Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 62
CAPÍTULO62




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CAPÍTULO62

Acompanhada pela doutora Ana Luísa e por Camila, Chapecó entrou na
UTI:
— Eu vou estar aqui, tá! - sussurrou a doutora; a enfermeira se
encarregou de conduzir a amiga até o leito onde estava Joinville.
Chapecó sentia seu coração bater descompassado, o chão e o ar lhe
faltar, mas precisava ser forte:
— Ela me ouve, Cami? - a pergunta saiu em meio ao tremor de emoção:
— Eu acho que sim - respondeu a enfermeira -, eu acho que ouve sim!
Chapecó finalmente estava ali; se inclinou, segurou a mão de
Joinville; ela parecia tranquila, ninguém sabia se ela realmente tinha
noção do que estava acontecendo à sua volta, mas parecia serena:
— Joinville - sussurrou Camila -, eu te prometi, não prometi? Eu te
falei que a gente ia dar um jeito e Chapecó ia vir ficar aqui do seu
lado mesmo que fosse por dois minutos! Nós conseguimos!
— Oi, meu amor - começou Chapecó -, tudo bem? Eu estou aqui com você, eu vim pra te dizer
que eu te amo, que eu estou te esperando do lado de cá! Eu lutei muito
por esse momento, eu tive que esperar a autorização dos médicos pra
poder vir te ver! Mas deu tudo certo, eu estou aqui do seu lado!
A lágrima caiu mas ela continuou forte; precisava terminar o que
começou:
— Eu tenho uma coisa pra te contar; eu descobri no dia da sua viagem, ia
te contar quando você chegasse! Naquela tarde, minha querida, enquanto
você foi pra universidade embarcar, eu estava no consultório da doutora
Ana Luísa mostrando um exame pra ela! Nós conseguimos, Joinville, daqui
a oito meses seremos três; o nosso filho está aqui comigo!
As lágrimas agora foram inevitáveis; Camila e Ana Luísa continuavam ali,
em total silêncio, observando a cena. Chapecó agora estava chorando, e
de repente, sentiu que Joinville lhe apertou a mão. Sua respiração se
agitou, ela queria dizer alguma coisa mas a voz não saía; as lágrimas
rolaram de seus olhos, ela realmente ouviu o que Chapecó acabara de lhe
dizer:
— E nós viemos aqui pra te dar força, minha querida, pra te dizer que a
gente te ama, que nós precisamos muito de você do nosso lado! Reage, por
favor, eu sei que você consegue!
— Vem, Chapecó - interveio a doutora Ana Luísa diante da agitação de
Joinville e da emoção de sua paciente -, vamos sair, ela está muito
agitada!
Mas ela não queria aceitar aquilo, não queria ter que deixar seu amor
ali, sozinha. Antes de sair da UTI, Chapecó ainda teve forças pra
depositar um leve beijo na mão de Joinville, que ainda estava junto à
sua. A moça foi se acalmando, sua respiração foi aos poucos voltando a o
normal; Chapecó foi soltando levemente a mão da amada, saiu chorando
daquela sala, amparada pela enfermeira Camila e pela doutora Ana Luísa.
Passaram-se alguns dias, Joinville estava melhorando, lentamente mas
estava melhorando. Nesse meio tempo, Jaraguá esteve com ela na UTI; os
médicos haviam decidido tirar o sedativo aos poucos e ela chegou a falar
algumas palavras com a irmã. Palhoça também esteve lá; ficou por alguns
minutos ao lado de Joinville, conversou com ela.
Em uma sexta feira, Blumenau decidiu entrar pra visitar a
irmã; não estava passando nada bem, jamais poderia supor que o início de
sua gravidez seria tão difícil. Mas mesmo assim, seu coração precisava
disso:
— Oi, mana - sussurrou a moça ao segurar carinhosamente a mão dela -, eu
estou aqui; São Bento veio também, está lá fora me esperando, te mandou
um beijo! Você vai ter um sobrinho, minha irmã, eu estou esperando um
bebê; eu vou precisar muito de você, desse carinho tão grande que você
sempre teve, por isso que eu quero te ver bem, nós estamos te esperando
aqui fora!
Joinville apertou a mão da irmã, sua respiração se tornou mais
intensa:
— Blumenau - sussurrou ela, com dificuldade por causa dos aparelhos -,
Blumenau, o nosso pai!
— Calma, mana, não se canse...
— Chama o nosso pai, chama, por favor!
— Eu vou chamar, minha irmã, eu vou chamar; mas fica tranquila, você não
pode se cansar! Ele está lá fora, eu vou chamá-lo!
Blumenau saiu esasperada da UTI, seus pais estavam do lado de fora;
encarou São José, uma lágrima rolou de seus olhos:
— Ela está te chamando, pai!
— Como assim, filha? - quis saber Florianópolis, sem conseguir
acreditar:
— Ela falou, mãe, com dificuldade por causa dos aparelhos mas falou;
está chamando pelo papai, está muito agitada!
Enquanto São José dava meia volta para ir até sua filha, Blumenau o
observava; sentiu dois braços em volta de seu corpo, era seu namorado, o
pai de seu filho. Virou-se para olhar pra ele, estava chorando, sem
saber se de emoção ao perceber que a irmã estava melhorando, ou pelo
choque de vê-la lá, cheia de aparelhos:
— Vem se sentar, Blumenau! - São Bento do Sul, abraçado a ela, a
conduzia até uma poltrona:
— Eu nem consegui ver o rosto dela direito - desabafava a moça entre os
soluços de um choro que nem ela mesma conseguia explicar -, ela está
cheia de aparelhos, São Bento!
— Calma, meu amor, calma! Eu te perguntei se você estava preparada pra
entrar lá, ainda mais no seu estado...
— Eu sei, mas foi chocante, eu nunca imaginei que fosse assim!
O que São Bento poderia dizer naquele momento? As palavras não saíam,
nada que ele dissesse ia aliviar o que Blumenau estava sentindo. Por
isso, ele decidiu mantê-la entre seus braços, ficar em silêncio e
esperar que ela se recuperasse.
Florianópolis foi até a capela do hospital; não queria chorar diante
de sua filha mas as lágrimas pareciam implacáveis. Decidiu ficar lá, em
oração.
São José entrou na UTI e encontrou sua menina cercada por várias
pessoas, médicos e enfermeiros. Joinville estava acordada, muito
agitada; o pai de família ouviu quando o médico responsável pela UTI
tentou acalmá-la:
— Tenta ficar tranquila, nós estamos cuidando de você; tenta descansar!
— Eu não quero dormir! - relutava a jovem -, eu não posso dormir, meu
pai precisa saber!
E seu pai estava ali; a equipe se afastou para que ele pudesse chegar
até ela. Joinville sentiu a mão dele segurar a sua, estava confusa mas
sabia o que tinha que fazer:
— Pai!
— Oi, minha querida, estou aqui, pode falar!
— Pai, ela está mentindo, pai!
São José tinha dificuldades para compreender o que sua filha estava
dizendo por causa dos aparelhos que envolviam o rosto dela; mas estava
claro, ela falava de alguém que estava mentindo:
— Quem, meu amor, quem está mentindo?
— Criciúma, pai; ela não está grávida!


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