Kara caminhava por um campo. Sentia-se fraca e confusa, não se lembrava de como tinha chego ali ou o que tinha acontecido antes.  Ela não tinha se dado conta do lugar onde estava, até reconhecer sua antiga casa. Era Krypton. Correu para dentro e seu coração disparou quando encontrou Alura sentada, sorrindo para ela. Sua primeira reação foi jogar-se nos braços da mãe e chorar. Não podia acreditar que ela estava ali, na sua frente. Alura a aconchegou e suas palavras atingiram Kara em cheio:

—Você precisa voltar, filha…

—Voltar?— Kara levantou.— Eu estou em casa, mãe. Finalmente!

—Essa não é mais sua casa, Kara. Você sabe disso…

—Do que você está falando? Krypton está de volta. Posso ficar aqui, com você.

—Você realmente não se lembra?—Alura se levantou e tocou o rosto da filha.

—Do que eu deveria me lembrar?

—Isso é um sonho minha querida...Seu filho está esperando que você volte…

—Meu filho?— Kara ficou ainda mais confusa, mas em um estalo, a imagem de Caleb brotou em sua mente.— Meu filho! Caleb! — Ela se lembrou de tudo.—Onde ele está?—Ela andou pela sala do lugar, desesperada.

—Ele está bem, Kara. Você é quem precisa de ajuda. Está presa aqui, sua mente a trouxe para uma lembrança que te acalma, enquanto tenta te curar.

—Eu preciso sair daqui, mãe. Me ajude.— Kara a encarou com os olhos cheios.

—Não há nada que eu possa fazer. Você tem que lutar, por você e por sua família.

—E como eu faço isso? Quem eu devo enfrentar para sair daqui?

—Você mesma, Kara. Se acalme e se concentre, tudo depende de você, querida.

Kara assentiu, só não sabia como fazer aquilo. Tinha medo de ficar presa, isso significaria sua morte? Que tudo o que fizeram foi em vão? Que sua família seria obrigada a viver sem ela?

Saiu da casa, com a mãe. Não tinha mais nada ali, apenas um vasto gramado. Ela não tinha ideia para onde seguir. Precisava encontrar a saída daquele lugar. Então, começou a escutar uma voz, longe. Fechou os olhos tentando identificar o som. Era a voz de Mon El. Kara se animou. Ele estava ali? Tinha ido salvá-la? Olhou para a mãe e esta, assentiu, sorrindo. Kara lhe deu uma abraço apertado e passou a correr na direção da voz. Quanto mais perto chegava, mais a voz de Mon El ficava clara. Reconheceu que ele cantava. Ela sorriu, ele gostava de cantar aquela música para ela.

Cause even the stars, they burn(Porque até as estrelas queimam)

Some even fall to the earth(Algumas também caem sobre a terra)

We got a lot to learn(Temos muito a aprender)

God knows we're worth it(Deus sabe que somos dignos)

No I won't give up(Não, eu não desistirei)

Kara fechou os olhos, se concentrando na canção. Sentiu uma luz adentrar suas pálpebras e quando voltou a enxergar percebeu que tinha conseguido. Lentamente, olhou ao seu redor e viu Mon El, ele cantava enquanto lágrimas desciam. Ao seu lado, Alex com Caleb nos braços enquanto Lena afagava o ombro da namorada.

—Essa música... Fica ainda melhor quando você canta...— Kara riu assistindo a expressão de Mon El quando percebeu que ela tinha acordado. O homem a beijou com cuidado enquanto sorria e chorava ao mesmo.

—Você conseguiu…

—Kara!— Alex se aproximou.— Nunca mais faça isso...— A agente explodiu em lágrimas.— Achei que tivesse te perdido…

—Eu prometo...— Kara abraçou a irmã e pegou Caleb, ainda com dificuldade.— Puxa, parece que fui atropelada por um caminhão.

—Um caminhão de kryptonita.—Lena completou.

—Exatamente!— Kara riu e aconchegou Caleb, atento, em seus braços.—Eu voltei meu amor, você conseguiu, sobrevivemos juntos. Estamos juntos...— O bebê sorriu e o coração da heroína derreteu. Ela pegou a mão de Mon El, os três estavam em sintonia. A felicidade transbordando, eram uma família agora. Sua família. Ela não desistiria de tentar protegê-los, eles nunca desistiriam um do outro.

Epílogo:

—Você está linda!— Kara puxou a irmã para a frente do espelho.— Lena vai adorar!

—Você realmente acha isso? Não tentando me fazer sentir melhor?— Alex questionou olhando para o reflexo, cheia de dúvidas.

—Alex! Ela que te pediu em casamento, esqueceu? Minha melhor amiga te ama e vocês serão muito felizes juntas.— Sorriu, lhe dando um abraço.

—Certo...— A agente respirou fundo.— É isso aí, eu vou me casar! Mantenha a calma, Alex. Mantenha a calma.

—Isso, respira. Já estamos atrasadas.

—Quanto a isso, você não pode falar nada. No seu casamento, chegamos com quase meia hora de atraso.— Alex riu enquanto ajeitava o vestido.

—Ei! Não foi minha culpa se um incêndio começou uma hora antes da cerimônia. E Mon El entendeu.

—Ele não pôde fazer muito a respeito.—Gargalhou.— Dá para acreditar que já faz um ano do casamento de vocês?

—Não é?— Kara olhou para o espelho, reflexiva.— E quase um ano e meio de tudo aquilo.

—Eu prefiro não lembrar.— Alex suspirou.— A única coisa boa que aconteceu, foi o nascimento do meu sobrinho.

—Apesar de tudo, foi o melhor dia da minha vida. Ter o Caleb renovou minhas esperanças e me fez perceber que eu posso sim, ter tudo. Ser a Supergirl, ser mãe, esposa, irmã, amiga. Ser Kara Zor-El e Kara Danvers ao mesmo tempo. Ser feliz…

—Você merece, Kara.— A irmã a abraçou.

—Você também, irmãzinha. Não vejo a hora do Caleb ganhar priminhos.— Kara riu e Alex ficou vermelha.

—Hey, mamãe.— Mon El, de smoking, entrou no quarto com Caleb nos braços.— Lena está pronta, só faltam vocês.

—Nós também estamos, não é, Alex?—Kara disse estendendo os braços para pegar o filho.

—Sim...— Alex respirou fundo mais uma vez.— Estamos...Vamos lá…

Ela saiu na frente, enquanto Kara e Mon El se entreolharam e riram do nervosismo da agente.

—Supergirl?—Um funcionário do DEO chamou Kara pelo dispositivo auricular.—Temos um assalto acontecendo na Rua Principal.

—Certo...—Ela olhou para Mon El que entendeu e pegou Caleb.—Nos encontramos na igreja.

—Só não se esqueça que você vai entrar com a noiva.— Ele riu.

—Estarei lá antes de vocês, prometo.—Deu um selinho em Mon El e depositou um beijo na testa de Caleb.— Amo vocês.

Kara trocou o vestido pelo traje e voou pela janela. O vento batia em seu rosto e ela estava mais feliz do que nunca. Finalmente sentia que a Terra era seu lar e que definitivamente pertencia àquele lugar.