Assim que passaram pelo portal, Alex abriu os olhos e observou o cenário. O cristal em suas mãos brilhava, mas ela sabia que por pouco tempo. Teria 60 minutos para achar Mon El. Não seria uma tarefa fácil. Estavam em um ambiente escuro, iluminado apenas pelas estrelas no céu. Parecia uma grande clareira. Tentava enxergar se havia algo depois, mas uma forte névoa impedia sua visão. Olhou pra J’onn e percebeu que o amigo também tentava distinguir aquele cenário. Apertou o botão do comunicador e passou o relatório para Kara e os outros na terra:

—Conseguimos entrar. É bem escuro e tem uma névoa densa. Tentaremos falar baixo para não atrair atenção indesejada.

—Por favor, tomem cuidado e lembrem-se do que me prometeram.— Disse Kara, aflita.

—Pode deixar, irmãzinha.— Alex disse enquanto fazia sinal com a cabeça para eles prosseguirem.

—Ei, Alex. —Disse Winn.— Tente ligar a câmera que instalei no seu capacete. —A moça apertou o botão mas nada aconteceu.

—Ah, ok. Acho que é proibido filmar na Zona Fantasma…—Ele disse desapontado.

Após andarem um pouco, Alex conseguiu visualizar algumas cabanas, provavelmente moradia de prisioneiros do lugar. Precisavam de uma estratégia para encontrar Mon El, sabia que a Zona não era tão grande, mas achava impossível cobrir todo o perímetro em uma hora.

—J’onn? O que acha de procurarmos o líder desse lugar? Quer dizer, se é uma prisão. Com certeza tem um manda chuva.

—Alex, é muito arriscado. Se souberem que estamos aqui para resgatar alguém, imagina o que fariam para serem levados conosco?

—Precisamos de pelo menos uma pista. —Alex suspirou.

—Pessoal. —Disse Kara no comunicador. —Procurem no céu. Quando fiquei presa na Zona, meu pod nunca desceu. Ele ficou vagando até ser expulso. Pode ser que o mesmo tenha acontecido com Mon El.

—Certo… Já é um começo.

J’onn pegou Alex e passaram a procurar de cima. Meia hora se passou e nenhum sinal. Na Terra, Kara aguardava aflita. Sempre que a irmã ligava o comunicador e falava que ainda não o tinham  encontrado, ela olhava para o relógio e seu coração doía. Se não encontrassem Mon El dessa vez, não sabia quando teriam outra oportunidade.

—Kara?— Alex a chamou.

—Sim! Estou aqui! — Ela se arrumou na cadeira.

—Estamos vendo algo suspeito. Parece o Pod que trouxe Mon El, vamos descer para averiguar…

—Certo.

Após alguns minutos de tensão, Alex retornou:

—Está vazio...— Ela disse com a voz decepcionada e Kara suspirou. — Espere aí, estamos ouvindo alguma coisa. Parece uma conversa, vou desligar o comunicador, Kara. Vamos investigar. Já volto com informações.

—Ok...cuidado…

Alex e J’onn se esconderam atrás de uma árvore e avistaram três alienígenas, um deles, Alex conseguiu reconhecer, era um K’hund, espécie que eles já haviam prendido na terra. Os outros dois eram de espécies desconhecidas. Seu coração acelerou quando viu, no meio dos três, Mon El desacordado. Eles pareciam estar decidindo o que fariam com o Daxamita.

— E agora, J’onn? — Sussurrou Alex.

—O K’hund é muito forte e desconhecemos a natureza dos outros dois. Precisamos de um plano, um que de preferência, evite o combate.

—Certo, mas temos de ser rápidos.— Ela olhou o relógio.— Faltam 15 minutos.

— Eu vou distraí-los, enquanto você pega Mon El. Quando estiver com ele em seus braços, ative o cristal e eu corro na direção de vocês. — J’onn  explicou.

—Pode ser que dê certo. Vamos lá.

J’onn saiu do esconderijo transformado em K’hund e chamou a atenção dos três aliens.

—Ei, pessoal. Sou novo aqui, será que podem me dar uma ajuda.

