retr(atos) escrita por Lyn Black


Capítulo 8
FRAGMENTO 8 - Domi-domi e me domina


Notas iniciais do capítulo

OLÁ.
Se eu deveria estar estudando pra umas oito provas? Sim.
Mas o chamado pela história foi mais forte, e bem, quem estava se perguntando pela dona do 1o capítulo...
OBS: pra quem vai fazer ENEM amanhã, neste domingo fatídico, meus melhores desejos, primeira vez que faço e tô levemente nervosa, mas é a vida que segue...
Boa Leitura!!



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FRAGMENTO 8: Domi-domi e me domina

(onde será que ela foi parar?)

 

 

— Camila, passa a manteiga – o garoto com sobrancelhas ruivas afasta os cachos pretos do seu rosto redondo, estendendo a mão, e apanhando a travessa. Ainda parece bem sonolento, mas o contorno de lápis ao redor dos seus olhos definitivamente indica uma noite ocupada.

Há uma janela de vidro fosco bem ao alto, longe da linha de vista do grupo aninhado ao redor da mesa de madeira velha, pintada a vermelho. A cozinha não é muito espaçosa, e as louças na pia já se acumulam desde o almoço do domingo anterior, mas não é nada que um feitiço de limpeza não possa solucionar. As quatro cadeiras ao redor da mesinha mostram-se bem ocupadas pelo garoto e outras três meninas na faixa dos vinte anos.

Camila nem chega a pegar um prato antes de enfiar um pão com geleia de amora (já vencida, é provável) pela goela e se levantar com chá saindo fumaça na mão. Os óculos de grau caem levemente pelo seu nariz adunco, e a marca do batom fica na caneca antes de ela depositá-la com pressa na já transbordante pia. A garota termina de abotoar o que parece ser uma jaqueta jeans meio esfarrapada, ainda que elegante, antes de tirar a sua varinha da beirada da bota alta e destrancar a porta, saindo sem grandes explicações. Riponga é como a ela se referem educadamente quando não está escutando.

A outra garota não parece ter muita pressa enquanto retira cuidadosamente o miolo do pão, jogando-o fora com um arremesso antes de cortar o que restou do pão em pedaços. Comenta sem desviar os olhos da tarefa:

— É a vez da Safo de limpar o apartamento. Enquanto ela não fizer nada, ninguém vai. – pode-se dizer que ela é daquelas que não precisam gritar com as tropas para ver as coisas acontecerem. Seu tom é imperativo, e o jovem assente em concordância, murmurando algo entre suas largas mordidas.

A menina restante se inclina na cadeira, visivelmente tentando não manchar a roupa formal que veste. Nem mesmo as tatuagens visíveis pelo decote e os piercings na orelha e sobrancelha desequilibram o visual expressamente profissional. Essa é Elora, a mais velha na mesa e, devemos dizer: provavelmente a mais compreensiva.

— Dá um tempo pra ela, Paris. Eu não vejo a Safo direito faz uns dias desde a confusão da Weasley.

O garoto grunhiu e movimentou a mão indicando que reduzisse a voz, antes de se meter:

— Artemísia e Weasley chegaram aqui umas 3 da manhã, mas a Weasley sempre acorda cedo pra caralho.

Paris dá de ombros antes de começar a comer os pedaços pequenos de pão, intercalando com café.

— Não poderia me importar menos. – sua fala gera um revirar de olhos de Elora, que parece disposta a replicar, mas não chega a falar quando percebe a coruja batendo as asas contra a janela. Com um olhar arisco para Paris, arrasta sua própria cadeira para o vão entre a parede e a pia, subindo nela e destrancando com costume a janela-vitral. A coruja parece identifica-la e após bicar seu dedo, deixa a garota pegar a carta.

Desce da cadeira e recosta no balcão sob o olhar do garoto, que divide sua atenção entre ela e sua segunda fatia de pão com manteiga.

— Então?

— Eles querem uma qualificação em – ela pausa para reler os papéis, um tanto incerta – algum curso ou faculdade bruxa de renome, senão nem passam da entrevista de estágio.

Ele parece ter pena ao falar:

— A Ministra Granger já tinha avisado, Elo – ele suspira, e coloca mais açúcar no seu copo – não basta mais estar no Ministério, essas sociedades intelectuais desprezam o governo.

