He's a god and my best friend escrita por sawada san


Capítulo 7
VII - Eu estava quase morrendo e ele entediado


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas, quanto tempo, né. Foi mal, claro que, como um bom ser humano eu tenho mil motivos/desculpas que explicariam porque demorei, mas aposto que não importam, né.

Então, aqui está mais um capítulo. A partir de agora a trama da história vai começar a tomar forma (at least that's the plan).

E é isso. Boa leitura!



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O que torna um dia de excursão tão amado pelos alunos? Perder aula. Não importa qual seja o lugar, "perder aula" é o suficiente para deixar todos animados. Agora, um bando de adolescentes animados confinados dentro de um ônibus durante uma hora e meia não é algo muito agradável. Por isso, nunca me senti mais feliz do que o momento em que chegamos na sede da ONU. Sair do automóvel, respirar ar puro, deixar meus ouvidos descansarem após escutar diversas músicas desafinadas. Um alívio.

"Eu hein, que alma de velha que você tem. " Revirei os olhos para o comentário da Belle. Não era minha culpa ter nascido gostando de paz e sossego.

"Aposto que a Anna vai ser uma daquelas velhas chatas, reclamona, que não devolve as bolas que foram chutadas pro quintal. " Dan surgiu na conversa, opinando onde não havia sido chamado.

"Vocês armaram um complô contra mim hoje? É isso?" Reclamei com meus amigos. Minha cabeça ainda doía pelo barulho do ônibus. Eu só queria um dia calmo, escutando a explicação monótona da nossa guia pela ONU.

Ambos riram da minha queixa e se calaram por alguns minutos, enquanto passávamos pela segurança. Pediram para tirarmos os sapatos, o casaco, passamos por um detector de metais, revistaram nossas bolsas e fim. Algo normal se levarmos em conta que estamos no prédio da ONU.

"Não precisamos armar nada, sabemos todos os seus pontos fracos. " Dan voltou ao tópico, abrindo um sorriso brincalhão.

"Podemos falar sobre como piano é um instrumento muito fácil, qualquer um consegue tocar."

Senti meu olho esquerdo tremer ligeiramente com o que Belle falara sobre o piano. Qualquer um consegue sentar e tocar, mas sem técnica, não adianta nada. É igual cozinhar, qualquer um pode se aventurar na cozinha, o difícil é deixar comestível.

"Ou, podemos lembrar o fato de que você é a queridinha do Harris. "

Lancei um olhar emburrado para Dan. Nos últimos dias meus amigos apareceram com essa ideia de que sou a preferida do nosso professor de governo. Sem nenhum motivo aparente.

"Não sou! " Neguei, pela centésima vez da semana.

Ambos soltaram um riso baixo. Apenas ignorei e me aproximei do Mr. Harris, prestando atenção nas orientações que ele falava. A moça que seria nossa guia se apresentou e logo começou a andar, contando como a Organização das Nações Unidas foi formada, o motivo e objetivo. Me distrai de sua explicação quando percebi que Belle e Dan estavam ao meu lado novamente. Com os mesmos sorrisos de antes.

"E terceiro, você não vai no piano apenas para treinar." Encarei meus amigos, curiosa. Percebendo meu desentendimento, Belle continuou, "sabemos que tem um cara que passa as tardes lá também. "

Meus pés travaram quando ouvi o que ela dissera. Por ter sido uma parada brusca, a pessoa que andava atrás esbarrou em mim, me fazendo perder o equilíbrio e cair. Ainda em choque, permaneci no chão, pouco me importando com alguns alunos que riam da situação.

Belle me encarava preocupada e Dan morria de rir. Ele me ajudou a levantar. E logo ambos me fitavam com expectativa no olhar, esperando uma resposta. Olhei ao redor. Procurando algo para desviar do assunto. Falar sobre o Loki parecia loucura. Se não fosse pela Rebecca, eu teria certeza que ele era apenas fruto da minha imaginação.

A frente do grupo, Mr. Harris escutava atentamente as informações que a guia contava. Alguns alunos copiavam o professor, porem a maioria apenas observavam desinteressados a arquitetura do prédio. Perto de onde estávamos, a professora de história fuzilava com o olhar meu amigo magrelo. Dan não era muito querido pelos professores, a razão? Ele não sabia a hora de ficar em silêncio.

