The best of us escrita por Lily


Capítulo 2
01




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“Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível.”

A lei de Murphy diz que se algo pode dar errado, dará. Teoricamente essa lei, assim como todas as outras de Murphy, não funcionam, são nulas perante os físicos, mas para reles mortais como Lydia Martin elas era tudo. Ela havia se formado no MIT com honra dois anos antes do que o esperado, havia conseguido um estágio em uma das maiores empresas de tecnologia dois dias depois da formatura e estava a um passo de se tornar vice diretora de sua seção quando tudo começou a desmoronar. Seu namoro havia acabado, a empresa estava na lama devido a um processo de roubo e abstenção de impostos, ela não podia ter mais azar do até aquilo. Então para coroar seu momento de merda, ela havia sido expulsa do seu prédio por não pagar o aluguel, o que era uma calúnia, pois ela sempre pagava em dia.

Agora ela estava lá, o carro parado no meio fio do lado da placa que se lia claramente, Bem vindos a Beacon Hills, ela estava prestes a desabar no choro de novo quando o CD que havia posto a cinco horas atrás começou a repetir novamente.

Eu amo você, você me ama, somos uma família feliz, com um forte abraço e uma beijo te direi, o meu carinho é pra você.

—Eu quero morrer. - resmungou apoiando a testa no volante do carro.

—Não seja melodramática, mamãe. - Mia disse fazendo ela levantar a cabeça e olhar pelo retrovisor, sua filha estava sentada na cadeirinha folheando o livro novo. Mia tinha cabelos loiro em um leve tom de morango, quando nasceu eles eram um castanho tão escuro quando o de seu pai, seus olhos atualmente tinham um tom de castanho médio, embora pudessem variar de acordo com a luz, ela era bem esperta e ativa para uma garotinha de cinco anos e meio, já sabia ler muito bem e escrever frases completas sem errar nas letras. Ela também possuía um vocabulário bastante vasto, sempre apresentando o uso de palavras novas, às vezes de forma incorreta, bem, ela não era perfeita.

—Não estou sendo dramática, agora fique quieta que eu estou pensando.

—Passe a marcha e entre na cidade, por que está demorando tanto?

—Coisa de adulto. - murmurou colocando a mão sobre a marcha e engatando a ré para sair do acostamento.

Batucava os dedos contra o volante com força, teria que ir direto para casa de sua mãe, estava na merda então nada melhor do que voltar para casa. Mia não conheci a avó e Natalie não conhecia a neta, na verdade ela nem sabia da existência dela, ninguém em Beacon Hills sabia da existência de Amélia Martin.

Lydia havia evitado ao máximo qualquer interação com qualquer pessoa que podia liga-la a cidade. Tinha uma vida feita longe de lá, tinha tudo que precisava, então não havia necessidade de voltar. Até agora.

—Mamãe como é a vovó? - Mia indagou, Lydia mordiscou o lábio inferior buscando uma palavra certa para definir Natalie Martin.

—Intrigante.

—Que incita curiosidade; que consegue surpreender. - Mia disse, ela sorriu.

—Isso mesmo, meu amor.

—Por que vovó é intrigante, mamãe? Será que ela vai gostar de mim?

—Todos vão gostar de você e sua vó é um caso à parte. Logo você vai entender.

Girou o volante entrando na antiga rua e  estacionando na frente da casa que viveu durante toda a sua infância e boa parte de sua adolescência. Respirou fundo contando até dez.

—Certo Mia, vamos descer.

Abriu a porta do motorista e circulou o carro abrindo a porta de Mia e a tirando da cadeirinha. Ajeitou a bolsa apertando a alça com força, caminhou de mãos dadas com sua filha até a porta e tocou a campainha. Seu coração batia contra o peito esperando sua mãe abrir a porta, os segundos se passaram arrastando. Tentou novamente.

—Acho que não tem ninguém em casa. - Mia disse olhando para a porta.

—Mamãe sempre está em casa a esta hora. - murmurou tocando a campainha diversas vezes. Suspirou, umedeceu os lábios olhando em volta, sua mãe sempre guardava uma chave reserva escondida debaixo de algum vaso. Soltou a mão de Mia e se agachou levantando todos os vasos próximos até finalmente acha-la. - Aha! Sabia que estava aqui.

Abriu a porta, Mia saiu correndo para dentro da casa, ela tinha a estranha mania de correr e entre os cômodos para conhecer melhor o local onde estava. Mia odiava ser pega desprevenida.

Caminhou até a sala, haviam muitos porta-retratos, a maior parte deles continham fotos suas, mas algumas estavam bem destacadas, fotos haviam mudado. Pegou um porta-retrato que tinha uma foto de sua mãe na praia, ela usava óculos escuros e uma saída de banho que parecia um vestido, envolta da cintura dela havia um braço se conectava a um corpo de uma pessoa extremamente familiar para ela.

—Você só pode estar de brincadeira comigo, mamãe. - rosnou olhando para Peter Hale que sorria graciosamente para a foto.

—Mamãe, estou com fome. - Mia disse parando ao seu lado.

