Hoje ela era um camaleão.

Não era o primeiro dia que ela acordou levando a sério o pensamento de, simplesmente, desistir.

Logo pela manhã daquele dia, ela se olhou no espelho e o que viu lhe chocou (na verdade, o que não viu lhe chocou), ela não conseguia se ver no próprio reflexo. Ela de fato enxergava uma faceta tristonha, olheiras gigantescas e um sorriso arrefecido, mas não se enxergava ali.

Então respirou fundo (viu a pessoa no reflexo fazer o mesmo, mas não se deixou levar) e resolveu que naquele dia ela era um camaleão.

Naquele dia ela respiraria fundo antes de muita coisa... Teria que se acalmar antes de qualquer ato ou sempre que algum deles resolvesse abrir a boca. Mas ela manteria sua calma e se misturaria, sumiria no meio deles porque, hoje, ela não estava nem um pouco a fim de ouvir risos, menosprezos ou zombarias.

Se pegou rindo sozinha no meio deles. Por mais que eles nem se quer lhe vissem, lá estavam eles, falando e rindo dela como sempre fizeram... Ela sabia que isso aconteceria, mas tinha um pouco de esperança lá no fundo.

Riam até cair no chão e ela sumia na multidão.