Uma mão apareceu em meu campo de visão e estralou os dedos, me assustando. Meus olhos passaram da mão para o braço, para o pescoço e então para uma Belle que me encarava impaciente e curiosa.

"Tá bom. Mas não é o que vocês estão pensando," alertei meus amigos, "é o namorado da Rebecca. "

Eles trocaram olhares pensativos, me fitaram com olhos julgadores, mas não soltaram nenhum comentário. A professora de história ainda estava nos observando. Seguimos nosso grupo pelo passeio que pouco nos interessava e, quando a Mrs. Fitting desviou sua atenção para os meninos do time de basquete, Dan finalmente soltou um comentário:

"Fura olho. "

Revirei os olhos com o que meu amigo dissera. Nós não estávamos juntos, até apostava que ele nem sabia como eu me chamava.

"E o nome dele é?"

Olhei para Belle hesitante. Ela estampava um sorriso bobo no rosto, como se eu fosse um bebê prestes a dizer minhas primeiras palavras.

"Loki."

"E o nome verdadeiro dele é?" Belle continuava com a mesma expressão, que estava começando a me deixar desconfortável.

"Loki?" Respondi com um certo ar de dúvida, sem entender o motivo pelo qual ela refazia a pergunta.

"Qual é, Anna, ninguém tem esse nome. " Dan insistiu no assunto. Apenas dei de ombros, não ia discutir o nome do cara.

Passei a prestar atenção no interior do prédio. Os corredores dispunham de várias obras de artes e fotos de diversos projetos mantidos pela instituição: combate à fome, falta de água; desarmamento de minas terrestres. Uma das seções que visitamos continha destroços da explosão de Hiroshima e Nagasaki. Dava para sentir a mudança da atmosfera na sala, como se estivesse mais pesada, em luto. Até mesmo Dan guardou seus comentários para si.

Como todo lugar que recebe turistas, nossa visita teve fim em uma loja de souvenires. Ficamos alguns minutos na lojinha e então voltamos para o ônibus. A ida até o Museu de História Natural foi silenciosa. Os professores estavam ligeiramente irritados com os alunos, não havíamos nos comportado devidamente na sede da ONU, de acordo com eles.

Na entrada do museu, Mrs. Fitting passou as instruções. Poderíamos perambular livremente pelo museu, contanto que estivéssemos em grupos de três ou mais. Aparentemente, se eles vissem alguma dupla assumiriam serem um casal. E a escola não queria adolescentes tendo a liberdade de fazerem o que quiserem.

Teríamos três horas para explorar o museu, então voltar para esse mesmo lugar.

"Se tivermos algum interessado, a exposição sobre os Vikings está estreitando hoje." A professora de história anunciou animadamente.

Antes que eu pudesse formar alguma ideia, me vi sendo arrastada por um dos imensos corredores do museu. De um lado, diversos animais empalhados me encaravam, do outro, uma Rebecca sofria do mesmo tratamento que minha pessoa. Na verdade, eu nem sabia que ela estava na excursão.

Subimos um lance de escada. A decoração mudou de animais norte americanos para máscaras africanas e guerreiros negros seminus. Pararam de nos arrastar quando entramos num cômodo com pouca luminosidade e atmosfera fria. A primeira coisa a ser notada na sala era um grande barco em exposição no centro dela. Um barco Viking, não era necessário ser um especialista para saber. Em volta dele havia algumas plaquinhas com informações sobre ele.

Obviamente, nenhum de nós se interessou em ler.

Eu não queria estar ali. Rebecca não queria estar ali. E Dan corria pela sala como se fosse uma criança.

"Achei!" Ele gritou excitado, apontando para o canto esquerdo do qual entramos. Havia uma pedra gigante ali, com o desenho bizarro de uma guerreira e várias runas ao redor. No entanto, o menino estava agachado a frente de algumas estatuetas, menosprezando completamente a pedra. A parede desse canto tinha a palavra Divindades escrita, e um texto informativo abaixo.

Nos aproximamos do nosso amigo, que estava quase passando sobre a corda de proteção. Olhei ao redor, esperando algum segurança ralhar com ele. Estranhamente, não parecia haver um guarda ali.

"Rebecca! Anna! Apresento-lhes: Loki! Deus da trapaça e travessura." Daniel exclamou, apontando para uma miniestátua e fazendo sons de trombeta com a boca.

