Alex suspirou aliviada quando ouviu a irmã dizer que aceitaria o procedimento. Após Caleb conversar com ela a sós e provavelmente ter de prometer mais de dez vezes que ficaria bem, Kara finalmente cedeu, ainda que não estivesse 100% segura da decisão. Ao mesmo tempo que teve suas esperanças renovadas, a agente também estava extremamente preocupada. As chances da irmã se recuperar fazendo a cirurgia aumentariam muito, mas nada era garantido. Além disso, temia pela vida do sobrinho. Sabia que Kara não se recuperaria se perdesse o bebê e ela também não. Foi tirada dos pensamentos quando Caleb a puxou para o corredor:

—Nós conseguimos! Nossa escolha vai mudar tudo.—Ele abraçou a tia empolgado.— Agora, eu preciso voltar para o meu tempo…

—O que? Por que? Não vai esperar ter certeza que tudo ficará bem?—Alex questionou, confusa.

—Eu não posso. Tia Lena me alertou antes que eu viesse, me disse para que assim que eu conseguisse uma alteração, eu deveria voltar para casa. Não sabemos como a linha do tempo vai ficar. Posso correr o risco de não conseguir retornar, afinal, se minha mãe não tiver morrido, tia Lena não precisou inventar a máquina do tempo, ou seja...Preciso voltar antes que a cirurgia comece.

—Certo...Sentirei sua falta...— Alex sorriu lhe dando mais um abraço.

—Obrigada pela sua ajuda. Não teria conseguido sem a senhora...Você...Desculpe.

—Ei! Depois que descobri que sou sua tia, eu aceito o senhora.— Ela riu, mas uma feição de preocupação voltou ao seu rosto.— Você sabe que as coisas podem não sair do jeito que esperamos, não é, Caleb?

—Como assim, tia? Nós vamos mudar as coisas. Minha mãe vai sobreviver!— Ele a encarou assustado.

—Eu também acredito que isso vá acontecer, mas, você sabe...Não temos certeza de nada, querido. O que eu mais quero é que você e sua mãe fiquem bem...Estou tão preocupada...Não posso perdê-los...— Ela segurou as mãos do sobrinho enquanto as lágrimas desciam.

—Vai dar certo, tia...Precisa acreditar.

Alex assentiu, fungando e os dois voltaram a sala médica. Após Caleb explicar os motivos de sua partida, as despedidas se iniciaram. Na vez dos pais, ele não conseguir controlar o choro:

—Ei...Estarei com vocês novamente daqui a algumas horas.—Disse abraçando Mon El, que estava em pé ao seu lado e segurando a mão de Kara que permanecia deitada.— Por mais estranho que isso seja.— Ele riu.— Acho melhor vocês evitarem alguns detalhes quando forem me contar essa história, pode me deixar confuso.

—Faremos isso, filho.— Mon El sorriu.— Obrigado por tudo, você foi extremamente corajoso. Nós te amamos, muito. Nunca se esqueça disso.

—Eu sei, pai.— Caleb apertou o abraço.

—O que eu mais quero é que você volte para um futuro em que eu esteja.— Kara começou o olhando com ternura.— Mas se não acontecer e...Você sabe… Eu fui feliz só de ter tido a oportunidade de te gerar. Você é meu filho e isso nunca vai mudar, Caleb. Você é parte de mim, a melhor parte e estaremos sempre juntos. Eu te amo.

—Eu amo vocês...Obrigado por serem meus pais...— Caleb deu um beijo na testa da mãe e mais um abraço no pai.— Nos vemos em pouco tempo.— Ele sorriu. Deu mais um abraço nas tias e foi para o centro da sala. Apertou o botão central do relógio três vezes e sentiu algo o puxar. Em poucos segundos, o rapaz desapareceu.

Após ver o filho voltar para o seu tempo, Kara foi informada que a cesárea ocorreria dali a alguns minutos. Ela já havia se arrependido, se não tivesse prometido para Caleb, voltaria atrás na sua decisão. Estava amedrontada com a mínima possibilidade de perder seu bebê e enquanto Alex explicava todo o procedimento, ela só conseguia focar no monitor que mostrava os batimentos cardíacos de Caleb.

—E então, após a anestesia…

—Alex.— Kara a interrompeu.—Você já sabe não é? Se algo der errado e você precisar tomar decisões?

—Sim, Kara.— Alex confirmou, resignada.— Mas não vai dar nada errado!— Ela segurou a mão da irmã.— Estamos juntas.

—Estamos juntas.— Kara assentiu, sorrindo. Mas logo uma expressão de dor tomou conta do seu rosto.

—O que houve?— A agente perguntou, olhando para os monitores.

—Posso sentir a Kryptonita me enfraquecendo a cada segundo...— Kara respirou fundo, tentando amenizar o sofrimento.

—Precisamos começar!— Alex passou a coordenar uma equipe de três médicos que a auxiliariam.

Após a anestesia, Kara sentiu-se mais cansada. Entretanto, não queria apagar, queria acompanhar cada etapa da cirurgia e garantir que seu filho estivesse bem. Com Mon El de um lado e Lena do outro, a heroína tentava acompanhar cada movimento que a irmã fazia em sua barriga, sempre de olho no monitor cardíaco de Caleb.

—Certo...Você vai sentir uma pressão agora, Kara. Vou começar os movimentos para tirá-lo.

—Vai ficar tudo bem, meu amor.— Mon El lhe lançou o sorriso mais confiante que ele conseguia enquanto segurava sua mão e ela assentiu,ansiosa.

—Ok...Vamos lá...— Kara passou a sentir a tal pressão e em segundos viu a expressão de Alex, quando o bebê foi tirado de seu útero. Seu coração apertou quando percebeu a feição aflita no rosto da irmã, viu Mon El ir até eles e então notou o silêncio. Nenhum choro. As lágrimas passaram a escorrer enquanto ela sentia suas forças morrerem.

— Alex? O que houve? Por favor, me diz que ele está bem...Lena...— Ela olhou para a amiga que a encarava aflita.— Por favor, Lena… Ele está bem não está? — Lena sorriu, apertando sua mão e tentando lhe confortar.

—Ele vai ficar, Kara. Vamos aguardar e...— Ouviram um primeiro chiado e depois um forte choro. Alex e Mon El respiraram aliviados e Kara gargalhou. Em seguida, Mon El voltou para perto dela, segurando um Caleb irritado. Quando chegou perto da mãe, ele instantaneamente se acalmou.

—Meu bebê...— Kara o segurou perto do rosto, enquanto o recém nascido a encarava. Mon El deu um beijo em sua testa e observou os dois, encantado. Alex e Lena se abraçaram emocionadas. O restante dos médicos voltaram a cirurgia, terminando o procedimento.

—Você conseguiu, amor. Estão salvos...— Mon El a beijou com toda a ternura. Mas, como por um instinto, Alex desviou a atenção da cena e percebeu que os batimentos de Kara estavam caindo. Em questão de segundos, ela viu o rosto da irmã ficar mais pálido e percebeu que a verdadeira luta estava para começar.

—Mon El! Ela vai desmaiar! — Ela correu e conseguiu pegar Caleb, antes dele cair. Kara apagou.

—Alex! O que houve? — Mon El questionou desesperado.

—O corpo dela não estava conseguindo se recuperar por estar gerando Caleb. Já resolvemos essa parte, mas agora é com ela. Ela precisa lutar, Mon El. Precisa reagir.— Olhou para a irmã.— Vamos, Kara. Volte para nós...