Capítulo VII – Parentes de sangue

“Você me faz capaz de amar”

Do pouco tempo que eu e Neji pudemos desfrutar com nosso romance assumido, ele sempre se recordava a proferir o quanto eu trouxe à sua realidade, coisas que outrora ele julgava como impossíveis. Atitudes banhadas de afeição, cometidas por ele mesmo, sem precisar de cobranças, deveres. Feitas pelo simples fato de poder doar carinho a quem ele dizia ser o amor de sua vida. Porém o que ele desconhecia, é que havia feito o mesmo tanto ou até mais por mim do que eu por ele. Dando-me a honra de conhecer, sentir e provar de um amor verdadeiro.

Eu o fiz capaz de amar. Ele me ensinou o que é o amor.

- Não deseja saber o que ocorreu com você após te encontrarem? – Sakura articulava em tom de dúvida. Ela não o conhecia tanto quanto eu.

- É desnecessário, afinal, estou em uma cama de hospital e sem me recordar de um só detalhe do que acabou de me relatar. Não acha que isso já não seja pista suficiente do que aconteceu? – escárnio... Era disso que as palavras de Neji eram carregadas.

- Eu entendo. Mas ainda não lhe contei tudo, Neji. – Neji e eu a fitamos confusos. Havia mais algum detalhe? Se este existia, nem mesmo eu era ciente do que se tratava.

***

- Sempre certo Hiashi-sama. – Hizoka sorriu em empáfia – Kenboushou no Jutsu.

- Depois de todos esses anos, ainda se lembra de como realizá-lo com perfeição, Hizoka-san? Estou impressionado.

- Tal jutsu merece ser recordado dessa maneira. É uma vantagem e tanto para nossos planos.

- Concordo plenamente. – Hiashi deu um mínimo sorriso, mas logo retornou a seriedade – Apagar toda a memória de alguém é algo para ser feito em situações agravantes, Hizoka-san. Então me diga... O que Neji fez? – Hiashi não parecia preocupado com o sobrinho e sim, preocupado com o que ele poderia ter feito. Arruinar seus planos era algo que ele não admitiria que ninguém fizesse, não importando quem seja.

- Essa é a pergunta certa. – Hizoka também estava sério – Você se lembra da última reunião que tivemos antes de Neji partir para missão?

- Já faz alguns meses... – Hiashi refletia – Não me lembro muito bem.

- Então lhe refrescarei a memória.

- Certo.

- Estávamos tendo uma das nossas típicas reuniões intituladas como resoluções hierárquicas do clã Hyuuga.

Flash Back - ON

- Ele está nos informando seu paradeiro. – Hizoka dizia enquanto lia atentamente a uma missiva em sua mão – O primeiro transplante foi feito.

- Excelente. – Hiashi dizia ao mesmo tempo que depositava frascos de tamanho médio em um recipiente grande. – Devemos enviar hoje mesmo. – proferiu enquanto apontava para o recipiente.

- É o que ele pede aqui. – nesse instante Hizoka se concentrou em um ponto fixo na sala, com seu byakugan ativado – “Há alguém nos observando” - pensava, ao ver Neji com seu byakugan também ativado – “Neji... Ele viu tudo” – ainda refletia, mas com o byakugan já desativado.

- Algum problema Hizoka-san? – Hiashi articulava desconfiado.

- Só checando o ambiente. – disfarçava – Com tantos byakugans prontos para serem ativados a qualquer momento, não podemos dar brechas.

- Está certo.

Flash Back - OFF

- Então foi o dia do primeiro implante? – Hiashi começara a recordar.

- Exatamente.

- Agora eu me lembro... Foi um dia marcante.

- Com certeza! E sabe, Hiashi-sama, algo aconteceu nesse dia e eu não lhe contei.

- E o que seria?

- Quando eu havia dito que estava checando o ambiente, estava fazendo mais que isso. Estava me certificando de que era mesmo Neji que nos observava.

- O que? Neji estava nos espionando?

- Exatamente. Ele viu tudo.

- Entendo... Você realmente agiu certo, Hizoka-san. Quando ele pediu permissão para sair em missão, eu nem imaginava que isso havia acontecido.

- E foi por isso que eu agi sem seu consentimento. Perdoe-me por isso, mas eu tive que ser breve.

- Não é necessário pedir perdão, já que as suas atitudes, embora sem autorização, salvaram nosso projeto. Obrigado Hizoka-san.

- É uma honra lhe servir, Hiashi-sama.

***

- Tsunade-sama. – Shizune indicava o papel em sua mão, com uma lista de nomes – Aqui estão os shinobis com as características que queremos.

- Certo, Shizune. – a Godaime proferiu ao observar a lista – Quantos shinobis, não é mesmo?

- Realmente. – Shizune dizia, acompanhando Tsunade na verificação da lista – Afinal, Konoha é um local de expectativa de vida.

- Tem razão! Esta lista é a prova. – sorriu – Sabe Shizune... – Tsunade voltava a se concentrar e analisar os nomes – Esta é uma tarefa difícil. Olhe quantos shinobis e pense na confiança depositada em cada um deles. – seu tom era de angústia – Chega a doer saber que um deles nos traiu.

- É lamentável, verdadeiramente. – Shizune suspirou, sustentando um olhar abatido – Tsunade-sama, como saberemos quem é o traidor? Investigando cada um?