Encarei meu amigo magrela. Ele não havia nos arrastados para aquele lugar apenas para fazer uma piada. Belle estava ao seu lado, incerta se ria com a cena que ele fazia ou se fingia não conhecer o garoto. Ao meu lado, Rebecca me fitava com um olhar sério. Ela não queria a presença do Loki sendo espalhada entre os adolescentes. Antes de me questionar o motivo pelo qual eles estavam comentando aquele nome, algo distraiu a monitora. Seu olhar era de admiração, fixado num ponto além do barco, do outro lado da sala.

"Que machado bonito," ela comentou.

Curiosos, seguimos a monitora que se encaminhava para uma caixa de vidro enorme, que guardava a arma viking. Era notável as diversas runas espalhadas pelo cabo e a lâmina. Estávamos hipnotizados pelo objeto.

"O que será que está escrito?" Dan quebrou o silêncio em que estávamos com essa pergunta.

Uma voz familiar respondeu:

" “E aquele que for digno empunhará o martelo de Skadi.” "

Meus amigos se assustaram. Um a um, fomos nos virando. Ao avistar a expressão aborrecida de Rebecca, tive certeza a quem pertencia a voz. Às nossas costas e com as mãos cruzadas atrás de si, Loki mantinha seus olhos fixos no martelo.

Ele parecia apreensivo, o que não era característico de sua pessoa. Durante nossas tardes no piano e as poucas interações que tivemos, ele se mostrou alguém que preza pelo controle próprio, da situação e dos outros. E, naquele momento, ele parecia querer retomar o controle.

"Saiam daqui." Loki ordenou. Pronunciando as sílabas lentamente.

Daniel pareceu sair do transe em que se encontrava, virando-se de frente para Loki e inclinando minimamente a cabeça para cima para poder encara-lo. O moço nem se deu ao trabalho de fitar meu amigo, agindo como se ele não existisse. Loki continuava centrado no martelo.

"Primeiro, quem é você? E segundo... "

A pergunta do meu amigo morreu quando Loki alternou sua atenção da arma viking para Dan. O olhar frio desarmou o menino de sua atitude petulante, fazendo recuar um passo, com um riso fraco e mãos ao ar, em forma de rendição. Eu não o culpava, Loki possuía uma aura que parecia dizer "obedeça ou morra". O moço passou seus olhos por mim, Belle e então parou em Rebecca.

"Olhe ao seu redor, " ele sussurrou para a monitora, "faça um favor aos seus amigos e tire-os daqui, agora."

Acompanhei Rebecca enquanto ela inspecionava a sala com os olhos. Estávamos no segundo andar, entre as exposições sobre Povos Africanos, Povos Asiáticos e Mexico e América Central, numa sala retangular sem janelas. Observando a exposição havia um casal, uma dupla de homens solitários, duas pessoas aleatórias sentadas num dos bancos e outro trio da nossa escola. A sala estava dividida em uma seção diferente por canto: Divindades, que foi por onde começamos e agora outro trio de garotos da nossa escola estava ali. Seguindo reto teria uma saída e então a seção de Crença e Religião, dobrando a esquerda daria para o canto em que estávamos, Vikings como Guerreiros, seção que exibia as diferentes armas que eles utilizavam: espadas, machados, lanças e escudos; junto de alguns bonecos de cera Vikings - vestidos de cota de malha e capacete (sem chifres). Cada item era acompanhado de uma plaquinha com informações. Então mudava para a próxima seção, o Cotidiano Viking, expondo as vestes que usavam e adornos como anéis, colares, também utensílios que usavam no dia a dia.

Ao meu ver, nada parecia anormal com o ambiente. Entretanto, pela cor pálida que o rosto de Rebecca adotou e os olhos assustados, algo estava muito errado ali. Belle também notou a súbita mudança, o que a fez agarrar Dan e eu pelo braço e nos puxar em direção a uma das saídas. Me desvencilhei dela, e andei apressada até o outro trio de estudantes, que estavam na outra metade da sala. No caminho havia um casal observando um navio viking e um homem lendo sobre seus rituais. Um leve tremor percorreu meu corpo ao passar por eles.

Apressei o passo.

"Gente, a monitora disse que pediram pra nos encontrarmos na entrada do museu." Menti para o grupo, por uma boa causa.

Dois dos garotos me olharam confusos, faltavam duas horas até o horário marcado. O terceiro garoto apenas sorriu e me cumprimentou. Era o menino inglês da aula de literatura.

