A cabeça de Alex girou por um instante. “Caleb Danvers”, pensou ela. “Tia Alex”. Não entendia o que essas palavras significavam, passou a olhar para o rapaz com uma expressão confusa:

—Quem é você? Um primo distante ou algo assim?

O jovem riu e se aproximou:

—Puxa, você está tão nova tia. E provavelmente me mataria se me ouvisse falando isso.— Ele riu mais alto.

—Olha. —Alex começou.— Eu não sei que brincadeira é essa, mas está começando a me irritar e eu afirmo que você não gostaria de me ver irritada. — Ele fez uma cara constrangida e deu um passo para trás.

—Me desculpe, não foi a intenção. Acho melhor explicar logo antes que eu leve um soco da senhora.

—Se me chamar de senhora de novo, com certeza levará um.

—Certo… Desculpe. Será que podemos entrar no DEO? Está começando a chover.— Caleb disse, abrindo a palma para sentir os pingos que começavam a cair.

—Você só pode estar maluco se acha que vou deixar um estranho entrar aqui. E aliás, como sabe sobre o DEO?

—Faz parte da explicação, já que não vamos entrar, começarei aqui mesmo tia.— Ele se aproximou mais e pela primeira vez, Alex pôde ver claramente seus olhos. Imediatamente o olhar de Kara apareceu em sua mente. Então, lembrou-se que Caleb estava na lista de possíveis nomes para o sobrinho que ela e Kara estavam fazendo. “Tia”, ele não parava de chamá-la assim. Pela segunda vez em minutos, sua cabeça girou, enquanto o rapaz iniciava seu discurso:

—Bem, eu não sei como começar. Vou direto ao ponto. Eu vim do futuro e …

—É filho da Kara, meu sobrinho… —Ele se assustou mas logo sorriu.

— Puxa, nem precisei mostrar as fotos que a tia Alex... Quer dizer... Você, me deu. Como acreditou tão fácil?

—Seus olhos.— Alex sorriu.— São idênticos ao da sua mãe.

O rapaz enrubesceu:

—É, eu ouço muito isso...

—Certo.—Alex disse um tanto quanto surpresa.—Agora que eu sei que não é um estranho, vamos para o meu apartamento. Quero muito saber o que meu sobrinho do futuro está fazendo aqui. —Ele sorriu e assentiu. Alex lhe deu um capacete e seguiram caminho.

Em casa, Alex falou para Caleb sentar, enquanto ela iria ao banheiro. Quando entrou no cômodo, jogou uma água no rosto e tentou se acalmar. Pensou em ligar para a irmã, mas logo desistiu, seria melhor que ela soubesse primeiro. Voltou para a sala e fez sinal para que o sobrinho voltasse a falar:

—Bom… Não vai ser fácil o que tenho para falar tia. Eu imagino que as coisas estejam se acertando agora. Programei a máquina para voltar quando meu pai já tivesse sido resgatado. Ele já está de volta, certo?

—Sim. — Alex assentiu.— Na verdade, aconteceu hoje.

—Ótimo. Bom… Eu precisei voltar porque no meu tempo, um vilão vem aterrorizando National City e a única capaz de vencê-lo é a Supergirl...

—Ok… Mas eu não entendi, a Supergirl do futuro enfraqueceu? O que houve? Por que voltar tanto tempo? —Alex questionou e seu coração pesou quando viu uma expressão de tristeza se formar no rosto do rapaz.

—É… esse mesmo vilão, já havia atacado a cidade antes. Um pouco antes de eu nascer… E… Ele feriu minha mãe, gravemente, antes dela conseguir derrotá-lo. Ele usou… Kryptonita e … —Alex começou a respirar mais forte.— O corpo dela não estava aguentando combater os efeitos do elemento e me gestar ao mesmo tempo. Então, você sugeriu que fosse feito uma cesárea, mas havia risco de eu não sobreviver, já que também tinha sido afetado pela Kryptonita e precisava de mais tempo no útero para me recuperar… Então…

—A Kara não deixou que fizéssemos o procedimento...— Alex completou, levantando com as mãos na cabeça. Caleb confirmou:

—Vocês sempre me contaram sobre como minha mãe me amava mas… tudo o que eu queria era ter crescido ao lado dela. —Seus olhos encheram enquanto Alex parecia desnorteada.

—Você está me dizendo que minha irmã vai morrer daqui uns dias? É isso?— Caleb se levantou e foi abraça-la. Alex deixou-se ser abraçada, totalmente sem reação, apenas as lágrimas desciam pelo seu rosto.

—Não pode ser… Ela está tão feliz… Não… Não…

—É por isso que eu estou aqui tia. Vim impedir que isso aconteça.— Ele segurou nos ombros dela e a encarou. Alex tentou falar mas sua voz simplesmente não saia.

—Desde que minha mãe se foi, tia Lena passou a trabalhar em um projeto de máquina do tempo. Quando finalmente ficou pronto, não conseguimos autorização para usá-la. Mas agora, com a segurança do mundo ameaçada, a própria Presidente nos pediu para voltar e salvar minha mãe. Assim, mudarei os eventos futuros e quando esse maluco reaparecer a Supergirl estará lá para derrotá-lo. E eu… terei oportunidade de conhecer minha mãe...— Falou com um sorriso esperançoso.

Alex passou a enxugar as lágrimas e lançou para o sobrinho um olhar determinado:

—Por onde começamos?