Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 80
CAPÍTULO80




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CAPÍTULO80

Meses depois.
Sentada confortavelmente na cama de casal de seu quarto, com o
celular na mão, Blumenau olhava atentamente a foto que estava na tela do
aparelho; lá estavam ela e a cunhada, Chapecó, grávidas. Aquela era uma
das muitas fotos que as duas fizeram nos últimos meses; ambas estavam
entrando para o nono mês de gestação, seus bebês provavelmente nasceriam
com apenas alguns dias de diferença.
Blumenau optou por não saber o sexo do bebê antes de dar a luz; e ali,
sentada na cama, ela soltou o celular e começou a acariciar a barriga de
quase nove meses. Faltava muito pouco para ela conhecer aquele serzinho
que lhe pertencia, que ela amava mais do que a si própria. Chapecó, por
sua vez, já sabia que seu mundo seria azul dali pra frente, seria mãe de
menino.
Depois de um jantar agradável e de dar muita risada com a mãe, os
irmãos, a madrinha e o namorado, Jaraguá desceu para levar São Miguel do
Oeste até a porta do edifício; os dois estavam felizes, já haviam
completado um ano de namoro, e mais do que tudo, eram amigos,
companheiros para todas as horas. São Miguel sentia que jamais havia
sido tão feliz; começaria a faculdade de medicina no ano seguinte, tinha
a garota que amava ao seu lado e vinha conversando sempre com sua mãe,
Brusque, que continuava no exterior mas estava feliz e planejava voltar.
— Posso passar aqui pra gente ir junto pra escola amanhã? -
perguntou o garoto, com o mais belo sorriso que conseguiu:
— Claro que pode; eu te espero!
— Então está combinado; quando estiver saindo de casa eu te ligo!
O jovem casal se despediu ali; a noite estava linda embora estivesse
frio.
— Esse rapaz é um encanto! - comentava Lages com a melhor amiga,
Florianópolis; as duas continuavam sentadas junto à mesa da sala, com as
xícaras vazias à sua frente:
— É verdade, amiga; outro dia eu me peguei pensando, estava lá no
quarto, olhando meu filho dormir e estava pensando, minha Jaraguá parece
que foi a única das quatro que não pulou nenhuma fase da vida!
— Como assim?
— Bem, Lages, vamos lá; Joinville não é casada de verdade, está morando com uma
moça que está grávida; Blumenau foi morar junto com São Bento, também
não se casou de verdade, engravidou e se separou; e Jaraguá, quando eu vejo a
minha menina vivendo um amor tão bonito com esse rapaz, a tia dele
tratando ela como se fosse uma filha, eu tenho uma sensação de paz,
Lages, uma sensação que não dá pra explicar!
— Eu posso imaginar, comadre; acho que no seu lugar eu também me
sentiria assim! E São José?
— O que é que tem?
— Vocês tem se falado?
— Lages, meu ex-marido e eu nos tornamos amigos, talvez até confidentes
e isso me deixa feliz; nós temos cinco filhos, é por eles que nós temos
que pensar!
— Você ainda o ama, amiga?
— Claro que amo, Lages; mas a confiança não existe mais, entende?
A conversa das duas foi interrompida por Palhoça, que entrou na sala
correndo, rindo e arrancando gargalhadas do irmãozinho, que estava em
seu colo:
— Cuidado, Palhoça! - alertou Florianópolis tentando fazer cara de
preocupada, mas sem conseguir; acabou achando graça da gargalhada do
filho:
— Mãe, a gente está só brincando! - justificou-se a menina:
— Não esquece que ele é pequeno, não é, senhorita!
— Pode deixar que eu tomo cuidado, mãe! Não é, meu amor? Fala pra ela
que a gente toma cuidado!
Jaraguá entrava em casa nesse momento; sorriu e brincou de longe com São
Joaquim, que esticou os bracinhos em direção à irmã para que ela o
pegasse no colo:
— E eu resisto, gente? - ela pegou o irmão no colo -, vem, seu sapeca,
vem, seu bagunceiro! Vamos trocar essa roupa pra dormir? Acho que já
está na hora de criança ir pra cama!
São Joaquim continuava sorrindo; com quase um ano de idade ele era muito
