Steal Your Heart AU escrita por MusaAnônima12345


Capítulo 41
Pressentimento


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Eu gostaria de agradecer os comentários dos últimos capítulos e me desculpar por não responder todos já há algum tempo - as coisas estão bem corridas ultimamente, mas prometo tirar um dia apenas para respondê-los.

Amo vocês ♥

Capítulo postado dia: 10/03/2020, às 18:46



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Narradora

Sábado, 06:21 da manhã – Centro de Paris

Parque da Alegria, avenue Florence, 265. Esse era o endereço que encarara a madrugada inteira na frente de seus olhos e que lhe assombrara quando finalmente cochilou por nada mais que alguns poucos minutos.

Antes que seu despertador soasse Marinette já estava desperta, indo para o apartamento que dividia com as amigas e deixando um pequeno bilhete para os pais na mesinha de centro na sala, explicando que precisava ir até lá pegar algumas roupas. Mais uma mentira necessária para encontrar sua irmã mais velha. No caminho, porém, a mestiça para em uma pequena lojinha onde se vendiam bugigangas de todos os tipos. Agradece mentalmente aos céus por encontrar o que procurava: aqueles celulares descartáveis que qualquer um podia comprar por um preço até que acessível. O ar frio havia lhe obrigado a colocar um casaco de Bridgette, mas ela já começava a se arrepender da escolha quando o sol começava a esquentar a rua do lado de fora da loja. Olhando ao redor após sua compra, a Dupain-Cheng rapidamente digita o primeiro número da sua pequena lista daquele dia.

Ao segundo toque, a ligação é atendida para o alívio da morena. A voz conhecida e sonolenta é mais reconfortante do que ela podia imaginar.

— Oi Ay, sou eu. – diz, torcendo para a melhor amiga reconhecer sua voz e não desligar aquela altura do campeonato. – Mari.

“Marinette? Aconteceu alguma coisa? Você está bem?”

— Eu estou bem Alya, não aconteceu nada. – assegura rapidamente, para não perder tempo e ir direto ao ponto. – Eu preciso que você me ajude em uma coisa. Não tenho tempo pra explicar agora, mas prometo que em breve te digo tudo e que você até vai poder dar uma de jornalista profissional.

“Escuta aqui garota, profissional eu já sou, me respeita.” Ay pontua, fazendo a melhor amiga revirar os olhos com um leve sorriso. “O que você quer?”

— Preciso que você vá para o nosso apartamento as nove horas para pegar uma encomenda minha e leve pra sua casa. – explica, olhando casualmente para os lados. – É um presente da minha avó que é muito importante pra nossa família, e que eu não vou conseguir pegar.

“E onde você vai que não pode pegar essa encomenda senhorita Dupain-Cheng?”

— Eu vou sair. – a garota mente, mordendo o lábio inferior com força. – A Laura me chamou para ir com ela até o Parque da Alegria, aquele velho parque de diversões perto da Catedral de NotreDame.

“Quer dizer agora que você e a Laura viraram melhores amigas e eu não fiquei sabendo disso?”

— Alya, por favor. – Marinette murmura, ouvindo um pequeno suspiro de frustração do outro lado da linha.

“Tá certo. Vê se toma cuidado viu, moça?”

— Pode deixar comigo. – a outra assegura, se despedindo e em seguida desligando o celular.

O mais discreta que consegue, a mesma digita o próximo número da lista mental que havia feito. Após três toques a ligação é aceita.

— Tuggi? – pergunta, incerta. Após escutar um murmúrio de uma segunda voz a mesma estreita as sobrancelhas. – Alô?

“Pode dizer florzinha. O que você precisa?”

— Preciso que vá at... – começa, sendo interrompida por um “shh” dado do outro lado. – Tem alguém aí com você?

“É que... Bem, eu e o Duusuu estávamos trabalhando em um, hã... Em umas imagens que nós conseguimos da, err...”

— Tá, não precisa dizer mais nada, eu já entendi. – diz depressa, sentindo o rosto esquentar levemente de vergonha. – Eu preciso que você vá até a casa da Alya ainda hoje.

