Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 51
CAPÍTULO51




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/742293/chapter/51

CAPÍTULO51

    São José saiu do trabalho, deixou Criciúma em casa e foi ver seus
filhos; por insistência de Jaraguá, ele acabou ficando para jantar, e
foi um momento muito gostoso. As quatro meninas estavam em casa naquela
noite e se sentaram à mesa com a mãe e o pai, isso já não acontecia a
alguns meses, desde que São José saiu de casa:
— Você toma uma taça de vinho? - perguntou Florianópolis para o
ex-marido, depois do jantar:
— Não, obrigado! Eu dirijo até em casa!
— Eu não estou bebendo nada por causa do bebê, estou amamentando, bebida
de álcool nem pensar! Mas se você quiser alguma coisa, fique a vontade!
Os dois ficaram conversando por bastante tempo, falaram sobre tudo,
relacionamento, família, sobre suas vidas; continuaram amigos depois de
sua separação.
    Naquela noite, depois de ter jantado com o pai, Joinville foi para o
quarto, mas não conseguia tirar Chapecó do pensamento. As duas haviam se
afastado a mais de um mês, conversavam mas não haviam tido mais nada.
Movida pela saudade, Joinville se arrumou e saiu dirigindo, as nove e
quarenta da noite, precisava ver Chapecó.
    A engenheira não coube em si de felicidade ao abrir a porta e
encontrar seu amor ali, sorrindo, dizendo que só precisava vê-la. As
duas ficaram no sofá, tomaram champagne, conversaram bastante; acabaram
passando aquela noite juntas.
    São José chegou em casa já passava das dez da noite; encontrou
Criciúma na cama, deitada, esperando por ele.
— Te liguei não sei quantas vezes! - começou ela:
— Me desculpe, minha querida; eu deixei meu celular dentro do carro, era
pra ser uma visita rápida mas acabei ficando pra jantar! Jaraguá
insistiu muito, eu não consigo dizer não para aquele par de olhos azuis,
que se parecem tanto com os meus, brilhantes como duas pedras preciosas!
— Você não precisava ter ficado todo esse tempo na casa da sua
ex-mulher!
— Eu te falei, meu amor, minha filha insistiu muito...
— Você mudou muito depois que o bebê nasceu; sua ex te deu um belo fora,
te jogou pra fora da casa de vocês, e mesmo assim você corre pra ela
toda vez que pode!
— Eu não corro pra ela, Criciúma; os meus filhos moram naquela casa,
será que é tão difícil pra você entender?
Criciúma percebeu que conseguiu irritar seu marido:
— Ah, meu amor; me desculpe, mas eu não consigo te imaginar lá, na casa
dela, eu tenho ciúme dos seus filhos, eu sei que isso é inaceitável
mas...
— Criciúma, eu já te falei! Não tenta competir com os meus filhos porque
isso não vai dar certo; não tenta medir forças com eles porque você não
vai gostar do resultado!
— Isso é uma ameaça? Você vai me deixar?
— Eu só quero de volta a parceira que eu tinha do meu lado, a amiga que
você era pra mim quando a gente era... quando a gente ainda não vivia na
mesma casa! Criciúma, minha querida, a gente discute todos os dias,
pelos mesmos motivos, isso não é vida, nem pra mim nem pra você!
A conversa parou ali; o casal acabou pegando no sono naquele clima
pesado.
    Já passava de meia noite quando Blumenau entrou no quarto de sua
mãe, sem fazer barulho; Florianópolis estava sentada na cama, seu
sorriso era contagiante, estava com seu filho no colo:
— Oi, mãe!
— Oi, amor! Não estava dormindo?
— Não consegui dormir, não sei por que!
— Seu irmão também resolveu fazer serenata; se acalmou só agora!
— Eu ouvi lá do meu quarto! Mãe, antes que eu esqueça, Joinville mandou
uma mensagem, vai dormir lá no flat!
— Eu já imaginava! Eu queria tanto que fosse diferente, filha, eu
queria...
— Eu me arrependo muito, mãe; eu me arrependo por tudo o que eu fiz,
por tudo o que eu falei! Agora eu sei que Chapecó ama a minha irmã de
verdade, no fundo o problema era eu, entende?
— Entendo, amor, entendo sim!
— E pensar que eu fui amiga daquela maluca, mãe...
— Mas não se culpe, filha; o que importa é que agora está tudo bem, você
conseguiu perceber que estava errada e concertar a tempo! Olha só, eu
queria ir até a cozinha fazer um chá, você cuida do seu irmão?
— Claro que cuido!
    Com cuidado, Florianópolis passou o bebê para os braços da filha;
São Joaquim já estava calmo, quase dormindo:
— Quer chá também?
— Quero, mãe!
— Então fica com ele que eu já trago aqui pra gente!
Blumenau viu sua mãe sair do quarto; permaneceu sentada na cama, olhando
fixamente para o rostinho de seu irmão:
— Você é muito amado, rapazinho - sussurrou ela -, a gente ama muito
você; conta sempre com essa sua irmã aqui, tá!
O pequeno parecia compreender o que ela dizia; dormiu profundamente no
colo da irmã. Ela colocou-o no berço e ficou ali, sentada, esperando
pela mãe.
    Era uma linda manhã, início de novembro; Chapecó chegou sozinha no
consultório da doutora Ana Luísa, era o início de mais um mês de
tratamento, ela tentaria de novo ter seu filho.
A moça precisou ficar alguns minutos na recepção mas logo foi chamada.
Sentou-se diante da doutora, que logo perguntou como ela estava. Mas
Chapecó não tinha tempo a perder, estava preocupada e precisaria abrir
seu coração com Ana Luísa:
— Doutora Ana, na verdade... bem, eu estou com muito medo; medo de não
conseguir engravidar, e se conseguir, medo de não segurar o meu bebê!
— Mas não há motivo nenhum pra isso, Chapecó - esclareceu calmamente a
médica -, nós fizemos todos os exames, você está fazendo tudo certo, por
que motivo você não conseguiria segurar uma gravidez?
— Eu preciso te contar uma coisa, doutora; um segredo que eu sempre
guardei à sete chaves, mas eu vou me sentir melhor se eu te contar!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Estado de amor e de sonhos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.