Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 99
Capítulo99




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CAPÍTULO99

Chapecó e Joinville se entreolharam, não sabiam o que fazer diante
do que estava accontecendo; Laguna, dentro do elevador com sua
companheira, percebia que alguma coisa havia mudado naquele momento. Fez a
primeira coisa que lhe veio à cabeça:
— Vocês estão descendo? - perguntou a psicóloga com simpatia:
— Sim - respondeu Joinville -, estamos indo pra garagem!
As duas entraram no elevador, não tinham saída; São Lourenço, ainda
muito pequeno parecia perceber o clima ruim que se formou ali, entrou no
elevador e tornou a abraçar Joinville:
— Que foi, meu filho?
— Nada, mãe; só quero te abraçar!
Itajaí estava ali, diante de seu passado, a mulher que a fez amar tanto,
sua maior obsessão estava ali diante dela. O garotinho só podia ser o
filho de Chapecó, o filho que ela estava esperando quando tudo
aconteceu, o filho que um dia, ela disse nos olhos da ex-namorada que criaria ao
lado dela. Mas não era Itajaí quem estava abraçada a o pequeno no
elevador, não era ela a quem ele chamava de mãe.
Eram três destinos que se cruzaram de novo e uma mulher apaixonada,
Laguna, que só queria entender o que estava acontecendo.
O elevador finalmente chegou na garagem do prédio; Chapecó caminhava até
o carro com a chave na mão, enquanto Joinville vinha logo atrás com o
filho:
Depois de ajudar o menino a embarcar, Joinville fechou a porta de trás e
caminhou até sua mulher, parada junto à porta do motorista. Deslisou uma
das mãos pelos cabelos e o rosto dela:
— Quer que eu dirija? - a voz de Joinville soou compreensiva, amorosa:
A engenheira passou a chave do carro para a mão de sua mulher e olhou-a
nos olhos por um instante:
— Obrigada por existir, Joinville! - foi a primeira vez que ela
conseguiu dizer alguma coisa desde o momento em que a porta do elevador
se abriu.
Quando saía de casa pra trabalhar ao lado de Laguna, Itajaí se
deparou com Chapecó, um passado que ela lutava pra deixar pra trás, na
porta do elevador. A moça não conseguia acreditar, havia começado a
trabalhar a algumas semanas como recepcionista na clínica da qual Laguna
era sócia e atendia todos os dias. Era pra ser mais um dia normal, o
início de um dia de trabalho, mas não foi bem assim que aconteceu.
Joinville dirigiu até a casa de sua mãe, deixou seu filho aos
cuidados dela e depois foi para o escritório. Chapecó se manteve em
silêncio o tempo todo, sentada no banco do carona ela olhava hora para
sua mulher dirigindo, hora para a rua.
Não foi nada fácil rever Itajaí; enquanto esteve ali, com ela no
elevador, Chapecó viu sua história com ela passar como um filme em sua
cabeça. Lembrou do tempo em que foi feliz com ela, do fim do namoro, da
obsessão de Itajaí por ela e do dia em que a jovem invadiu o apartamento
que elas iriam comprar e quis matar a ex-namorada.
A diferença é que agora, Chapecó tinha uma razão pra lutar; o filho que
ela estava esperando naquela época, estava hoje com cinco anos de idade,
e ver Itajaí ali, a alguns passos de distância de seu filho a fez sentir
medo.
As semanas que se seguiram foram de ansiedade, euforia e preparação
para o dia mais feliz da vida de Jaraguá e São Miguel. Depois que sua
mãe saiu do país, o jovem ficou morando com sua tia; e agora, a casa
onde ele viveu com sua mãe acabava de ser reformada, era lá que ele
viveria com sua mulher e a sua tão sonhada família.
— Posso entrar, tia? - Concórdia já estava deitada quando ouviu a
pergunta de seu sobrinho, do lado de fora do quarto:
— Claro que pode, garoto! - ela respondeu com a alegria de sempre. ele
