Autumn Leaves escrita por mrsprongs


Capítulo 2
Capítulo um - Marlene Mckinnon.


Notas iniciais do capítulo

Eu sinto muito pela demora em postar esse capítulo. Demorei porque como AL é uma shortfic eu preciso acumular em um único capítulo o máximo de informação possível então tive que me dedicar um pouco mais para conseguir deixar o primeiro encontro dos dois pouco corrido - ainda não estou exatamente satisfeita com ele - então espero que gostem XX.

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POLYVORE MARLENE
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 She comes in colors everywhere

She combs her hair

She's like a rainbow

Coming colors in the air

Oh, everywhere

She comes in colors

A cabeça de Marlene doía três vezes mais do que o de costume, o que indicava que a noite anterior havia sido bastante proveitosa, apesar de lembrar – se de muita pouca coisa: a casa de show estava lotada de uma forma que Marlene nunca vira antes, o repertorio de musica eclético que a banda de Marlene havia selecionado para tocar, as doses que ela tomou após o show e... O rapaz de cabelos negros e compridos da mesa três que não tirava os olhos de cima dela durante a apresentação.

A primeira vez que a mulher notou o olhar do rapaz em cima de si estava cantando o terceiro verso de Sweet Child O’Mine – que ela arriscaria dizer sua música tema de vida. Seus olhos azuis cruzaram com a imensidão escura das íris do rapaz e ambos sorriram um para o outro ao mesmo tempo.

Ela primeiramente pensou que aquela também fosse a música favorita dele, e que ele estava simplesmente satisfeito com a interpretação de Marlene, então deixou para lá. Mas então o repertorio mudou e Marlene continuou a sentir aqueles olhos intensos sobre ela até mesmo quando apresentou de forma muito podre, pelo olhar dela, Born This Way da Lady Gaga, que com certeza não parecia uma musica que estaria no TOP 10 das favoritas do rapaz. O show acabou e Marlene desceu do palco rapidamente, no intuito de conseguir conversar com o tal homem misterioso, porém acabou sendo levada em outra direção pela multidão eufórica.

Ela nem ao menos sabia por que se importava tanto com isso, já que muito provavelmente nunca mais o veria novamente. Ou era o que ela pensava ao acordar naquela manhã mórbida de segunda.

Marlene se espreguiçou sem ligar muito para a dor no corpo consequente a noite de bebedeiras. Não abriu as cortinas, pois sabia que isso agrediria demais seus olhos, e para alguém que precisava passar mais de cinco horas em sala de aula, e ficar parcialmente cega as seis da manhã não era sua intenção.

Foi até o banheiro, encarando sua péssima imagem no banheiro. Os cabelos loiros estavam até domados para o que poderiam estar após uma noite como a que tivera, mas as olheiras que cercavam seus olhos tremendamente azuis não eram lá agradáveis de serem vistas, mas nada que um corretivo não resolvesse.

Vestiu uma saia midi azul – céu que ficava pouco abaixo de seu joelho, uma blusa branca e solta, e amarrou os cabelos loiros em um rabo de cavalo com uma fita azul clara e passou maquiagem o suficiente para camuflar seu estado caótico, tomando cuidado para não cobrir totalmente as sardas, uma das poucas coisas que Marlene amava em si mesma. Quem a visse não diria que aquela mulher que ensinava criancinhas a tocar violinos cantava em bares todos os finais de semana.

— Tonks, acorda! - ela chamou pela amiga, abrindo a porta da cozinha, caçando por uma aspirina pelos armários. – Tonks, onde estão as aspirinas? TONKS!

Ela não precisou gritar mais uma vez, pois naquele mesmo instante Nymphadora Tonks passou pelo arco da porta, completamente vestida para mais uma entrevista de emprego. Os cabelos rosa estavam começando a desbotar, mas a pele alva e os olhos verdes estavam mais vividos do que nunca.

— Acabaram porque você é uma máquina de ressaca, Marlene. – a de cabelos rosa bocejou, tropeçando logo em seguida no batente da cozinha.

Marlene abafou uma risada, se distraindo a procura de comida pelos armários. Suspirou resignada, virando bruscamente para Tonks.

— Precisamos fazer compras antes que os armários nos engulam.