“Casa da Alya? Fazer o quê, lá?”

— Só vá até lá. – Marinette insiste, ansiosa ao pensar no que havia planejado. Precisava dar certo. — Vai ter um presente lá pra você.

“Um presente? Mas... Nem é meu aniversário, sua doida! Não precisava!”

— Eu preciso ir, faça o que eu disse. – avisa, desligando o pequeno celular já impaciente.

Uma brisa fria é o suficiente para fazer a mesma se arrepiar e enfiar a mão que estava livre dentro de um dos bolsos do casaco. Por último, faz a ligação que desde o dia anterior sua consciência lhe incomodava a fazer. Após algum tempo na linha de espera um resmungo com sotaque estrangeiro de sono lhe enche os ouvidos.

— É a Mari. – se identifica, atenta a qualquer movimento suspeito. – Eu preciso de você. – afirma, determinada. Agora era 8 ou 80. – Só você pode fazer isso.

***

Sábado, 09:03 da manhã – Apartamento da Miraculous

Félix encarava fixamente as ruas começarem a ficar mais movimentadas na manhã daquele final de semana com os pensamentos bem longe dali. O sol batia em seus olhos e já começava a queimar sua pele, mas o frio do ar condicionado que o rodeava ainda era o suficiente para manter aquela exposição agradável para ele. Sua mente trabalhava repetidamente em tentar descobrir como a Miraculous havia conseguido tirá-lo da cadeia naquela madrugada pela porta da frente, como se não fosse o principal suspeito do incêndio e todo o restante. Provavelmente eles tinham recursos que ele nem fazia ideia ser possível existir.

Annabeth e August o haviam levado para o outro lado de Paris, bem longe do foco de toda a balbúrdia que havia se formado com o nome da sua família. Agora ele estava num confortável apartamento junto com os dois agentes de segurança internacionais, procurando planejar como entrariam no parque de diversões próximo dali, quase no limite da capital da França com outro município do país. Pensar que seu irmão poderia estar em algum lugar daquele velho parque em poder de associados da Rainha do Estilo fazia seu coração bater descompassado. Não deixaria nada acontecer com ele, nem que pra isso arriscasse tudo o que estivesse ao seu alcance. Tal pensamento o leva a pensar mais uma vez na carta que Marinette havia lhe entregado na noite passada. As palavras de Bridgette ecoavam em sua mente de tal maneira que aquele turbilhão de emoções se mostrava cada vez mais assustador e intenso do que tudo que Félix já havia sentido.

“Querido Félix,

Eu gostaria de ser mais direta como Melody sempre me disse para ser com você, porque, segundo ela, as coisas seriam bem mais fáceis. Elas não são. Por muito tempo eu escondi – ou não, já que eu sou um pouco escandalosa às vezes – essa paixão por você dentro de mim, nunca me jogando completamente de cabeça em uma investida que você sempre descartava ou arrumava um jeito de se desviar. Nunca realmente dizendo tudo o que eu queria.

Quando voltamos da casa da praia eu fiquei eufórica por muitos dias, rindo como uma completa idiota até para o vento quando lembrava do que tinha acontecido entre nós. Finalmente eu havia sido correspondida! Era mais que um motivo para comemorar, não? E então... Quando eu menos esperava, nós engatamos no que eu chamei na minha cabeça de namoro. Eu conseguia ver nos seus olhos o reflexo dos meus sentimentos, por mais que você negue até hoje: eu sei que, por trás dessa máscara de gelo, o seu coração também ardia como o meu. Éramos uma dupla. Parceiros. Almas gêmeas. Você entrou comigo em tudo, nunca me abandonou e eu não sei o que teria feito sem você.

Não há um dia em que eu não me culpe por tudo o que aconteceu. Você não merecia passar por nada, absolutamente nada, daquilo. Sua mãe sabia Félix. Ela sabia alguma coisa da Miraculous e da história dos vasos lendários da China, porque quando descobri que aquele maldito objeto havia ido com ela para aquele acidente eu desmoronei. Eu não consegui impedir sua mãe de pegar aquele carro, nem pude evitar sua morte. Eu que deveria ter morrido naquele dia, não ela.

