Segunda-Feira 06:00 AM

O relógio na cabeceira de Kate tocava insistentemente, não que ela precisasse dele, ela nunca perdia a hora, mas haviam dias especialmente, que levantar da cama era quase uma guerra, e hoje era um deles. Ela tinha tido um final de semana agitado, três homicídios complicados, e uma perseguição perigosa para pegar o culpado, ela não gostava de reclamar, amava seu trabalho, mas sentia como se um trator tivesse passado várias vezes por cima dela. 

—Mãe... hoje você vai se atrasar? -J.J entrou no quarto e observou a mãe ainda deitada. 

—Você não vê o dia disso acontecer, não é sua sapeca? Mas não vai ser hoje, então vamos tomar nosso banho, porque o dia já começou. -Kate disse se levantando da cama, e pegou a menina em seus braços, caminhando em direção ao banheiro de seu quarto. Kate se lembrava vividamente de quando descobriu que estava grávida, ela havia acabado de entrar para a polícia, e a descoberta havia sido um tanto turbulenta. 

FlashBack ON. 

—Papai, eu acabei de entrar, não faz nem um ano. Como eu vou aparecer grávida? 

—Querida, não tem o que fazer, dentro de você agora cresce outra vida. -O senhor Beckett sempre fora um homem muito sensato, e apesar de toda a dificuldade que havia enfrentado durante toda sua vida, possuía uma paz interior que era o porto seguro de Kate. 

—E se eles não aceitarem? Se me tirarem de lá? Você sabe que é o meu sonho! -Kate sentiu lágrimas rolarem por seu rosto, ela era uma menina de 22 anos, que tinha realizado um sonho, e que por causa de uma irresponsabilidade, poderia jogá-lo no lixo. Era assim que ela pensava!   

E foi assim durante três meses, Kate escondeu a cada segundo a gravidez, em sua mente passava milhões de possibilidades, ela não queria perder a chance de fazer justiça, por ela, e por todas as outras pessoas, o sonho de Kate era ser uma advogada, até o assassinato de sua mãe, o vazio que havia se instalado em seu peito a fez crer, que estar nas ruas, pegando assassinos, era o que ela devia fazer. Quando entrou em seu quarto mês de gestação, foi descoberta por uma de suas colegas, e logo após pelos diretores, sua sorte, ou talvez fosse o destino, era que um de seus orientadores, Roy Montgomery via a sede de justiça em Kate, via como ela precisava estar ali, como era necessário, e a manteve na equipe, e a apoiou. Meses depois, quando Kate teve pela primeira vez aquele bebê em seus braços, ela sentiu, que nada na vida, seria mais importante do que ela, sua pequena Johanna Jay Beckett.

Flashback OFF. 

—J.J não esquece a lancheira. -Kate gritou enquanto calçava suas botas, suas fieis escudeiras. 

—Eu já guardei mamãe, e também meu caderno. 

—Sim, você não quer que seu professor te chame a atenção de novo, né? -A mulher ajeitou seus cabelos e logo estava na cozinha, sorriu ao fitar a menina, custava a acreditar que um serzinho de apenas seis anos, pudesse ser tão independente como Johanna. 

—Não, mas ele não briga comigo, ele me adora. 

—Ainda que sim, você precisa do seu caderno para trazer os deveres. Já acabou seu café? Precisamos ir... 

—Sim, você não vai comer mamãe? -J.J desceu da cadeira e colocou sua mochila nas costas.

—No distrito eu como filha, vamos. -A mulher segurou a mão da pequena, e logo as duas estavam a caminho da escola. Assim que chegaram, J.J se despediu da mãe, e correu portão a dentro da New York School. Kate sorriu e logo arrancou seu carro, em direção ao distrito, aonde mais um dia atarefado a esperava. 

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Castle levantou correndo, após quinze minutos de seu horário habitual, ele nunca acordava na hora, tomou um banho rápido e se vestiu com a primeira roupa descente que encontrou, engoliu o café da manhã do jeito que pode, e logo estava dentro de seu carro. Nem ele mesmo sabia como fazia para chegar na hora, mas lá estava ele, estacionando de qualquer jeito e correndo escola a dentro. 

—Bom dia crianças... -Ele sorriu quando entrou na sala de aula, e foi recebido por seus alunos, eufóricos para contar como havia sido o final de semana, ele amava aquelas crianças. 

—E então eu ganhei um olho roxo e um braço quebrado Tio Rick... -Ashton contava com todo dom para o rama que ele possuía, sobre o final de semana da fazenda de sua avó, Rick gargalhou ao ver a mancha agora mais clara em volta de um dos olhos do menino e assentiu. 

—Nunca mais montar em porquinhos, espero que você tenha aprendido a lição Ashton... E você J.J, como foi o seu final de semana? 

—Do mesmo jeito de sempre, com a minha babá Rosa, esperando ansiosamente para que minha mãe voltasse para casa, sem um tiro ou talvez um braço quebrado, ou ferimentos de faca. -A pequena deu de ombros.

—Certo... não deve ser mole ter uma mãe policial, mas... eu tenho certeza que você tira de letra... -Ele sorriu ao ver o sorriso animado da pequena. -E então, quem está preparado para o dia dos pais? -Ele perguntou e sorriu ao ver a bagunça, que eu poucos segundos a sala havia se tornado. 

Para uma segunda-feira, até que o dia estava passando rápido, Castle havia dado as três primeiras aulas, e agora iria liberar as crianças para saírem para o recreio, faltavam alguns minutos para o horário de fato, mas Josh já havia demonstrado sua insatisfação, e fome. Terminou de corrigir a tarefa que havia passado, e liberou os pequenos, sorrindo por conseguir os tão esperados minutos sozinho, não fosse pelo par de olhos verdes mais brilhantes que ele já havia conhecido... 

—Você não vai para o recreio J.J? -Ele perguntou observando atentamente a menina. 

—Não, eu vou ficar aqui. 

—Esqueceu a lancheira de novo? Eu posso te comprar um lanche... 

—Não, eu trouxe... a minha mãe fez cupcakes. -Ela sorriu fraco ao contar o feito extraordinário da mãe, e tirou os pequenos bolinhos da bolsa. 

—E por que você parece tão tristinha? -Ele perguntou e se levantou caminhando até a cadeira ao lado da pequena. 

—Porque eu não estou animada para o dia dos pais, porque eu não tenho um pai. 

—Ah... -Ele suspirou. -Mas você tem uma mamãe, e você pode trazer ela. Talvez o seu avô, ou algum tio. 

—Minha mãe trabalha muito tio Rick, eu acho que só mesmo um milagre pra ela aparecer aqui. E meu avô mora longe... -A pequena deu de ombros. 

Castle observou a decepção nos olhos da menina, eles eram tão transparentes, que jamais escondiam o que ela sentia, não sabia explicar o carinho enorme que sentia por aquela menina, sempre tão esperta, e muito adiantada para a idade que realmente tinha, sabia que ela não tinha pai, e que sua mãe arriscava a vida todos os dias para fazer justiça por Nova York, mas ele faria algo para ver ela sorrir novamente, e ter uma festa de dia dos pais inesquecível.