Encaminhei os meninos para a saída mais próxima, a exposição dos Povos Africanos.

Seriam três passos e estaríamos fora, porém, surgiu uma moça em nossa frente. Ela tinha cabelos curtos, tingido de uma imitação de ruivo avermelhado. As sardinhas em suas bochechas a davam um ar infantil, mas o decote generoso em sua camisa preta provava o contrário. Ela nos analisou de cima a baixo, parando seu olhar no britânico ao meu lado.

Ao se aproximar, ela agarrou o garoto pelo colarinho da camiseta, empurrando-o na direção contraria que íamos, quebrando as estatuetas dos deuses e prensando-o na parede. Os olhos claros dele expressavam medo e começavam a marejar. Um dos meninos xingou a moça, indo até ela e puxando um de seus pulsos.

Grande erro.

Ela girou seu braço, agarrando o menino pelo antebraço e torcendo-o para baixo. Ele caiu de joelhos choramingando e segurando o braço que agora se encontrava num ângulo estranho. O outro garoto avançou em sua direção, mas ela simplesmente deu um tapa em sua garganta, que o fez recuar até cair sentado. Ele estava com ambas as mãos em seu pescoço, puxando o ar com dificuldade.

Meu corpo havia paralisado de medo. Eu queria ajudar meu colega, mas já havia percebido que seria uma tentativa inútil. Ao mesmo tempo, queria sair correndo, porém sabia que o sentimento de culpa me consumiria mais tarde. Continuei estática no lugar. E percebi que ninguém havia saído gritando. As pessoas que antes observavam os objetos em exposição, agora estavam de armas em mão. Cada saída estava impedida por um homem armado. Um casal cercava Rebecca, que estava sozinha. Observei a sala mais uma vez, a procura do Loki, mas ele havia sumido.

"Querido, sua aparência quase me preocupou, quase." A ruiva falou pela primeira vez, expondo seu forte sotaque alemão. Levou sua mão livre para o rosto do britânico, secando algumas lágrimas que escorriam. "Mas isso, não condiz com quem eu achei que você fosse. "

A moça soltou o menino, que se deixou escorregar pela parede até o chão. Seu pescoço possuía marcas avermelhadas de dedos.

A ruiva andava calmamente na direção em que a monitora estava.

"Mate-os."

Ao ouvir a ordem, o homem que guardava a saída e outro que surgiu sabe-se lá de onde, viraram em nossa direção, com armas em riste. Dei um passo para trás, assustada com a súbita atenção. Um dos homens esboçou um sorriso de canto, aparentemente achando graça da cena que via. Dois garotos ao chão, agonizando de dor; outro que chorava silenciosamente e uma menina a beira do desespero. No caso, eu.

As armas foram miradas novamente e um clique foi ouvido. Fechei meus olhos e esperei. Ouvia um gemido de dor, uma respiração falhada, um quase inaudível choro, passos ecoando pelo salão. Porém, não ouvi o que imaginava ser o som de um disparo. O silencio durou um segundo, sendo interrompido por algo grande chocando-se contra o chão, seguido pelo tilintar de algo menor. Outro silencio se instalou novamente, os meninos não produziam som algum e os passos haviam cessado. Abri os olhos para me deparar com mais dois corpos ao chão. Os soldados. Os outros soldados estavam alarmados, sem saber no que focalizar e para onde mirar. Não havia um alvo. A expressão antes calma no rosto da ruiva alterou-se para fúria. Seus olhos caíram sobre mim. Com apenas um sinal de cabeça, um dos homens surgiu atrás de mim, segurando meu braço contra minhas costas, forçando-o de uma maneira que quanto mais me mexia, mais doía. Então algo sólido foi encostado em minha cintura. Não precisava olhar para saber que era o cano de sua arma.

O que mais me aterrorizava sobre a situação não era a arma, e sim saber que com um pequeno movimento o homem poderia ferir meu braço. A ideia de ficar impossibilitada para tocar piano me aterrorizava.

"Vamos lá, não foram as crianças, você sabe disso." Uma voz se fez ouvir-se pelo salão, uma voz que eu estava aprendendo a identificar.

A moça vasculhou o salão com o olhar, a procura do dono da voz. Não o encontrou, porque não tinha ninguém novo lá. O que era estranho, mas sendo o Loki, eu não duvidava de nada. Procurei por Rebecca, que continuava no mesmo lugar, perto do machado que ela achara bonito e cercada por um casal armado. A monitora me encarou de volta e sorriu. Se o objetivo era me tranquilizar, ela falhara miseravelmente.