Não importa o que eu diga, não há perdão, eu sei disso. Só... Quero dizer o que já deveria ter dito há muitos anos e que talvez hoje já não faça mais tanta diferença.

Eu te amo. Te amarei para sempre Félix Agreste, por toda a eternidade.

Da garota que almeja um dia ouvir uma resposta desta carta esquecida pelo tempo,

Bridgette Dupain-Cheng.”

O som de passos se aproximando o tirou daquele silêncio mortal em que estava mergulhado, lhe trazendo de volta a realidade quando sua cabeça lateja levemente pela falta de descanso. Ao se virar, dá de cara com a peça do destino: a cópia mais nova perfeita da garota que nunca saíra completamente da sua cabeça. Marinette havia sido louca ao aceitar fazer parte daquilo tudo, mas quem disse que dizer algo a impediria? Nisso o loiro não podia negar: as Dupain-Cheng tinham sérios problemas com a teimosia. Uma diferença quase indiferente para olhos desatentos era mais que notória para ele: os brincos vermelhos com bolinhas pretas nas orelhas. O sinal que agora era um membro da Miraculous também.

— Quanto tempo, não? – ironiza, fazendo a mestiça dar um sorriso de canto.

— Pois é, quantos séculos. – Marinette rebate, fazendo ambos os adultos da sala se entreolharem confusos.

— O que vocês querem dizer com isto? – a mulher de olhos verdes lhes questiona, encarando a troca de olhares entre os dois jovens e recebendo apenas o silêncio como resposta.

— Nada demais. – Félix responde, dando ombros com indiferença e voltando sua atenção ao homem grisalho de olhos azuis como os seus. – Qual o plano August?

O mesmo se encosta na escrivaninha do cômodo que estavam e faz sinal para que os outros se sentassem no sofá de couro marrom próximo da janela. Como apenas Marinette e a mulher o fazem, August se preocupa em devolver o intenso olhar do Agreste, cruzando os braços. A expressão corporal de ambos mostrava que, de certo ponto de vista, compartilhavam da mesma tensão.

— Ontem a noite Marinette recebeu uma ligação dos sequestradores de Adrien e Bridgette. – ele começa, sério. – A pessoa que ligou não se identificou, dando instruções a senhorita Dupain-Cheng – aponta, levemente na direção da mesma e em seguida para o loiro – e a você, para estarem presentes hoje no Parque da Alegria, ao meio-dia e meio. Proporam um encontro, uma troca.

— Deixe-me adivinhar. – o Agreste retruca com sarcasmo. – Os dois pelos vasos. Acertei?

— Exatamente. – Annabeth responde, antes do homem. – Neste momento é a única coisa que eles querem. Não aceitaram negociações quando Marinette os pressionou.

— Esse é o plano, então? – o loiro continua, ácido, gesticulando com as mãos. – Simplesmente ir até lá, cair na armadilha deles, perder os dois de vista e ainda entregar de bandeija essas relíquias nas mãos daqueles bandidos?

— Sim, esse com certeza é o plano Félix. – a mestiça retruca, no mesmo tom que o jovem adulto. Os dois se encaram por um leve instante, até a garota se levantar para tentar ficar na mesma altura que o mesmo. – Quando eles me ligaram, colocaram a Bridg na linha. Ela me disse para não fazer o que eu estou prestes a fazer, mas no momento eu e você sabemos que não há conversa. Eles não vão hesitar em executá-los caso dissermos não e mesmo se você não concordar com isso, eu vou te arrastar até aquele parque nem que seja pela sua orelha.

— Vocês vão até o parque no horário marcado. – August continua explicando o que haviam planejado até então. – Nossos agentes vão estar infiltrados no meio das outras pessoas do parque e assim que eles fizerem contato com vocês nós os localizaremos.

— Os brincos que te damos têm um localizador. – Anna conta, indicando o presente que a mesma havia ganho há poucos minutos. – Estaremos acompanhando você o tempo todo e caso algo incomum aconteça alguém irá até você.