não era mais um garoto, mas pra ela, seria assim pra sempre.
São Miguel do Oeste entrou no quarto e seus olhos encontraram sua tia;
ficou olhando pra ela por um instante, ela estava mais bonita naquela
noite; caminhou até a cama e se sentou ao lado dela:
— Ainda não consegui dormir, tia!
— Eu também não, meu querido!
— Eu quero te dizer uma coisa importante!
— Fala, garoto!
— Valeu por tudo, tia! Essa é a minha última noite aqui na sua casa;
amanhã eu vou me casar com a mulher que eu amo, a minha primeira
namorada, eu queria dizer pra você que nada disso teria sido possível
sem você aqui! Você foi minha tia, minha melhor amiga, minha confidente,
você foi tudo pra mim!
Sem saber exatamente o motivo, Concórdia pegou uma das almofadas que
estavam na cama e colocou em seu colo:
— Vem cá! - ela disse; o jovem médico sentiu confiança naquele momento,
sentiu vontade de voltar a ser um menino; foi deitando o corpo bem de
vagar até estar com a cabeça na almofada e os olhos em contato direto
com os olhos da tia:
— Talvez a sua tia tenha errado em algum momento, meu amor; talvez eu
não tenha feito o que era necessário fazer, mas eu quero que você saiba,
meu menino, se eu errei foi tentando acertar, tudo o que eu fiz esse
tempo todo foi tentar acertar! Eu passei anos assistindo você e sua mãe
de camarote, ela tentando te proteger, querendo pra você a vida que ela
quis ter e não teve, e você era um menino, era uma responsabilidade
muito grande pra você carregar e as vezes eu sentia que o seu coração
gritava, o meu coração sentia e eu não podia fazer nada, eu não podia
interferir! Eu amei você, São Miguel, eu te amei, te esperei desde o
momento em que a sua mãe me contou que estava te esperando; eu tinha
vontade de gritar pro mundo inteiro ouvir que eu ia ter um sobrinho! E
eu vou te amar pra sempre, meu menino, enquanto eu viver, você pode
contar comigo pra qualquer coisa!
Naquela noite, os dois conversaram até tarde, relembraram muita coisa,
era um momento que lhes pertencia.
E o grande dia chegou; o dia do casamento de Jaraguá e São Miguel do
Oeste. Estava tudo pronto, tudo preparado para a realização daquele sonho.
Muito ansioso e com o coração cheio de esperança, São José chegou no
apartamento da ex-mulher naquele fim de tarde de sexta feira; estava ali
pra levar sua menina, vestida de noiva até o altar:
— Como é que ela está? - perguntou o pai de família, ainda no corredor
de entrada do apartamento, abraçado à Florianópolis:
— Está bem; nervosa mas não cabe em si de felicidade; Joinville está com
ela no quarto, Palhoça está lá com elas e sempre com a câmera na mão, as
crianças foram se arrumar no apartamento de Blumenau com ela e Chapecó!
— Você está maravilhosa!
— Obrigada! E a Cami?
— Vai com o Lucas e a Ana Luísa; a gente se encontra lá!
— Já sabem o que é? - a pergunta de Florianópolis veio acompanhada por
um largo sorriso:
— Ainda não; a gente foi na consulta terça feira mas não deu pra ver;
mas ela jura que é uma menina!
— Mãe sempre sabe de tudo, São José; mesmo quando o filho ainda está no
ventre da gente, nós sempre sabemos de tudo!
— Eu quero ver Jaraguá; será que eu devo ir até lá?
— Senta aqui, homem, você está nervoso e vai acabar deixando a menina
mais nervosa ainda!
Florianópolis segurou calmamente a mão do ex-marido e começou a
conduzi-lo até o sofá; passos vindos do corredor os fizeram parar no
meio da sala. Joinville apareceu primeiro, linda, sorridente, seguida
por Palhoça com a câmera na mão, e ela, Jaraguá, a caçula das quatro
meninas de São José e Florianópolis, surgiu na sala vestida de noiva,
véu e grinalda.


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