A ficha demorou a cair. Na verdade, se recusou a pensar em qualquer possibilidade enquanto era levada para a penitenciária feminina, ainda ferida e doente, aguardando julgamento. Somente nele, quando o nome da vítima finalmente foi dito em voz alta, que entendeu o que tinha acontecido.

A fumaça do incêndio não fizera nada bem para a doença pulmonar de Emily. Houve complicações.

Emily se fora.

Trish saiu do ar, o cérebro desalinhado com qualquer pensamento coerente. Nem sequer se defendeu no julgamento em que era inocente, mal ouvindo as acusações. George não comparecera para testemunhar, nem para o bem nem para o mal. Devia estar velando o corpo.

O corpo da última pessoa no mundo que a amava e se importava com ela. O corpo de alguém que jamais fizera mal algum, que se pusera em risco para salvar sua vida inútil.

Quando foi declarada culpada e sentenciada à prisão apesar da idade, nem sequer reagiu, e o júri entendeu isso como uma confissão. O advogado público desistira de sua defesa no meio do caminho por sua falta de colaboração. Ganhou uma cela individual devido aos ferimentos, até se curar.

Naquela noite, pela primeira vez desde os cinco anos, chorou.