Rick observou a mulher se aproximar e a fitou.

—E então? Fizeram o curativo? 

—Sim... não foi profundo... -Kate deu de ombros. 

—Certo, acho que agora podemos ir até a cafeteria, e conversar. -Ele sorriu se levantando, e abriu a porta da pequena farmácia para que a detetive saísse. Eles caminharam lado a lado até a grande cafeteria, que contrastava com o cenário agitado do outro lado da rua, e como se não fosse possível que melhorasse, mais ao fundo havia uma pequena livraria, e um ambiente aconchegante para os que queriam fugir do caos que quase sempre NY se tornava. 

—Senhorita... -Castle sorriu puxando a cadeira para que a mulher se sentasse, e fez o mesmo em seguida. 

—Aqui é um bom lugar... -Kate sorriu fraco. 

—Sabe... seu sorriso não é o mesmo de ontem. -Ele comentou.

—J.J é a coisa mais importante da minha vida Rick... sabe, é como se ela fosse o único motivo pelo qual ainda estou aqui. Fazendo o que faço... 

—Johanna te ama... sabe, é frustrante para uma criança de seis anos lidar com compromissos... é complicado fazer ela entender que tem coisas que não podem ser mudadas, mesmo que queiramos muito. Eu imagino, que você tenha de verdade tentado ir... -Ele disse e fez seus pedidos quando o garçom se aproximou da mesa. 

—Eu sei... -A mulher suspirou e fez seu pedido, esperando que o garçom se retirasse. -Eu fiz de tudo para ir... de verdade! Eu até levei uma roupa diferente, para trocar. Mas quando eu ia sair começou o pesadelo, homicídio, perseguição... 

—Fica tranquila, eu sei que ela vai entender, ela ficou magoada, mas eu tenho certeza que ela vai entender. -Ele sorriu. 

—Quando eu entrei para a policia, eu nem imaginava que iria engravidar, eu amo o que faço, me sinto tão bem fazendo justiça... mas eu sem dúvidas faria tudo diferente por ela... 

—Você... hum... e o pai da J.J? -Castle perguntou. 

—J.J não tem pai! -A resposta da mulher foi rápida e direta. 

—Certo... a não ser que você tenha feito uma inseminação artificial com pai desconhecido... ela tem sim! Até porque... você não pode fazer sozinha, sabe disso não sabe? 

—Aff Rick Castle... O homem que levaria esse título não merece, ele foi muito bom pra chegar e fazer tudo, mas na hora de assumir, ele meteu o pé... eu só o vi uma vez na vida, e não desejo ver nunca mais. -Kate disse e esperou que o garçom servisse a mesa. 

—Certo... -Castle assentiu e agradeceu ao menino que os serviu. - Então... não é alguém que mereça fazer parte da vida dela, não que você não saiba, mas ela é maravilhosa... ainda me surpreendo com as coisas que ela fala. -Rick riu. 

—J.J é madura demais... e muito pequena... ao mesmo tempo que ela sabe, e compreende meu trabalho, e por vezes minha ausência, não sabe lidar com os sentimentos que a frustração gera. Eu só não queria decepciona-la, nunca... -Ela suspirou e bebeu um pequeno gole de seu café e sorriu. -Eu amo isso... 

—Eu não preciso conhecer vocês a anos para saber que você faz tudo por ela... ela vai te perdoar Kate... 

—Mas será que eu vou conseguir me perdoar? -Ela deu de ombros e voltou a tomar seu café. 

Apesar de pouco, o tempo que passaram conversando foi agradável, Castle era um homem inteligente, e sempre tinha algo bom a dizer, independente de qual fosse a situação, ele sempre parecia ter as palavras certas. E para Castle, fora uma experiência e tanto conversar com aquela mulher, ele sempre teve uma opinião muito bem formada sobre policiais... "Sérios e Incontornáveis" Kate se enquadrava nessas duas características, porém ela era muito mais. Sentiram que poderiam ficar ali a noite toda, conversando, mas nem tudo era tão fácil assim. 

—Hum... eu preciso mesmo ir... amanhã estou em casa, e vou tentar ter um tempo de qualidade com a minha filha... quem sabe eu possa levá-la ao shopping. -A mulher sorriu. 

—Hum... como seu amigo, professor da sua filha, e um pouco metido... você não precisa levá-la ao shopping para ter um tempo de qualidade... sabe, presença Kate, abraço, carinho, beijos, amor... quer mais qualidade do que isso? Presentes não comprar afeto, mas estar presente... ai sim. -Ele sorriu e se levantou jogando algumas notas em cima da mesa. 

—Hey... eu pago a minha... 

—Eu te convidei... e fica como um convite para mais um café qualquer dia desses... talvez seja interessante ter uma amiga policial... -Ele disse e sorriu. 

—Só não me apronte, por favor. Eu não vou te tirar de enrascadas Tio Rick... 

—Certo... vou tentar me lembrar disso... precisa de carona? -Os dois saíram juntos da cafeteria e sorriram quando se observaram. 

—Não... meu carro está logo ali... 

—O meu também... então, acho que esse é o nosso até logo! 

—Sim... obrigada por me tirar de uma bebedeira sem fim, me culpando pelo que não podia ser mudado! -A mulher riu da careta que Rick fez. 

—Não me agradeça por isso, sua companhia vale o sacrifício... -Ele riu quando a mulher rolou os olhos. -Sabe que não é sacrifício nenhum... 

—Então... até logo Rick! -A mulher sorriu, por que a companhia dele a desconsertava tanto?

—Até logo detetive Kate, espero que as coisas com a J.J fiquem bem logo! -Ele sorriu e deixou um beijo casto do lado direito do rosto da mulher, e caminhou até seu carro, não sem antes observá-la por uma última vez, e deixar seu sorriso.