Olhei-o desacreditado. Eu já não estava me saindo muito bem com os olhos abertos, imagina fechados.

“Vamos lá, Art! Você não confia em mim?”

Fechei-os e senti suas mãos em meus ombros enquanto ele me guiava pelo resto do caminho.

Quando parou se colocou em minha frente.

“Pode abrir.”

Ainda estava escuro e Trevor estava parado tapando toda a minha visão. Seu sorriso e silhueta eram as únicas coisas que eu conseguia ver.

“Percebi que esse bloqueio criativo está a te excruciar e li que, às vezes, ele pode ser causado por stress ou pelo ambiente em que se está. Então pensei em trazê-lo aqui e, sei lá, ver se sua inspiração volta. Bom, voltando ou não, trouxe algumas coisas na mochila para um piquenique.”

Saiu da frente. Eu estava em uma rocha, no topo de uma montanha, via a praia, o mar, barquinhos diversos, muita natureza e a cidade ao fundo enquanto os primeiros raios do sol banhavam tudo em uma mistura de laranja e dourado. Era a cena mais bonita que já tinha presenciado.

O curioso é que, quando peguei os lápis e o caderno que me entregou, não foi a paisagem que ficou na mente, foi seu sorriso.