Os alienígenas o observaram desconfiados.

— Então você é um irmão.— Disse o K’hund observando aparência de J’onn.

—Sim. — Ele assentiu. Enquanto isso, Alex aproveitou que os três estavam de costas e foi se aproximando de Mon El. Quando estava bem próxima, congelou ao ouvir o alien mais forte dizer:

— Você acha que somos idiotas, impostor? Eu conheço o cheiro dos meus irmãos e você definitivamente não cheira como eles.

J´onn suspirou e voltou a forma de marciano, os outros dois voltaram a atenção para Mon El e flagraram Alex tentando levá-lo.

—Senhor! — Disse um deles para o K’hund.— Estão levando o prisioneiro.

Alex parou, olhou para J’onn e entendeu o sinal. Em poucos segundos, ela partiu em direção aos dois súditos enquanto J’onn se encarregou do líder. Alex desviava com maestria dos golpes desferidos pelos dois, mas não esperava que um deles pudesse cuspir fogo, quando este o fez, ela foi obrigada a recuar. J’onn também estava tendo dificuldade, tentava não ser acertado pelo K’hund, pois se fosse, corria o risco de ficar desacordado. A moça olhou o relógio e se desesperou vendo que faltavam apenas 5 minutos. Precisavam terminar aquilo rápido, ou ficariam presos naquele lugar. Foi cercada pelos dois e estava preparada para uma rajada de fogo, quando o cuspidor foi acertado por um soco e caiu. Alex sorriu ao ver que Mon El tinha acordado e executado o golpe, entretanto, ele parecia muito fraco e logo caiu no chão. J’onn aproveitou a distração causada e conseguiu nocautear o K’hund. O alienígena restante viu a situação dos comparsas e fugiu. Alex e J’onn correram em direção a Mon El.

— Por favor… me levem para Kara… — Mon El falava com dificuldade.

—Nós vamos, Mon El. Aguente firme. —Alex pegou nas mãos dele.

—Quanto tempo temos, Alex?— Questionou, J’onn

—10 segundos, precisamos ir, agora!

No DEO, Kara estava em pânico. Alex não dera notícias desde que desligou o comunicador, não sabia o que estava acontecendo e faltavam segundos para o cristal parar de funcionar. Lena tentava acalma-la, em vão. Kara não conseguia assimilar que além de não reencontrar Mon El, perderia a irmã e praticamente seu pai de consideração. Winn tentava contato mas nada funcionava.

—Eu não deveria ter deixados eles irem.— Kara já chorava.— O que eu vou fazer, Lena?—A amiga a abraçava com carinho.

—Vamos abrir a saída na Fortaleza da Solidão!— Disse Kal El.— Não podemos abandoná-los lá. Enfrentaremos o que quer que passe pelo portal e ...

—Não será necessário.— Todos viraram na direção da voz e viram Alex sorrindo, ao seu lado, J’onn carregando um Mon El desacordado.

O mundo de Kara parou por instante. A impressão era que tudo estava em câmera lenta. Viu Lena e Winn irem abraçar Alex e J’onn e todos os agentes baterem palmas e comemorarem. Finalmente seus pés se moveram e ela passou a correr na direção de Mon El. O curto caminho até ele parecia uma eternidade. Quando o alcançou se ajoelhou no chão, pegando seu rosto entre mãos e chorando.

— Você está aqui! — Mon El lentamente abriu os olhos, quando reconheceu Kara, um sorriso brotou.

—Ei… não chore… está tão triste assim em me ver?— Kara riu e o beijou. Um beijo que fez tremer todo seu corpo. Um beijo de esperança e felicidade. Quando abriu os olhos, viu Lena aplicando o antídoto do chumbo.

— Você vai ficar bem, meu amor. — Disse Kara, enquanto acariciava os cabelos dele.

—Eu...te amo...Kara Zor El...—Kara sorriu, o sorriso mais feliz que ela já tinha dado.

—Kara, precisamos levá-lo para enfermaria, está muito debilitado. — Alex alertou.

Kara assentiu,se afastando enquanto Mon El apagava e era levado por J’onn.