No capítulo anterior:

Pov Martha

Eu sei que o que estava fazendo era errado. Completamente errado, mas que mais poderia fazer?

—Foi discreto? – Eu pergunto a Hunt, depois de chegar ao nosso “esconderijo”.

—Tentei… - Ele tenta uma aproximação, mas eu ainda não estou pronta.

—Hunt, eu acho que o que nós estamos fazendo não é certo… - Ao fim de tantos anos, eu continuava amando este homem que tinha na minha frente. Sei que era horrível, depois de tudo aquilo que ele me fez passar. Mas eu conhecia o seu coração e no fundo eu sabia que ele era um bom homem. Eu sabia disso. Eu queria acreditar nisso.

—Martha… - Ele me dá a mão. – Já passaram dois meses, você conseguiu descobrir se Kate é a pessoa por quem eu procuro?

—Hunt… Você me está pedindo para eu vasculhar as coisas dela! – Eu falo a verdade.

—Eu só preciso saber isso, Martha! É apenas perguntar… - Ele fala.

—Eu conheço, Kate. Se eu perguntar, ela vai querer saber o porquê e eu não vou ter uma desculpa suficientemente boa…

—Você pode perguntar ao Rick… - Ele sugere.

—Eu não vou fazer isso! – Eu fico irritada agora. Eu também não percebia o porquê de tanta insistência. –Aliás, você mesmo devia perguntar! Você é pai dele, devia querer falar com o seu filho…

—Ele me olhou com raiva naquele dia… - Hunt parecia arrependido agora.

—Você que o abandonou, é normal que ele tenha raiva. – Eu falo.

—A questão agora é: você consegue ou não descobrir o que estou pedindo? – Ele perguntar.

—Eu vou tentar, mas não prometo nada. – Eu falo a verdade.

Depois disso nós nos aproximamos, sentindo saudade dessa aproximação.

Eu me odiava por estar cedendo, mas não estava conseguindo ficar afastada.

Pov Castle

—Rick… - Sinto alguém me abanar e acordo com alguma dificuldade. – Chegamos. – Michelle, sorri ao ver o quanto ensonado estou.

A primeira coisa que faço é enviar uma mensagem á minha mãe para depois ligar para Kate.

As malas são descarregadas e já temos lá fora um carro nos esperando para nos levar até ao hotel onde íamos ficar hospedados.

—Espero que você não vá receber os fãs com essa cara. – Michelle fala.

—Pode deixar. Eu irei dar o meu melhor sorriso. – Eu falo, encarando a paisagem.

A viagem é rápida e eu logo me apresso para levar as minhas malas para o meu quarto.

Michelle me pede para me encontrar com ela daqui a uma hora para depois do almoço irmos á primeira sessão de autógrafos. E as duas semanas seriam assim – agitadas.

Pego o celular e disco o número de Kate – eu precisava de ouvir a sua voz. Ainda só tinham passado duas horas e eu já tinha saudades. Muitas para falar a verdade.

—Oi… - A voz dela parece animada em me ouvir, mas por um lado eu sei que ela está triste.

—Você sabia que eu já estou cheio de saudade? – Eu falo a verdade.

—Você só está tentando me animar…

—Não. Eu estou falando a verdade.

—Rick… — Eu sinto que ela quer me perguntar alguma coisa do outro lado.

—Pode perguntar.

—Você está sozinho aí no quarto do hotel?

Instintivamente, eu rio.

—Com quem eu poderia estar?

—Não sei, só estava perguntando.

—Você não confia nem um pouco em mim, pois não? – Eu ficava preocupado com isso.

—Eu não confio nelas. — Ela corrige.

—Pois, mas você precisa confiar em mim, Kate. Eu podia ter qualquer mulher, mas eu escolhi ficar com você – não tenciono estar com mais ninguém para além de você. – Eu falo sério e honesto.

—Você não precisa ficar chateado.

—Eu não estou chateado, amor. Apenas quero que você perceba.

—Isso não significa que eu vou deixar de ter ciúme.

—Nem eu quero.

Nós dois rimos. Era bom ouvir a sua gargalhada. Ficámos falando por mais um tempo.

—Preciso ir para a academia agora.

—Ok. Se cuida. – Eu falo. – Assim que eu possa ligarei de novo.

Nos despedimos com algum custo e depois preferi ir almoçar. Iria ter um dia longo.

Pov Kate

Suspirei após desligar a ligação e acabei ir almoçando – não iria adiantar nada ficar me lamentando.

Iria passar a tarde toda na academia. Dentro de dois dias estaria fazendo os testes para entrar na academia policial e não poderia falhar nada. Ultimamente Martha tem andando distante e isso incomodava-me – eu sabia que ela se andava a encontrar com o pai de Castle e não estar falando nada disso para Rick me agitava. O que eles andariam a falar? Depois de tudo aquilo que Hunt tinha feito Rick passar, eu não acredito que Martha voltasse para ele…

—Oi, querida! – Ela chega, alegre. Pelo menos, era isso que estava tentando mostrar.

—Tudo bem? – Eu falo, cumprimentando-a com um beijo.

—Sim. – Ela, sorri.

—Você precisa me fazer alguma pergunta? Eu sinto que ultimamente você tem andando estranha… - Eu confronto-a diretamente.

—Eu? – Ela, ri, nervosa.

—Martha… - Eu me aproximo dela e seguro as suas mãos. – Eu sei que você se tem encontrado com Hunt.

Ela me olha, chocada.

—Você falou alguma coisa para Rick? – Ela parece assustada.

—Não. – Eu não percebo o motivo de tanta exaltação. – Porquê?

