Ao aproximar-se de Vereda, sustentei meu corpo em pernas bambas, consentânea às suas provocações diárias pelo chat, estendi minha mão e ela apertou.

Nos apresentamos.

“Alice.”

“Vereda.”

E rimos diante daquela cena constrangedora.

O papo fluiu após os pedidos chegarem. Ela parecia disciplinada com seu prato de saladas, e eu uma esfomeada com hambúrguer e batatas fritas com cheddar, muito molho destacado na tábula de greda.

Após o almoço, caminhamos pela calçada, no final do quarteirão ela segurou minha mão. Meu coração disparou em catáfora ao seu convite para ir até o apartamento dela. Eu me via em um filme romântico. Mas também vivia o medo daquela aproximação tão repentina, embora nós estivéssemos há meses em contato diário. Mas era um contato virtual, e eu sempre muito cética, não acreditei ser possível apaixonar-se a primeira vista, real.

Senti minhas mãos suarem. Ela também, e talvez por isso decidiu me levar em outro lugar.

Assistimos um filme no cinema e dividimos um balde de pipoca. Eu comi mais.

Era a ansiedade batendo a minha porta. O coração mal parava dentro do peito, e quando achei que iria surtar, ela me envolveu em seus braços, terminando o filme abraçadas.

Vereda falava sobre seu trabalho, termos técnicos que eu não entendia. Era advogada, prestes a se formar, mas já trabalhava no ramo. Eu, vendia planos para celular em uma loja de shopping.

No final do dia, eu imaginei que não haveria como alguém tão incrível pudesse se interessar por uma pessoa como eu.

Mas o beijo de Vereda, antes de eu entrar no ônibus, me trouxe para a realidade onde minha existência é valiosa para alguém.

O motorista businava insistente, enquanto minhas fantasias criavam vida com os lábios de Vereda junto aos meus.

Logo parti, com a esperança que Vereda despertou em mim.