Kenma gostava de consoles de jogos novos e vôlei, mas acima de tudo, Kuroo. Passar horas acordado nas madrugadas geladas, apenas conversando online sobre coisas aleatórias com ele era sem dúvida um dos passatempos favoritos de Kenma.

Era estranho, por um lado, admitir a si mesmo que tem uma queda por seu melhor amigo. Mas ele escondia isso muito bem, mesmo que ele achasse que ás vezes Kuroo percebia os olhares frutíferos. Era péssimo estar ao lado dele, sentir os pelos da nuca se arrepiarem e as mãos suarem, mas também eram maravilhosas as piadas sem graça, como ele bagunça o cabelo “loiro” de Kenma e o quão inteligente ele pode ser quando quer.

Uma das coisas preferidas de Kenma em Kuroo era o cabelo “cabeça-de-cama”, como ele uma vez apelidou-o. O excesso de gel, a franja em seu lado direito que parcialmente cobre o seu olho de avelã, os que pareciam brilhar a cada bloqueio certo. Era doloroso observá-lo e saber que, mesmo depois de tanto tempo, mesmo que passe anos Kuroo nunca o olharia como Kenma.

Bem, mas quem não tinha uma queda pelo “especialista-em-provocação”, não é? E Kenma não passava de mais um, no fim da fila, esperando a sua vez. E era um sentimento horrível.

Kuroo preferia garotas de cabelo comprido e personalidade forte. Kenma era tímido e reservado demais, além dos problemas incontáveis com ansiedade, não tinha um cabelo incrível, pelo menos não como o de Kuroo, e nem era tão grande assim.

As melhores lembranças de Kenma com ele eram ás de quando mais jovens. Despreocupado e feliz, como ele se autodescrevia na infância, Kenma adorava esperar Kuroo chegar de bicicleta com fitas de jogos famosos, ou recentes da época, e assistirem juntos. Claro, abrigado de muitos doces e cobertas quentes. Ele sentia saudades disso.

Kenma sabe que um dia vai ter que dar adeus, mas bem no fundo ele sabia que nunca ficaria pronto para isso. Esperava que fosse apenas um sentimento passageiro, e que sumisse o mais rápido possível. Até por que vê-lo aos beijos com uma garota bonita não era algo muito bom.