneira? – Chloé, aquela infeliz me interrompeu se tornando cada vez mais vítima e distorcendo o que realmente a sua “melhor amiga” havia causado no dia anterior.

Eu estava perplexa. Ali, no meio de uma roda onde não conhecia ninguém, sendo exposta falsamente para todos sobre algo que nem estava sendo contado do jeito que realmente aconteceu, com direito aqueles malditos burburinhos entre os universitários, havia me encontrado sem defesa nenhuma para enfrentar aquela riquinha mimada. Eu me senti como a muito tempo não me sentia. Acho que humilhação ainda era pouco para descrever o esforço que estava fazendo para continuar impassível em minha expressão. Se Kattie não tivesse do meu lado e apertado minha mão com força para me passar alguma segurança talvez as coisas teriam saído do controle.

 - Você é uma vergonha... Cheng. – ela zombou com uma gargalhada cruel. Mesmo assim continuei lhe encarando fixamente, sem vacilar. – Acha mesmo que pode ser alguém da vida usando essas roupas? Com esse cabelo? Por favor, você não conseguiria nem pagar os meus sapatos com todo o esforço que os seus pais provavelmente fariam para comprar a metade de um deles para você. – ela deu outro daqueles sorrisos cruéis que me feriram o coração silenciosamente. – Você não vale nada e quanto mais cedo aceitar isso, melhor será para todos nós.

Eu estava quase desabando quando todos aqueles alunos começaram a rir junto com ela. Ninguém ali sabia o que eu havia passado para chegar até ali e simplesmente estavam indo pela onda da Bougeios. Estavam me julgando sem saber nada sobre mim nem sobre o meu passado. Acho que Kat estava tão irritada com aquela loira estúpida que nem mesmo conseguiu abrir a boca para não falar uma besteira, senão a coisa iria realmente feder. Ela perdia a paciência com situações assim muito mais rápido do que eu e não era a melhor hora. Apenas torci para não fraquejar enquanto estava na frente de todos e apertei ainda mais a mão de Ferrugem, afinal minha melhor amiga tinha que servir para alguma coisa naquele momento.

— Já chega Chloé, deixe ela em paz. – alguém no meio da multidão gritou praticamente, chamando a atenção de todos.

Me virei e fiquei até surpresa com quem eu vi ali. Diego.

O mesmo Diego que dera todo aquele piti ontem por conta do que Jacqueline poderia fazer. O mesmo Diego que me tirara do meio da confusão com aquela megera com medo do que poderia acontecer depois. O mesmo Diego que agora estava me ajudando de novo, mesmo sem me conhecer e que pelo jeito que observei a loira ficar enquanto ele se aproximava deveria ter algum truque na manga.

— Não acha que já esculachou ela o suficiente? – ele perguntou, sério e eu notei que ela também havia feito desaparecer toda a ironia de seu rosto.

Na verdade, acho que ela ficou rígida até demais quando ele apareceu. Mas pensando bem... Talvez fosse impressão minha. Depois de longos minutos com as sobrancelhas erguidas ela fez um sorriso sarcástico aparecer em seus lábios nudes.

— Dieguito. – começou o encarando de cima a baixo. – Desde quando você faz o tipo de “super-herói” das calouras da facul, hein? Começou a distribuir solidariedades para os mais indefesos desde quando?

— Para a sua informação, eu nunca fiz acepção de pessoas, mesmo que eu não as conheça direito. – Diego respondeu erguendo a cabeça. – Bem diferente de você, não é Chloé?  Sempre ridicularizando os outros por motivos distorcidos da sua amiguinha ai. – indicou com a cabeça Jacqueline e eu percebi alguma coisa.

A expressão de Diego era tão fechada que eu notei depois de observar muito que ele deveria estar omitindo alguma coisa naquela conversa. Sei lá, eu tenho uma teoria inacabada ainda, mas ao que tudo indica esses dois já passaram por alguma coisa juntos. A postura de ambos não negava, mesmo com os sorrisos sarcásticos da Bourgeios e com a ironia na voz do moreno de óculos. Algo não batia ali e eu iria descobrir o que era. Mais cedo ou mais tarde.

— A minha amiguinha. – a fitei repetindo a fala do meu amigo e levei um susto quando olhou pra mim novamente. Ela deu uma risada rápida. – Você ainda me paga sua miserável. E na próxima – Chloé começou olhando para Diego de novo. – não vai ter nenhum Chapolin Colorado para te salvar.

Ela estalou os dedos e uma garota ruiva de óculos, com um suéter com cores chamativas e que não combinavam muito com o resto de seu look, apareceu e entregou alguma coisa na mão dela. Acho que era um celular, mas pouco me importa porque, depois disso, ela finalmente obrigou todo mundo a circular e foi embora sem dizer mais nada. Não olhou para trás também. Só me restava certa dúvida: eu deveria ou não me preocupar com aquilo? Pelo visto Diego estava ainda mais preocupado com essa questão do que eu, porque sua testa brilhava com o pequeno acúmulo de suor entre os fios e – algo que eu não entendo até hoje como as pessoas conseguem isso – as lentes dos seus óculos estava embaçadas. Senti Kattie me puxar pela manga da jaqueta até mais perto dele e nós duas nos colocamos a encarar ele em busca de algum sinal de vida.

