Minhas conversas com o Lucas, na maioria das vezes em inglês, foram ficando cada vez mais frequentes. O que a gente mais gostava era de pleitear as pronúncias sem sentido das palavras em inglês e mandar áudio lendo as palavras de formas erradas mas que batiam com as regras do idioma. Nisso criamos muitas piadas internas e praticamente um dialeto próprio que a host family dele não entendia.

Gradualmente fomos saindo da fase delicada da reconstrução da amizade e passando para a fase de melhores amigos. A fase onde as selfies voltam a surgir, mas não fotos comuns e sim das piores caretas possíveis. Mas ninguém sabia. Não era uma relação totalmente oculta mas também não era algo que a gente fazia questão de falar. Na verdade, vira e mexe eu mencionava alguma coisa engraçada que acontecia, mas era sempre com "um amigo meu" e não com "o Lucas".

Quando o David descobriu que estávamos conversando com frequência ele ficou surpreso, pois tinha achado que havia sido só aquela vez antes da viagem.

ー Então vocês viraram bffs?

ー Tipo isso... ー Esperei a bronca.

ー Você não pensa em voltar com ele né?

ー Isso jamais, Deus me livre!