— Mesmo que algo dê errado e seja realmente uma armadilha nós encontraremos vocês. – o homem de olhos claros acrescenta, cruzando os braços. – Não tem erro.

Félix dá um suspiro derrotado e esfrega o rosto, visivelmente cansado. Aquela dor de cabeça tinha tudo para ficar cada vez pior. Enfim, encara todos naquele escritório congelado pelo ar condicionado. A velha adrenalina começava a ganhar vida em suas veias novamente.

— Tá bom. – aceita, surpreendendo os outros três. – Vamos fazer isso.

Após acertarem alguns detalhes remanescentes Annabeth sugere comerem alguma coisa para amenizar aquela tensão antes de entrarem realmente em ação. Assim que Félix ia passar pela porta uma mão o impede de seguir em frente. O loiro encara o homem grisalho sem expressão lhe entregar uma caixinha preta hexagonal, curioso.

— Acho que vai precisar usar isso uma última vez. – comenta, lhe dando um tapinha leve no ombro e seguindo a mulher de olhos verdes até a cozinha do apartamento.

Estreitando os olhos, o Agreste abre a pequena caixinha apenas para sentir o coração disparar mais uma vez. Uma certa nostalgia o invade quando toma o pequeno objeto em mãos, com um significado totalmente diferente do passado.

Um anel de metal com uma patinha branca.

***

Sábado, 10:53 da manhã – Lugar Desconhecido

— Desse jeito você vai abrir um sulco no chão Adrien. – Bridgette comenta, com a voz cansada e o rosto apoiado em uma das mãos enquanto encarava fixamente a paisagem do lado de fora através da minúscula janela com grades.

— Ao menos eu estou tentando pensar em uma maneira de fugir daqui. – o loiro retruca, dando um suspiro e voltando a andar em círculos.

Já haviam se passado quatro dias que ele e a irmã mais velha da Dupain-Cheng estavam presos no que parecia ser uma verdadeira prisão de pedra de séculos atrás, talvez pertencente a alguma ruína de algum castelo ou algo do gênero. As grossas paredes eram feitas de pedras enormes e impenetráveis por qualquer tipo de força que um humano pudesse fazer; a porta, de ferro já um pouco corroído e enferrujado pelo tempo; as únicas janelas, por onde o ar circulava, pequenas o suficiente para apenas um braço ficar do lado de fora. O único som que se escutava era o barulho das ondas se quebrando no fundo, sendo interrompido apenas quando um dos dois dizia alguma coisa ou os sequestradores lhes traziam alguma coisa para comer. Não faziam ideia de quanto tempo já haviam passado ali dentro e muito menos onde estavam, porém, uma coisa ambos tinham em comum: fugir dali o mais rápido que conseguissem.

As noites em claro e o desespero de jamais acordarem daquele pesadelo haviam lhes rendido boas olheiras e o cansaço se tornara parte dos dois. Ainda usavam a roupa do baile de outono e o loiro havia cedido seu blazer preto para uma Bridgette quase congelada na última noite.

— Tem que haver um jeito, não é possível. – o loiro de olhos verdes murmura pela milésima vez para si mesmo, já ficando desesperançoso. Suspira, se sentando no banco de metal frio e colocando a cabeça entre as mãos. – Por favor, me diga que tem um jeito.

— Eu gostaria de acreditar nisso. – Bridgette responde, distante dali. Respira fundo, piscando algumas vezes para desviar olhar das ondas quebrando nas rochas da costa da praia e se voltando para o garoto desanimado poucos metros de si. – Me desculpe Adrien. Não gostaria que você estivesse metido nisto.

— O que está dizendo? – ele rebate, sem se mover. – Até parece que você tem culpa de tudo o que está acontecendo.

— De certa forma sim. – a morena confessa, sentindo o coração disparar ao sentir o peso da confusão do Agreste. – Chega de segredos. Já passou da hora de você saber de tudo.