“Dizem por aí que o Pai de Todos tem um agente em campo. Um mago, um guerreiro ou um prisioneiro. ” A ruiva deu de ombros, como se não importasse. “Alguns até juram que seria o príncipe, se ele ainda possuir tal título. ”

Ela estava falando com o nada, mas ao terminar a frase, foi um piscar de olhos e o Loki estava ali. Ele estava com as mãos cruzadas nas costas, encarando-a de cima.

Com a repentina presença, o homem que me prendia aumentou sua força no aperto em meu braço. Ao mesmo tempo em que sentia meus olhos lacrimejarem, deixei escapar um gemido de dor. Isso chamou a atenção do Loki. Primeiro ele fitou o homem atrás de mim, o que resultou em outro aperto mais forte, então desceu seu olhar para a arma contra minha cintura e por fim me encarou nos olhos. Ele parecia entediado.

Eu estava quase morrendo e ele entediado.

Sua mão se levantou rapidamente em minha direção. Eu não havia entendido o gesto até sentir a força do soldado diminuir em mim, e seu corpo cair para trás. No pescoço do homem havia uma mini faca e, em volta, uma poça de sangue que gradualmente aumentava. Voltei meu olhar para Loki, assustada.

"Então ela é seu novo brinquedo? Ou eles todos, não sei. O senso comum me diria para apostar só na menina, mas ouvi falar que você é aberto a todas as possibilidades. Até cavalos, se me lembro bem." A ruiva comentou num tom de deboche.

A piada não agradou muito ao Loki, pelo riso falso que ele soltou e as adagas que desceram magicamente da sua manga.

"Eu estava disposto a te deixar fazer o que quisesse, mas a piada me fez mudar de opinião."

Porém, a moça alemã já havia previsto isso. Dois soldados avançaram sobre ele, enquanto ela escapava para onde Rebecca estava. Para o infortúnio dos homens, as balas que haviam sido disparadas não fizeram efeito algum, deixando-os a mercê de adagas dançarinas. Porque a maneira como o Loki manuseava as armas era diferente de qualquer filme que eu já havia visto, parecia que ele dançava com elas! Seria até bonito se não fosse violento.

Do outro lado da exposição, Rebecca havia cuidado do casal que antes a ameaçavam. A mulher estava inconsciente no chão e o cara tinha ambas as mãos pressionando o próprio rosto, como se estivesse em dor. A monitora chacoalhava um vidrinho spray em uma das mãos e na outra segurava um taser. O mesmo que havia usado no Loki, e não funcionara. Ela estampava um sorriso no rosto, que foi morrendo ao perceber a ruiva se aproximando.

Sem esforço, a moça alemã jogou Rebecca para fora do seu caminho. A monitora se chocou contra o barco no centro da sala, quebrando uma das partes.

Para a decepção da moça, ao alcançar o machado e pega-lo suas mãos passaram através dele. Ela tentou mais uma vez. Entretanto, aquilo era apenas uma imagem falsa.

"Você realmente achou que seria tão fácil?" Loki perguntou em meio a um riso.

Scheißkerl.” A ruiva praticamente rosnou, em alemão, provavelmente.

A moça vasculhou a sala com o olhar, ao mirar a pedra ela abriu um sorriso. Começando a andar na direção do objeto.

Felizmente, Loki estava em seu caminho.

Infelizmente, os garotos e eu estávamos a um metro do seu novo objetivo.

Felizmente, Rebecca apareceu ao meu lado.

Nós duas e o menino inglês começamos a arrastar os garotos que estavam no chão para fora. Porém, parecia que o universo estava conspirando para que ficássemos ali, correndo risco de vida. Haviam três saídas na sala em que estávamos, de cada saída homens de preto começaram a surgir. A movimentação chamou a atenção de todos.

“Vocês estão atrasados. Já perderam toda a diversão, alguns minutos antes e talvez dois adolescentes não estariam inconscientes.” Loki os repreendeu com um sorriso nos lábios. Uma de suas adagas estava apontada para a ruiva. Que ele logo voltou a encarar. “E você, nem mais um passo. ”

Como se já estivesse combinado, os homens de preto e a ruiva apontaram suas armas em direção ao Loki. Ato que apenas fez seu sorriso aumentar.

