Língua dos Anjos escrita por O Cartomante


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

HEY!

Então, gente, ainda não foi betada essa one, então vocês podem encontrar alguns erros ou pontas soltas.

É uma songfic, então é meio que essencial que em determinado momento você clique no link apresentado pra entrar no clima da leitura.

Nos vemos nas notas finais!



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       Hermione Jean Weasley, já havia acostumado-se a todo tipo de bizarrice que costumava aparecer nos vários andares do Ministério da Magia, após anos de trabalho.

       Era comum ver desastres cômicos sendo solucionados pelo Esquadrão de Reversão de Feitiços Acidentais ou mesmo pelos funcionários da Seção de Controle do Mau Uso dos Artefatos Trouxas. Ver esse mesmo tipo de incidente ser levado ao seu andar, no Departamento de Execução das Leis da Magia, entretanto, era algo, no mínimo, incomum.

        Ela rabiscava furiosamente alguns pergaminhos empilhados, sedenta pela conclusão do seu árduo trabalho preenchendo formulários. Quando o burburinho iniciou-se, metros a frente de sua mesa, ela precisou esfregar os olhos para ter certeza de que não estava sofrendo de nenhum tipo de alucinação visual. E, infelizmente, não estava.

       — Professora Trelawney? — chamou, confusa.

       Talvez estivesse num sonho. Se beliscou para se certificar de que este não era o caso.

       Ao fim da Grande Guerra Bruxa, a sanidade de Sibila Trelawney passou a tornar-se cada vez mais tênue a cada ano que se passava e, aparentemente, o momento que todos os seus conhecidos temiam havia finalmente chegado: ela havia enlouquecido por completo, de uma só vez.

       As roupas esdrúxulas não compunham mais o seu visual hippie de antes. O cabelo, outrora desgrenhado e preso por uma espécie de xale cortado ao meio, agora era totalmente grisalho, bem arrumado e preso num coque apertado, enquanto no lugar das vestes atípicas ao mundo mágico que evidenciavam seu estilo alternativo, uma saia longa de tecido roxo-vivo e uma blusa florida lilás cobriam seu corpo. Havia, ainda, uma jaqueta preta social por cima desta última, e um colar prateado para completar a esquisitice trouxa.

       — Ah! — gritou ela de repente, fazendo Hermione pular da cadeira. — Eu conheço você, jovenzinha?

       — Você enlouqueceu, professora? Mas é claro que me conhece! — respondeu a Sra. Weasley, indignada. — Fui sua aluna... Muitos anos atrás.

       — Ah, eu não me lembro — ponderou ela em voz alta, correndo vorazmente os olhos de um lado para o outro na direção do chão  em seguida e murmurando coisas inaudíveis para si mesma. — Pois bem, eu vim entregar a minha varinha e... Onde está meu advogado? ERNEST, VOLTE AQUI AGORA!

       Hermione espiou por cima dos ombros da anciã e enxergou um homenzinho gordinho de meia-idade usando um terno, com a cara vermelha de vergonha, que tentava sair de fininho do andar quando foi pego em flagrante por sua cliente. Ele deu meia-volta, respirando fundo e colocando-se ao lado da professora.

       — Hum, pois bem, como eu dizia... — Sibila franziu o cenho e tornou a sussurrar consigo mesma, completamente perdida em suas ideias.

       — A senhora disse que queria entregar a sua varinha — lembrou a Sra. Weasley.

       — Absurdo! — protestou Ernest, fechando o punho e chocando-o com força contra a mesa de Hermione.

       — Shh, shhh! — ordenou Sibila impacientemente. — Vim entregar minha varinha, isso, isso.

       — Qual o motivo, professora? — questionou Hermione.

       — Eu quero abrir mão dos meus poderes. Estou muito velha e, além disso... — Ela parou, por um instante. — Eu aceitei Jesus!

       A Sra. Weasley esforçou-se para não rir e o homem ao lado de Sibila, chamado Ernest, ficou vermelho novamente - dessa vez, de raiva.

       — Eu não vou permitir, mamãe! — protestou ele. — A senhora está louca! LOUCA! Eu a interno antes que abra mão dos seus poderes.

       Sibila ergueu a mão no ar e desferiu alguns tapas desajeitados com as duas mãos contra a região torácica do advogado, agressiva.

       — Me respeite, menino! Ora!

       — Professora, tem certeza disso? — interveio Hermione, pondo um fim à discussão familiar. — Renúncias de linhagem não são realizadas pelo Ministério da Magia há uns 200 anos... Não quer um tempo para reconsiderar a sua decisão? Eu posso...

       — Não!  — cortou ela, ranzinza. — Eu aceitei Jesus! Escolho Deus. Me desintoxique dessas heresias, agora!

       — Ela não está lúcida, eu protesto! — falou o Sr. Ernest, retirando alguns papéis de sua pasta desorganizada.

       Hermione muniu-se dos papéis e deu uma breve lida no resumo inicial com um olhar crítico, por fim devolvendo os documentos a mesa e empurrando-os para o advogado.

       — Você pode recorrer no tribunal depois que ela assinar a papelada — informou ela. — Mas, a princípio, a menos que você tenha algum prontuário médico ou algo que me comprove a insuficiência mental de sua mãe, a decisão cabe apenas a ela, Sr. Ernest.