Sobre o olhar atento e desentendido de Adrien, a mestiça começa a contar tudo. Em nenhum momento ele a interrompe, deixando que a irmã de Marinette pudesse dizer tudo o que sentia, guardava e se culpava, finalmente jogar tudo para fora, colocando os mínimos detalhes em panos limpos. Ela não conseguia olhar nos seus olhos e quando finalmente o fez quando acabou de contar seu passado, o Agreste não estava lhe fitando. Passam-se longos minutos em completo silêncio que mais pareciam uma eternidade para a jovem, até que tal é quebrado por um soluço. Não deixa de arregalar seus olhos azuis quando percebe o que está acontecendo e com um pulo se aproxima do mesmo, se ajoelhando na sua frente com a preocupação fazendo sua pele formigar.

— Por favor, eu... – ela começa, se arrependendo de ter ferido mais alguém próximo e sentindo o peso em suas costas aumentar. – Adrien, eu sinto muito, muito mesmo... Eu...

O som de risadas irrompendo subitamente no ar a pegou tão desprevenida que não evitou se afastar alguns centímetros, assustada. Ela o observa levantar a cabeça, chorando de rir, completamente confusa. Recuperando o fôlego, o garoto finalmente a encara de volta, passando levemente as costas da mão nos olhos.

— Qual é a graça? – Bridgette lhe questiona, arqueando as sobrancelhas.

— A graça é que esse tempo todo nós vivemos uma grande mentira. – ele responde entre risos. – Esse tempo todo vocês dois ficaram afastados um do outro, ambos se culpando por um mal-entendido que uma conversa poderia ter resolvido. Vocês se amam e perderam um tempão apenas por algo que deviam ter resolvido juntos, passado por cima de tudo isso juntos. – explica, gesticulando desacreditado. – Céus, isso tudo foi ridículo.

A Dupain-Cheng abaixa a cabeça, envergonhada e decepcionada demais para dizer ou fazer qualquer coisa. Um pequeno aperto em seu ombro lhe faz erguer o rosto, segurando as lágrimas que ameaçavam cair mais uma vez. O sorriso que veio a seguir foi a coisa mais reconfortante que poderia querer naquele momento e as lágrimas escorreram livremente pelo seu rosto.

— Mas você não foi a única que foi ridícula por tanto tempo. – Adrien continua, se entristecendo também. – Eu perdi o meu melhor amigo por uma ideia estúpida de que a mãe dele não quis salvar a minha, apenas por uma discussão que tivemos antes. Eu fui o pior cara do mundo falando um mar de idiotices apenas por uma picuinha, como diria Alya. – ambos compartilham uma gargalhada fraca enquanto o mesmo secava as lágrimas da sua futura cunhada. – Há vários culpados nesta história, mas ainda podemos reverter alguns erros que cometemos lá. A culpa não foi sua Bridgette, não continue carregando essa sombra.

— Essa, definitivamente, foi a coisa mais legal que já ouvi de um Agreste. – a morena brinca, fazendo o outro sorrir levemente. Com o rosto ainda úmido, ela balança a cabeça. – Podia ter guardado pra quando sairmos daqui.

— Não se preocupe, assim que cairmos fora daqui eu penso em outra coisa. – assegura, se levantando e estendendo a mão para a Dupain-Cheng. – Este jovem cavalheiro precisa da ajuda da nobre dama aqui presente. Me daria a honra de me ajudar a pensar em algo que ainda não pensamos pra fugir daqui?

— Mas é claro, meu bom senhor. – responde, agarrando sua mão e se levantando rapidamente.

Passaram os olhos por todo o perímetro da prisão em que estavam em busca de algum detalhe que não haviam visto antes, no desespero. Olharam atentamente todos os tijolos de pedras, analisando todos estarem juntos e bem presos uns nos outros, sem nenhum espaço entre um e outro... A não ser um. Bridgette rapidamente se aproximou de uma pequena fresta abaixo da janela em que estava analizando a paisagem e colocou sua mão na frente, sorrindo vitoriosa quando sentiu uma pequena brisa soprar entre seus dedos. Havia sim uma saída dali. Bateu levemente nas pedras ao seu redor e sorrindo quando ouviu um som oco em uma delas. Bingo. Tirou o salto alto que estava usando no baile de outono e começou a bater com força no local, onde em pouco minutos a mesma se soltou. Antes que pudesse comemorar o achado com o loiro ambos ouviram um barulho vindo da velha porta de ferro enferrujada. Rapidamente colocaram a pedra no lugar e se afastaram do lugar no exato instante que a porta de abriu.