— É, claro. Devemos pegar nossos salários mínimos que mal pagam nossas contas e sair gastando à toa que é direito. – respondeu a outra, com um misto de ironia e aspereza, mas trazendo a realidade a Marlene. As coisas estavam feias para elas. – Não viaja, Marley.

Marlene revirou os olhos. Odiava quando a melhor amiga acordava com o pé esquerdo, pois tudo era motivo para Tonks reclamar.

— Não me venha com brutalidades hoje, Nymphadora. – ela deu ênfase no nome para a de cabelos rosa perceber que falava sério. Muitos julgavam Marlene infantil, não muito digna de moral, mas Tonks sabia que não deveria aborrecer a fera. – Vou torrar ovo para o café da manhã, tem resto de suco na geladeira, e hoje à tarde nós vamos pegar o cachê do meu show de ontem e vamos abastecer essa casa.

Tonks apenas assentiu com a cabeça, largando - se em uma das cadeiras velha ao redor de uma mesa circular e aos pedaços, que elas encontraram na rua quando mudaram - se para Galway e que passou a ser a mesa de café da manhã das duas. Marlene sorriu para a amiga, ligando o fogo. Ela sabia por que Tonks estava tão brava e preocupada, pois também estava quase do mesmo jeito. As contas estavam atrasadas, e o pouco dinheiro que Tonks no bar e Marlene na escola primária onde dava aulas de musicas não eram suficientes para  arcar com os custos. O que salvava era o pequeno cachê que Marlene ganhava ao se apresentar com sua banda no bar que Tonks trabalhava aos finais de semana e feriados.

— Conheci um cara ontem. – Tonks contou, com um sorriso de canto enquanto mordia um pedaço da omelete. – Peter.

— Por favor, me diga que é melhor do que o Stebbins. – Marlene brincou, recebendo uma revirada de olho e uma risada debochada como resposta. Michael Stebbins era o ex-namorado de Tonks, que Marlene considerava levemente assustador. – Estou brincando, enjoada. Como ele era?

— Pequeno, gordinho e um amante natos dos Beatles. Veio falar comigo por causa da minha camiseta. – ela riu, tomando um gole de suco. – Ele parece ser um cara legalzinho. – a de cabelos rosas fez careta.

— Oh, entendi. Ele é suportável, mas nada demais. – Marlene constatou, recebendo um aceno positivo de cabeça de Tonks. – Mas então, vocês vão sair?

— Ele me chamou para a exposição de arte do amigo dele, naquela galeria perto do bar... – Tonks fez uma pausa, aumentando a curiosidade de Marlene. Ergueu o olhar para a loira, sorrindo de lado – E eu meio que disse que ia, mas agora não tenho tanta certeza. Vai que ele é um saco!

— Então, o que é que tem isso? Se não quer mais, fure com ele. – Marlene deu de ombros.

— Ah, Marley, você sabe que eu odeio furar com as pessoas! Eu não furo nem mesmo quando sou chamada para funerais! Você bem que podia ir comigo né? Assim ele entenderia que não é bem um encontro. – Tonks implorou, piscando os olhos repetidas vezes na direção de Marlene, que revirou os olhos indignada.

Aquela não seria a primeira nem a última vez que Tonks a meteria em programas tediosos só por não querer dá um chute na bunda de alguém. O pior de tudo, Marlene tinha que admitir, era que sempre funcionava.

— E quem garante que vai funcionar dessa vez? – a loira cruzou os braços diante os peitos, lançando a Tonks um olhar de censura.

— Sempre funciona, e ele só não percebera isso se for um grandíssimo idiota.

Como todos os caras que você saiu?, Marlene quis completar mentalmente, mas decidiu que um suspiro seria o suficiente para demonstrar sua insatisfação. Tonks era uma máquina dê relacionamentos corrosivos, só tendo sorte com um garoto, Charles Weasley, um intercambista que saiu com Tonks por alguns dias, antes de partir para a Romênia para estudar animais. Marlene gostava dele, o achava simpático e chegou a pensar que talvez ele fosse a pessoa certa para Tonks, mas então o ruivo partiu, deixando sua melhor amiga extremamente magoada.

— Eu odeio exposições de arte, Dora. – ela aliviou com um sorriso. – As pessoas que frequentam esses lugares são tão chatas.

— Ah, Lene, mas ele é um novo artista, quase amador. Está entrando em ascensão agora com essa turnê pela Europa. – a amiga tentou convencer, levando os pratos para a pia.