— De nada. – ele disse enquanto esfregava as lentes dos óculos na blusa de manga comprida verde escura debaixo de um colete listrado. Eu fiquei um pouco sem graça e balancei a cabeça. – Agora estamos quites, não te devo mais nada.

— Na verdade você não devia nada a ninguém antes também. – ouvi a ruiva ao meu lado dizer e eu confirmei. – Você apenas quis ajudar suas amigas.

— Amigas? Mas eu conheço vocês apenas dois dias! – exclamou surpreso e assustado. Dei uma gargalhada e balancei seu ombro levemente.

— Cara, esquece. Você é nosso amigo agora e já era. – esclareci com um meio sorriso e mesmo contra a vontade ele retribuiu. – Então quer dizer que agora você corre tanto perigo quanto nós?

Kat começou a gargalhar e o moreno colocou os óculos de volta no rosto, parecendo um pouco nervoso.

— Basicamente, para resumir a situação, sim. – Diego afirmou me encarando e pude ver seu olhar preocupado. – Apesar de tudo, Chloé estava certa. Mesmo que eu vire seu guarda-costas, haverão momentos que eu não vou estar por perto para te ajudar. Portanto, se você quer sobreviver nessa universidade nos próximos anos da sua vida vai ter que me ouvir com toda a atenção do mundo sobre as regras da escola e, pelo amor de Deus, por favor, me prometer que não vai se meter mais com a Jacqueline. – ele quase me implorou de joelhos e eu decidi que não acharia aquilo estranho no máximo que conseguisse – e por mais que fosse também.

— Nós prometemos. – Kattie assegurou antes de mim e eu concordei apressadamente, ambas prontas para ouvir.

— Pois bem, prestem atenção. – o garoto disse ajeitando os óculos levemente – ou deveria dizer nervosamente? – sobre o rosto novamente.

***

“Senhorita Marinette Dupain-Cheng na sala do diretor, imediatamente”.

Ok, eu admito: eu odeio do fundo do meu coração aquelas garotinhas mimadas. Vocês acreditariam se eu dissesse que não passou nem quinze minutos que eu havia entrado na sala depois do intervalo quando aquele bendito alto-falante começou a anunciar o meu nome para os quatro cantos daquela universidade? Bom, eu não estou mentindo nem brincando: foram mesmo quinze minutos, contadinhos no relógio. Eu mal tinha entrado direito e já fui empurrada porta a fora, sem falar nos olhares preocupados e típicos de funerais onde as pessoas ficam com pena do defunto.

Eu estava começando a ficar arrependida sobre o que fizera no dia anterior. Será que voar encima daquela idiota da Jacqueline realmente foi muito exagerado? Tipo, eu sei que não foi muito ético nem muito elegante começar no primeiro dia dando unhada naquela vadia com nome de desinfetante né, mas não pensei que isso me levaria a...

Bem, a sala do diretor na minha frente.

Minhas mãos estavam tremendo e eu podia jurar que estava suando, e cara, como eu odeio ficar nervosa. Dei algumas batidas e esperei alguém dizer alguma coisa lá de dentro. Ouvi um simples e grosso “Entre” e engoli em seco, obedecendo sem dizer uma palavra. Pelo que Diego havia me dito um pouco tempo antes do intervalo acabar havia apenas duas situações que você era convocado na sala do diretor da universidade: a primeira era quando alguma briga que envolvesse muitos alunos acontecia e, se por algum motivo nada fosse esclarecido, todos os participantes levavam uma advertência. A segunda era quando algo muito grave mesmo requeria sua expulsão da escola e é claro que eu realmente esperava que o meu caso com a Gagnon fosse a primeira opção, mesmo que eu soubesse que ela não levaria uma advertência.

A sala da diretoria era escura. Dos dois lados da ampla sala haviam prateleiras de livros grossos e com títulos complicados do chão até o teto; o piso de madeira escura dividia espaço com a grande mesa (também de madeira) que comportava um computador de mesa de última geração, uma grande pilha de papéis que julguei serem importantes, um telefone moderno do lado de um microfone que eu deduzi que seria o porta-voz dos altos falantes de toda a escola e uma plaquinha na frente de duas cadeiras confortáveis escrito “Diretor Damocles” no ferro fundido.

— Sente-se senhorita Cheng. – o homem de uns cinquenta anos pediu indicando uma das cadeiras para mim. Eu obedeci tentando decifrar se a expressão em seu rosto era rígida de propósito ou se aquilo era consequência do tempo em que comandava a universidade. Ele suspirou e começou a mexer nos papéis sem olhar para mim. – Eu soube que a senhorita esteve metida em uma briga com uma das alunas do François Dupont ontem durante a festa que a universidade criou em homenagem a vocês, calouros...

— Senhor, foi ela que começou. – o interrompi tentando esclarecer o que acontecera. Com toda a certeza do mundo aquela loira do diabo e aquela megera com nome de desinfetante deveriam ter distorcido os fatos, me incriminando.  – Eu estava defendendo um amigo quando ela...