A figura que entra arrepia ambos. Era aparentemente um garoto com uma idade entre a de Bridgette e de Adrien, vestido formalmente com roupas sociais completamente pretas. Em seu rosto havia uma máscara – a mesma máscara dos últimos cantores do baile de outono e que o Agreste havia visto no furgão preto que os sequestrara – que escondia apenas uma parte do cabelo castanho claro bem penteado para trás e deixava os olhos amêndoas intensos expostos para encará-los. Atrás do mesmo, dois “seguranças” estavam a postos segurando armas pesadas em mãos caso qualquer um dos dois tentasse alguma coisa.

— Quem é você? – Adrien questiona, instintivamente colocando-se na frente da irmã mais velha de Marinette. O estranho dá uma risada contida.

— Sou apenas o encarregado de garantir que vocês continuem vivos. – responde, o tom debochado carregado de ameaças. Ele inclina a cabeça, parecendo interessado no loiro a sua frente. – Então você é o namorado daquela tal de Marinette. – comenta, fazendo o sangue do mesmo esquentar. O tom do estranho variava de deboche para a malícia muito rápido e o loiro não estava gostando nem um pouco daquilo. – É realmente uma obra de arte, não posso negar. Não devia deixá-la sozinha por aí.

— Se encostar um dedo nela eu mato você. – o Agreste avisa ameaçadoramente, fazendo o outro rir e Bridgette apertar seu ombro com força.

— Ah, mesmo? – o mascarado provoca, começando a andar de um lado para o outro com as mãos para trás. O contato visual entre os três não se quebra, fazendo um clima pesado para dentro daquela cela. – Ela deve estar muito desesperada para encontrar você e a irmãzinha querida para fazer o que está prestes a fazer.

— Do que você está falando? – foi a vez de Bridg indagar, apertando mais o ombro do loiro a sua frente.

— Ora, vocês vão descobrir. – responde e os dois sentem o sorriso na fala do estranho. – Ainda hoje Marinette e Félix cairão numa enrascada armada pelo chefe da Surveillance, e não demorará muito para que todos vocês estejem reunidos novamente para uma última despedida.

— Última despedida? – Adrien repete, estreitando os olhos confuso e fazendo o outro rir mais uma vez.

— O momento de vocês descobrirem o porquê de tudo isto – o mascarado conta, gesticulando para a cela – está próximo. Não garanto que suas almas gêmeas voltarão inteiros dessa armadilha, mas digo que muito em breve vocês se encontrarão e nesse dia, o chefe da Surveillance enfim poderá se livrar dos Agreste e dos Dupain-Cheng para sempre.

Uma risada horripilante fez ambos os garotos se arrepiarem por completo, assustados com aquelas palavras. Os deixando para trás, o estranho faz um último comentário que os deixaria ainda mais preocupados com tudo o que poderia vir a seguir.

— Vou me certificar para que a morte de todos vocês sejam o mais breve possível quando chegar a hora.

***

Sábado, 11:29 da manhã – Hotel Le Grand Paris

— Você não precisa fazer isso Chloé. – Diego repetira pela terceira vez naquela manhã para a filha do prefeito e maior hotelarista da França.

Ambos haviam sido acordados pelo celular da loira tocando na cabeceira da cama, algumas horas atrás. Quando a garota percebeu que o estranho do outro lado da ligação havia mencionado o dossiê que a mesma havia feito escondido ela não hesitou em colocar no viva-voz para que o mexicano pudesse ser a testemunha que precisava depois que desligasse. Os dois se encaravam com tensão enquanto Chloé anotava o endereço que deveria ir sozinha naquela tarde para conseguir as informações sobre Stella. Depois de longas conversas sobre tudo que Diego sabia sobre a organização criminosa que ameaçara a Novaes, sobre a discussão que ele havia tido com os amigos e os motivos de ter topado entrar naquela barganha com a loira, restava saber o que iriam fazer. Ou melhor, decidirem qual dos dois que estava certo sobre como prosseguirem. Agora, já devidamente vestida e terminando de tomar café da manhã com o Broussard em seu quarto, discutiam sobre o que deveriam fazer com aquele endereço em cima da mesinha de centro.