Marlene checou o relógio. Ótimo, ainda era seis e meia. Tinha tempo o suficiente para ela tomar banho e correr para o trabalho sem atrasos.

— Qual o nome dele? – ela perguntou, sem muito interesse. Não estava nenhum pouco a fim de ir para tal lugar.

— Sirius Black. – Tonks sorriu, como se o gesto fosse automaticamente convencer Marlene a ir.

— Sirius? Tipo a estrela mais brilhante do céu? – Marlene gargalhou com o nome, quase se engasgando com o pedaço de ovo que ainda estava em sua boca.

— Você não pode falar nada, Marlene. – Tonks enfatizou o nome, fazendo a loira revirar os olhos. – Até porque seu nome não é lá muito normal não é mesmo?

— Nem me venha com essa, Nymphadora. – a loira devolveu, deixando a de cabelos rosas rubra.

Tonks odiava o próprio nome, mas até mesmo Marlene, que era uma amiga bastante incentivadora, compreendia tamanha vergonha, e por isso chamava - a apenas pelo segundo nome, o mais bem aceito pela mulher.

— Vou pesquisar sobre ele no Google mais tarde. – ela beijou a bochecha da melhor amiga antes de sair da cozinha e migrar em direção ao quarto para pegar – Vou para o trabalho. Retorno-te com a resposta depois.

Have you seen her dressed in blue

See the sky in front of you

And her face is like a sail

Speck of white so fair and pale

Have you seen the lady faire

Marlene amava e odiava o apartamento que dividia com Tonks. O odiava por ser tão pequeno e disfuncional, mas o amava por ser tão perto da escola onde trabalhava e ser suficientemente barato para elas bancarem.

Mas o que a loira odiava de verdade era seu emprego. Por mais que gostasse de crianças e as achassem as coisas mais fofas e preciosas do mundo, trabalhar com eles, ensinando dia após dia como tocar violão, piano, saxofone, entre outras, de forma correta não era lá o que desejava para a vida. Ela queria ser cantora, ou então ganhar a vida de sua poesia, não em uma sala de aula cheia de crianças birrentas.

Então algo superava o ódio que tinha por seu apartamento.

Mas naquele momento, enquanto se arrumava as presas para a tal exposição que Tonks queria arrasta - lá, Marlene o odiava mais do que tudo. Era tão pequeno e apertado, de forma que ela mal conseguia se mexer dentro do próprio quarto. A vontade de Marlene era de gritar e bater as paredes, mas isso causaria mais dor a ela do que ao apartamento.

— VAMOS LENE, ESTAMOS QUASE ATRASADAS! – Tonks gritou da sala, irritando ainda mais a mulher de cabelos loiros.

Marlene tivera o pior de todos os dias. Primeiro, o trânsito infernal que a fez se atrasar dois minutos, o que fez com que a diretora do colégio lhe passasse um enorme sermão sobre atraso, no final do período de trabalho, o carro de Marlene deu prego e foi rebocado, e como ela estava sem dinheiro para pagar reboque, teve que ir andando para o mercado, voltando para casa a pé e cheia de sacolas. Receberá duas intimações por aluguel atrasado e a fatura de seu cartão estava vencida. Acabada, a mulher dormiu à tarde quase toda, acordando apenas com os gritos de Tonks em seus ouvidos, mandando - a se arrumar para a tal exposição, e sem escapatória, a loira teve que se enfiar no chuveiro e se arrumar para ir. Ela nem ao menos teve tempo de pesquisar sobre o tal Sirius Black.

Lá estava ela, em frente ao espelho, tentando arrumar seus cabelos de algum jeito que não ficasse lambido. Usava uma meia calça preta, combinada com uma blusa preta e curta que deixava a mostra poucos centímetros de sua barriga, uma saia xadrez acima do joelho, cachecol para que seu pescoço não congelasse no frio, uma boina estilo francês que combinava com a estampa da saia – era duro para ela admitir, mas havia comprado tudo em uma liquidação de roupa dos anos 70 – e por cima de tudo um sobretudo vermelho - pastel.

Pegou o celular e seguiu para fora do apartamento, encontrando com Tonks no corredor.

As duas se entreolharam de cima a baixo. Ao contrário de Marlene, que havia escolhido apenas duas cores para usar, Tonks parecia um arco íris. Seu vestido era azul claro, o que deixava o cabelo mais chamativo do que já era; já os sapatos eram púrpura, diferente dos de Marlene que eram pretos como a meia calça e a blusa, e o, sobretudo era azul escuro.