— Não me interrompa. – o diretor me repreendeu seriamente e eu me calei, abaixando a cabeça. Pelo canto do olho pude vê-lo se levantar da cadeira de couro preto e ficar de costas para mim, olhado pela grande janela de vidro logo atrás. – Não importa quem começou essa grande vergonha, vocês duas apenas fizeram os outros alunos pensarem que não temos correção na universidade. Percebo que ainda não conhece as regras totalmente, senhorita Dupain-Cheng, e isso é totalmente aceitável já que as aulas começaram hoje. Ainda não está acostumada, e isso é totalmente compreensível. – ele se virou novamente para mim e eu tive a chance de observar melhor aquele homem que falhara com respeito.

Ele deveria ser mais alto que eu poucos centímetros. Tinha o cabelo grisalho e uma barba comprida... Bem, ao menos combinava com aquelas sobrancelhas monstruosas que tinha no rosto e os olhos sérios. Tirando o fato que só usava terno marrom – ainda pelo que o Diego havia dito – ele parecia ser aquele típico pai que joga futebol ou fica assistindo filmes de super-heróis estranhos nos fins de semana.

— Porém – começou andando para perto da cadeira que eu estava sentada. – não é por esse motivo que não lhe darei nenhum tipo de punição. Não acho que mereça uma advertência, mas uma lição para não se meter em confusões novamente.

— Se me permite saber, que tipo de lição? – perguntei tentando soar o menos nervosa possível.

Percebi que não iria gostar do rumo daquela conversa quando ele deu um pequeno sorriso e ouvi algumas batidas na porta atrás de mim. O diretor mandou que entrasse e então eu percebi que o universo estava pegando pesado comigo. Era aquele maldito do Agreste!

— Olá, Cheng. – ele disse sorrindo com sarcasmo. Controlei minha vontade de gritar pra ele ir para aquele lugar e me contentei a olhar para o sr. Damocles de novo.

— O senhor só pode estar de brincadeira. – soltei sem querer. – O que é que ele tem a ver com a minha punição? Ele nem participou de nada!

— Tenho certeza que o senhor Agreste irá ajuda-la melhor do que eu na sua inclusão na universidade. – ele respondeu com naturalidade, parecendo estranhar a minha incredulidade. Ah, haja paciência, isso é sério produção? – Vocês dois irão cumprir duas semanas de detenção depois da aula já que o senhor Agreste decidiu fazer a parte da senhorita Gagnon e cumprir a punição dela junto com você. Aliás, começa hoje mesmo. Estão dispensados.

Eu estava boquiaberta. Além de ficar mais tempo na universidade eu ainda teria que aturar aquele traste do meu lado, por DUAS SEMANAS?! Ai que vontade de gritar um palavrão pra esse diretorzinho dos infernos! Mas a vontade não passou. Assim que viramos o corredor eu despejei várias grosserias naquele loiro sexy e estúpido á minha frente.

— Ei, porque tanto estresse? Eu estou livrando você de umas poucas e boas, e você me agradece assim? – ele indagou irritado comigo.

— Ah, me livrando de poucas e boas? – gritei, visivelmente explodindo de raiva. – VOCÊ é o culpado de tudo isso, seu idiota! Céus, isso só pode ser um carma mesmo. Você é um traste, um idiota, um... Um...

 - Escuta aqui Cheng, você acha que eu gosto de ficar na detenção? Acha que eu adoro ficar na mira do diretor? – Adrien me perguntou sério e eu bufei, tentando me controlar. – Pra sua informação eu nunca levei nenhuma bronca do diretor por me meter em qualquer confusão, eu só vou ficar essas duas semanas pra você e a Jacqueline não se matarem quando ninguém estiver olhando. E caso você queira saber, o Damocles ia te expulsar porque a Chloé falou um monte de coisas de você pra ele, eu é que vim conversar com ele um pouco antes dele te chamar e reverti a situação. – ele deu um sorriso desacreditado encarando minha expressão pensativa. – Eu só não sabia que você, uma garota suburbana, além de briguenta também era ingrata.  

— Em nenhum momento eu pedi a sua ajuda Agreste. – cuspi as palavras com grosseria, sem desviar os meus olhos daquele par de esmeraldas me fitando de volta.

Ele ainda ficou me encarando de cima a baixo por alguns minutos, antes de eu grunhir de irritação e voltar pra sala de aula. O que é que aquele idiota estava fazendo? Eu não precisava da pena dele. Eu não precisava da ajuda dele. Eu não precisava dele. Mesmo assim eu seria obrigada a conviver com ele catorze dias da minha vida e futuro caminho dentro da faculdade de Design de Moda, e ok, aquilo já era o suficiente para querer me descabelar bem ali e chorar de raiva.

Bem, o segundo eu já não estava segurando e as grossas lágrimas me impediram – ainda bem – de continuar com aquela conversa indesejada enquanto ia na direção do banheiro retocar minha maquiagem. Céus, porque é que é só comigo que essa perseguição acontece?


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