No matter what escrita por Grimmliz


Capítulo 1
No matter what;


Notas iniciais do capítulo

Escrevendo com um novo Otp da sofrência, como se os que já tenho não fossem suficientes. Fanfic baseada no Império de Tempestades. Poderia ter sido um headcanon, se a realidade não fosse tão dolorosa :') JLKGFJGLKGL
Espero que gostem ♥



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Talvez fosse só porque tudo poderia ruir, ou, ser culpa daquele toque que sempre o impulsionara a seguir pelos caminhos do mundo. Sendo sincero, Lorcan Salvaterre não dava a mínima para o que o motivava a ir até a cabine onde Elide se encontrava, preparando-se para ser movida do navio — a condição imposta para que lutasse ao lado de Rowan —, e mesmo que a mão invisível o puxasse pela coleira para seguir para qualquer outra direção, mesmo que Hellas pessoalmente surgisse do submundo e tentasse arrastá-lo, não havia deus algum que o faria mudar seu trajeto. Lorcan precisava ver Elide, afinal, aquela poderia ser a última vez, antes que fosse levado; se não pela batalha, pelas mãos de Maeve.

Não se importou em mascarar sua aproximação, e muito menos em ser sutil ao adentrar ao cômodo, escancarando a porta, onde a encontrou de costas, remexendo em seu saco de viagem. Não precisou ver o rosto dela para saber a expressão que encontraria ali, os ombros tensos eram resposta suficiente, assim como a raiva, praticamente palpável. Mas ainda que ela o odiasse, Lorcan jamais teria tomado outra decisão. Baixou os olhos até o braço dela, a pele avermelhada, sinal da cura de Gavriel; uma pela qual ela não teria passado se não tivesse tentado protegê-lo. Pelos deuses, cada vez que se lembrava da cena, tinha que se segurar para não avançar com as presas no pescoço de Fenrys.

Um segundo depois, Lorcan se viu dragado pelos olhos dela — ela havia se virado para ele —, deixando-se encará-la, naquela conversa silenciosa e intensa, escuridão atraindo escuridão, humana atraindo feérico. O semi-feérico deu um passo, depois outro, parando diante do frio das palavras de Elide:

— “Eu queria ir para Perranth com você”... É assim que você demonstra seu desejo? Me tirando de seu caminho?

Algo se apertou dentro de Lorcan, mas não deixou que transparecesse na frieza de seu rosto. Aguentaria todos os insultos de Elide, e o que mais ela quisesse, se isso significasse que ela estaria o mais longe possível do ataque.

— Não sei porquê ainda se incomoda em permanecer. — continuou ela, as frases soando como nevasca numa noite de inverno. — Se é pelo juramento, já cumpriu sua parte, eu te liberto de qualquer compromisso que acredite ainda ter. Sua rainha está a frente, vá de uma vez.

Lorcan odiou ouvir como rainha soou nos lábios de Elide, mas não por ter se tratado de um claro insulto, mas por lembrá-lo da ligação que compartilhava com Maeve, uma que pela primeira vez em seus quinhentos anos de imortalidade, parecia correr como veneno por suas veias.

— Elide…

Um pedido. Quase uma oração. Uma que ele ficaria mais do que feliz em repetir dia após dia, da forma que ela decidisse; como gostaria de ter proferido naquela noite no pântano, quando o dito inofensivo toque dela, fizera-o esquecer de sua missão, de que estavam cercados por bestas inomináveis, de todo um universo ruindo, prestes a ser engolido por um mal irreparável. Era esse o poder daquela garota, a caça que virara o caçador; a portadora do calor que o aquecia muito mais que o fogo de Aelin Galathynius.

O moreno afastou o desconforto que o atingia, cobrindo a distância que os separava. Parou a frente de Elide, fazendo-a parecer uma criança. Muitos homens recuariam com a proximidade do macho, mas não ela, jamais. Elide nunca o temera, mesmo quando seu olhar a aconselhava a fazê-lo.

O semi-feérico envolveu os braços de Elide num aperto firme, com as mãos calejadas, mais do que acostumadas a manejar armas, a tirar vidas. A jovem fez menção de se afastar, mas o ímpeto pareceu desvanecer junto com o ódio fervilhante nos orbes onix, sendo substituído por mágoa.

— Por que não pode deixar que eu permaneça aqui, ao seu lado?

Lorcan piscou, o único sinal de perturbação que permitiu demonstrar, e por estar com ela, acabou falando mais do que gostaria.

— Porque não há sentido em vencermos esta guerra, se a Senhora de Perranth não estiver lá para me receber quando eu for à sua procura.

Elide estremeceu, as palavras dele penetrando sua alma, tornando-a consciente demais da proximidade de Lorcan, fazendo-a lembrar da noite em que quase fora dele, a primeira vez na vida que desejou um homem.