 Elas sorriram uma para outra, sem ousarem dizer nada.

Have you seen her all in gold

Like a queen in days of old

She shoots colors all around

Like a sunset going down

Have you seen the lady fairer

A galeria estava lotada, mas Marlene já era acostumada com lugares movimentados. Quase todos os finais de semana o bar lotava, raras ocasiões isso não acontecia, então tudo estava dentro do cotidiano dela e de Tonks, que trabalhava como barman aos finais de semanas, quintas e sextas.

Elas caminharam por meio à multidão, parando vez ou outra para analisar algum quadro que lhes chamassem atenção, enquanto tentava despistar Peter, o rapaz baixo e levemente desagradável que Tonks estava tentando dá um fora. Marlene estava achando tudo aquilo particularmente divertido.

— Você tinha que vim com essa boina? – Tonks gemeu, apontando para o alto da cabeça de Marlene, fazendo com que a loira soltasse uma risada discreta. Tonks não era lá a pessoa mais qualificada para reclamar da falta de discrição de Marlene a julgar por suas próprias roupas. — Você veio ao mundo para me fazer passar vergonha?

— Qual é Dora! Passar vergonha por quê? Você nem ao menos estava interessada no Peter chatão. Aliás, estou desgostosa pelo quanto seu nível baixou desde Charles. – Marlene observou a amiga revirar os olhos, mas rir de canto. Até mesmo ela tinha que admitir que fosse verdade. – Aliás, eu estou combinando com essa arte. Bem única.

— Não era você que não gostava de artes, ô poderosa Marlene? – a outra zombou, sendo vez de Marlene revirar os olhos pelo comentário da amiga.

— Tenho minhas exceções. Quem quer que seja esse tal de Sirius Black, desenha e pinta muito bem. – ela apontou para um quadro isolado, da silhueta de uma mulher oriental muito bonita, que Marlene pegou - se perguntando se aquela não seria a esposa de tal artista.

Elas prosseguiram por entre as pessoas, se direcionando a mesa de comidas e bebidas. Por trabalhar no dia seguinte, Marlene serviu - se apenas com um copo de refrigerante enquanto Tonks desfrutava de uma grande taça de vinho.

— Cuidado com isso. – Marlene avisou quando a amiga enfim se serviu. Nymphadora poderia ser simplificada em muitos adjetivos, mas    desastrada era o que mais combinava com ela. - Do jeito que você é, vai acabar derramando no primeiro que passar.

Marlene amaldiçoou sua boca, pois no momento em que as duas viraram, um homem alto e loiro, de expressões cansadas, colidiu contra o braço de Tonks, recebendo em seu terno que aparência bem cara, como Marlene observou, uma linda mancha arroxeada.

— Marlene, sua boca maldita! – Dora rosnou na direção da loira, antes de virar para o pobre homem, sacudindo as mãos exasperada. – Meu Deus! Eu sou um desastre! Me desculpe, eu sinto tanto! Como eu sou estupida!

Marlene não precisou fazer muito esforço para não rir da cena, pois seus olhos estavam vidrados na figura ao lado da vítima do desastre eminente de Tonks: Cabelos negros e longos, pele alva, barba por fazer, olhos cinzentos, o mesmo terno preto por cima da mesma camisa branca que deixava amostra algumas tatuagens em seu peito. Era ele, ela tinha certeza.

Tentou não demonstrar interesse - ou então nervosismo -, não olhando fixamente para ele como se fosse uma maníaca, mas havia algo no rapaz que era ímã para os seus olhos. Ela precisava chamar sua atenção de algum jeito. Olhou para os lados, atrás de alguma coisa para derrubar, mas tudo tinha aparência cara e ela não podia correr o risco de ter mais contas a pagar. Então ajeitou as saias, limpando a garganta para falar:

— Bom, acho que você já sabe com o que vai gastar o salário do mês Dora. - ela tentou parecer o mais casual possível, dando até mesmo uma risadinha tosca no final da frase. Ruborizou ao sentir que havia conseguido o que queria. – Acho melhor irmos embora.

Marlene esperou Tonks entregar seu número ao outro rapaz, na esperança de que o rapaz de cabelos longos falasse alguma coisa, mas ele continuou apenas observando até que Marlene dera as costas e caminhara firmemente até a saída.