A garota suspira, antes de jogar todo o maço de pergaminhos na lixeira mais próxima, e devolver a cadeira à mesa. Elora corre a mão pelos fios que escapam de seu cabelo que cresce fora do seu desejo pelos seus ombros, antes de apanhar os sapatos antes enfiados ao lado da geladeira. Ela sente o olhar da outra menina e torce o nariz em irritação.

— Eu já sei, próxima vez guardo os sapatos no meu quarto. – seu tom quase debochado gera uma risada no garoto, Fred é como o chamam por ali.

Caso Paris se deixa afetar, não transparece e levanta-se para deixar o prato na beirada da pia.

— Eu ‘tô indo na direção do Ministério, posso te dar carona. – ela oferece para Elora, e bem parece uma mãe cansada demais para dar corda às birras de seus filhos.

Elora sorri e agradece, antes de pegar seu molho de chaves da bancada e colocar na bolsa que havia dependurado na maçaneta antes. As duas desaparecem pelo corredor estreito, saindo com uma batida forte pela porta da sala, possivelmente a razão para os passos que Fred começar a escutar alguns minutos depois.

Ele acabou tomando por sua a tarefa de ajeitar a cozinha como tinha a manhã de folga, e é assim que Dominique o encontra, lavando sem bruxaria alguma os talheres, pratos e travessas.

— Hey, bom-dia – ela sorri através do sono ainda residual, mas ele repara como ela já está toda vestida, até mesmo com casaco longo afivelado.

— Oh, bom-dia! – ele comenta e indica a mesa com a cesta de pães vazia - Se você tivesse acordado mais cedo teria encontrado as meninas, elas saíram agora há pouco.

Dominique sorri e dá de ombros.

— Acho que eu fiz um favor a elas, principalmente a Paris.

Fred desliga a água corrente e se vira para a menina usando, embora só ele saiba, roupas que não são suas numa casa estranha.

— Ela não é tão ruim assim. – ele tenta rir para quebrar a tensão, mas Weasley só dá de ombros mais uma vez antes de ir até a geladeira e milagrosamente encontrar uma ameixa.

— Não precisa fazer isso – ele olha-a novamente, e lembra-se da primeiranista tímida, mas alegre que conheceu ainda no seu último ano de Hogwarts. – Eu não quero atrapalhar a vida de vocês, mesmo.

— Nada disso, Dominique, a última coisa que você ‘tá fazendo é atrapalhar. – ele seca as mãos nas calças e se aproxima, repousando sua mão sobre o braço dela – Só não é todo dia que uma Weasley se junta ao clube.   

Ela ri e dá mais uma mordida na fruta.

— Se a Safo perguntar por mim, diz que eu devo voltar só amanhã de manhã, okay? – ela pisca os olhos como um cachorro que caiu da mudança, e Fred revira os seus antes de olhar para a garota de novo. A primeira coisa que ela pedira quando chegara e o efeito do sedativo passou fora tinta preta para suas madeixas. Ele brincou sobre as prioridades delas para só então entender como, na verdade, Dominique queria se deixar irreconhecível para todos.

— Beleza, - vira-se para a pia e volta a passar a esponja na última caneca suja – ah, reunião na hora do almoço de amanhã no espaço da Artemísia.

— Onde fica? Desnecessário alguém me levar até lá de olhos vendados, Fred. – ela sorri para ele pelo canto de sua vista, mas Frederico ignora-a, antes de empilhar o último copo no escorredor d’água.

— Camila vai estar te esperando com Elora no átrio do Ministério às 13 horas em ponto. Sem atrasos.

Dominique retém uma exclamação.

Qualquer lugar é melhor do que lá. Metade da minha família trabalha pra eles.

Ele se inclina e beija a sua bochecha antes de ir se trancar no seu quarto.

— A multidão é o melhor lugar, além disso, é bem mais fácil te passar despercebida bem embaixo do nariz deles.

Dominique suspira longamente antes de sair do apartamento compartilhado. No seu quarto, Fred manda seu patrono atrás de Nott. É claro como água que a lealdade da visitante está somente com ela mesma, e sabe-se lá se Safo vai ter a firmeza para obliviar a sua nova Weasley preferida. Ele se ofereceria, mas o problema ainda não é dele. 

 

 


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Notas finais do capítulo

Muitos personagens novos, né? O que vocês acharam?
Até o próximo :)



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