       — Isso é um absurdo! Um escândalo! — Ele esmurrou a mesa da Sra. Weasley novamente, furioso.

       — Sim, sim, eu concordo, Sr. Ernest, mas é o protocolo, eu tenho que segui-lo — informou Hermione, pensativa. — Acho que sei um jeito, espere. Deixe-me tentar uma coisa. Professora Trelawney?

       — Hum? —Sibila regressou de repente àquele lugar no tempo e no espaço, cessando suas conversas paralelas consigo mesma e seus amigos imaginários.

       — Sabe que, fazendo isso, vai estar abrindo mão de sua clarividência também, não sabe? — quis confirmar ela.

       Hermione, na realidade, nunca colocara muita fé na suposta “clarividência” que Sibila Trelawney sempre dissera ter. O dom, na sua visão crítica, era uma farsa, mas claramente a professora já não estava mais lúcida e, se fosse para impedi-la de prosseguir com aquela loucura, talvez valesse a pena tentar usar esse trunfo.

       — Ora, mas é claro que não, minha jovem! — ela disse, rindo-se.

       Hermione franziu o cenho, levemente ofendida com a reação zombeteira da velha senhora.

       — E por que não?

       — Porque ao contrário de toda essa loucura satanista, minha visão foi um dom dado a mim por Deus — esclareceu ela, muito confiante. — E se Ele deu, só Ele tira!

       Dessa vez, foi Hermione quem riu.

       — Só pode estar brincando!

       — Ei, não faça isso! — advertiu o Sr. Ernest, um pouco temeroso. — Da última vez que eu tentei, ela começou a...

       — RABALABAXURIAXEREBEBÊ... — A Profª Trelawney caiu de joelhos no chão do departamento e os funcionários que passavam pararam, incrédulos, para observar. Alguns pareciam até mesmo assustados com aquela cena bizarra. — Ô, XARAMANAIA... RABALABASURIASARABACANTARÁS, AH, XEREBEBÊ...

       Sibila ajeitou os óculos fundo-de-garrafa no rosto plissado e, em seguida, jogou as mãos para cima dramaticamente, impulsionando o corpo para frente e para trás simultaneamente como se estivesse prestes a ter uma convulsão. Hermione moldou um perfeito “o” com a boca, estarrecida.

        — Pelas calças de Merlin, mamãe! Pare com isso! — pediu o Sr. Ernest, correndo os olhos por todo o perímetro. — Todos estão nos olhando, levante-se...

       Ele tentou agarrar a mãe pelo pulso, mas, antes que pudesse, ela jogou o rosto com tudo para baixo, como se estivesse mergulhando em uma penseira e, na sequência, levantou-se num salto, agarrando as bordas das saias e começando a rodopiar no meio do andar, enquanto abordava funcionários aleatórios para convertê-los musicalmente.

 

Irmã Sofia - Armadilha de Satanás

 

       — O mundo girou, de baixo pra cima... — começou. — O mundo girou, de patas pro ar!

       — Mas o que vem a ser isso?! — O velho Shacklebolt, Ministro da Magia, irrompeu no local diretamente do elevador enfeitiçado, claramente alertado por algum terceiro sobre o burburinho. — Sra. Weasley?! Profª Sibila?!

       — Cuidado, cuidado, povo de Deus! É uma armadilha de Satanás! — falou, jogando os ombros para o lado e fazendo sinais nas laterais das orelhas com as mãos enquanto rodopiava no meio dos inúmeros bruxos espantados.

       — Mamãe, pare! — pediu novamente Ernest Higglebottom, num explícito tom de súplica. — Eu, eu... Sinto muito, Sr. Ministro.

       — Nós deveríamos chamar algum curandeiro para examiná-la — disse Kingsley, arregalando os olhos diante da performance desafinada da Profª Trelawney.

       — Eu chamo! — ofereceu-se o filho dela, correndo porta afora em busca de uma lareira ou até mesmo do corujal.

       Ele esbarrou, no caminho, com um homem bonito, que deveria estar chegando na faixa dos quarenta. Seu nariz era bem trabalhado, sua pele bem branca e ele tinha cabelos negros bem cortados e uma cicatriz em forma de raio na testa, além de óculos quase tão grandes quanto os de Sibila.

       — Hermione? Aquela é a professora Trelawney? — questionou ele, boquiaberto, ao chegar perto o suficiente; apertou os olhos para enxergar melhor.

       A Sra. Weasley assentiu.

       — Acham que devemos tentar pará-la? — perguntou o ministro, franzindo a testa.

       — É melhor não — garantiu Harry com um olhar sério. — Já passei por isso antes. Logo, logo, ela para.

       Kingsley achou melhor não arriscar em razão do estado mental claramente debilitado de Sibila e cruzou os braços como os outros dois funcionários, assistindo ao restante do espetáculo grotesco enquanto aguardavam a chegada de algum medibruxo para controlar a situação.

       Totalmente alheia àquela realidade, ela repetia a dança inteirinha em passos desajeitados, mas rítmicos, sem cessar a cantoria por um segundo sequer.

       — Cuidado, cuidado, povo de Deus! É uma armadilha de Satanás.


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Notas finais do capítulo

E aí, gente? Não costumo escrever comédia, mas fiquei obcecado por essa ideia.

O que cês acharam?

Comentem aí! bjsss



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