— Ei, espera! – ele a puxou de forma discreta, para não atrair atenção do publico. Os dois ficaram próximos, ambos sorrindo. O coração de Marlene palpitava loucamente. Ele era ainda mais bonito de perto, e cheirava tão bem... – Você é a garota do bar não é? A cantora?

— E você é o cara da mesa três. – ela riu, arrependendo – se instantaneamente do que dissera. Marlene, ele vai achar que você é uma louca! – Não que eu tenha prestado atenção ou algo do tipo. – ela esperou alguma reação controversa, mas para a sua surpresa, ele apenas riu.

— Sou mais conhecido como Sirius Black. – ele estendeu a mão, fazendo – a ruborizar ainda mais. Se um dia Marlene achou pinturas toscas e sem graças era porque Black ainda não havia entrado em sua vida. Ela também se arrependeu de ter feito chacota com o nome do rapaz.

— E eu sou Marlene Mckinnon, a cantora. – ela riu tentando disfarçar a qualquer custo o nervosismo. - Então, Sirius, eu ouvi falar que essas pinturas são suas. – indicou com o dedo ao redor.

— São. – ele respondeu, desviando o olhar e corando. Marlene achou adorável que ele estivesse envergonhado, e deixou escapar um murmúrio de fofura. – Então Marlene, a cantora, aceita beber alguma coisa comigo?

— Tão rápido assim? Vai que você seja um ladrão de órgãos ou alguma coisa assim. – ela brincou, torcendo para não ter parecido tosca.

— Eu juro que não sou um ladrão de órgãos nem nada do tipo. – ele ergueu os dedos, fazendo o sinal da paz e dando espaço para que ela passasse.

— Então tudo bem. – ela reverenciou ao passar. – Por sua conta então.

— Resposta errada, Mckinnon. O que eu falei seria exatamente o que um ladrão de órgãos diria. – ele brincou, fazendo – a parar com uma sobrancelha arqueada. Marlene curvou os lábios em um sorriso sarcástico. – Mas é sério, eu não sou um ladrão de órgãos.

  Eles se entreolharam por alguns instantes, antes de sorrirem um para o outro.

 

She comes in colors everywhere 

She combs her hair

She's like a rainbow

Coming colors in the air

Oh, everywhere

She comes in colors

O bar estava agitado para uma segunda feira à noite, o que fez com que Marlene se arrependesse profundamente de ter sugerido o local para um possível primeiro encontro. Ou era o que ela desejava. Eles escolheram uma mesa afastada, longe da confusão central do bar. Sirius estava tenso com a presença da loira, não que ela estivesse melhor.

Eles nem ao menos se conheciam direito, os dois haviam trocado pouco menos do que vinte palavras e lá estavam sentados na mesa de um bar para o que poderia ser o primeiro e único encontro que teriam. Marlene nem ao menos sabia se ele era o cara legal.

— Então, Marlene – Sirius acomodou – se ao seu lado após pedir duas cervejas à mulher do bar, que fez Marlene recordar que saiu sem avisar a Tonks. – Eu realmente não sei o que falar porque já sabemos tudo o que geralmente é assunto em primeiros encontros.

Marlene sentiu suas mãos gelarem. Então era um primeiro encontro?

— Então isso é um encontro? – ela arqueou uma sobrancelha, no intuito de deixa – ló tão desconcertado quanto ela estava, mas Sirius nem ao menos corou, parecendo se divertir com a provocação.

— Só se você quiser que seja. – ele deu de ombros, levando até os lábios o copo de cerveja. Bebeu um gole, voltando a encarar a loira logo em seguida. - Se não, considere como um encontro casual de dois quase amigos.

— Seria um encontro do mesmo jeito. – foi à vez dela de tomar um gole de sua cerveja. A bebida desceu quente, amargando por onde passava.

— Touché, loirinha. – ele estralou a língua, pondo o próprio copo de lado. – Então você é cantora? Isso é legal.

— Na verdade – ela alisou as mãos uma na outra, antes de engatar a fala – Eu sou professora de música em uma pequena escola local. – ela respondeu, surpreendendo – o. Ela o entendia, porque quem visse Marlene durante o show jamais imaginaria que aquela mesma mulher ensinava violino as segundas, terças e quartas. – Os shows são cachês extras na minha conta bancaria.