— Chloé, isso tem que ser informado à polícia. – ele continua, procurando encontrar argumentos o suficiente para vencer a tamanha teimosia que a garota insistia em ter. – Pense comigo, isso pode ter algo a ver com a tal de Surveillance. Afinal, se eles estavam vigiando a Laura e fizeram aquela proposta absurda a ela também podem ter planejado algo contra você.

— Eu preciso levar aquelas informações para a polícia federal exatamente acabar com as ameaças da Surveillance. – a mesma se justifica, indo até o banheiro para arrumar o cabelo e sendo acompanhada pelo mexicano. – Além disso, foi por isso que fingimos esse namoro. Você iria usar essas informações para salvar a sua amiga brasileira, ou já se esqueceu?

— Se você for, então eu também vou. – ele avisa, seriamente. A garota cospe uma risada.

— Não mesmo. – diz, o encarando pelo canto dos olhos enquanto amarrava o cabelo em um rabo de cavalo alto. – Aquele cara que me ligou foi bem claro em dizer para que eu fosse sozinha. É a minha mãe, e eu quero saber a verdade.

Porque diabos todas essas garotas abraçam essa loucura de enfrentar um inimigo mais poderoso do que elas e não escutam a voz da razão, ao menos uma vez?, o mexicano pensa revirando os olhos.

— Eu não quero que você se exponha a esse perigo também. – o moreno de óculos revela, fazendo a filha do prefeito parar o que estava fazendo e encará-lo com mais atenção. Fitou seus olhos em silêncio e então o abraçou.

— Vai ficar tudo bem Dieguito. – assegura, tentando parecer o mais confiante possível. Dá um pequeno beijo em seu pescoço e se afasta para observá-lo uma última vez. – Prometo que se vir algo suspeito ligo pra você e aí, só aí, você chama a polícia. Palavra de escoteira. – acrescenta, mostrando os dois dedos de juramento para o mesmo. Ele suspira e imita o gesto.

— Está certo. – responde, derrotado e dando um sorriso sem mostrar os dentes. – Tome cuidado Bourgeios.

Ela revira os olhos e dá um sorriso de canto, permitindo que o mesmo lhe dê um beijo leve na testa e em seguida partindo para o seu destino: o Parque da Alegria. Um pressentimento ruim passa pela mente do mexicano e ele se mantêm inquieto ainda dentro do hotel Le Grand Paris, tentando convencer a si mesmo a sair e ir para casa aproveitar – se possível – aquele sábado. Enquanto arrumava suas coisas para sair nem se deu conta de quanto tempo havia ficado no quarto da loira, apenas saindo de seus devaneios quando ouviu batidas na porta e se viu obrigado a atendê-la. Era o mordomo da Bourgeios segurando uma bandeija de comida com um grande envelope marrom dentro.

— A senhorita Bourgeios deixou sob sua responsabilidade qualquer coisa que estivesse no nome dela enquanto estivesse fora. – explica, empurrando o que parecia ser um documento para o mesmo.

— Hã... Tá, obrigado. – Diego agradece, sem jeito, pegando o envelope e entrando novamente no luxuoso quarto de Chloé.

O que será que Chloé confiaria em deixar nas minhas mãos?

Com a curiosidade falando mais alto o mesmo abre o envelope lacrado e tira o seu conteúdo de lá com uma das mãos, se sentando na poltrona que estava tomando vinho com a garota na noite passada. Quando lê algumas linhas não evita de arregalar os olhos e dar um salto do sofá, correndo o mais rápido que conseguia para fora do hotel com o que estava em suas mãos.

Aquele era o dossiê que Chloé havia mandado fazer.


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Notas finais do capítulo

Perdoem qualquer erro ortográfico - sempre esqueço algum.



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