Fazia três minutos que eu estava paralisada, olhando para ele, esperando um sermão.

“Não vai me pedir desculpas por ter quebrado o vaso?”

“Eu sinto muito, senhor.”

Ele não parecia brabo, apenas cansado.

“Hum, o que foi esse trombone que soou?”

“É o trombone que anuncia que a comida está pronta.” Assenti.

Inspirei fundo e expirei, tentando ser sopesa em relação aos sentimentos.

“Por que você nos deixou? E o acidente de carro foi mesmo um acidente?”

Um brilho de consciência passou pelos seus olhos, ele sabia que eu tinha escutado a conversa dele com a governanta.

Ele parecia estar numa batalha interna. Contar ou não contar?

“Sua mãe desenvolveu depressão e ansiedade após o parto. Depois disso, não foi mais a mesma pessoa. Eu sabia que não era culpa dela, mas mesmo assim eu não podia suportar ter perdido a mulher que amava. Então a deixei. Não sabia que estava cometendo o pior erro da minha vida. Eu não queria você; por muito tempo te culpei por ter feito ela se esquecer de quem era. Vejo o quão imaturo fui. Eu me arrependo por ter deixado sua mãe. E agora ela está morta. Ela se suicidou, Analu.”