—Ok fadinha, conheço uma pizzaria muito boa perto daqui. - colocou o porta-retrato no lugar. - E como é meio de semana, ninguém vai estar lá.

•••

Mia saltitava ao seu lado enquanto caminhavam até a pizzaria, havia mais carros do que tinha imaginado, respirou com calma. Foram quase seis anos longe, claro que a população havia aumentado, tinha mais gente na cidade. Abriu a porta sentindo o cheiro do parmesão e de orégano. Puxou Mia para uma mesa afastada, uma das únicas vazias,o local estava meio lotado, parecia haver um festa de aniversário devido ao número desregular de crianças que corriam de um lado para outro. Mia balançou as pernas inquieta com a situação, pessoas de mais lhe causavam um certo desconforto e pessoas de menos, receio. A garçonete se aproximou com o cardápio na mão.

—Boa tarde, bem vindas ao Papa’s, em que posso ajudar?

—Quero de abacaxi. - Mia disse direta, a garçonete a olhou com estranheza.

—Meia abacaxi, meia vegetariana. - pediu, a garota assentiu e saiu. - Então fadinha, quando voltarmos para casa da vovó quero que você faça sua melhor cara de gatinho fofo.

—Por que mamãe?

—Porque assim você vai me livrar de escutar mais do que devia. Minha mãe vai enlouquecer quando souber de você. - disse, Mia assentiu estendendo a mão e colocando sobre a dela.

—Não se preocupe, tudo vai dar certo.

—Eu sei, mas ainda tem o se… - ela parou, às vezes se esquecia que Mia era apenas uma criança, ela ainda era o seu bebê. - Por que você não vai brincar no playground, em? - indagou indicando com a cabeça para uma área afastada onde havia algumas crianças brincando. - Tem piscina de bolinhas.

—Ok, mas ainda não terminamos essa conversa, senhora. - Mia disse se afastando dela, Lydia riu, às vezes sua filha parecia uma mini adulta.

Apoiou o queixo na mão e suspirou, pegou o celular na bolsa e abriu o aplicativo de seu banco, ainda tinha dinheiro suficiente para sobreviver com Mia por quase um ano, tinha apenas que racionar, também tinha que arranjar um emprego e uma escolinha para Mia. Voltar para Beacon Hills significava ter que encontrar certas pessoas, não podia evita-los para sempre ou podia? A cidade era grande e ela sabia exatamente quais eram os lugares favoritos deles. Abaixou a cabeça, escondendo o rosto sob os cabelos.

—Ele está tão fofo. - alguém atrás dela disse. Uma voz feminina. - Cole está tão homenzinho.  

—Ele tem um ano, Kira. Qualquer criança com um ano é fofa. - outra voz retrucou, desta vez mais grave e familiar. - Até Jackson com um ano era fofo, nem parecia o diabo encarnado que é hoje.

Jackson?

—Cala a boca, Isaac.

Isaac? Ah não! Não, não, não. Lydia não levantou a cabeça enquanto escorregava até debaixo da mesa. Aquilo era carma, e do ruim.

—Vocês acham que ele vai aparecer? - a mulher que se chamava Kira perguntou. - Scott disse que o viu hoje.

—Claro, ele é o padrinho dele. - Isaac disse. -E além do mais, Stiles nunca faltariam a uma festa que tem comida de graça. - Jackson disse por fim fazendo todos rirem. Lydia congelou de quatro no chão, aquilo era uma puta sacanagem. Mordeu a língua para não gritar, então viu dois pares de pés se aproximando, um com botas de couro pretas com tachas douradas e salto quadrado de sete centímetros; e outro com tênis pretos, havia uma pequena caveira desenhada no pé esquerdo. Deixou um gemido sair pela sua garganta, aquilo desesperador, então viu as pequenas sapatilhas rosa com florzinhas se aproximarem, era Mia.

—Com licença. Você viu minha mãe? - ela indagou cutucando o cara de tênis.

—Não, mas como ela é? Talvez eu possa te ajudar. - ele disse, a voz entrou em seus ouvidos despertando emoções.

—Stiles. - sussurrou sentindo os olhos arderem.  

—Ela é alta, ruiva e muito bonita. Também é inteligente e usa um vestido da Chanel com uma bolsa Louis Vuitton e sapatos Carmen Steffens - Mia falou, Lydia sorri orgulhosa da filha, aquela era uma pequena recompensa de ser mãe.

—Qual o nome dela? - a mulher de botas perguntou.

—Ah é Ly… - Mia começou, mas foi logo interrompida por uma algazarra vinda de uma das mesas perto. Ela viu a hesitação de Stiles e ajudar, aproveitou o momento para sair de debaixo da mesa e correr, podia sair pela porta ou se trancar no banheiro, mas então sentiu o baque, havia se chocado com alguém, fechou os olhos quando sentiu se dequilibrar e cair para trás. Foi pega por alguém que a segurou pela cintura, abriu os olhos, Stiles sorria para ela.

—Você sempre soube fazer uma grande chegada, né Lyd?


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