“Todos sabemos que isso não funciona comigo, então porque não...” Seu discurso foi interrompido por um laser azul saído da arma da ruiva, jogando-o contra a proa do barco viking, caindo exatamente onde estávamos. O que deixou o caminho livre para a moça.

De repente, eu estava no chão, com alguém apoiando uma mão em minhas costas. Ao meu lado, o britânico estava na mesma posição que minha pessoa. Olhei para cima e vi a monitora agachada, nos pressionando contra o chão. Ao nosso redor ouvia-se apenas barulho de tiros. Do nosso lado Loki se levantava. Sua boca se moveu minimamente, como se estivesse sussurrando para si mesmo. As runas talhadas na pedra começaram a brilhar. O tiroteio cessou. O brilho continuou por mais um segundo e subitamente se apagou.

O salão se encontrava silencioso.

E na mesma rapidez que a luz se foi, ela voltou. Mais forte, irradiando da rocha.

O clarão me cegou momentaneamente, mas não foi nada comparado ao barulho ensurdecedor que o seguiu. Quando a visão voltou, percebi que escutava somente um apito constante. Mirei o britânico ao meu lado que tinha uma expressão de desespero em seu rosto e parecia que tentava falar comigo, mas não saía som algum de sua boca.

Ao redor haviam vários fragmentos espalhados no chão, da rocha que explodira. E no centro havia um machado. Maior e mais esplendoroso que o outro. Próximo a ele a ruiva se levantava, a minha frente a monitora se levantou também. O corpo de ambas estava cheio de filetes de sangue. Assim como ambas tinham o olhar fixo na arma. Ao lado estava Loki, as observando atentamente. Ele se virou para Rebecca, falando algo e fazendo menção de segurar seu braço. Antes que conseguisse a monitora avançou para a arma, e a ruiva também. Quando ambas as mãos tocaram no machado uma rajada de vento se propagou dele. Forçando todos de volta ao chão.

Um a um os homens de preto foram se erguendo. O menino inglês deu um pulo e ficou em pé, estendendo sua mão para mim. Levantei e encarei a exposição viking, que agora estava completamente destruída. Perto do machado haviam dois corpos no chão: Rebecca e a ruiva.

Olhei alarmada para o britânico. Elas estavam mortas? A monitora estava morta? Senti minha garganta se apertar e meus olhos lacrimejarem.

"Olá, tudo bem? Qual o nome de vocês?"

Um rapaz de branco surgiu a nossa frente. Ele carregava consigo uma maleta, que rapidamente abriu e de lá tirou uma pequena lanterna. Ele ligou o objeto e jogou sua luz nos meus olhos, depois nos do menino ao meu lado.

"Tim. Timothy." O britânico respondeu meio atordoado.

O rapaz, que deveria ser um enfermeiro, guardou a lanterna, pegou alguns algodões e um vidrinho.

"E o seu, querida?"

Ainda meio atordoada, ignorei o moço e novamente examinei a sala, todos pareciam confusos com o que havia acontecido. O único que era a exceção era o Loki. Ele falava com um dos homens de preto, um dos que antes havia apontado a arma para ele. Após mais algumas palavras trocadas o moço de preto saiu. Aproveitei essa deixa e me aproximei.

“Loki –“

Comecei uma suposta pergunta, mas não cheguei a terminar, porque ele me desprezou por completo ao passar por mim, a caminho da saída. Alguns dos homens que estavam ali observaram a cena. Senti meu rosto esquentar, não sabia se era por raiva ou vergonha.

A sala em que estávamos havia sido interditada, por isso, a professora de história estava à beira de um colapso, enquanto o de governo estava argumentando arduamente que era responsável por nós, tudo isso porque os homens de preto – que deviam ser algum tipo de polícia – não os deixavam passar. Ao avistar Timothy e eu, Mr. Harris suspirou aliviado.

“Graças a Deus, vocês estão bem!” Nosso professor deu um passo em nossa direção e por um segundo achei que ele fosse nos abraçar, mas em vez disso, ele segurou firmemente nossos ombros e nos virou, guiando-nos de volta para onde estávamos. “Agora, esses enfermeiros vão me confirmar que vocês estão bem, então vou levá-los para o colégio e no cominho os dois vão me explicar o que diabos aconteceu aqui. ”


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Notas finais do capítulo

Scheißkerl - Filho da puta

Até o próximo!



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