—Porque ele nunca me perdoaria… - Eu vejo as lágrimas se formando no seu rosto. - E tinha razão se não o fizesse.

—Mas desculpe-me a insistência… - Eu franzo o sobrolho. – Porque você anda se encontrando com ele?

—Você não sabe? – Ela parece aliviada ao perceber que eu não sei o motivo e isso ainda me intriga mais.

—Não, por isso estou perguntando.

—Nós nos reencontramos há quatro meses atrás e até agora não conseguimos mais nos separar… - Eu sinto que ele me omite parte da verdade, mas prefiro não insistir.

—Você deveria contar para Rick. – Eu falo.

—Eu irei assim que ele vier. – Ela me aperta as mãos.

—Você promete? – Eu faço ela prometer.

—Eu prometo. – Ela sorri.

—Ok. – Eu sorrio também. – Eu vou até á academia malhar um pouco, daqui a duas horas devo estar em casa de novo.

—Ok, querida. – Martha, beija o meu rosto.

Tinha deixado o trabalho no café, mas como depois de entrar na academia policial só viria a casa nos finais de semana, Martha disse que não haveria problema em não contribuir monetariamente no final do mês. Eu lhe agradecia por isso. No entanto, eu sabia que iria querer passar os finais de semana com Rick no loft dele ou mesmo nos Hamptons.

Despeço-me dela e coloco a minha música no máximo volume. Música sempre me ajudava a malhar.

Pov Castle

Eu não tinha palavras para o que estava vendo.

Os fãs faziam fila na porta da sala grande onde iria dar a sessão de autógrafos.

Havia os meus livros numa grande estante para quem quisesse comprar e eu conseguia ouvir os gritos histéricos das fãs que esperavam ansiosamente para que as portas da sala se abrisse.

Havia seguranças por imensos lados e eu não tinha palavras para descrever o que estava sentindo neste momento – era muito bom ver o meu trabalho reconhecido.

—Pronto para abrir a porta? – Michelle pergunta, checando tudo.

Aceno que sim e sento-me na secretária que tinha lá – hoje iria assinar muitos livros. Podia sentir isso.

Os seguranças aproximam-se da porta e abrem, sendo, logo a seguir movidos pelas fãs que entram na longa sala a correr para se dirigir até mim. Os seguranças acabam impedindo que elas pulem em cima de mim e nesse momento eu percebo o quanto de razão Kate tem para ter ciúmes, apesar de, nenhumas destas mulheres significar nada para mim.

Neste momento, eu só podia dar o melhor de mim em termos profissionais e esperar que as duas semanas passassem rápido para voltar para os braços de Kate. Da minha musa.

Algumas horas depois

Eu estava esgotado a nível mental.

Quando olhei no relógio já passava da meia-noite e tinha 3 ligações perdidas de Kate – ela devia estar brava e com razão. Eu não tive um único minuto livre para retornar as ligações – aliás, meu braço e boca estavam doendo de tantos autógrafos e fotos.

Precisava descansar.

—Você esteve bem – amanhã é em um lugar diferente, mas esperasse ainda mais pessoas. – Michelle afirma, pegando as suas coisas, pronta para voltar para o hotel.

—Mais ainda?!

Ela me ignora e sai da sala, falando ao celular.

De imediato pego o meu celular e disco o número de Kate, mas ao fim de algum tempo sem ela atender, percebo que ela deve estar dormindo.

Suspiro, triste. Eu queria tanto falar com ela. O meu coração estava apertando – eu conseguia projetar a imagem de Kate dormindo na minha mente e minha vontade era voar até lá e agarrá-la por trás aspirando o seu cheiro doce a cerejas.

Sei que seria uma noite perdida sem ela.

Ligaria pela manhã.

Chego no quarto do hotel e acabo pondo uma música de fundo para ver se consigo dormir e para meu espanto acaba sendo rápido demais.

No dia seguinte

Sinto meu celular tocando e corro para atender, apesar do sono. Poderia ser Kate.

Não era.

—Bom dia. – Eu falo desanimado ao ver que era Michelle.

—Se levanta. Hoje a sessão começa mais cedo.

—Ok. – Eu falo com sono e acabo me levantando e tomando um duche. Precisava de estar apresentável. Depois de tomar um duche, decido ligar a Kate, mas ela não atende.

—Que merda! – Eu falo. Já estava há algum tempo sem falar com ela e estava sentindo falta disso. Ela ainda devia estar dormindo.

Tentaria mais tarde – tinha de me despachar para não chegar atrasado.

Resolvo deixar uma mensagem.

Para: garota mais linda

Oi, amor! Vim dizer que eu não consegui me despachar mais cedo e estou indo agora para outra sessão de autógrafos. Aposto que você está dormindo agarrada a uma almofada…. Foi bem difícil passar a noite sem você – liga quando puder. Sinto muito a tua falta.

Guardei o celular e me preparei para sair.

Pov Kate

Acordei sobressaltada com um pesadelo e depois vi as ligações de Rick – por volta da 1 hora da madrugada.

Porque ele teria chegado tão tarde? O meu coração fica inquieto, mas logo me arrependo. Eu teria que confiar nele.

Sorrio assim que leio a mensagem, mas assim que retorno a chamada vejo que é tarde demais. Celular desligado.

Eu suspiro chateada – ainda só tinha passado um dia e a comunicação entre nós dois estava a ficar complicada. Eu nem queria imaginar 15 dias desse jeito, pois eu não aguentaria.

Decido ligar para Lanie – queria aproveitar para ouvir os seus conselhos antes de entrar na academia policial.

Agora é que eu estava percebendo que ia ser tudo realmente complicado entre nós. Isso me deixava desanimada.