Deixei a flor sobre a lápide, afastando-me rapidamente. Não suportava olhar para o nome engravado ali. Joseph Sloan, e uma data de dois anos atrás.

Isso não o representava. Ninguém o chamava de Joseph. Aquela lápide de alabastro não dizia nada sobre Joey. Sobre meu irmão.

Ainda conseguia ouvi-las, as palavras vis de pessoas más sussurradas em seu enterro. ‘Ele tinha uma amante. Matou-se por causa dela. Deixou a esposa com um filho pequeno e grávida de outro. É um sem-vergonha.’

Não o conheciam como eu. Não tinham presenciado em primeira mão meu irmão mais novo cair em uma espiral de auto-destruição, preso na rede daquela garota cruel, o demônio súcubo encarnado na terra. Ele não teve escolha. Viu-se apaixonado e em desespero pelo mal que causava por isso.

Quando o demônio cansou de usá-lo de brinquedo e o jogou de lado, descartando-o como lixo, Joey perdeu a cabeça. Trocara tudo por ela, e nada ganhara com isso. Não queria machucar ninguém. Odiava-se por trair a esposa. Caía bêbado na minha soleira várias noites, esmagado pelo peso da culpa. E agora, nada daquilo tinha sequer dado alguma recompensa. Ela se fora.

Cruzei uma sêmita até o cais, evitando rostos conhecidos. Meus agiotas, pessoas a quem eu devia até a alma em dívidas tentando ajudar Terry, minha cunhada, a criar meus sobrinhos.

Mas estava atrasado, e o barco onde eu embarcaria para apostar e talvez ganhar alguma coisa já estava longe no mar. Eu não podia voltar sem dinheiro algum; entrei no cruzeiro ao lado, havia um anúncio de cassino.

Parei ainda na porta. De todos os lugares do mundo, não podia acreditar onde eu tinha ido parar.

O demônio me viu ali. O demônio sorriu pra mim.

Descanse em paz, Joey. Vou mandar esse demônio de volta para o inferno.