Praticamente inconsciente de seus atos, Elide colocou-se na ponta dos pés, sentindo a magia de Lorcan acariciando seu tornozelo destruído, apoiando-a, como sempre estivera desde que se uniram naquela jornada. Deixou a palma da mão apoiar-se contra o rosto do moreno, a barba por fazer, os pelos fazendo cócegas em seus dedos. O semi-feérico fechou os olhos, absorvendo o contato casual que não permitia a suas amantes anteriores, mas ansiava por parte de Elide. O cheiro inebriante dela, similar ao que ela exalara no pântano, preencheu as narinas do macho, fazendo-o engolir em seco, contendo-se. Mas bastou que abrisse os olhos, para que seu autocontrole caísse por terra, porque não havia como explicar o pedido silencioso de Elide  — aquela corda que os ligava, numa tensão prestes a arrebentar —, apenas atendê-lo.

O guerreiro curvou-se sobre Elide, lento mas direto, até finalmente roçar a boca sobre a dela, experimentando, quase lançando faíscas entre ambos. Lorcan se afastou apenas o suficiente para encará-la, deslizando uma mão até o rosto dela, praticamente envolvendo-o por inteiro, enquanto esquadrinhava as sardas que salpicavam sua pele. Elide pousou a mão sobre a dele, então, Lorcan voltou a avançar, realmente beijando-a, com toda experiência que apenas cinco séculos de vida poderiam oferecer, mas jamais prepará-lo para o impacto que seria a jovem em sua existência.

Lorcan nunca se arrependera por quaisquer de seus atos, mas naquele momento, ele gostaria de ter feito tudo diferente, para que sua única preocupação fosse a morena que mexia com seus instintos, tornando-o mais territorial do que imaginaria um dia ser.

O semi-feérico direcionou-a até a parede, pressionando-a levemente, enquanto uma mão tomava a nuca de Elide, e a outra a cintura, colando a si de forma irrefutável. A jovem suspirou na boca de Lorcan quando este grunhiu ao contato de seus corpos, o som primordial reverberando em cada terminação nervosa, fazendo-a arrepiar-se.

Lorcan liberou a boca de Elide, roçando a própria sobre sua mandíbula, sentindo as mãos da morena a percorrê-lo sobre ombros, peito e abdômen; toques inocentes ainda que possessivos, que diziam muito do que ele mesmo queria. Um novo grunhido retumbou pelo peito de Lorcan, quando ele desceu pelo pescoço dela, inspirando, absorvendo cada partícula de desejo que o corpo dela liberava, estas, ressonando com as dele. O guerreiro resvalou as presas na área próxima ao ombro, deixando a língua correr pela pele alva, degustando de Elide.

Era ali, naquele local, onde não só ele como boa parte dos tripulantes do navio, e seguidores de Aelin, viam as marcas deixadas por Rowan, a reivindicação do macho feérico por sua fêmea, o claro sinal de posse; estas, exibidas com orgulho, assim como os arranhões nas costas do príncipe feérico, deixados pela Herdeira de Mala. Lorcan via aquilo como uma estupidez, mas agora, com Elide em seus braços, o gosto dela em sua boca, não havia nada que ele quisesse mais do que mordê-la, fazer sua reivindicação. Mas o simbolismo de ter as presas de um macho inseridas na derme, ainda que não definitivo, era significativo demais para que simplesmente seguisse sua impulsividade.

E fora como se Elide tivesse pensado a mesma coisa, ou até mesmo lido seus pensamentos, pois, os dedos dela logo se prenderam em seu cabelo, direcionando-o até que sua boca estivesse entre o ombro e pescoço da morena. Lorcan parou, a respiração aquecendo a área, juntando-se à dela, audível, acelerada, em expectativa. E fosse porque ele finalmente assumia aquela tensão existente entre eles; seus instintos; ou, qualquer outra justificativa que ainda não fazia sentido em sua mente conturbada, o semi-feérico fez conforme lhe apetecia, e com um cuidado ao qual não estava habituado, fechou as presas na carne de Elide, não recebendo em retorno nenhum tipo de reclamação, apenas um suspiro de prazer, acompanhado do gosto do sangue dela em sua língua, o gosto de sua fêmea.

Lorcan levantou a cabeça, buscando pelo rosto dela, pelos lábios entreabertos, pelos olhos aturdidos, e sorriu, o ato que fez  com que Elide outrora reparasse em como o guerreiro era bonito, a ação que ele raramente se permitia, mas que oferecia ali, apenas para ela, após aquele contato tão íntimo quanto se seus corpos estivessem enlaçados na cama. Em resposta, a jovem sorriu de volta, tomando a boca de Lorcan Salvaterre em seguida, num último e perturbador beijo, que os deixou desnorteados.

A contragosto, antes que a situação saísse do controle dos dois — não que estivesse estado em algum momento —, Elide o empurrou com gentileza, tomando algum tempo para recuperar-se. Então, lembrando do que tinham que fazer, do que os esperava além da porta, a morena murmurou, fitando-o com uma exigência imensurável:

— Lorcan... Sobreviva. Não importa como, apenas sobreviva. E quando tudo terminar, venha até mim para que eu possa reivindicá-lo.

E como se não pudesse suportar um minuto a mais na presença dele, como se compartilhar o mesmo ar que o semi-feérico fosse difícil demais, Elide lhe deu as costas, mancando em direção ao convés, deixando para trás não só uma promessa, mas um pedaço de seu coração.


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Notas finais do capítulo

É isso, espero que tenham gostado ~



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