inteligente, brincava com todo mundo, não estranhava ninguém. Com os
pequenos braços, o garotinho abraçou o pescoço da irmã, que saiu da sala
levando-o no colo.
— Entra, São José! - exclamou Camila ao abrir a porta de seu
apartamento; os dois estavam chegando de um restaurante, durante os
últimos meses acabaram ficando muito próximos:
— Obrigado, Cami!
— Toma um café comigo?
— Pode ser; eu acordo cedo amanhã mas gosto de estar aqui!
— Então fique a vontade; eu passo o café num minuto!
Os dois continuaram conversando; São José, sentado junto à bancada
da cozinha, observava a enfermeira, que passava o café. Quando servia as
duas xícaras, Camila acabou deixando cair uma delas, derramando café
preto na bancada:
— Ah, meu Deus, como eu sou desastrada! Eu vou limpar essa bagunça que
eu fiz...
— Eu te amo, enfermeira Camila! - as palavras saíram sem que São José se
desse conta; era um grito preso dentro dele a algum tempo, estava
apaixonado por Camila. Ele se levantou, agora estava em pé diante dela;
segurou suas duas mãos e as levou em direção a o seu peito:
— Você está tremendo, homem, calma! - observou a enfermeira, emocionada:
— Eu te amo, Camila! Eu sei que estou parecendo um adolescente mas eu
precisava te dizer isso! A gente acabou se aproximando muito nos últimos
tempos, eu queria te dizer que você tem enchido a minha vida de
felicidade, eu me apaixonei por você!
Camila estava sem ação; a lágrima que rolou de seus olhos denunciava o
quanto ela também amava aquele homem:
— Eu quero que você seja minha namorada - ele continuou -, eu quero te
fazer feliz! Você aceita namorar comigo?
São José finalmente conseguiu fazer a pergunta que não queria calar nos
últimos tempos; Camila inclinou o rosto e encostou a testa na testa
dele, estava chorando de emoção mas tentava manter o controle:
— Eu quero muito te dizer sim - declarou a enfermeira -, eu quero muito
te fazer feliz também! Mas antes eu preciso fazer uma coisa!
— Fazer o quê?
— Você vai saber, eu prometo! Janta aqui comigo amanhã, eu te dou a
resposta!
São José não entendeu absolutamente nada, mas decidiu que concordaria
com Camila; os dois tomaram café, conversaram por mais algum tempo e
depois ele saiu, deixando ali toda sua esperança de reconstruir sua
vida.
Meu amor, pequeno grande amor, que mora longe numa branca estrela;
me fará sorrir, me fará chorar, quando ele chegar quero estar aqui. A
música Pequeno Grande Amor, de Papas da Língua, serviu de inspiração
para Joinville naquela manhã. A moça digitava esse trecho da música no
celular enquanto Chapecó se arrumava para ir pro trabalho. Seria seu
último dia de trabalho antes do nascimento de seu filho, só voltaria
para a construtora dali a alguns meses:
— Estou indo, minha querida! - anunciou a engenheira pegando a bolsa e
as chaves no criado mudo; Joinville soltou o celular e a observou por um
instante:
— Eu sei que eu sou suspeita pra falar; mas você é a grávida mais linda
que eu já vi!
— É - Chapecó se sentou na cama -, e agora falta pouco; hoje eu passo o
comando pro engenheiro que vai trabalhar durante a minha licença
maternidade, depois é só esperar!
— Eu vou ficar por aqui mais um pouco e depois vou dar uma passada no
banco; a tarde vou pra empresa!
Joinville estava trabalhando a alguns meses ao lado do pai; ficava na
empresa com ele meio período e estava feliz com isso; trabalharia lá até
que os estágios na faculdade começassem.
As duas se despediram e Chapecó deixou sua casa para ir trabalhar;
durante alguns meses ela não precisaria cumprir aquela rotina.
— Deixa que eu abro, Márcia! - prontificou-se Florianópolis ao ouvir
o toque da campainha; a mesa de café da manhã ainda estava posta, São
Joaquim estava sentado confortavelmente no cadeirão e acompanhava a mãe
com os olhos. A mãe de família abriu a porta e se surpreendeu; ali
estava a enfermeira Camila.


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