— Oh, você ensina a tocar o que? – Sirius perguntou, esquadrinhando o rosto de Marlene como se estivesse conhecendo outra mulher.

— Violão, piano, teclado... Pare de me olhar assim. – Marlene riu, sentindo o rosto queimar.

— Desculpa, é que estou te imaginando dando aula com essa boina. – Sirius apontou para o topo da cabeça da loira. Marlene torceu para que a pouca iluminação do local tivesse camuflada a vermelhidão de seu rosto ao retirar a boina. - Não, eu gostei dela. Combinou com as suas sardas.

— E também ensino a tocar violino! – Marlene exclamou em um tom de voz um pouco mais alto, a súbita mudança de assunto sinalizando sua vergonha. Sirius entendeu, pois riu.

— Violino? Eu pagaria tudo para te ver tocar violino. – ele bebeu mais um gole da bebida.

— Eu ainda sou uma garota irlandesa, homenzinho inglês. – ela caçoou. – Violino é um talento de sangue.

— Como sabe que eu sou inglês? – Sirius se debruçou sobre a mesa, ficando muito próximo do rosto.

— O sotaque. – Marlene mordeu o próprio lábio, em uma provocação silenciosa. Sirius não mexeu um único músculo, o rosto a poucos centímetros do de Marlene. – Galway recebe muitos turistas de diferentes nacionalidades, sempre tem aquele que marca. E você é de onde? Londres, Yorkshire...?

— Hogsmead. – ele respondeu, um tanto sem graça. – Uma pequena cidade do norte.

— Oh! Então você é um clichê! – ela riu, mas tentou não deixa – ló mais envergonhado apesar de Sirius ficar uma graça quando vermelho. – Garoto pequeno de cidade pequena que conquistou o mundo.

— Sempre. – ele brincou com um sorriso nos lábios. Marlene jurou ter babado um pouquinho. Ele era tão atraente. – E você Marlene?

— Eu sou uma garota de Galway. – ela riu, tentando não parecer tão envergonhada quanto.

— Mora aqui desde sempre? – ele perguntou.

— Uhum. – disse, bebendo um gole de sua cerveja. – Conheço essa cidade com a palma da minha mão.

— Está disposta a me mostrar? – ele seguiu o gesto de Marlene, alcançando a própria cerveja. A loira jurou ter visto um sorriso se camuflar com o gole que ele deu na bebida, e por isso, ela sorriu também.

She's like a rainbow

Coming colors in the air

Oh, everywhere

She comes in colors

Sua cabeça doía e seu corpo parecia ter sido mergulhado em água fria por tamanha dormência. Aquela era, sem a mínima sombra de duvidas, sua pior ressaca. Ela se virou para o lado, mirando o relógio com os olhos entre abertos. Ainda era cedo.

— Eu te odeio. – ouviu Tonks resmungar da porta. – Saiu e nem ao menos me disse e eu tive que ficar plantada na entrada da galeria como uma estatua até ver você e o bonitão saírem como se nada tivesse acontecido.

— Desculpa. – ela riu fracamente, enterrando a cabeça entre os travesseiros. – Mas se você quer saber, o encontro foi muito bom.

— Como se você se lembrasse de alguma coisa. – Tonks riu, deixando o quarto.

Marlene ergueu a cabeça alarmada, tateando em busca de seu celular. Rolou a tela pela lista de contatos e chamadas recentes, mas nada que fosse remetente a Sirius Black estava anotado. Perseverante, ela levantou, mesmo com o corpo cheio de dores, até a mesinha onde sua bolsa estava vasculhando – a em vão. Quando estava prestes a buscar seu celular novamente para buscar por Black em alguma das redes sociais, notou a mancha negra em seu braço. O número de Sirius estava tatuado por quase todo ele com o que parecia ser caneta esferográfica. Ela riu, ainda mais ao notar que ele havia assinado seu nome com um coraçãozinho.

A noite foi divertida. Espero que queira me ver novamente, se lembrar de mim depois dessa noite. Sirius Black”.

— TONKS! VOCÊ NÃO VAI ACREDITAR NO QUE ACONTECEU! – ela gritou, correndo para o corredor.


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Notas finais do capítulo

A linda que interpreta a Marlene (essa lindinha na imagem) é a Swantje Paulina. A música do capítulo é She's a rainbow dos Rolling Stone.



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