- É o que deveria ser feito, mas são muitos! Temos que achar um jeito de diminuir esta lista.

- Sim, mas como?

- Sinto que esqueci alguma característica. Nem todos conseguiam fazer o Kenboushou no Jutsu. – Tsunade estreitava as pálpebras, refletindo.

- Você conseguia, não é mesmo Tsunade-sama?

- Sim, eu conseguia porque... – parou por um instante, sorrindo – Agora me lembro!

***

- Por favor, quero saber o quarto de Hyuuga Neji. – declarava o timbre suave e meigo de Hinata.

- Claro. Quarto 3, segundo andar.

- Obrigada. – assim que terminou de falar, foi de encontro a Naruto e Hanabi.

- Neji-san está no quarto 3, segundo andar. – Hinata informava – Vamos? – proferiu enquanto começava a subir as escadas.

- Espero que ele esteja bem. – Naruto dizia ao acompanhar Hinata e Hanabi - Eu fiquei muito preocupado quando fiquei sabendo o que havia ocorrido. – sorriu, sem graça – Konoha é a família que eu não tive. Quando vi alguém tão próximo naquele estado, acabei sofrendo como se fôssemos parentes de sangue. – Hinata e Hanabi o ouviam atentas e não arriscavam atrapalhá-lo – Neji é uma boa pessoa, sempre foi. Ele só tinha raiva e outros sentimentos ruins reprimidos, e estes, por muito tempo foram sua força e determinação. – Hinata estava admirada. Nem mesmo ela que conviveu tanto tempo com Neji poderia descrevê-lo melhor – Aquele dia, no Exame Chunnin,  eu o venci porque a minha determinação e força eram motivadas por sentimentos bons, foi só por isso. Ele precisava daquela derrota pra se tornar o que ele é, com um caráter admirável, e eu precisava daquela vitória para dar mais um passo em direção ao meu sonho de se tornar Hokage. – Naruto sorria abertamente – Nós nos ajudamos sem nem mesmo saber. E hoje, eu o ajudarei, não importa o que aconteça.

- Naruto-kun, isso foi lindo. – Hinata articulava, corada.

- Concordo com você onee-chan. – Hanabi, pela primeira vez, fascinou-se com algo que Naruto disse. Ela sempre achara que ele era infantil e imaturo, mas, naquele dia, passou a o reconhecer.

- Obrigado. – Naruto também estava um pouco corado.

- Ele precisará de todos os amigos em uma hora dessas, Naruto-kun. Sabe, serão tempos difíceis.

- O que quer dizer com isso, Hinata-chan? Ele acordou e está bem, não está?

- Fisicamente sim, mas...

- Mas...?

- Naruto-san, você não sabe? – Hanabi interferiu – Neji-san... Está com amnésia.

- O que? – ele estava incrédulo.

***

- Sim, há uma última coisa para contar. – Sakura era breve – Geralmente, os shinobis que são encontrados desacordados ou até mesmo mortos, são levados para Yamanaka Inoichi examinar. Ele pode ver os últimos acontecimentos que a pessoa presenciou ao invadir sua mente através de um jutsu.

- Então, Neji foi levado para Inoichi? – foi a primeira vez que arrisquei um diálogo desde que Sakura começou a relatar o ocorrido com Neji.

- Exatamente, e algo curioso ocorreu. Em sua mente, Neji, não havia nada, nem mesmo uma única lembrança. – eu e Neji a fitávamos visivelmente confusos. O que havia acontecido verdadeiramente? – Apontamos como justificativa de tal acontecimento, os neurônios danificados.

- Certo. – eu e Neji proferimos juntos, fazendo com que meu rosto corasse.

- Você se lembra do exame que Tsunade-sama fez em você, Neji?

- Sim.

- Ela usou seu chakra para fazer o Shousen no Jutsu e curar todos os neurônios prejudicados. Porém, mesmo assim, você não se lembrou de nada.

- O que isso quer dizer? – eu estava fazendo as perguntas por Neji, porque não estava conseguindo entender. Isso não fazia sentido. Neji deveria se lembrar de quem ele é, dos seus amigos e família, de Konoha... E de mim.

- Que a sua amnésia, Neji, não é uma amnésia comum. Eu nunca vi nada parecido.

- Entendo. – Neji parecia estar abalado, mesmo disfarçando.

- E Tsunade-sama? O que ela disse sobre o caso de Neji? – eu queria uma resposta convincente. Era de Neji que estávamos falando, portanto, não é apenas a vida dele que está em questão, mas a minha também. Ele ainda é a minha metade e sempre será. Estou disposta a tudo!

- Ela falou que não havia mais esperança. Entretanto, eu creio que nesse exato momento ela está pesquisando para poder fazer algo em relação a essa situação... Para pelo menos dar uma resposta detalhada e certeira do que houve.

- Essa é a Tsunade-sama que eu conheço. – sorri e olhei para Neji – Não podemos perder a fé.

***

- Qual é a outra característica, então? – Shizune perguntava ansiosa.

- Para ter sucesso em sua realização, o shinobi deveria ser capaz de fazer o Shousen no Jutsu, pois o chakra verde claro deste, era o complemento para o Kenboushou no Jutsu. Portanto, só médicos-nin conseguiam realizá-lo!

- Excelente Tsunade-sama! Agora a lista vai diminuir consideravelmente.

- Com certeza. Agora, vamos trabalhar. O futuro de Neji está em nossas mãos!

_